Alemanha

Economia da Alemanha: instabilidades e projeções para 2024

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Com pouco mais de 84 milhões de habitantes e um PIB que ultrapassa quatro trilhões de dólares, a economia da Alemanha se tornou a terceira maior do mundo, deixando para trás o Japão.

Nesse artigo, apresentamos um panorama da situação econômica do país e fatos históricos que trouxeram a Alemanha ao que ela é hoje.

Como está a economia da Alemanha?

A Alemanha está tentando reverter lentamente a retração econômica sofrida em 2023.

O país passou por uma recessão, com o PIB experimentando uma queda de 0,3%, em combinação com uma taxa de inflação relativamente alta para seus padrões, de 6% ao ano, fatores que levaram alguns a pensar que a mais importante economia da zona do Euro havia voltado a ser o “doente da Europa”.

O curioso é que, mesmo “doente”, o país mais populoso da União Europeia passou a ocupar, no início de 2024, a posição de terceira maior economia do mundo, após ultrapassar o Japão, que vem dando reiterados sinais de debilidade ligada a problemas demográficos, de produtividade e competitividade.

Neste cenário global, mesmo combalida, a economia da Alemanha mostra que é grande demais mesmo em momentos de revés, posicionando seu PIB atrás apenas doa China e dos Estados Unidos.

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Confiança na economia do país

E mais: os alemães não deixaram de ter sua confiança no mercado reiterada por agências de risco como a Fitch Ratings, que em março de 2024 manteve a nota de crédito a longo prazo em moeda estrangeira da Alemanha em AAA.

Apesar de problemas estruturais na economia, a agência vê cenário de estabilidade no país europeu.

Por que a economia da Alemanha é a mais forte da Europa?

Alguns fatores geográficos renderam vantagens econômicas à Alemanha ao longo dos anos.

Seu território possui tamanho considerável no contexto europeu. Localiza-se privilegiadamente no coração da região, em contato direto com mais países que qualquer outra potência europeia (Polônia, Bélgica, Dinamarca, França, Áustria, Suíça, Luxemburgo, República Tcheca, Países Baixos), potencializando as trocas comerciais.

A localização também favorece a economia logisticamente: o país tem acesso ao Mar do Norte, com o porto de Hamburgo sendo o segundo maior da Europa em movimentação, e seu território também serve bem a modais logísticos eficientes, como o ferroviário e o hidroviário (a Alemanha é cortada por três dos principais rios da Europa — Reno, Danúbio e Elba).

Somado à dimensão territorial, o protagonismo alemão na Revolução Industrial rende até hoje ao país uma condição de polo de produção e inovação, sobretudo no segmento automobilístico, num panorama global.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o país também usufrui de um sistema político que tende à estabilidade, gerando ambiente favorável à atividade empresarial e à inovação por parte da iniciativa privada.

Zona Euro

Considerado o motor da Zona do Euro, a Alemanha tem influência ímpar na definição da política monetária do Banco Central Europeu e ganha competitividade do ponto de vista do comércio exterior por utilizar uma moeda comum (euro) menos valorizada do que seria a sua moeda nacional, o antigo Marco Alemão.

Principais indicadores da economia da Alemanha

Se a Alemanha está no seu radar como destino de emigração, é fundamental se informar sobre os indicadores econômicos que mais afetam o dia a dia de quem mora e investe no país.

São índices e taxas que apontam a saúde da economia — se o país está crescendo ou encolhendo, o impacto da inflação sobre o custo de vida na Alemanha, o avanço ou recuo do desemprego, entre outros.

Listamos abaixo os principais dados econômicos da Alemanha para você ter um panorama atual:

PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) indica o fluxo de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade durante um período — geralmente um ano.

O dado consolidado mais atual referente ao PIB da Alemanha, segundo o Banco Mundial, é o de 2022. Na ocasião, o PIB do país chegou a 4,08 trilhões de dólares.

Já em relação a 2023, os números apontaram para um encolhimento de 0,3% no último trimestre do ano. Isso gerou uma revisão para baixo do crescimento econômico previsto para 2024. Assim, o governo alemão espera um crescimento de apenas 0,2% este ano.

