O desemprego na Espanha é um problema persistente e tem se mantido elevado por décadas. O país ainda não tinha conseguido recuperar todos os seus indicadores financeiros desde a crise de 2008, e a chegada da Covid-19 abalou o mercado. Mas quais são os prognósticos para 2023 e adiante? É possível encontrar emprego na Espanha? Vem com a gente que vamos explicar!

Qual a taxa de desemprego na Espanha?

Em 2023, a taxa de desemprego da Espanha é de 11,6% no fim de junho de 2023, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Uma queda de 1,67 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. Depois da crise de 2008, o índice nunca ficou abaixo dos 10% e teve o seu auge no primeiro trimestre de 2023, com 26,94%.

Na luta para reduzir esta porcentagem, o país parecia estar caminhando lentamente na direção correta, já que a taxa era de 13,92% no terceiro trimestre de 2019, mas a chegada da pandemia da Covid-19 fez com que este valor subisse a 16,13% em 2020. Para se ter uma ideia, neste mesmo ano, foram fechados 360 mil postos de trabalho na Espanha.

Porém, o país tem se recuperado bem da crise e os postos estão sendo reabertos. Segundo os dados do periódico estatal La Moncloa, entre de junho de 2022 e junho de 2023, 200 mil pessoas foram empregadas, o que representa uma redução de 6,66% no número de indivíduos sem trabalho.

Ainda com o cenário de melhoria, o desemprego é apontado como uma das desvantagens de morar na Espanha pelos brasileiros. E para os espanhóis não é diferente! Publicada em 2023, a pesquisa “What Worries the World” da consultora Ipsos, indica que o índice é a maior preocupação dos cidadãos quanto à economia.

Comparação com outros países da Europa

Segundo dados de janeiro de 2023 da Eurostat, a Espanha é o país com a maior taxa de desemprego da União Europeia. Durante a realização desta pesquisa, o desemprego espanhol era de 12,4%, o que quase dobrava o índice geral europeu de 6,5%.

Depois da Espanha, a taxa grega era a segunda mais alta, correspondendo a 11,4%, seguida de Itália (7,8%), Chipre (7,5%), Suécia (7,2%) e França (7%).

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Por que o desemprego na Espanha é tão alto?

Existem vários motivos que explicam a alta constante da taxa de desemprego na Espanha. Para você ter uma perspectiva, este índice nunca foi menor que 8% desde 1980. Os recordes foram em 2012 e 2013, com 25,77% e 26,94% respectivamente.

Oportunidades voláteis

Segundo um artigo publicado no site La Fundación para la Educación Económica (FEE), o país tem “o que se denomina mercado de trabalho dual”, que admite trabalhadores com contratos indefinidos e com prazos.

O INE aponta que 11,4% das mulheres trabalhadoras e 9,6% dos homens estavam regularizados sob um contrato temporal em 2022. Sobretudo, isso afeta diretamente os imigrantes e jovens trabalhadores não qualificados, porque faz com que a taxa de desemprego flutue, já que as oportunidades são voláteis.

Também é importante mencionar que estamos falando de um país onde o turismo representa uma boa fatia dos ingressos econômicos. Por isso, lojas, hotéis, restaurantes e outras atrações turísticas reforçam as suas equipes em determinadas épocas do ano.

Contudo, a perspectiva é que este índice seja reduzido, já que em 2022 o governo implementou uma reforma laboral respaldada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Falta de incentivo governamental

Este motivo pode ser bastante polêmico, especialmente porque o governo espanhol ter implementado medidas para saná-lo — falaremos disto mais adiante!

Contudo, por um bom tempo, o país não incentivava a mobilidade para que as pessoas se mudassem de cidade ao encontrar um emprego, o que afeta especialmente aqueles que já formaram uma família.

Ainda mais, o governo tinha poucas leis que incentivavam o empreendedorismo — algo que tem melhorado muito com a Lei das Startups, reformada em 2023.

Falta de ajuste na oferta e na demanda

Alguns setores que precisam de trabalhadores, muitas vezes, acabam não encontrando indivíduos formados, o que apresenta um desequilíbrio na oferta e na demanda.

Ainda que as pessoas com grau universitário não sejam as mais afetadas pelo desemprego, grande parte dos jovens com formação acadêmica sentem a necessidade de realizar um mestrado na Espanha para poder inserir-se no mercado laboral. E com a população especializando-se cada vez mais, a concorrência fica mais difícil. Alguns setores em ascensão são: tecnologia, saúde, logística, recursos humanos e hospedaria.

A alta taxa de desemprego na Espanha abrange profissionais qualificados e não qualificados.
A alta taxa de desemprego na Espanha abrange profissionais qualificados e não qualificados.

