Portugal

Vizinhança à portuguesa: crônicas sobre quem mora ao lado

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Ah, vizinhos! Um tema cheio de histórias. E quando o cenário é vizinhança à portuguesa, há alguns estereótipos engraçados sobre nós, brasileiros. Dizem por aí que somos especialistas em fazer barulho, seja com o volume alto da música ou com nossas animadas conversas. Quem nunca ouviu falar, não é mesmo?

Mas, espera aí, será que somos os únicos “culpados” por incomodar os outros? Será que os portugueses são sempre fofos, super educados e respeitosos com todo mundo? Compartilharei minhas experiências aqui em Portugal e deixo você tirar suas próprias conclusões.

Afinal, vizinhança é aquela mistura de convivência e coincidências, onde cada dia é uma novidade e nunca sabemos o que esperar.

Em alto e bom som

Antes da mudança para Portugal, eu já tinha ouvido falar de várias histórias de amizades incríveis entre vizinhos luso-brasileiros. Uns eram tão camaradas que chegavam a trocar quitutes, desde bolos até chouriços. Uma verdadeira festa gastronômica!

Mas claro, nem tudo são flores. Também rolavam uns perrengues, como o caso de uma brasileira que decidiu compartilhar suas desventuras nas redes sociais. Parece que a convivência com seus vizinhos portugueses não era aquele “mar de rosas”. Eles reclamavam à toa, segundo ela.

Só que depois, descobri que além de ter dois filhos com energia infinita, que pareciam treinar para os jogos olímpicos do pulo e do grito, a moça ainda tinha um doguinho que mais parecia uma banda de heavy metal, latindo o tempo todo.

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A cereja no topo do bolo era a sua playlist, compartilhada com o prédio inteiro graças a uma caixa de som do tamanho de um armário, com as janelas sempre abertas. Aí entendi por que os vizinhos portugueses não eram lá muito fãs da sua presença. Parece que o x da questão era mesmo o bom senso, ou a falta dele.

Para a primeira impressão, tudo estava ótimo!

Aterrissamos em Portugal no agitado ano de 2020, quando a pandemia estava dando um nó nos planos de meio mundo. Foi um desembarque cheio de incertezas, mas estávamos prontos para a aventura.

Alugamos nosso primeiro cantinho à distância. Tivemos uma prévia do que nos aguardava do outro lado do Atlântico por meio de fotos e vídeos do apartamento, gentilmente registrados pela empresa de relocation em Portugal que nos deu uma mãozinha.

Apesar de não ser o apê mais high-tech do mundo, era um lugar charmoso em Braga, com uma localização nota 10 e um preço que, pelo menos naquela época, não fazia a gente chorar. A diversão começou quando decidimos equipar e mobiliar a casa. E assim, aos poucos, fomos dando vida ao nosso novo lar.

O barulho mora ao lado

Ao nosso lado, havia um apartamento com um cachorro simpático, daqueles grandalhões que adoram dar uma espiadinha na varanda a qualquer hora do dia ou da noite. Ele latia para os outros patudos que passavam na rua, mas, sinceramente, o latido em si não era o maior dos problemas para nós. O que realmente nos deixou de cabelo em pé foi o comportamento do casal de jovens portugueses que era dono desse furacão peludo.

Uns dias após chegarmos, o casal decidiu fazer uma festa de arromba em casa. Música bombando, risadas estrondosas, pratos se espatifando, cheiro de churrasco pairando no ar e até gente fumando na varanda. Era tanta a animação que dava a impressão de que os móveis estavam ensaiando um número de dança.

Como era um sábado à tarde, pensamos: é o momento de lazer deles, deixa rolar. Não queríamos começar nenhum bafafá.

Apesar do barulho insuportável, tentamos ao máximo manter a boa vizinhança. Foto: Maurício Martins.

O que a gente não sabia é que a festança no apartamento ao lado ia durar até altas horas da madrugada. Dormir naquele dia foi um desafio com todo aquele alvoroço vindo do lado. Parecia que a festa estava rolando na nossa sala. Na hora, decidimos não causar rebuliço, porque achamos que não valia a pena. Afinal, todo mundo merece uma festa de vez em quando, né?

Um apartamento festeiro

O drama se repetiu tantas vezes, até mesmo nos dias de semana, que a coisa ficou simplesmente insuportável. Pensamos em dar umas batidinhas na porta e pedir, com jeitinho, para abaixarem o som, diminuírem o tom das conversas ou, quem sabe, encerrar a festa. Em momentos mais tensos, passou pela nossa cabeça até chamar a polícia.

Cruzamos com esses vizinhos algumas vezes, mas nunca tivemos coragem de encarar. Afinal, a última coisa que queríamos era arrumar uma inimizade recém-chegados em Portugal.

Decidimos então apelar para uma tática diferente: escrever uma carta e colar no hall do elevador, especialmente num dia em que a farra estava mais intensa e o relógio já batia lá pelas três da manhã.

A carta pedia encarecidamente um pouco de bom senso, tudo com uma dose extra de educação e cordialidade. O que aconteceu? Nada. Nenhuma resposta. O barulho insistente continuou por dezenas de noites e madrugadas afora.

Esse não foi o único perrengue que enfrentamos nesse prédio.

Uma garagem com direito a dor de cabeça

Como é de praxe em apartamentos antigos, a nossa garagem era daquelas bem apertadas. Em muitos prédios aqui em Portugal, cada um tem sua própria vaga, podendo ser fechada por uma porta ou não. E não é raro ver gente usando esse espaço para guardar coisas que já não cabem mais em casa.