Dívida Pública

A dívida pública é um indicador importante sobre a saúde financeira de um Estado, uma vez que representa a capacidade de um país de honrar com suas obrigações financeiras.

Ela aumenta sempre que um governo gasta mais do que arrecada. Ou seja, quando os impostos e demais receitas do Estado não são suficientes para cobrir as despesas, o governo recorre a financiamentos, como por meio da emissão de títulos no mercado, e isso entra no cálculo da dívida pública.

A dívida pública da Alemanha fechou o ano de 2023 em 64,8%. Fonte: Eurostat.

Em 2022, segundo dados consolidados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida pública alemã correspondia a 66,1% do PIB do mesmo ano. Já segundo o European Statistical Monitor (Eurostat), em 2023 o indicador fechou o terceiro trimestre em 64,8%.

Inflação na Alemanha

A inflação é o ritmo de aumento dos preços de bens e serviços, implicando assim na diminuição do poder de compra de uma determinada moeda (depreciação). Ela é calculada a partir da variação do nível de preços entre o mês atual e o mesmo mês do ano anterior.

Ou seja, quando a taxa de inflação sobe, isso significa que o aumento dos preços e a depreciação da moeda estão em aceleração; quando a taxa desce, ao contrário do que se costuma pensar, isso não significa que os preços estão diminuindo — mas que seu ritmo de aumento está em desaceleração, bem como a moeda está se depreciando com menor intensidade.

Para calcular este indicador, geralmente se utiliza um conjunto de índices de preços, a partir de uma abordagem harmonizada e com definições estabelecidas por regulamentos.

Na Alemanha, a inflação em fevereiro de 2024 fechou em 2,5%, segundo o Departamento Federal de Estatísticas. Trata-se do nível mais baixo registrado desde junho de 2021.

Os preços da energia, em fevereiro de 2024, foram 2,4% inferiores aos do mesmo mês do ano anterior. Já em relação aos alimentos, segundo o comunicado oficial do Departamento, o aumento (+0,9%) desacelerou em comparação a fevereiro de 2023.

Taxa de juros de empréstimos

Em qualquer economia, a taxa de juros representa, grosso modo, o “preço do dinheiro”, determinando quanto se paga para ter acesso a crédito.

Geralmente fixada em um percentual anual pela autoridade monetária de um país ou bloco econômico, a taxa de juros é um instrumento de política monetária que visa, entre outros, à contenção da inflação.

Ou seja, quanto mais caro estiver o “preço do dinheiro”, menos moeda circulará em uma determinada economia. E, com menor oferta de moeda na praça, o valor dela se protege (lei da oferta e da demanda).

Fixada pelo Banco Central Europeu, na União Europeia a taxa de juros de empréstimos está atualmente em 4% ao ano.

Taxa de desemprego na Alemanha

A taxa de desemprego na Alemanha ficou em 3,2% em fevereiro de 2024, segundo o Departamento Federal de Estatísticas.

O índice tem como base uma definição harmonizada recomendada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Essa taxa é definida com base no contingente de pessoas economicamente ativas entre 15 e 74 anos nas seguintes situações: pessoas sem trabalho; pessoas que estão disponíveis para começar a trabalhar na Alemanha nas próximas duas semanas; aquelas que procuraram ativamente emprego em algum momento durante as quatro semanas anteriores à pesquisa.

Onde acompanhar os indicadores da economia alemã

Dados e estatísticas atualizadas sobre a economia da Alemanha podem ser encontrados nos seguintes sites oficiais:

O impacto dos imigrantes na economia da Alemanha

Embora detenha o expressivo número de 83,8 milhões de habitantes (o maior contingente populacional da União Europeia), o país lida com o envelhecimento da população como um problema estrutural para sua economia.

Para fazer frente a isto, a economia da Alemanha necessita da força de trabalho imigrante, que já desempenha um papel de importância neste contexto.

