O número de brasileiros na Espanha não para de crescer e vários motivos fazem o país ser um dos destinos favoritos dos imigrantes na Europa. É certo que muita gente pensa em fazer o mesmo e não sabe bem por onde começar.

Se você tem o sonho de seguir esse caminho, é importante conhecer a história da imigração brasileira na Espanha e ouvir a opinião de quem já emigrou. Neste artigo, brasileiros que cruzaram o Atlântico para estudar, trabalhar ou viver como aposentados falam de suas experiências no país ibérico.

Brasileiros na Espanha: quantos são e onde vivem?

Morar na Espanha é o sonho de muitos brasileiros. Embora o número de imigrantes brasileiros tenha caído levemente desde 2020, ainda somos 90.535 no país, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os últimos dados compilados pela instituição, de 2021, mostram o Brasil como o 17º país do mundo e o sexto da América do Latina com o maior número de residentes registrados oficialmente em território espanhol.

Outro dado interessante é que a o número de mulheres é quase o dobro do de homens na comunidade de brasileiros na Espanha: são 60.378 mulheres e 35.055 homens. A idade média é de 35 anos e na tabela abaixo você confere os lugares da Espanha com o maior número de imigrantes brasileiros.

Região da Espanha Número de imigrantes brasileiros em 2021
Catalunha 22.263
Comunidade de Madrid 16.411
Andaluzia 9.708
Galícia 9.252
País Basco 4.644

Por que os brasileiros escolhem a Espanha para morar?

Mesmo com a crise de 2020 e uma leve retração na comunidade de brasileiros na Espanha, esse número segue uma tendência de subida nos últimos anos.

Ano Número de brasileiros na Espanha
2022 (até o outubro) 90.535
2021 95.433
2020 98.655
2019 90.304
2018 81.712

Mas por que a Espanha atrai tantos imigrantes do Brasil?

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Cidades tranquilas

Fugir da violência e melhorar a qualidade de vida estão entre as principais razões para a mudança dos brasileiros. Muitos imigrantes buscam a segurança na Espanha: o país é considerado o 29º país mais pacífico do mundo, de acordo com o Global Peace Index 2022.

O relatório analisa 163 países e territórios independentes que incluem 99,7% da população mundial. No mesmo estudo, o Brasil ocupa a 130ª posição, atrás de países como Kosovo, Haiti, Congo e Uganda.

Mulher tirando foto no Arco do Triunfo de Barcelona
Barcelona é a 11ª cidade mais segura do mundo, segundo o The Economist e acolhe muitos brasileiros na Espanha.

Segundo dados do Índice de Progresso Social, a Espanha é um dos países com taxa de homicídios intencionais (número de assassinatos) muito baixas. A média anual é de 0,71 homicídios por cada 100 mil habitantes — menor do que muitos países conhecidos pela segurança, como Suécia e Dinamarca.

A taxa do Brasil é de 20,86 por cada 100 mil habitantes. Para se ter uma ideia, a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 3,7 por cada 100 mil habitantes.

O país europeu também tem uma das maiores expectativas de vida, mas apresenta fortes desigualdades de renda, alto nível de pobreza e baixa proporção da população adulta empregada.

Serviços Públicos

A Espanha também chama a atenção dos brasileiros pelos serviços públicos de transporte e saúde. A eficiência de ambos está atrelada à qualidade de vida da população. Os transportes públicos na Espanha são rápidos e eficientes. É possível explorar as principais cidades do país utilizando apenas metrô e ônibus.

Já os hospitais são organizados, limpos e muito bem equipados. O sistema de saúde pública na Espanha é o que atende a maioria da população e o país é um grande exportador de tecnologia nessa área.

Boas universidades

Em 2021, a Espanha concedeu 2.648 vistos para estudantes brasileiros, segundo o Escritório de Educação da Embaixada da Espanha no Brasil. Um dos atrativos é a qualidade de ensino.

Como as universidades na Espanha são muito bem avaliadas nos rankings internacionais, isso pode significar mais ofertas no mercado de trabalho após a conclusão dos estudos. Outro motivo é praticar ou aprender espanhol já que é uma das línguas mais faladas do mundo.

Clima agradável

O clima na Espanha agrada os brasileiros por ser um dos mais quentes e ensolarados da Europa. Esqueça os dias cinzentos, neve e os termômetros muito abaixo de zero!

