Espanha

Por que morar na Europa transformou minha visão de mundo?

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Viajar para outros países é uma experiência com grande potencial para abrir nossas cabeças. A gente descobre novos lugares, novos costumes, novas culturas e tem a oportunidade de ir aprendendo com tudo isso. Mudar-se para outro país, então, é uma experiência ainda mais intensa. Afinal, além de conhecer melhor a cultura local, a gente vai se integrando a ela, ainda que gradativamente. Só que, para mim, morar na Europa tem sido uma experiência que além de abrir minha cabeça, tem transformado (e muito) minha visão de mundo. Neste artigo eu te conto como e porquê.

Convivência multicultural

Como sabemos, o Brasil é um país de dimensões continentais com uma população bastante miscigenada. Podemos dizer, portanto, que nosso país tem uma grande diversidade populacional. Porém, segundo dados oficiais, apenas 0,6% dos habitantes do Brasil são imigrantes e a maioria deles são latinoamericanos.

Enquanto isso, na União Europeia, a quantidade de imigrantes estrangeiros ultrapassa os 8% da população. Alemanha, Espanha, Itália e França são os países com a maior quantidade de forâneos. Aqui na Espanha, por exemplo, cerca de 11% da população é de estrangeiros.

Barcelona (foto) e Madri são as capitais espanholas com as maiores porcentagens de imigrantes estrangeiros. Foto: Tátylla Mendes.

Isso significa que quem mora por aqui convive com marroquinos, chineses, italianos, latinoamericanos, paquistaneses, indianos, libaneses, guineanos e uma longa lista de etc. Além disso, muitos deles, mesmo já sendo residentes, conservam sua língua e seus costumes. Essa convivência multicultural é um dos fatores que tem contribuído para transformar minha visão de mundo.

A convivência na prática

Estávamos sentados em um bar para ver um dos jogos da Copa do Mundo. Na nossa mesa, éramos oito: uma italiana, um holandês, uma taiwanesa, uma espanhola, dois equatorianos, um sírio e eu, brasileira.

A comunicação variava entre o castelhano e o inglês, com alguma tradução do Google quando necessário. Na mesa ao lado, um casal homossexual conversava baixinho. Do outro lado, três moças de véu brindavam com suas Coca-Colas. Chamava mais atenção um grupo que estava mais adiante, que por suas roupas e estilo pareciam ser todos fãs de rock.

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Além da diversidade étnico-cultural

A situação acima é um bom exemplo de como a diversidade vai além das nacionalidades e culturas. Desde que vim morar na Europa, eu tenho muito mais contato com pessoas de outras religiões, de outras orientações sexuais e, muitas vezes, com ideias bem diferentes das minhas.

Vale comentar que, apesar da maioria católica, a Espanha é um país laico e é também um dos países com maior aceitação à diversidade sexual. Além disso, eu sinto que, de algum modo, na Europa em geral há uma maior liberdade de expressão individual, desde a maneira de se vestir até os gostos e hábitos.

Espanha: um país, muitas identidades

Sendo considerada como o Velho Continente, a Europa tem muita história para contar. A maioria dos países europeus sofreu diversas influências ao longo dos séculos e não foi formado por um só povo/cultura/língua.

A Espanha, por exemplo, além da forte influência romana, foi habitada por fenícios, cartagineses, visigodos, bizantinos, povos germânicos, entre outros. Sabia que, além disso, uma grande porção do território espanhol fez parte do império árabe antes da reconquista cristã?

Toda essa história tem reflexos na atualidade e não se tratam apenas de vestígios arquitetônicos ou linguísticos. Na verdade, além dos imigrantes estrangeiros, os próprios espanhóis possuem diversas identidades socioculturais. Foi ao reconhecer isso que a Constituição de 1978 decidiu subdividir o país em 17 Comunidades Autônomas (CAs) com diferentes níveis de autogoverno.

Se você me acompanha por aqui, deve lembrar que eu já tinha comentado sobre isso na coluna Morar em Barcelona é morar na Espanha?.

Até o idioma muda

Ir de uma Comunidade Autônoma espanhola à outra é como ir de uma região do Brasil à outra. O clima muda, a paisagem muda, as comidas típicas mudam. A diferença é que por aqui, não muda apenas o sotaque e uma dúzia de palavras. Como muitas CAs têm seu próprio idioma co-oficial, a língua também pode mudar.

Lembro de uma viagem que fizemos em 2019 pelo Norte do país. Foram uns 10 dias e uns 650 km rodados de uma ponta à outra. Nesse limitado intervalo de tempo e espaço, desvendamos cardápios em euskera, deciframos placas em asturiano e descobrimos as coincidências entre o galego e o português.

Encontrar várias línguas e identidades socioculturais em um mesmo país é algo que mexeu com minha visão de mundo.

Distribuição dos principais idiomas co-oficiais da Espanha. Imagem de domínio público.

Conheça mais sobre a cultura com as indicações de filmes e séries sobre a Espanha.

O jornalismo de viagens e minha visão de mundo

Para nós brasileiros, o exemplo mais conhecido de jornalismo de viagens provavelmente é o da Glória Maria. Mas existem muitas maneiras de contar sobre o mundo, seus lugares, suas histórias, suas culturas e seus habitantes. No mestrado que fiz sobre o tema em Barcelona, eu tive a oportunidade de estudar várias dessas maneiras.

Só que, o que mais me marcou no curso não foram as classes que ensinavam como contar sobre o mundo. Foram aquelas que tratavam sobre como observar o mundo e entendê-lo, antes de finalmente contar sobre ele. Afinal, como disse Ruth Benedict:

“nenhum homem vê o mundo com olhos imaculados. Ele o vê editado por um conjunto definido de costumes, instituições e modos de pensar”.

