Os idiomas da Espanha são uma das características culturais mais interessantes do país. Isso mesmo, você leu certo: embora seja um território relativamente pequeno, principalmente se compararmos ao Brasil, a Espanha reúne uma complexidade bastante interessante, com várias regiões bilíngues.
Quantos são os idiomas da Espanha?
Há pelo menos uma dezena de idiomas da Espanha, somando oficiais e co-oficiais, junto com os dialetos falados em cada região. Os mais conhecidos, por região, são:
- Espanhol ou castelhano: falado em praticamente todo o território;
- Catalão e Aranés: idiomas da região da Catalunha (onde também é popular o Valenciano) e nas Ilhas Baleares;
- Galego: na Galícia;
- Basco, Vasco ou Euskera: no País Vasco e em Navarra.
Conheça as principais regiões e se localize no mapa da Espanha, explicado neste artigo.
Qual é o idioma oficial da Espanha?
Entre os idiomas da Espanha, o oficial reconhecido na constituição do país é o Espanhol, falado por 99% da população. Ele também é chamado de castelhano, por causa da região da Castela, onde se localizava o antigo reino.
Após ser constituída a nação espanhola, a língua foi oficializada como o espanhol que conhecemos. O idioma é praticamente o mesmo que conhecemos na América Latina, com diferenças no sotaque, no próprio vocabulário e até mesmo na gramática.
Quais são os principais idiomas da Espanha?
Ainda que o Espanhol seja oficial, ele não é o único falado no país. Muitas regiões são bilíngues. Além do castelhano, há outras quatro línguas co-oficiais em seis das 17 comunidades autônomas.
São elas: Galego, Euskera, Catalão (reconhecidos na Constituição espanhola de 1978) e, mais recentemente, o Aranés (incluído em 2010).
Para se ter uma ideia das diferenças, um simples “olá” em português pode virar “hola” (espanhol e catalão), “kaixo” (basco) e “ola” (galício). Interessante, não?
Catalão
Falado na região da Catalunha, cuja capital é a importante Barcelona. O idioma também é adotado em Valência (e não há unanimidade entre os linguistas sobre se o valenciano é um dialeto próprio ou uma variação do catalão) e nas Ilhas Baleares, chamado de mallorquín.
Galego
Seu berço é a região da Galícia, e o mais interessante são as semelhanças com o nosso português. Você leu certo. Há uma raiz semelhante que coloca o galego como uma das bases do português, com a mesma origem latina. O território onde ficava o reino da Gallaecia é onde ficam hoje Portugal, parte de Astúrias, León e a atual Galícia.
Basco, vasco ou euskera
No País Basco e também em Navarra se fala o basco, chamado de euskera. Entre os idiomas da Espanha este é o mais complexo, frequentemente apelidado de “a língua mais singular da Europa”, com uma origem das mais antigas da Europa e sem uma raiz no latim.
Para se ter uma ideia de sua importância, o basco é falado por pelo menos 45% da população local, mas não se preocupe: eles também falam o castelhano e a comunicação acontece!
Aranés ou Occitano
Passou a ser terceira língua oficial na Catalunha (junto com o Castelhano e o Catalão), e até pouco tempo atrás era um dialeto variante da língua romana. Contudo, a língua permanecia viva o suficiente para ser ensinada inclusive nas escolas desde 1984, bem antes de sua oficialização.
Vale destacar que há uma série de outros idiomas da Espanha que são considerados dialetos não oficiais. Sem reconhecimento, muitos enfrentam inclusive perigo de extinção, como o ásture-leonês, nas Astúrias.
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Origem dos principais idiomas da Espanha
A variedade de idiomas da Espanha decorre, em grande parte, das conquistas territoriais dos espanhóis e a definição de suas fronteiras às custas de muitas batalhas e acordos diplomáticos.
Com as conquistas territoriais dos espanhóis, a língua chegou à América e foi se transformando, até se tornar a língua materna de diversos países. Hoje, o espanhol é a terceira língua mais falada no mundo, ficando atrás apenas do inglês e do mandarim, falado na China.
Portanto, a coexistência de vários idiomas da Espanha reflete sua formação pela anexação de territórios – que nem sempre eram amigos uns dos outros. Uma colcha de retalhos cuja união ainda hoje é mantida com bastante esforço e política.
É o caso, por exemplo, de territórios que ainda hoje têm anseios separatistas, como o País Basco e a Catalunha. Descubra com a gente a origem de outros idiomas da Espanha.
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Catalão
É uma língua derivada do Latim vulgar romântico da Idade Antiga, assim como o próprio Espanhol, Português e Francês, por exemplo. Ainda hoje, essa mistura se reflete na grafia e na pronúncia, que confunde muita gente e ao mesmo tempo tem uma certa familiaridade.