É claro que há diferenças entre as estações e as regiões, mas, em geral a Espanha é um país ensolarado: são cerca de 3.000 horas de sol por ano. A temperatura média anual gira em torno dos 16 graus, excelente para os brasileiros que não estão acostumados com muito frio.

As temperaturas mínimas costumam ocorrer nos meses de janeiro e fevereiro, época do inverno no hemisfério norte. Estes também são os meses mais chuvosos, principalmente no norte da Espanha, região mais fria do país.

O outono e a primavera têm as temperaturas mais agradáveis, quando as pessoas podem aproveitar para praticar atividades ao ar livre quase todos os dias.

Já o verão é quente e seco em todo o país e as temperaturas máximas são alcançadas durante os meses de julho e agosto, época em que a maioria dos espanhóis sai de férias.

Viajar pela Europa

Uma das maiores vantagens de morar na Europa é que países com culturas completamente diferentes estão a poucas horas de voo. E você não precisa ter muito dinheiro para viajar.

Para se ter uma ideia, se você comprar passagem área para Espanha com antecedência, vai pagar muito mais barato para ir da Espanha até a Itália do que do Rio de Janeiro para São Paulo.

Entendeu o motivo de ter muitos imigrantes brasileiros na Espanha? São tantos atrativos que fica difícil de resistir.

Veja como a visão de mundo de expatriados pode mudar na Europa.

Estudantes brasileiros na Espanha

Como dissemos acima, muitos brasileiros escolhem a Espanha para continuar a vida acadêmica. Conheça a história de uma estudante brasileira que morou em Barcelona e nos contou como foi a sua jornada.

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Foto do arquivo pessoal de Maria Leticia

Maria Leticia Capelini, de 32 anos, acaba de voltar de Barcelona, onde participou por um mestrado na Espanha de um ano na EAE Business School.

A escolha do país

Formada em duas faculdades no Brasil, em Publicidade e Propaganda e em Administração, ela sempre quis internacionalizar a sua trajetória e não teve dúvidas ao escolher estudar na Espanha.

“Eu queria praticar o espanhol, apesar de falar o idioma fluentemente. Também tinha o sonho de conhecer melhor outra cultura, morar em um lugar com baixa criminalidade, bem diferente da cidade de São Paulo, e com clima agradável, pertinho da praia. Barcelona tem tudo isso”, conta Maria Letícia.

Dupla cidadania

A paulistana não precisou de visto de estudante para a Espanha. A cidadania italiana facilitou o processo, mas não diminuiu os gastos com o mestrado, embora muitas universidades espanholas tenham tabelas de preços diferenciados para cidadãos europeus.

“A especialização em Marketing e Vendas custou 15.000€ e foi um valor relativamente acessível em comparação com as concorrentes que custavam mais de 20.000€. Eu parcelei em 12 vezes”, conta a jovem.

Segundo ela, uma surpresa foi o alto custo de vida em Barcelona, a segunda maior cidade do país.

Dividindo as contas

Maria Leticia alugou um apartamento no bairro da Sagrada Família, no centro da cidade, mas acabou fazendo como a maioria dos estudantes.

“Eu morei sozinha apenas um mês e depois aluguei o outro quarto que eu tinha no apartamento. Nós não temos esse hábito no Brasil, mas na Espanha isso é bastante comum. E, no final das contas, foi bom porque eu economizei e também não me senti tão sozinha”, recorda.

Tirando da conta o valor do aluguel, ela gastava, em média, 1.000€ por mês “sem passar aperto nenhum, curtir bastante e frequentar excelentes restaurantes. Barcelona é uma cidade com muitos jovens, bares e uma vida intensa”, afirma.

Rotina de estudante

A rotina era puxada. Ela estudava de segunda a quinta-feira, das 9 às 17 horas, e se dedicava aos trabalhos e projetos do curso após o término das aulas.

“Eu realmente não parava, meus dias eram bastante ocupados, mas em alguns finais de semana eu conseguia viajar pela Catalunha e Espanha. É tudo muito fácil, rápido, acessível e seguro. Eu viajei de avião, ônibus, trem, carro, usei todos os meios de transporte e não tive problemas”.

O retorno ao Brasil

A ideia da paulistana era viajar para a Espanha para estudar e depois permanecer no país, mas os planos mudaram por conta de questões familiares. Quando chegou no Brasil, o diploma trouxe imediatamente um benefício profissional. Ela recebeu várias ofertas de emprego e acabou voltando para a empresa onde trabalhava anteriormente, mas com uma proposta melhor.