O economista Lucas Ferreira Matos Lima, doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que, além de repor a força de trabalho do crescente número de aposentados e estimular a atividade econômica, os imigrantes contribuem com a manutenção do próprio sistema de pensões do país e atraem novos investimentos.

O economista Lucas traz dados interessantes sobre a economia da Alemanha. Foto: arquivo pessoal.

Lima lembra que, em 2022, cerca de 27% da força de trabalho do país era formada por pessoas com algum background familiar imigratório, mas também projeta desafios para economia da Alemanha.

“O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um forte declínio no tamanho da população economicamente ativa alemã nos próximos cinco anos, com a aposentadoria dos ‘babyboomers’ e com a redução da recente onda de imigração”, analisa Lima.

Para ele, algum programa de estímulo à imigração poderia ajudar, mas o cenário político alemão segue incerto, contando inclusive com a ascensão de discursos anti-imigração na Europa, que na Alemanha, vem por parte de partidos de extrema-direita, como o AfD.

Enquanto o cenário político não se mostra propício para políticas favoráveis à imigração, Lima aponta que o governo alemão tem à mesa sugestões apresentadas pelo FMI:

  • A redução do custo para que mais mulheres adotem contratos de 100% da jornada, com melhores políticas de creche e redução do imposto de renda incidente sobre a segunda parte trabalhadora de uma família;
  • Aumento da produtividade da economia da Alemanha, alavancando investimentos públicos e otimizando sua gestão, com menos burocracia para investimentos e abertura de novos negócios.

Previsões para a economia da Alemanha em 2024

Após o baque de 2023, a perspectiva é de correção e crescimento lento da economia alemã. Para 2024, a projeção mais atualizada da Comissão Europeia é de uma recuperação do PIB alemão na exata proporção de 0,3%, com uma inflação significativamente mais contida, na taxa de 2,8% ao ano.

Para 2025, a Comissão antevê cenário ainda mais positivo, embora de recuperação econômica ainda lenta, com crescimento do PIB em 1,2% e inflação reduzida a 2,4%.

Neste processo de lenta recuperação, para o economista Lucas Lima alguns fatores negativos podem ser projetados na economia da Alemanha tanto do ponto de vista do consumo quanto do ponto de vista da oferta, com base nos últimos relatórios de Previsão Econômica da Comissão Europeia e do GfK Consumer Climate.

Segundo o economista, “pelo lado dos consumidores, a perda do poder de compra das famílias e uma baixa propensão a consumir impactarão negativamente o crescimento da economia alemã neste ano”.

O crescimento da economia da Alemanha em 2024 será devagar, aponta o especialista.

Ele também aponta que o “relatório do GfK mostra que ainda há uma insegurança e pouco otimismo entre os alemães com o futuro da economia da Alemanha.

“Já pelo lado da oferta, os altos custos de construção, somados à escassez de mão de obra e ao preço da energia, deverão impactar negativamente os setores de construção e os intensivos no uso de energia elétrica”.

“Esses são alguns dos fatores que contribuem para que indicadores de propensão a investir tenham alcançado os níveis mais baixos desde a pandemia de Covid-19. E é importante considerar também o papel do governo, que deverá enfrentar restrições fiscais mais severas, o que limitará o seu papel como um dos motores de crescimento da economia alemã”, projeta o economista.

Queda da inflação

No que diz respeito à inflação, ele pontua que, embora os níveis previstos para 2024 superem os da década anterior inteira, ela felizmente vem caindo, em grande parte pelas quedas nos preços de energia e alimentos.

“E, como a Comissão Europeia já apontou uma expectativa de crescimento no número de empregos e nos salários reais, as famílias alemãs podem esperar algum alívio em breve” afirma.

Com o atual cenário da economia da Alemanha, vale a pena investir no país?

De forma geral, sim.

Os investimentos diretos externos na Alemanha são provenientes de Luxemburgo, Holanda e dos Estados Unidos. Entre os principais atrativos do país está uma rede industrial reconhecidamente poderosa e diversificada.

A Alemanha ainda conta com uma mão de obra altamente qualificada, com bom domínio do inglês, infraestruturas bem desenvolvidas e confiáveis.