O idioma se desenvolveu ainda no século 9, e durante a retomada de terras na península ibérica por cristãos, e ganhou força na região após a expulsão de grande parte dos muçulmanos, no século 13. Apesar das diferenças com a língua espanhola, até o século 15, o catalão ganhou relevância na região de Mediterrâneo. Muito em parte pelo destaque cultural e econômico de Barcelona, a atual capital da Catalunha.
Nos séculos seguintes, contudo, várias disputas sócio-políticas, culturais e demográficas enfraqueceram a presença do idioma catalão. Um dos fatores, para ficar como exemplo, é que a elite da região passou a usar o castelhano (espanhol), assim como a imprensa. O catalão ficou mais reservado a regiões rurais e a classe trabalhadora. Durante a ditadura de Francisco Franco, sofreu perdas irreversíveis, tornou-se proibida e clandestina.
Hoje, o idioma é sinônimo de orgulho entre os grupos que desejam separar a região do restante da Espanha. Eles retomaram a importância do catalão nos veículos de comunicação, na sinalização das ruas, nas universidades, como símbolo de resistência daquela região.
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Cotar Agora →Galego
Também é chamado de português da Galícia. As regras ortográficas são as mesmas do português, imagine. Porém, é um outro idioma – e essa separação entre eles se deu a partir do século 14. No entanto, quando você escutar um galego falando, conseguirá entender boa parte do que está dizendo.
O idioma se expandiu junto com os cristãos e com as conquistas marítimas portuguesas, sobrepondo-se aos dialetos árabes falados nos domínios muçulmanos em regiões próximas, que habitavam a região desde o ano 1000. Contudo, com o prestígio que a língua castelhana passou a usufruir, o galego foi outro idioma relegado a segundo plano, perdendo força.
Já no século 19 houve um ressurgimento do galego, assim como ocorreu com o catalão, como forma de resistência. Com o fim da ditadura de Franco, reassumiu importância, mas sem se equiparar ao catalão.
Idioma Basco
Não é uma língua fácil, isso é fato. O idioma ancestral dos bascos é considerado uma língua isolada, isto é, não tem ligação “hereditária” de nenhuma outra raiz em comum com outros. Ainda assim, é falado por 27% dos habitantes deste território.
Sua origem é incerta, mas ligada a regiões ao redor que receberam influência de terras distantes, na direção da França. Ou pode ter vindo do norte do continente americano. Há, ainda, uma teoria de que os bascos seriam os únicos sobreviventes de um grande família espalhada antigamente pela Europa. Fascinante!
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Importância da manutenção dos idiomas da Espanha em cada região
Até já antecipamos um pouco desta conversa acima. Os idiomas da Espanha não são apenas línguas, palavras. Sua importância é muito grande do ponto de vista cultural, político e histórico, sendo a materialização de uma série de disputas e imaginários de vários séculos.
Portanto, por trás do fortalecimento de vários idiomas, como o catalão, reafirmam-se as discussões sobre o forte interesse, por parte de alguns grupos, em discutir a mudança para um Estado independente. Há uma rivalidade muito grande: a cultura da Espanha difere e muito da cultura catalã, e a Catalunha representa 25% das exportações da Espanha, 20% do PIB e 16% da população. Está entre as economias mais fortes da zona do euro e a mais rica da Espanha.
Por muito tempo, todos os outros idiomas foram suprimidos por uma ditadura, que tentou silenciar as diferenças em várias comunidades na Espanha. O espanhol foi imposto como parte de um projeto de poder, na tentativa de unificar simbolicamente a nação. No entanto, cada língua faz parte da identidade de sua região.
Daí a grande importância de manter vivos os diferentes idiomas da Espanha, como reconhecimento das regiões e um ponto de partida para entender seus símbolos, a cultura e tradições espanholas.
Para morar na Espanha, tem que saber os dialetos? Ou basta saber castelhano?
Vai depender de seus objetivos, claro. Conforme comentamos, praticamente a totalidade do território espanhol fala o castelhano, então você vai conseguir se comunicar em todo o território sem dificuldades.
Os idiomas regionais, entretanto, são bastante fortes em várias localidades. Assim, se você for morar na Espanha para cursar uma universidade ou procurar trabalho, será preciso ter um conhecimento mais avançado.
Bom exemplo é em Barcelona, onde o catalão está de fato presente no dia a dia, em jornais, placas de sinalização na Espanha, folhetos de atrações turísticas – há até mesmo alguns museus em que todas as legendas explicativas são em catalão. Por isso, já fizemos um artigo especial com os primeiros passos para aprender catalão.
Se você planeja viver em uma região pequena, onde os dialetos sejam mais fortes, poderá precisar de algum vocabulário para falar com comerciantes locais ou pessoas mais velhas.
Uma sugestão para quem quer aprender é procurar os cursos oferecidos nas regiões, que costumam oferecer opções para estrangeiros. Você certamente vai encontrar muitas pessoas dispostas – e orgulhosas! – para ensinar. Assistir à televisão, ler sites e jornais nos idiomas locais também ajudam. Quanto mais contato você tiver com os sons e as palavras, mais rapidamente você conseguirá entender e falar!
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