Europa

Viver na Grécia: descubra como é a vida no país mediterrâneo

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Lançaram-me o desafio de escrever sobre como será viver na Grécia como aposentado. Argumentaram que este é um país muito diferente do Brasil, seja pela língua, pelos costumes, pela gastronomia e até pela distância. Pensei no que faria para enfrentar a provocação e dar uma resposta convincente. Pesquisar no Google, os mapas, os guias de turismo, os grupos do Facebook de estrangeiros que vivem na Grécia não seria suficiente.

Decidi que a solução seria colocar o pé no chão e experimentar a realidade grega. Foi o que fiz. Passei os trinta e um dias de julho de 2021 na Grécia, para dar uma resposta se um brasileiro aposentado como eu pode viver confortavelmente na Grécia sob os aspectos material e emocional. Conto abaixo o que descobri e dou as minhas opiniões.

Para viver na Grécia precisa falar grego?

A língua grega é tão difícil que, quando alguma coisa nos foge à compreensão, dizemos “isto para mim é grego”, não é mesmo?

No entanto, não precisa aprender grego para morar na Grécia. A principal indústria do país é o turismo, o que faz com que 51% dos gregos falem inglês. Portanto, se você quer viver na Grécia, mantenha o seu inglês sempre em forma.

Nos dias em que estive lá, nunca faltou alguém que falasse inglês quando eu precisava me comunicar. Seja no supermercado, na farmácia, no correio, no restaurante, no Uber, no museu, na rua. Em suma, é possível se comunicar em inglês em qualquer lugar.

Nas ocasiões em que utilizei o Uber, todos os motoristas falavam bem a língua. Inclusive, sem exceção, os albaneses (há muitos deles na Grécia). Os menus dos restaurantes são bilíngues, assim como os panfletos de interesse turístico.

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A barreira da língua para os brasileiros ao viver na Grécia

O brasileiro que não consegue se comunicar em inglês poderá viver na Grécia, mas de forma muito limitada.

Quem entende e fala inglês não terá problemas de comunicação. Os que têm queda para línguas poderão estudar o grego, seja pelo Zoom ou em aulas presenciais, que são baratas. Para todos recomendo pelo menos aprender o alfabeto.

O YouTube tem vários vídeos que ensinam o “alfavito. Isto ajuda a ler as palavras.

Acreditem, há muitas palavras no vocabulário moderno grego originárias do inglês, do italiano e do francês, que podemos reconhecer. Deixo aqui registradas as palavras que eles gostam que os estrangeiros usem, e das quais eu abusava:

  • Kaliméra!: Bom dia! Eu saía de manhã distribuindo kaliméras. As pessoas respondiam dobrado: “Kaliméra, Kaliméra!“. Este comprimento é usado até mais ou menos às duas da tarde. Menos usados são “Kalispéra!” (Boa tarde!) e “Kalinirrita!” (Boa noite!);
  • Yassas! ou simplesmente Ya!: Olá! Este é, junto com Kaliméra, o cumprimento mais utilizado;
  • Eferraristó: Obrigado;
  • Parakaló: De nada. Usado também como “por favor”.

Essas palavrinhas são mágicas e abrem as portas para um relacionamento melhor. Ao invés de simplesmente perguntar a alguém: “do you speak english?“, eu começava com uma saudação grega: “Kaliméra! Do you speak english?“. Faz uma enorme diferença.

As surpreendentes belezas naturais e artificiais gregas

O que não falta na Grécia são belezas naturais, além das criadas pelo engenho humano. Montanhas nevadas, verdes vales, desertos, cavernas, florestas, lagos, cachoeiras e ilhas. Aliás, o país possui dois milhares de ilhas (das quais mais de duzentas são habitadas), com incontáveis praias de águas mornas durante boa parte do ano.

Meteora alia formações rochosas misteriosas, como dedos que apontam para o céu, com criações humanas colocadas em seu topo, os mosteiros ortodoxos. Segundo amigos, é um lugar digno de visitar, embora eu não tenha ido desta vez.

Seria um exagero dizer que cada uma das 220 ilhas gregas habitadas é um universo em si, mas a diversidade é um aspecto bastante positivo para o aposentado que vive na Grécia e gosta de fazer viagens curtas para quebrar a rotina.

Por óbvia questão geográfica (afinal, são ilhas) e por circunstâncias históricas, as ilhas são diferentes entre si, pois desenvolveram alguns costumes e gastronomia distintos.

Atenas vista da Acrópole. Ao longe, o porto de Piraeus. Foto: César Barroso

O que as une são a língua, a religião, o passado remoto e recente de lutas contra invasores de várias procedências. Boas praias e fartura de frutos-do-mar não faltam em nenhuma delas. São um paraíso para quem gosta de banho de mar, peixe, camarão e polvo.