“Eu posso garantir que as vantagens de estudar no exterior são imensas. O profissional é muito valorizado, tanto pelo seu aprendizado, quanto pelo seu esforço. Ter um mestrado fora do Brasil mostra que você é uma pessoa que corre atrás dos seus objetivos”, avalia Maria Letícia.

Brasileiros na Espanha a trabalho

Se você sonha em trabalhar na Espanha, a história de Fernando vai inspirar você, veja:

O acesso ao mercado de trabalho

Formado em Ciências da Computação, Fernando Roldan, 40, estava navegando em um site de notícias em 2015 quando um anúncio chamou a sua atenção. Uma empresa estava contratando brasileiros para trabalhar na Espanha e ele se adequava ao perfil da vaga.

Um mês após enviar o currículo, o paulistano fez entrevistas e foi aprovado para o cargo de analista de sistemas de uma consultoria de TI, em Barcelona.

“Eu fiz uma pesquisa para conhecer melhor a empresa porque seria uma mudança de vida muito grande. Eu também não tinha referência de como era trabalhar e viver na Espanha, aliás, nunca tinha viajado para a Europa”.

A esposa, até então, não tinha sido avisada. “Eu fiquei surpresa porque ele fez entrevistas, recebeu a proposta e eu não sabia de nada”. A primeira resposta dela foi “não vou de jeito nenhum”, mas depois de muitas conversas, Thalis Beloti, 38, acabou convencida de que essa era a melhor opção para o casal e no fim do ano embarcou com o marido para Barcelona.

Brasileiros na Espanha a trabalho
Foto do arquivo pessoal de Fernando Roldan

Formada em administração de empresas, a paulista de Franca deixou de gerenciar a loja do pai, e depois de dois meses fechou um contrato de trabalho na Espanha com uma multinacional do setor de varejo de materiais de construção, onde trabalha até hoje.

“Quando eu comento com os próprios espanhóis eles dizem que eu tive muita sorte, mas eu consegui esse emprego porque estava disposta a dar muitos passos atrás. Eu entrei como secretária administrativa, em quatro anos fui promovida duas vezes e hoje sou analista de mercado”.

Deslocamento para o trabalho

O casal escolheu o bairro da Sagrada Família, no centro, para morar em Barcelona. Com o carro da família Thalis leva trinta minutos para chegar ao trabalho, perto do aeroporto.

Para Fernando, a distância é bem menor: são três quilômetros de pedalada até a Vila Olímpica.

“100% do caminho que eu faço é por ciclovia. Eu demoro 15 minutos para chegar ao trabalho, gasto apenas 50€ por ano para usar o serviço de bicicleta destinado aos moradores da cidade e ainda faço uma atividade física”.

A diferença entre o mercado de trabalho

Para Fernando, há muitas diferenças entre o mercado de trabalho na Espanha e no Brasil.

“Eu estou há 4 anos na mesma empresa e nunca recebi um companheiro de trabalho na minha casa. Outra coisa que eu percebi é que a prioridade na Catalunha é a vida pessoal. E, por último, eu ganhava mais no Brasil do que eu ganho na Espanha, mas os custos aqui são menores, então, no final das contas compensa morar em Barcelona”.

Entenda a importância do Exequatur para brasileiros que moram em outro país.

Vantagens de morar na Espanha

Em março de 2020 a família aumentou. Gabi nasceu poucos dias antes do governo espanhol anunciar o estado de alarme no país por causa do coronavírus. Após meses sem sair de casa, eles aproveitaram as férias de verão para fazer o que mais gostam.

“Apesar da pandemia, conseguimos passar o aniversário da Thalis nos Pirineus, depois conhecemos Valência e ainda viajamos pela Costa Dourada” conta Fernando. Além de viajar pelo país, nos últimos quatro anos eles também estiveram na Itália, França, Portugal, Croácia, Grécia e Áustria.

“Acho que é impossível ter no Brasil a qualidade de vida que a gente tem aqui. Poder conhecer novos lugares, passear na rua sem ter medo de ser assaltada e saber que eu vou poder matricular a minha filha em uma escola pública bilíngue e dar para ela uma boa educação são benefícios que me fazem querer permanecer vivendo aqui, apesar das saudades da família”, finaliza Thalis.

Aposentados brasileiros na Espanha

Muitos são os brasileiros que resolvem morar na Espanha como aposentado em busca de qualidade de vida. Veja a história de Walter de Luca.