Já para trabalhadores não formados, setores com trabalhos manuais sempre carecem de mão de obra, como a construção civil.

Os jovens são os mais afetados

A população na faixa dos 50 anos ou mais, em geral, têm contratos de trabalho na Espanha por tempo indeterminado (o que aumenta a estabilidade no emprego), gozam de maior proteção laboral e têm direito a aumentos salariais periódicos.

Por outro lado, os jovens têm contratos laborais recentes, muitas vezes de caráter temporário e estão bastante desprotegidos contra a demissão. Nestes contratos temporários, empregador e empregado não têm incentivo à formação profissional e, em tempos de crise, das empresas geralmente optam por demitir os trabalhadores com contratos temporários e manter a equipe de contrato por tempo indeterminado.

Em 2022, o índice de desemprego dos jovens chegou a 28,9%, segundo o INE.

Efeito dominó entre 2008 e a pandemia

No YouTube, o canal Tesouro Econômico aponta que a Espanha está prestes a declarar falência econômica e explica os motivos. Aperte o play!

Como vemos no vídeo e já comentamos no artigo, a crise de 2008 gerou um enorme buraco na economia, de maneira que a Espanha ainda não estava 100% recuperada com a eclosão da Covid-19. Entretanto, o governo tem lançado mão de diferentes iniciativas para incentivar a economia espanhola, as quais veremos a seguir.

Medidas do governo para diminuir a taxa de desemprego na Espanha

A reforma laboral da Espanha foi publicada no dia 30 de dezembro de 2021 e teve como objetivos principais reduzir a precariedade do mercado de trabalho na Espanha e combater a temporalidade dos ofícios. Em outras palavras, o grande alvo estava em dar uma maior estabilidade para os trabalhadores.

Vamos ver os pontos-chave desta reforma.

Contratos temporais

A modalidade de contrato por obra ou por serviço foi excluída, de maneira que todos os contratos são presumidos como indefinidos. Dessa forma, a duração determinada pode dar-se pelos seguintes motivos:

  • Circunstâncias da produção;
  • Substituição de um trabalhador.

Se a contratação for temporal, é preciso ter um motivo habilitante para a realização do contrato. Além disso, o trabalhador se converte a fixo quando é contratado por uma empresa dentro de um prazo de 24 meses durante mais de 18 meses.

É importante mencionar que estas normas não se aplicam a autônomos, como freelancers, advogados e outros trabalhadores por conta própria.

Contratos formativos

Um problema enfrentado pela maioria dos jovens na Espanha era que as empresas podiam realizar contratos de estágio sem que esta pessoa estivesse cursando ou tenha terminado os seus estudos recentemente. Isso fazia com que muitos jovens tivessem que passar por vários anos como estagiário, recebendo salários muito menores do que o mínimo e sem direitos empregatícios.

Com a reforma os novos contratos permitidos são:

  • Alternância por estudos: quando o trabalhador compagina os estudos com o emprego. Está dirigido às pessoas sem qualificação profissional e, por isso, não há um limite de idade. Ainda mais, a atividade deve estar relacionada com os estudos do indivíduo. A duração deve ser de três meses a dois anos;
  • Contrato formativo para obtenção da prática profissional: focado em pessoas com títulos formativos e universitários, que pode ser realizado durante o período dos estudos, até três anos depois da sua finalização. A duração é de 6 meses a um ano.

Contratos fixos de descontínuos

Trata-se de um tipo de contrato que já era vigente. A novidade de 2022 é que passou a aplicar-se apenas para trabalhos de natureza estacional e atividades intermitentes com períodos de execução predefinidos.

Mecanismos de negociação coletiva

Na Espanha, todo setor de trabalho tem o seu convênio com regras definidas. Estes documentos estabelecem normas como número máximo de horas trabalhado durante o ano, direitos básicos do trabalhador e duração das jornadas.

A partir de 2022, o salário mínimo na Espanha passou a ser definido pelos convênios setoriais. Ainda que este valor já estivesse regulamentado, nos anos anteriores, prevalecia o convênio da empresa no quesito salário. Com a reforma, esta prioridade desapareceu.

Mudanças no ERTE

Na Espanha, a sigla ERTE significa Expediente de Regulação Temporal de Emprego. Trata-se de um procedimento administrativo no qual o empresário pode suspender ou reduzir o contrato de trabalho dos seus empregados de forma temporal.

Depois da reforma, prioriza-se a redução da jornada à suspensão. Ainda mais, o ERTE só pode ser aplicado por causas econômicas, técnicas, organizativas, de produção ou por forças maiores (autoridades públicas).

