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Como morar na Europa com doença crônica: veja o passo a passo

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Caso você esteja pensando em mudar para um novo país, seja para estudar ou trabalhar, é necessário pesquisar e conhecer um pouco mais sobre a qualidade de vida do destino escolhido. Nem sempre o que imaginamos é condizente com a realidade que vemos na TV ou internet. Portanto, se você pretende morar na Europa com doença crônica, confira nossas dicas.
A ideia aqui é fornecer uma checklist orientativa para pessoas com doenças crônicas que
desejam viajar, estudar, trabalhar ou morar na Europa, bem como para ser um guia para seus cuidadores, pais, mães ou filhos.

Saiba como morar na Europa com doença crônica

Fazem parte da classificação de doenças crônicas (sem cura) mas que exigem tratamento medicamentoso ininterrupto o diabetes, a fenilcetonúria, o lúpus, a doença de crohn, a retocolite ulcerativa, a esclerose múltipla, a artrite reumatóide, a anemia hemolítica, a miastenia, o Alzheimer, dentre outras.
O fato de você ter uma doença autoimune, ou crônica, que te acompanhará pelo resto da vida, não significa que tenha que eliminar a hipótese de aprimorar um idioma, viajar, estudar fora, trabalhar num outro país ou conhecer o grande amor de sua vida. Você só precisa saber que precisa ler sobre isso, pesquisar e se organizar para conseguir realizar algo perfeitamente alcançável. Não é difícil.

Converse com o seu médico no Brasil sobre o seu desejo de morar fora

Esse é o primeiro passo. O seu médico da doença metabólica ou autoimune precisa saber dessa sua vontade, projeto de estudo, trabalho ou sonho. Porque isso? Por que seu médico pode avaliar seus exames prévios e até medicamentos que devem ser ajustados para que você tenha mais facilidade na autogestão de seus cuidados e na interface ou disponibilidade de seu médico para um futuro contato do médico que te acompanhará no outro país, se necessário for.

Busque uma associação de portadores da sua doença na Europa

Sim. As associações de pessoas com determinada morbidade são um porto seguro. Através
deles, você pode se informar antecipadamente dobre vários detalhes do ingresso no sistema de saúde daquele país. Além disso, essas associações proporcionam contato com outros portadores ou pais de portadores e você terá muita troca de experiência, contatos de referência, cartilhas, eventos, etc. Muitas vezes, também podem te encaminhar para o centro hospitalar de referência para o seu caso.
Se não souber o nome específico da associação, tente falar com a associação de pessoas com doenças raras ou encontrar a federação ou associação europeia e pergunte a eles qual é a associação de pacientes no país que você deseja se estabelecer. Eles vão te indicar o site e email da associação local.

Associações de portadores das principais doenças crônicas na Europa

Com o contato da associação de pacientes do país que vocês quer, pergunte tudo no idioma deles. Se identifique, fale qual o seu gênero, idade, quanto tempo tem a doença, se está em remissão ou não, qual o medicamento (identifique a droga e não a marca do fármaco) ou tratamento que faz, qual a rotina, onde pretende morar, etc. Não é necessário anexar documentos ou laudos, isso vai ser importante para um outro momento. Falaremos disso mais adiante.
Algumas associações, eventualmente, podem ter alguma taxa de associação. Entretanto são valores anuais simbólicos e raramente deixam de informar algo. Uma dica boa também é tentar fazer um contato com a associação nacional de pacientes no Brasil, pois é possível que eles tenham alguma informação ou contato direto com o país de seu interesse.
Veja também se consegue uma carteirinha de associado no Brasil. Pode ser física ou virtual, mas é importante que também esteja escrita em inglês. Aqui na Europa, muitos sanitários públicos nas ruas, parques, restaurantes e museus exigem algum pagamento para ter acesso e, alguns deles, isentam o portador de doença rara. Certamente a associação que você vier a se vincular na Europa também terá algo equivalente.

Busque informação no Ministério da Saúde do Brasil sobre acordo de assistência à saúde com o país desejado

Como alguns sabem, o Brasil tem acordo de Segurança Social com vários países europeus e há trâmites especiais que necessitam serem realizados pessoalmente e ainda no Brasil. Sendo assim, o quanto antes você se informar, melhor. Em Portugal, por exemplo, há o PB4. Na Itália, há o IB2, entre outros.
Esses acordos podem lhe assegurar uma vantagem no acesso ao atendimento à saúde pública de alguns países europeus, especialmente no intervalo de tempo em que você ainda não adquiriu o status de residente daquele país. Entretanto, é essencial que você pretenda estar regular, com visto específico para a sua viagem, estadia ou morada.

