Espanha

Meu fim de ano à espanhola (ou quase)

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Um bonequinho cagando no presépio. Um gordo que não é o Papai Noel. Um primeiro de abril fora de época. O fim de ano à espanhola tem várias semelhanças com o fim de ano brasileiro e também, várias diferenças. Mas uma coisa é certa: tem Natal e Ano Novo — ou melhor, Nochebuena e Nochevieja — e também tem muita festa e comilança.

Quer saber como é estar longe da família e comemorar (ou não) essas datas? Vamos nessa!

Natal escatológico

Cheguei para morar na Espanha no dia 25 de dezembro de 2018 (o que a gente não faz por um voo barato?). Era Natal em Barcelona e uma das primeiras coisas que notei foi a ausência do Papai Noel. A cidade estava toda decorada, mas nada do bom velhinho. Em vez disso, havia uns bonecos gigantes passeando, mais ou menos como os do Carnaval de Olinda.

De repente, uma música chamou minha atenção: “Caga, tió, caga turrón”, cantavam um monte de crianças enquanto batiam em um pedaço de madeira. Só depois descobri que esse é o Tió de Nadal, muito típico do Natal da Catalunha.

E o tió não é o único personagem escatológico dessa festa de fim de ano. Existe também o caganer, um bonequinho que os catalães costumam colocar no presépio. Uma figura que merece um pequeno aparte.

O caganer do Natal catalão

O caganer é um bonequinho cagando, sendo mais tradicional, um homem do campo. Mas atualmente existem caganers de políticos, jogadores, artistas, heróis e de muitas outras pessoas e personagens.

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Um amigo catalão me disse que cagar é tão normal que, até quando Jesus nasceu, certamente, alguém estava cagando. Mas há quem defenda que a tradição está relacionada ao fato de fertilizar a terra. Por isso, dizem que colocar o caganer no presépio traz sorte e alegria.

O caganer é uma figura curiosa que chama a sua atenção no presépio catalão. Foto: Tátylla Mendes

Fruto de um movimento artístico de realismo exagerado? Contraponto pragmático à mística natalina? Representação de que somos todos iguais com as mesmas necessidades fisiológicas? O certo é que a tradição de colocar o caganer no presépio é plenamente aceita pela Igreja Católica, ao menos na Catalunha.

O gordo do Natal

Depois dessa primeira experiência, eu fui percebendo que o Papai Noel não é uma figura típica do Natal na Espanha. Mais adiante eu te conto quem é que traz os presentes para as crianças. Mas antes disso, o que todos esperam com ansiedade é o gordo do Natal.

Você está no mercado pagando e o caixa te oferece um bilhete del gordo de Navidad. Está em um café ou em um bar e passa alguém oferecendo el gordo. E no trabalho todos se juntam para fazer um bolão, la peña del gordo. Como já deve ter dado para perceber, não estamos falando de um senhor gordinho como o bom velhinho, mas sim do prêmio da loteria.

El gordo de Navidad é como a nossa Mega Sena de fim de ano. A única diferença é que aqui na Espanha a loteria (e outros jogos de azar) são extremamente habituais.

Diferentes tipos de Papai Noel

Apesar do Papai Noel não ser muito comum por aqui, em algumas regiões da Espanha há personagens que têm um papel similar.

Em algumas zonas montanhosas do sudeste galego, uma figura natalina comum é o Apalpador. O personagem apalpa a barriga das crianças para saber se elas comeram bem durante o ano e, em compensação, deixa presentes e castanhas.

Já no País Basco e em Navarra, o personagem natalino tradicional é o Olentzero, um senhor carvoeiro que traz os presentes para a garotada.

Comemorar ou não: eis a questão

Minha família nunca foi muito unida e meus pais não são muito religiosos. Lembro de pouquíssimas ceias de Natal com a família (paterna ou materna, nunca ambas) e sempre faltavam alguns parentes. Depois que mudei da minha cidade natal, então, quase sempre passava o Natal sozinha. Uma comidinha especial e eu, feliz da vida.

Daí eu me mudei para a Europa e me casei com um árabe, que é muçulmano, apesar de já não ser praticante (para saber mais desta história, dá uma olhada na coluna Por que morar na Europa transformou minha visão de mundo?). E como é de se imaginar, os muçulmanos não comemoram o Natal, que é uma data cristã.

Um exemplo de como eu comemorava o Natal sozinha em Floripa. Foto: Tátylla Mendes

Meu marido, que morou na Inglaterra por 7 anos e já conhece bem as tradições natalinas, ficou apreensivo por mim. Me perguntou se eu não queria decorar a casa, trocar presentes, essas coisas. E eu disse para ele:

“Nada! Uma comidinha especial e eu, feliz da vida”.