Mudança para a Espanha

Em 2016, Walter de Luca, 63, se aposentou como professor de jornalismo da Universidade de Sorocaba, em São Paulo. Com o sentimento de missão cumprida, para ele, era a hora de iniciar a nova fase da vida fora do Brasil. Mas a mudança não aconteceu rapidamente, foram anos de planejamento.

“Eu já tinha visitado Barcelona muitas vezes, mas entre 2009 e 2010, quando eu passei uma parte do meu doutorado na cidade, decidi que voltaria para a Catalunha. Para mim, morar na Espanha como aposentado significa ter uma melhor qualidade de vida, principalmente uma rotina mais segura”.

Brasileiros morando na Espanha como aposentados
Foto do arquivo pessoal de Walter de Luca

A segurança também seduziu a esposa, Liliane de Luca, 59. Para ela, essa é a principal diferença entre viver na Espanha e no Brasil. “

A questão da segurança faz toda a diferença na nossa qualidade de vida e bem-estar emocional. Até em Sorocaba, minha terra natal, que é considerada uma cidade segura, eu sempre caminhava pelo centro apreensiva. Em Barcelona, não existe a possibilidade de você sofrer um assalto a mão armada. São pequenos furtos em alguns lugares muito pontuais”.

Tranquilidade à beira-mar

Morar às margens do Mediterrâneo era um antigo desejo dos paulistas e o casal encontrou a vida calma que procurava em Gavà Mar, a 22 quilômetros de Barcelona.

“É maravilhoso curtir a aposentadoria na praia e Gavà Mar é ideal para quem busca tranquilidade. Nós adoramos ir à praia, praticar esportes e aqui temos uma ótima ciclovia, além do custo de vida ser mais barato. Estamos perto do centro comercial, com supermercados, cinemas, tudo a poucos minutos de casa”, diz Liliane.

Manter a mente ocupada

A vida pós-aposentadoria de Walter e Liliane é bem diferente daquela que levavam em São Paulo. Pelo menos três vezes por semana eles têm atividades programadas na capital da Catalunha.

“Eu sempre trabalhei bastante e nunca tive muito tempo para fazer as coisas que eu queria. Agora estou estudando catalão e história europeia em um dos centros culturais públicos de Barcelona. São cursos ministrados por professores universitários e a gente não para, faz um atrás do outro, e vamos a muitos museus”, comenta Walter.

Viajar pela Europa

Dos quatro filhos do casal, três vivem na Europa. Volta e meia a família se reúne em Gavà Mar ou em Colônia, na Alemanha, onde moram a filha mais velha e o netinho de um ano de idade.

Aliás, o programa favorito do casal é viajar. Em 2019, Walter comprou um carro na Espanha para explorar melhor o país. E conta que eles adoram botar o pé na estrada sem compromissos e sem obrigações:

“Assim conhecemos pequenos pueblos e cidades isoladas que são patrimônio da Catalunha e que pouca gente conhece, como Mura e Tavertet e Vic”.

Além de viajar de carro, eles têm o aeroporto a dez minutos de casa e, segundo Liliane, é uma “mão na roda”.

“É muito rápido e cômodo. Aqui na Espanha a gente pega um voo e em duas horas está em muitos países europeus. Vamos com frequência ver o nosso neto na Alemanha e já estivemos em mais de dez países, entre eles Inglaterra, Suíça, Holanda e França”.

Impacto do coronavírus

Liliane e Walter afirmam que, quanto mais viajam, mais querem conhecer novos lugares. Mas em 2020, o euro nas alturas forçou o casal a mudar de hábitos. Saíram de cena, por exemplo, os gastos com as viagens internacionais e restaurantes.

“Nós temos que fazer viagens mais curtas e baratas, comemos em casa e também procuramos opções de lazer gratuitas”, conta Liliane, que torce pela descoberta de um vacina contra o coronavírus e a recuperação econômica do Brasil.

Os brasileiros na Espanha são felizes?

Desde que eu cheguei, em setembro de 2019, conheci muitos brasileiros na Espanha e, conversando com eles, cheguei a conclusão de que a maioria está muito feliz com a escolha do país.

A qualidade de vida é sempre citada como o maior motivo de alegria entre as pessoas e ela está relacionada a diversos fatores como segurança nas cidades, serviços eficientes (transporte e educação), lazer, entre outras variáveis. Além disso, os espanhóis são bem abertos em relação à integração dos estrangeiros e isso torna a adaptação mais fácil.