Esses acordos podem ser a sua porta de entrada no sistema de saúde público de alguns países. Mesmo que você esteja viajando a turismo, por 3 meses, esses acordos podem te fazer economizar na contratação do seguro de saúde obrigatório para viajantes.
Se for um viajante habitual, lembre-se: esses documentos, a depender do país, podem ter
prazo de validade. Portanto, a cada viagem do Brasil para o destino, verifique se as regras
mudaram e o prazo de validade do seu documento.

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Entenda também se é preciso receita médica em inglês para viajar.

Monte o seu ‘prontuário médico’ digital

Essa é uma dica de ouro. Muita gente que quer morar na Europa com doença crônica, vem pra cá e traz meia dúzia de exames. Se tem algo que você tem que entender é que, uma vez aqui, tudo pode ser necessário e pecar pelo excesso é válido. Então, organize seu dossiê completo.
Primeiro, peça ao seu médico para fazer um relatório médico bem descritivo, contando sobre o surgimento da sua doença desde o início, eventuais cirurgias feitas, quais os diagnósticos, quais os tratamentos já aplicados, medicamentos que você não obteve resposta, o porquê de você estar sendo tratado com determinada estratégia ou fármaco, a periodicidade que ele te avalia, entre outros detalhes.
Depois, e essa dica vale para todo mundo, solicite uma cópia física ou virtual de seu prontuário no hospital de referência em que fez/faz seu tratamento. Isso é assegurado por lei no Brasil.
Em paralelo, digitalize tudo. Desde o laudo do seu médico até seus exames de sangue mais
recentes, exames de imagem com laudos, receitas de medicamentos que usa atualmente,
eventuais despachos do INSS (se teve de ficar afastado por auxílio doença) ou aposentadoria por invalidez. Organize a nomenclatura por ano, por nome do exame no idioma do país que pretende se instalar. Fazer isso tudo pode lhe garantir que o médico evite ter que refazer todos os exames necessários.

Vacinas em dia para morar na Europa com doença crônica

Mesmo que você não vá a um país que exija a comprovação de vacinas, tenha isso
atualizado e, de preferência, que seu médico mencione isso no seu laudo. Muitos países, para prosseguir um tratamento que você já faz no Brasil com certa droga, podem ter no protocolo a profilaxia com determinada vacina. Então, para não atrasar a continuidade de seu tratamento, ao comprovar que está imunizado não se perde tempo tendo que fazer uma vacina que já tenha tomado.

Tradução do laudo médico principal e receitas de medicamentos

Olha, pode ser mesmo necessário! Não só para facilitar a compreensão do seu caso pelo futuro médico europeu, mas isso pode te ajudar muito para, por exemplo, transitar com medicamentos pelos aeroportos de conexão e destino final. Essa tradução pode ser feita pelo seu médico se ele tiver domínio no idioma ou pode ser feito por um profissional juramentado. Neste último caso, terá custos adicionais.

Leve um pequeno estoque de seus medicamentos vitais

Por mais que os contatos com amigos ou associação de portadores nos dê um prazo razoável para acesso ao tratamento médico ou medicamento, não custa nada ter consigo algum estoque mínimo para alguma eventualidade. Algo muito comum que acontece é no uso de medicamentos de farmácia de manipulação no Brasil, algo que não é comum aqui.
É quase inexistente a prática de encomendar fórmulas individualizadas para pacientes. Por isso, traga seu pequeno estoque ou já se comunique com portadores se há equivalentes substitutos. As pessoas com psoríase têm muita dificuldade neste sentido, pois algumas loções no Brasil são bem individuais.
Outra situação comum é de uma medicação ser vendida no Brasil sem receita, mas na
Europa a venda ser exclusiva com receita médica. Isso é talvez o mais comum. Anti-inflamatórios, levotiroxina e corticoides, por exemplo, só são vendidos com receita. Grande parte dos medicamentos usados especificamente para doenças crônicas sequer é vendido em farmácia comercial. Ou seja, só pode ser retirada na farmácia do hospital de seu tratamento com receita do médico habilitado pelo sistema público de saúde. Esse alerta vale para seus suplementos nutricionais também.
Outro exemplo importante: uma greve que paralise o país, como já aconteceu na França com os coletes amarelos ou até mesmo uma crise da pandemia? Sempre se previna ao máximo.

Avise à companhia aérea e aeroporto sobre medicamentos que leva com você

Não quer dizer que seja obrigatório, mas não custa nada mandar e-mail para a companhia antecipadamente, explicando que você é portador de uma doença e que precisa ter consigo um ‘estoque’ de medicamentos específicos. Neste email, junte a receita original e/ou a traduzida no idioma ou em inglês.
O mesmo vale para o aeroporto. Se puder, mande um e-mail para eles. Isso pode evitar que sua bagagem seja interditada por ter algo que eles desconfiem. Os tempos atuais exigem cautela e prevenção.
Se precisar de apoio para viajar como PCD (pessoa com deficiência), lembre que deve avisar à companhia e ao aeroporto para eventual apoio. Pode ou não ter custos adicionais.