Todas as cores e invenções do Ano-Novo

Entre a Nochebuena (a noite de Natal) e a Nochevieja (a noite de Ano Novo), se celebra por aqui o Dia dos Santos Inocentes. É como o nosso primeiro de abril, só que fora de época, no dia 28 de dezembro. Isso porque a tradição tem origem na matança de menores de dois anos ordenada por Herodes I depois do nascimento de Jesus.

Apesar da origem trágica, a data é celebrada alegremente. É um dia de pregar peças, fazer brincadeiras, contar mentirinhas. Em algumas cidades, há inclusive celebrações especiais, com pessoas atirando-se farinha ou ovos.

“Ah, mas até o Ano Novo já está todo mundo limpinho e vestido de branco, né?”

Não, não é bem assim. Quer dizer, o limpinho eu não questiono. Mas por aqui não existe a tradição de vestir-se de branco no Ano Novo. Para falar a verdade, muita gente nem chega a vestir uma roupa especial.

O cardápio das festas de fim de ano

Na Espanha, o peru também é um prato comum nas ceias de fim de ano (na verdade, se come o ano todo; é tão comum quanto o frango). Mas não é uma opção obrigatória no cardápio. Pode ser substituído por peixe, cordeiro, carne de porco, coelho, mariscos, e muitas outras receitas.

Sessão de polvorones e outros doces de Natal em um mercado da Espanha. Foto: Tátylla Mendes

Em compensação, se tem algo que não falta na mesa dos espanhóis nas festas de fim de ano são os doces. O mais tradicional é o torrone e há uma imensa variedade deles (o meu preferido é o de gema tostada). Muito típicos também são os polvorones, um doce com textura de paçoca, mas feito de amêndoas, de coco, de vinho, de cacau, etc.

Também não dá para deixar de fora os mazapanes, uma espécie de mini-pão feito de amêndoas. Para completar, outra cultura e tradição que compartilhamos com os espanhóis: as rabanadas, por aqui chamadas de torrijas. E para beber, cava, o espumante catalão que conquistou o país.

Engasgada com as uvas

“Doce, once, diez…” Eu diria que a maioria dos espanhóis ouve essa contagem regressiva nas ruas, reunidos em alguma praça, com uma taça de cava numa mão e um punhado de uvas na outra. A tradição é acompanhar os últimos segundos do ano pelas badaladas do sino da igreja. E a cada badalada, se come uma uva.

Eu, já acostumada a pular 7 ondinhas, continuo me habituando a essa tradição das uvas. Porque parece simples, mas, na prática, é meio complicado. Imagina ter que colocar na boca, mastigar e engolir uma uva por segundo. Eu sempre acho que vou morrer engasgada.

Sem contar que depois disso, você vai abraçar os amigos para desejar feliz Ano Novo com as bochechas do Quico, cheias de uvas.

Reis Magos

As festas de fim de ano da Espanha não acabam com a celebração do Réveillon. Na verdade, as celebrações duram quase um mês porque começam no dia 8 de dezembro, feriado de Imaculada Conceição, ao se montar o presépio; e vão até o dia 6 de janeiro, o Dia de Reis.

Um close do roscón de reyes com a surpresa revelada. Foto: Tátylla Mendes

Em várias cidades espanholas, no dia 5 de janeiro ocorrem as Cavalgadas, desfiles públicos e espetáculos para celebrar a chegada dos Reis Magos. São eles que trazem os presentes de Natal para a criançada.

Outra tradição do dia 6 é comer o roscón de reyes, um pão doce recheado e coberto de frutas cristalizadas. A surpresa é que no recheio se escondem duas figuras: um rei e uma fava. A pessoa que encontra o rei, ganha uma coroa. E quem encontra a fava, paga o doce.

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Tátylla Mendes

Tátylla é formada em Comunicação Social pela UnB e mestre em Jornalismo de Viagens pela Autônoma de Barcelona. Trabalhou mais de uma década como redatora publicitária em agências de Brasília e Floripa, mas hoje prefere escrever sobre arte, cultura, viagens e pessoas. Em 2018, se mudou para a Europa e depois de viver três anos em Barcelona, agora, mora em Valência. Curiosa e aventureira, ela adora descobrir o mundo e suas histórias. Vê sons em paisagens, ouve cores em comidas e escreve sobre o sabor de tudo isso para que todos saibam que o mundo é uma delícia.

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