Mulher viajando na região da Andaluzia
Brasileiros na Espanha ressaltam a segurança e qualidade de vida como pontos positivos do país.

Só que a experiência de morar no exterior também é feita de desvantagens. Em primeiro lugar, por experiência própria, não é fácil recomeçar do zero! Encontrar o apartamento ideal, fazer amigos na Espanha, se adaptar à vida na cidade e tirar todos os documentos pode levar meses.

E quanto bate a saudade da família e dos amigos? Todas essas questões acabam tornando alguns momentos complicados, ainda mais neste momento em que atravessamos uma das maiores crises da nossa história.

A decisão de morar no exterior, seja para estudar, trabalhar ou viver como aposentado não é simples, mas de forma geral o balanço costuma ser positivo. Para quem deseja começar uma nova vida no exterior, o planejamento é fundamental.

Brasileiros na Espanha: a imigração brasileira para o país

A Espanha era um país basicamente de emigração, com fluxo maior de espanhóis deixando a pátria do que estrangeiros entrando, por isso, a imigração no país é considerada um fenômeno recente.

Até meados de 1990, a comunidade de brasileiros na Espanha era praticamente imperceptível nas estatísticas espanholas, mas na década seguinte o fluxo começou a mudar.

Economia e legislação

A partir dos anos 2000, por exemplo, a oferta de emprego em setores que não interessavam os espanhóis como a construção civil, hotelaria e serviço doméstico tornou a Espanha extremamente atraente para os estrangeiros.

Outro elemento importante que favoreceu a imigração nesta década foi uma política mais flexível na Espanha do que em outros países europeus. Em 2004, o governo de Jorge Zapatero estabeleceu regras que facilitavam a imigração e a regularização de imigrantes.

Neste ano, houve um considerável aumento da imigração brasileira para a Espanha (44,51%) e em 2005, o Brasil ocupava o sétimo lugar entre os imigrantes de países latino-americanos que viviam no país.

País de origem Número de imigrantes em 2005 Participação total de estrangeiros (%)
Equador 497.799 13,34
Colômbia 271.239 7,27
Argentina 152.975 4,10
Bolívia 97.947 2,63
Peru 57.134 1,53
República Dominicana 57.134 1,53
Brasil 54.115 1,45

2008: crise econômica

A crise de 2008 reduziu o número de imigrantes na Espanha, já que eles foram os mais castigados pelo mau momento na economia.

Segundo a Encuesta de Población Activa (EPA), nesse momento, a taxa de desemprego dos cidadãos espanhóis era de 9,3%, dos estrangeiros da União Europeia de 15,3% e dos estrangeiros que não pertenciam à União Europeia correspondia a 17%.

No entanto, o retorno ao país de origem não ocorreu de maneira imediata. Até 2012 houve uma gradativa diminuição do número de cidadãos brasileiros na Espanha. Nessa mesma época o Brasil estava mais atraente, com a estabilidade econômica e o aumento da renda, o que favoreceu o retorno.

2012 a 2016: volta da imigração

A imigração brasileira para a Espanha vinha aumentando novamente a partir de 2016, quando a comunidade ultrapassou a barreira dos 10 mil, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

2020: crise do coronavírus

Em 2020, a crise do coronavírus atingiu fortemente a economia do país e o fantasma do desemprego na Espanha reapareceu. Nesse ano, 18,33% dos trabalhadores no país (espanhóis e estrangeiros) estavam desempregados e, em 2021, eram 14,1%.

A população de brasileiros na Espanha encolheu cerca de 10% desde o início pandemia.  Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em janeiro de 2020, antes da crise, 98.655 brasileiros viviam na Espanha. Em em janeiro de 2021 eram 95.433 e em janeiro de 2022 eram 90.535.

Além do desemprego, a intensa desvalorização do real durante a pandemia dificultou a vida de brasileiros que moravam na Espanha, mas recebiam os seus proventos do Brasil, como, por exemplo, os aposentados.

2022: flexibilização na lei de trabalho

Em agosto de 2022, entrou em vigor a nova Ley de Estranjería, que pode facilitar a autorização de trabalho para imigrantes. A reforma trabalhista na Espanha, entre outras medidas, permite o trabalho de estudantes em intercâmbio, facilita os trâmites para que estudantes continuem morando no país após a conclusão dos estudos e para contratações por urgência de estrangeiros.

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