Outras medidas

O governo espanhol tem apostado fortemente em iniciativas para aquecer o mercado. Uma das principais é a Lei das Startups, reformada em 2023. O grande objetivo é converter o país em um polo atrativo para empresas tecnológicas. Sendo assim, a lei oferece:

  • Fiscalidade adaptada;
  • Priorização para empresas que oferecem possibilidades de aquisição ou doação de ações para empregados;
  • Visto para nômades digitais na Espanha;
  • Facilidades para investidores internacionais;
  • Assessoria grátis a empreendedores.

Perspectivas para o futuro

O futuro da taxa de desemprego na Espanha é promissor. Em 2023, foi lançado o Programa para a Estabilidade 2023-2026 que prevê a redução deste índice a 9,6% até o final do último ano do plano. O prognóstico é o seguinte:

Ano Taxa de desemprego
2023 11,6%
2024 10,9%
2025 10,3%
2026 9,6%

Se cumprida, esta previsão significaria um grande avanço no mercado laboral do país, já que o índice não é menor de 10% desde 2008. A reforma laboral, por sua vez, tem um papel importantíssimo na conquista destes objetivos. E a boa notícia é que tem sido bem vista pelas autoridades europeias.

Segundo o jornal El Diario, “o diretor de Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais da OCDE, Stefano Scarpetta, afirmou que o primeiro panorama após a reforma destaca um aumento significativo do emprego a tempo indefinido e uma redução do trabalho temporal”.

Ainda assim, pode ser cedo demais para tirar conclusões definitivas, mas ainda segundo o diretor da organização, a reforma não trouxe “impactos negativos para o emprego”.

Um mercado de trabalho mais sólido

Mesmo com muitas turbulências, o mercado laboral espanhol tem apresentado certa solidez. Durante a pandemia, o ERTE possibilitou que muitas empresas sobrevivessem à crise e voltassem a contratar entre 2021 e 2023.

Encerramos o ano de 2022 com quase 20,5 milhões de ocupados, um recorde para os contratos indefinidos. E, ainda que o início de 2023 tenha apresentado um aumento na taxa de desemprego na Espanha, o primeiro trimestre representou o maior índice de ocupação nos últimos 15 anos.

Ainda mais, as reformas realizadas desde a pandemia e o novo plano de recuperação apontam para um crescimento de 1,6% da economia a partir de 2024, o que representa um grande impacto positivo da reforma laboral.

Segundo os documentos do Programa de Estabilidade, “o dinamismo da atividade e da reforma laboral estão levando a um forte crescimento do emprego, mais estável e de melhor qualidade”.

Como funciona o seguro-desemprego na Espanha?

O seguro-desemprego (chamado de subsídio por desempleo) é concedido pelo Servicio Público de Empleo Estatal (SEPE). Tem direito ao benefício os trabalhadores que perdem emprego involuntariamente, ou seja, que são demitidos.

Estrangeiros que trabalham legalmente na Espanha possuem os mesmos direitos dos trabalhadores espanhóis, inclusive o seguro-desemprego. Para receber o auxílio, deve-se atender às seguintes condições:

  • Estar em situação legal de emprego e ter sido demitido;
  • Ter trabalhado e contribuído para a segurança social por pelo menos 360 dias nos últimos seis anos anteriores à data de perda do emprego;
  • Ter entre 16 e 65 anos na data da solicitação;
  • Estar disponível para aceitar uma recolocação adequada no mercado de trabalho, através da assinatura de um termo de compromisso de atividade.
  • Não realizar atividade laboral por conta própria ou trabalho extra no momento da solicitação, com exceção dos casos em que o trabalho é propiciado por programas de fomento de emprego.

Como solicitar?

O pedido do auxílio deve ser apresentado em até 15 dias úteis após o fim do contrato de trabalho, tanto online, por meio do site do SEPE ou nas oficinas de empleo, mediante marcação prévia. É necessário apresentar os seguintes documentos:

  • Registo como candidato a emprego (cartão de desemprego);
  • Formulário oficial de pedido de seguro-desemprego;
  • Documento de identificação do requerente e dos dependentes que constam no formulário oficial de pedido;
  • Certificado da empresa onde trabalhava (algumas empresas optam por enviar eletronicamente ao SEPE e outras entregam o documento ao trabalhador);
  • Comprovante de renda (última declaração de renda);
  • Documento com o número da conta bancária de que o requerente é titular e na qual pretende receber o auxílio.

Valor do seguro-desemprego na Espanha

O valor do seguro-desemprego depende de vários fatores, entre eles o salário do trabalhador quando empregado, tempo de contribuição à segurança social e até mesmo a quantidade de filhos.

O valor mínimo das prestações mensais é de 560€ e o máximo é de 1.575€ em 2023.

Por quanto tempo posso receber seguro-desemprego?