Portanto, se o aposentado mora em Atenas ou em alguma outra cidade do continente (ou até mesmo numa ilha), há uma tremenda abundância de locais para onde ir passar uma ou duas semanas fora do cotidiano.

O transporte para as ilhas é feito em barcos e/ou aviões (algumas ilhas têm aeroportos). Os ferry-boats são muito modernos e seguros e quem dispor de carro poderá levá-lo no ferry, se quiser.

Comida deliciosa e preços atraentes

A Grécia sofreu uma crise econômica fortíssima há poucos anos e as sequelas ainda são visíveis. Fiquei hospedado num bairro de classe média chamado Kypseli. É notório que as pessoas que vivem ali estão apertadas de dinheiro. Em consequência, o custo de vida é menos dispendioso (mas não muito) do que em Portugal e na Espanha.

A maneira mais barata de comer fora é nos fast-food souvlakis (que no Brasil são chamados de “churrasco grego”) de frango e de porco. Por todas as partes se encontram souvlakis e estão sempre com fregueses, o que garante a renovação constante do produto. Uma refeição ali custa a partir de 3,5€.

Um blogueiro inglês me recomendou um restaurante em Kypseli do qual fiquei fã. Ali há uma variedade grande dos pratos mais populares da Grécia. Chama-se “As Delícias de Maria”(Oi Nostimies tis Mairis) e fica na praça da igreja de São Jorge: Ydras 2 Kypseli Plateia Agiou Georgiou.

Por 10€ come-se bem, acompanhado com uma jarra de vinho. Maria é uma senhora bonita que gosta que sua comida seja elogiada. Aconselho acompanhar qualquer prato com “horta vrasta” (ervas cozidas servidas com suco de limão) e “fava” (purê de ervilha), que são o suprassumo da dieta mediterrânea grega.

Supermercado na Grécia

Os preços nos supermercados são um pouco mais baratos do que em Portugal e na Espanha. As verduras e frutas estão sempre frescas e apetitosas. As azeitonas negras kalamata, famosas em todo o mundo, são ainda mais gostosas no seu país de origem.

O mel é puro e as carnes de vaca, porco, cabrito e ovelha são de boa procedência. Para quem vem dos Estados Unidos, como eu, os preços são excelentes, porque custam o quilo quase o que lá custam a libra peso (1kg equivale a quase 2.2 lb).

Os laticínios também são de qualidade, com especial destaque para o iogurte grego e o queijo feta.

O surpreendente custo do aluguel de imóveis para viver na Grécia

Ainda em decorrência da crise econômica, comprar e alugar imóveis na Grécia é muito mais barato do que nos outros países mediterrâneos. Para se ter uma ideia, ofereceram-me para alugar uma casa de dois quartos na ilha de Aegina, para onde fui depois de Atenas, por 2.500€ por ano. Isto mesmo, 210€ por mês.

Em Atenas, os aluguéis não estão nesse nível, mas também são acessíveis. É preciso, no entanto, muita atenção ao se assinar um contrato de aluguel. Deve-se usar o serviço de um advogado. Acredito que na embaixada do Brasil haja uma lista de advogados de confiança, o que não tive tempo de verificar.

No Facebook, num grupo chamado “Foreigners Living in Greece“, há ofertas frequentes de imóveis para venda e aluguel. Eu não aconselho dar seguimento a qualquer negócio através do grupo, mas usá-lo como referência dos preços em diferentes partes do país, principalmente em Atenas.

Ali também ofertam mobiliário e eletrodomésticos usados. Coloquei um post falando de como os gregos tratavam bem aos estrangeiros e recebi quase mil reações, a grande maioria positiva. Nos comentários, muitos participantes reclamavam das sogras gregas. Depois não digam que eu não avisei…

O transporte público grego

Atenas tem metrô e muitas linhas de ônibus. Aegina tem três linhas de ônibus que partem de um terminal em frente ao porto nas direções norte, sul e leste.

Utilizei muito os ônibus por lá. São limpos e com ar-condicionado. O custo da passagem fica em torno de 1,60€. Não utilizei o transporte público em Atenas. A cidade estava vazia de turistas e o serviço Uber ficou barato e fácil de conseguir. Quando eu não ia a pé (o que prefiro, com a ajuda do GPS), pedia um Uber.

Ferry-boat para as ilhas gregas. Foto: César Barroso

As corridas de aplicativo ficavam em torno de 6€. Apenas a de Kypseli até o porto de Piraeus custou mais, cerca de 16€. A passagem de ferry-boat, de ida e volta, de Piraeus à ilha de Aegina custou 19,5€, um preço razoável para a qualidade de serviço da Saronic Ferries.