Esteja preparado para o médico europeu decidir mudar o seu tratamento

Sim, isso pode acontecer. Boa parte dos portadores de doenças autoimunes ou metabólicas
podem se deparar com essa realidade por dois motivos:

  • O médico pode, deliberadamente, não aceitar conduzir o seu tratamento como vêm
    sendo feito e decidir que seja por outra estratégia medicamentosa. Lembre-se que o
    médico é o responsável pelo seu tratamento, ele é quem estudou, logo, ele é quem
    tem o poder de decidir o que deve ser feito naquele país;
  • Aquela droga ou tratamento que você fazia no Brasil não está disponível para a sua
    doença ou para o seu perfil naquele país europeu. Isso varia muito de país para país, mas existem casos em que determinada droga até existe no país, mas o protocolo local direciona para pessoas com outra idade ou até outra doença.

Pode ser um pouco assustador pensar nessas hipóteses, mas tenha em mente que isso é muito bem pensado e analisado pelo médico europeu, com a mesma qualidade e responsabilidade do médico brasileiro.

E se você precisar fazer perícias do INSS devido à doença ou prova de vida?

Se você já é aposentado por invalidez ou está afastado por auxílio doença, para as perícias convém verificar se há previsão no acordo bilateral de segurança social entre Brasil e o país que deseja residir, como se dariam estas pelo respectivo órgão que equivaleria ao INSS. É muito importante que essa informação você contate o próprio INSS ainda no Brasil.
Já a prova de vida você poderá fazer no país europeu onde há acordo, geralmente na sede do Consulado ou embaixada do Brasil naquele país. Para mais informações, acesse o site oficial do INSS, onde há um formulário específico e outras orientações.

É importante também você nomear um procurador junto ao INSS antes de deixar o Brasil.
Acesse o site oficial do INSS para esse fim. Não deixe também de garantir o seu acesso online à sua base de dados no INSS no portal Meu INSS.
Para outras informações, a Previdência Social ainda dispõe dos seguintes e-mails:

  • dcainter@inss.gov.br;
  • internacional@previdencia.gov.br.

Assistência médica na rede pública ou privada?

Bem, isso depende do país. Caso você pretenda morar na Europa com doença crônica, tenha em mente que a maioria dos países europeus conta com um atendimento público estilo SUS do Brasil. Porém, boa parte cobra taxas de coparticipação pelas consultas, procedimentos e medicamentos. Outros não cobram pelos medicamentos, mas cobram pelos atendimentos. E, em alguns deles, o tratamento de doenças crônicas é exclusivo na rede pública, com ou sem coparticipação do utente.
Alguns exigem o seguro saúde obrigatório público, outros dão acesso ao atendimento em clínicas e hospitais privados mediante convênios. Isso é algo que você precisa saber muito bem.

Não desista de seus sonhos. Planeje-se!

Sim, morar na Europa com doença crônica é possível. Procure mais informações acerca do seu caso concreto. Se for a turismo, verifique se há acesso tranquilo às suas necessidades físicas, alimentares, locomoção, entre outras. Caso pense em estudar no exterior e seja portador de doença autoimune, avalie se é apropriado informar sobre eventuais necessidades especiais que você tenha como, por exemplo, não poder ficar em pé muito tempo, ter de ir ao toalete com alguma frequência devido aos medicamentos, precisar usar o elevador ou toalete preferencial, não poder ficar em filas, etc.
Se for a trabalho, verifique se há algo que você precisa pontuar com os seus recrutadores.
Seja como for, tente simular a vida aqui na Europa com toda a sua rotina de necessidades aí no Brasil, para que nada lhe escape. Parece um pouco trabalhoso no início, mas com toda certeza a organização antecipada pode lhe poupar muita dor de cabeça. Espero que este artigo te ajude de alguma forma e que você realize teus sonhos e objetivos!

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Verenna Melo

Portadora de Doença de Crohn desde 1995 – doença intestinal crônica autoimune. Decidiu morar em Portugal desde 2018 e ter um período sabático depois de atuar como consultora fiscal no Brasil por 20 anos. Em setembro de 2018 decidiu cursar Licenciatura em Nutrição aos 40 anos e se especializar nas doenças gastrointestinais, já que a área carece muito de nutricionistas especializados. Atua como voluntária em grupos de portadores de doenças autoimunes de vários países e viaja a Europa inteira para congressos, formações e turismo.

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