A quantidade de parcelas do seguro-desemprego que o trabalhador tem direito é proporcional ao tempo de contribuição à segurança social. O trabalhador tem direito a receber o auxílio mensal por no mínimo quatro meses (ou até arrumar outro emprego) e, no máximo, por 24 meses.

Trabalhadores operam nas ruas de Madrid
Apesar das altas taxas de desemprego, um setor que parece sempre precisa de mão de obra é a construção.

É possível fazer um cálculo da quantidade e valor das prestações por meio da calculadora oficial do SEPE.

Áreas com mais empregos na Espanha

Nem todos os profissionais têm problemas em arrumar emprego na Espanha, inclusive em algumas áreas há vagas sobrando por falta de mão de obra. Se você trabalha em um desses setores, morar na Espanha pode ser mais fácil.

Uma pesquisa da Fundação Adecco os setores com mais oportunidades abertas na Espanha são:

  • Sanitário;
  • Logístico;
  • Atenção ao cliente;
  • Setor informático e telecomunicações;
  • Setor de limpeza especializada.

Outros setores que também precisam de mão de obra são construção civil (em diversos postos), especialistas em eletromecânica, soldadores, ferramenteiros, torneiros e motoristas de empilhadeira.

Já a investigação Barómetro Primer Empleo 2023 de LinkedIn Economic Graph foca mais em profissionais com nível acadêmico. Nestes casos, os perfis mais procurados são:

  • Engenharia de Software;
  • Administrativo;
  • Gerente de Projetos;
  • Auditor;
  • Recepcionista.

Outro fator de impacto é o European Next Generation EU Recovery Plan, o plano europeu de reconstrução pós-pandemia, que envolve a injeção de até 140 milhões de euros na economia espanhola até 2026. Os recursos irão privilegiar os investimentos tecnológicos e a luta contra as mudanças climáticas, o que significa que especialistas nessas áreas terão mais demanda na região.

Onde procurar empregos na Espanha?

Como em outros países, a internet é aliada na busca de emprego em terras espanholas. Os principais sites de emprego da Espanha são:

LinkedIn

A rede social é cada vez mais forte quando falamos de oferta de emprego. Isso porque você tem o seu perfil, que pode ser buscado proativamente pelos head hunters (e, acredite, isso acontece mesmo que você não tenha o perfil muito sênior).

Além disso, a plataforma é a que mais acumula ofertas de emprego, já que une diferentes postos publicados tanto na rede social, quanto em outros sites.

Infojobs

Infojobs é um dos maiores sites do assunto na Espanha, com uma grande oferta de vagas. Além disso, tem uma sessão dedicada a trabalhadores freelancers.

Indeed

O Indeed — agregador de vagas que também está presente no Brasil — é muito popular na Espanha. O diferencial também é a grande oferta de vagas.

Infoempleo

Infoempleo, além da oferta de vagas, tem uma sessão (Avanza en tu carrera) onde estão disponíveis informações sobre cursos em todo o país.

Monster

Monster é o site de empregos parceiro do jornal El País. O diferencial é que o candidato pode saber se a empresa visualizou a candidatura.

Ticjob

Ticjob é um site voltado para os profissionais das áreas de TI na Espanha e comunicação e também tem uma área para freelancers.

Vale a pena morar na Espanha com a alta taxa de desemprego?

Sim, desde que você se planeje muito bem!

Como vimos, as projeções para o desemprego na Espanha são otimistas e têm como alvo taxas não vistas nos últimos 15 anos. Contudo, não se anime tão facilmente. Como imigrante, é muito comum que tenhamos que dar um passo atrás ao mudar de país (falo isso por experiência própria).

Então, não romantize! Prepare-se financeira e mentalmente para enfrentar uma alta concorrência, tanto para mão de obra especializada, quanto não especializada. Esteja pronto para passar por uma busca que pode demorar até mais de 6 meses, em alguns casos. Mas para reduzir este tempo, recomendamos fortemente vir com o espanhol em dia, realizar cursos formativos no idioma para enriquecer o currículo e estar disposto a assumir cargos de trabalho menores que os que você tinha no Brasil.

Por outro lado, o mercado espanhol é bastante aberto para estrangeiros, oferecendo diferentes possibilidades de contratação. Ainda mais, pessoas que falam diferentes idiomas (especialmente português e inglês) ganham pontos extra!

Para garantir o melhor planejamento para a sua mudança a Espanha, o Euro Dicas oferece tudo o que você precisa: um  e-book exclusivo sobre Como Morar na Espanha. O livro conta com 300 páginas com conteúdos práticos enriquecedores, que vão acompanhá-lo do momento da decisão da mudança até a sua chegada em terras ibéricas!