História e cultura

Impossível visitar ou viver na Grécia sem se deixar enlevar por tanta beleza física e intelectual. É como um tsunami que não acaba mais de mitologias, filosofia, sociologia, tragédias, comédias, dramas, guerras, conquistas, arqueologia, esculturas, artefatos, vasos, museus, pintura, artesanato e muito mais.

O visitante sente-se atordoado com a miríade de manifestações da cultura mãe do Ocidente.

O clima grego

A Grécia é o país europeu mais quente. E vai aqui um alerta: o fim de julho e o mês de agosto são quentíssimos.

Pensei em esticar minha estadia por duas semanas, mas quando vi as previsões de temperatura desisti. Atenas teria uma máxima de 47ºC. Tem quem goste, mas eu não suporto. Tratei de voltar para Madrid na data marcada, onde as temperaturas também estavam altas, mas nem tanto.

O inverno grego é agradável. Em Atenas não neva, apenas chove. Primavera e outono são deliciosos e bonitos, segundo todas as opiniões de gregos e de estrangeiros. O ar é seco.

As surpresas de viver na Grécia

Eu li bastante sobre a Grécia antes de viajar. Assisti todos os vídeos do australiano de ascendência grega Peter Maneas e da guru de gastronomia grega Diane Kochilas.

Fui bastante preparado, mas, como todo viajante sabe, o que a gente imagina é diferente do que a gente encontra. Por exemplo, eu nunca esperava que ao pisar em solo grego faria uma amizade.

O anfitrião do Airbnb onde fiquei hospedado, Panagiotis, me deu o cartão de visita em nome do povo grego: somos simpáticos e gostamos de receber bem os estrangeiros. Era domingo e ele deixou sua família para mostrar-me um pouco da cidade e o bairro de Kypseli: a farmácia, o açougue, o minimercado, os restaurantes principais e os cafés (acredito que nenhum povo do mundo toma mais café do que o grego).

Cesar e Panagiotis, a amizade inesperada na Grécia. Foto: César Barroso

A partir daquele dia, nos comunicávamos diariamente. Ele me dava dicas sobre o que fazer. Passamos depois a discutir notícias do dia a dia e, até hoje, semanas após eu ter saído do país, Panagiotis e eu trocamos mensagens diariamente, nem que seja um simples “bom dia, como vai o amigo?”.

Passei os primeiros doze dias em Atenas, conhecendo bem a cidade. A Acrópole e o Partenon, assim como os museus da Acrópole e o Museu Nacional de Arqueologia, são formidáveis.

Templo de Atena, Acropole. Foto: César Barroso

Meu plano era, depois de conhecer Atenas, visitar uma ilha e, por fim, alguma cidadezinha em área montanhosa do Peloponeso.

Panagiotis e outros atenienses me convenceram de que eu deveria fazer uma visita à ilha de Aegina (eles pronunciam Éguina), que é o lugar de veraneio dos atenienses, e onde eles vão, eventualmente, dar um passeio durante o dia, porque o trajeto dura apenas 1h10 por ferry-boat.

Mudanças de plano pelo caminho

Como bem diz o ditado, Deus faz e o diabo desfaz. Eu fui para Aegina para ficar uma semana e acabei ficando 17 dias. Me enamorei pelas praias, os panoramas, o casario, a culinária, o templo de Aphaia, o Monastério, o porto com seus cafés e a gente amiga.

E olha que Aegina não é nem famosa no exterior! Imagino como serão as ilhas renomadas tipo Santorini, Mikonos, Delos, Creta, Chios, Kefalonia, Corfu que pretendo visitar no futuro.

Verão nas ilhas gregas. Foto: César Barroso

Em Aegina, conheci uma jovem família greco-francesa simpaticíssima que tem casa de veraneio lá e que me adotou como vovô. Julien tem carro e, junto com a esposa e sua filha, me levou para passear por lugares e praias menos frequentados no sudoeste da ilha. Tomamos banho de mar numa praia de água fria e noutra de água morna. Comemos peixe frito com salada e vinho branco, com os pés dentro d’água.

Minha palavra final para os aposentados brasileiros é que, se querem viver alguma coisa diferente e excitante, tipo aventura, façam uma visita e deem uma chance ao país. Mas cuidado: pode ser que vão, se apaixonem e fiquem encantados com tanta beleza e hospitalidade ao viver na Grécia.

*As opiniões dos colunistas não refletem necessariamente a opinião do site Euro Dicas.

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Cesar Barroso

Jornalista, fotógrafo comercial e de arte, viajante, leitor ávido, autor de "Quatorze Dias em Portugal" e "South Beach on Foot", cozinheiro amador, praticante de ioga e meditação zazen, ficcionista. Pode ser encontrado no Instagram @cesar_barroso.

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