O problema é que a nossa margem para manobras era quase inexistente. Nossa vaga ficava pertinho da saída e, para evitar qualquer dano ao veículo, era preciso uma certa habilidade. Além disso, era fundamental que a saída estivesse sempre livre.

Acontece que uma moradora local (com uma expressão que não indicava muita simpatia) tinha o hábito de estacionar seu carrão fora da vaga. Ela deixava o veículo bem no meio do corredor, já que o espaço dela vivia abarrotado de coisas: brinquedos antigos, lenha para a lareira, caixas, malas e por aí vai.  Essa mania dela atrapalhava as manobras dos outros na hora de sair da garagem.

Encontrar vaga na rua do nosso apartamento era sempre uma dificuldade. Foto: Maurício Martins

Num belo dia, voltando de uma consulta médica, me vi impossibilitado de entrar, porque a senhora tinha simplesmente abandonado o carro bem na entrada. Resultado: tive que dar um jeito de estacionar na rua.

Reclamamos com a administradora (por aqui, o papel do síndico não é lá muito comum). O funcionário nos disse que já tinham alertado a senhora de que essa mania dela estava atrapalhando a vida dos outros moradores.

E o que aconteceu? Nada. Por dezenas de vezes, tivemos que deixar nosso carro na rua, porque a vizinha continuava teimando em estacionar o carrão no lugar errado.

O barulho gosta de nos perseguir

Em um belo dia, decidimos alugar outro apartamento e mudar de casa, não só por conta desses perrengues, mas por alguns outros motivos. Queríamos um lugar onde não precisássemos enfrentar tanto frio no inverno, então um bom isolamento térmico era uma preocupação. Optamos por trocar de bairro e conseguimos um apartamento em Braga mais moderninho. Nesse novo lar, os problemas com vizinhos deram uma trégua.

Em 2023, decidimos fazer as malas mais uma vez. Dessa vez, saímos de Braga e desembarcamos em Vila Nova de Famalicão (distrito de Braga, mas nos arredores do Porto). Um novo apartamento, todo moderninho e cheio de estilo.

Mas, nem tudo é perfeito. Alguns dias após nos instalarmos, estávamos na sala, assistindo a um filme na TV, quando começamos a ouvir uns barulhos estranhos vindo do andar de cima. No começo, ficamos meio confusos, sem entender direito o que estava rolando. Pensamos que talvez fosse alguém no corredor ou até mesmo lá fora, na rua.

Uma portuguesinha pra lá de agitada

Descobrimos que a responsável pelos sons estrondosos era uma criança pequena que faz a festa em um dos apartamentos vizinhos. Às vezes ouvimos choros, outras vezes ela está cantando no chuveiro ou levando bronca dos pais portugueses. Isso não é um problema. O pior é quando os vizinhos resolvem correr e pular pelo apartamento.

Cheguei a pensar estarmos prestes a ter uma futura atleta olímpica nas redondezas, porque a pequena adora correr de um lado para o outro no apartamento como se estivesse competindo pelo ouro.

Nos últimos meses, tem sido uma verdadeira maratona de “cavalgadas”, muitas vezes tarde da noite. O barulho é tão intenso que parece que as paredes estão prestes a desabar. Reclamamos com a administradora sobre o barulho, mas até agora, nada foi feito.

Encontrar um vizinho que tenha senso tem sido bem difícil em Portugal. Pelo menos na nossa experiência.

Num dia em que essa vizinha estava especialmente agitada e fazendo um barulhão, decidimos recorrer à mesma tática que usamos na casa anterior: escrevemos uma carta simpática, educada e cheia de boas intenções. Colocamos na porta do vizinho de onde acreditávamos que vinha o barulho. Até hoje não recebemos nenhuma resposta.

Confesso que, por enquanto, estamos tentando ignorar o problema. Sabemos que criar um filho não é moleza. Às vezes, a saída é ser mais empático, mas a empatia precisa funcionar em mão dupla.

O incômodo persiste, é verdade, mas por ora estamos fazendo o possível para deixar o andar de cima em paz.

O que esperar da vizinhança em Portugal?

Quando o tema é vizinhança, é como abrir uma caixa de surpresas. No Brasil, tínhamos uma vizinha que fazia tanto barulho que conseguíamos ouvi-la berrando com o filho, mesmo com o caos do trânsito na hora do rush.

Aqui em Portugal, nós nos esforçamos ao máximo para evitar qualquer ruído. Mantemos a música e a TV em volume moderado e raramente recebemos amigos e familiares em casa. Em todos os lugares em que moramos, sempre visamos manter uma boa convivência, evitando causar transtornos aos vizinhos. Mas nem todo mundo segue essa mesma linha.

Para quem sonha em morar em Portugal, a dica é torcer para ter a sorte de contar com vizinhos bacanas. Na verdade, isso não tem nada a ver com o local onde você mora ou com a nacionalidade dos vizinhos. Tem a ver com bom senso e educação.

A maioria das pessoas constrói ótimas relações com quem mora por perto e, com o tempo, até desenvolve verdadeiras amizades. É o cenário perfeito.

Quem sabe, um dia desses, não seremos vizinhos? Seria legal compartilhar um café ou um chá, e quem sabe até uma boa conversa na varanda, mas sem muito barulho, hein?

*A opinião dos colunistas não reflete necessariamente a opinião do Euro Dicas.

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Maurício Martins

Nascido no Rio de Janeiro e com raízes portuguesas, o jornalista, redator e roteirista Mauricio Martins reside em Portugal desde 2020. Com mais de 25 anos de experiência, trabalhou em diversos veículos de comunicação. Possui pós-graduação em Marketing e Comunicação Empresarial. É apaixonado por tecnologia, viagens e boa música.

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