Por isso, uma das principais lições que tirei do mestrado foi aprender que, para entender outras culturas, é preciso reconhecer nossos próprios ajustes culturais, evitando usar nosso próprio grupo ou cultura como medida para julgar os demais. Um ensinamento que transformou significativamente minha visão de mundo.

Vale a pena fazer um plano para mudar para a Europa no curto, médio ou longo prazo? Veja minha opinião!

Fazer parte da minoria

Como eu comentei antes, aqui na Europa há mais imigrantes estrangeiros do que no Brasil. Ainda assim, diante de toda a população, nós somos minoria. Isso não quer dizer que sejamos vítimas. Acredito que as minorias enriquecem as sociedades.

Espaço para idosos e pessoas com mobilidade reduzida em um evento não é favorecer as minorias, mas de equilibrar a balança. Concorda? Foto: Tátylla Mendes.

A questão é que fazer parte de uma minoria permite observar a sociedade e as situações a partir de uma perspectiva distinta. Pode, inclusive, ajudar a entender pessoas que fazem parte de outras minorias. E na minha opinião, entender as demais pessoas que convivem nesse planeta com a gente é a melhor maneira de ampliar nossa visão de mundo.

Me casei com um árabe

Já vi muita gente se assustar ou torcer o nariz quando eu digo que me casei com um árabe e que até pouco tempo atrás ele era um muçulmano praticante. Ainda que eu não concorde, a reação dessas pessoas me parece compreensível até certo ponto.

Afinal, nos filmes e séries, os terroristas são identificados quase sempre como árabes e/ou muçulmanos. Nos jornais e nas redes sociais, não param de aparecer notícias sobre os problemas causados pelos talibãs no Afeganistão e sobre as intensas manifestações das mulheres iranianas. A visibilidade dada pela Copa do Mundo no Catar a algumas manifestações culturais e religiosas de árabes e/ou muçulmanos intensificou ainda mais esse debate.

Além disso, muita gente não conhece muito sobre esses países e suas culturas. E para completar, há uma grande tendência à generalização. Há quem acredite que todas as mulheres são obrigadas a usar véu ou burka. Há quem ache que todos são violentos. Há quem pense que todos são machistas. Há quem afirme que todos são detratores dos direitos humanos. Todos! Sejam árabes ou muçulmanos e sejam quais forem seus costumes, nacionalidades ou denominações religiosas.

Meu casamento e minha visão de mundo

Confesso que, antes de conhecer o Tarek, eu era uma dessas pessoas que não sabem bem a diferença entre árabe (referente à etnia) e muçulmano (referente à religião). Não sabia que existem árabes católicos, judeus ou até ateus e que existem muçulmanos que não são árabes (como os afegãos, iranianos, turcos, indonésios, etc.).

Para além de ampliar meus conhecimentos sobre história, geografia e sobre outras culturas, eu tenho tido a oportunidade de observar alguns fatos e situações desde outra perspectiva. Isso não significa que eu adotei a visão do meu marido nem que nós concordamos em tudo. Mas acredito que conhecer outros pontos de vista e entender como se originam essas opiniões pode nos tornar pessoas mais empáticas.

Eu e meu companheiro de aventuras. Amo mais que Toddynho. Foto: Tátylla Mendes.

E quer saber? Eu nunca conheci um homem mais carinhoso, compreensivo e tranquilo. Não é à toa que, mesmo sem ter planos de me enrolar com ninguém, eu acabei me casando com ele. O começo dessa história, aliás, eu já contei na coluna Compartilhar apartamento na Espanha.

Por que eu não quero voltar para o Brasil? Entenda meus motivos nesse artigo!

Uma reflexão para encerrar

Cada pessoa enxerga o mundo através de suas próprias lentes. Esses instrumentos invisíveis e tão particulares são formados e transformados ao longo da nossa vida por todas as nossas experiências, aprendizados e convicções. É a isso que me refiro quando falo em “visão de mundo”, a essas lentes que usamos para observar, interpretar e nos relacionar com o mundo.

Como já diz o título desta coluna, morar na Europa transformou (e segue transformando) minha visão de mundo. Mas acho importante esclarecer que não se trata de um processo automático. Também não é algo que ocorre naturalmente com todas as pessoas que vêm morar por aqui. Na verdade, acho que está mais relacionado com uma predisposição pessoal a ser mais receptiva a novas ideias e possibilidades do que com o lugar em si.

É verdade que morar na Europa me proporciona uma convivência multicultural muito mais intensa. E me permitiu viver experiências particularmente significativas (como o mestrado e o casamento). Mas isso também poderia ocorrer em outros contextos, lugares ou situações. De toda forma, é curioso perceber como mudar de país é capaz de motivar outras mudanças, em alguns casos, muito mais profundas do que imaginamos.

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Tátylla Mendes

Tátylla é formada em Comunicação Social pela UnB e mestre em Jornalismo de Viagens pela Autônoma de Barcelona. Trabalhou mais de uma década como redatora publicitária em agências de Brasília e Floripa, mas hoje prefere escrever sobre arte, cultura, viagens e pessoas. Em 2018, se mudou para a Europa e depois de viver três anos em Barcelona, agora, mora em Valência. Curiosa e aventureira, ela adora descobrir o mundo e suas histórias. Vê sons em paisagens, ouve cores em comidas e escreve sobre o sabor de tudo isso para que todos saibam que o mundo é uma delícia.

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