Além disso, segundo o economista Lima, o país mantém um clima social favorável, um quadro jurídico estável e uma localização privilegiada no coração da Europa, completando assim a lista de atrativos para investimentos externos.

Quais os melhores setores para investimento?

Alguns segmentos da economia da Alemanha seguem resilientes, sendo uma boa aposta para investimentos em território alemão, segundo análise de Lima.

No atual cenário econômico, mantêm-se atraentes ao ponto de vista do investimento direto externo setores como:

  • Manufatura;
  • Produtos químicos;
  • Tecnologia da Informação;
  • Máquinas;
  • Finanças;
  • Serviços profissionais, científicos e técnicos.

Histórico da economia da Alemanha

Desde sua unificação tardia, em 1871, a Alemanha sempre ocupou a posição de potência europeia, inclusive no campo econômico. A partir da segunda metade do século XIX, o país exerceu liderança na chamada segunda revolução industrial, com o desenvolvimento de veículos com motor a combustão interna.

A condição de potência levou o país a protagonizar a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), da qual saiu derrotado (junto ao Império Otomano, Império Austro-Húngaro e Bulgária), bem como duramente responsabilizado pelos países Aliados (França, Reino Unido, Rússia, Itália, Japão, Estados Unidos) nos termos do acordo de paz denominado Tratado de Versalhes (1919).

Segundo o Tratado, a Alemanha e seus aliados reconheciam a “culpa pela guerra”, assumindo total responsabilidade pelas perdas e danos do conflito.

Assim, o Tratado impôs à Alemanha uma série de condições, como o desarmamento do país, concessões territoriais, a extradição de criminosos de guerra, o reconhecimento de independência de territórios anteriormente sob domínio do Império Alemão e o pagamento de pesadas reparações aos países Aliados.

Economia da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial

Uma das consequências da derrota na Primeira Guerra Mundial foi o esfacelamento do Império Alemão e o estabelecimento de uma república constitucionalista, conhecida como a República de Weimar (1918).

O novo sistema político, entretanto, carregava o fardo do pós-guerra, com a economia desestruturada pela perda de exportações, ausência de matérias-primas devido ao bloqueio continental, perda das colônias e o aumento vertiginoso das dívidas do governo, que havia emitido títulos para financiar o esforço de guerra e agora também tinha de arcar com a reparação aos países vencedores.

Em tal cenário, a moeda alemã — o Marco — experimentou uma das mais traumáticas curvas de hiperinflação na história.

São recorrentes fotografias da época ilustrando a quase inutilidade do dinheiro, com crianças empilhando maços de notas em formato de castelos, pessoas varrendo cédulas para a sarjeta ou simplesmente queimando-as na lareira (o preço do pão chegou a 200 milhões de Marcos em novembro de 1923).

O colapso da moeda fulminou os demais fundamentos da economia da Alemanha, que só experimentaria relativa recuperação a partir de 1925.

A Grande Depressão alemã

De todo modo, o moral alemão já se encontrava afetado pela humilhação do pós-guerra e, de 1929 a 1939, a Grande Depressão voltou a afogar a economia alemã, criando o ambiente propício para a queda da República de Weimar (1933) e para ascensão da retórica revanchista representada por Adolf Hitler e o nazismo.

Com Hitler à frente, e ignorando deliberadamente os termos do Tratado de Versalhes, a Alemanha retomou a produção industrial, voltou a se armar e retomou o papel de protagonismo bélico: com a invasão da vizinha Polônia em 1939, deu início à Segunda Guerra Mundial, outro conflito sistêmico do qual saiu como a principal derrotada, em 1945.

Novamente, o resultado econômico foi desastroso, desta vez com o agravante de que a estrutura das cidades alemãs foi transformada em ruínas pelos bombardeios.

Além disso, o território do país se dividiu entre Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental, representando o embate geopolítico que passava a se estabelecer entre o bloco comunista, liderado pela União Soviética, e pelo bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos da América.

Economia da Alemanha na Segunda Guerra Mundial

O trauma da Segunda Guerra Mundial levou a comunidade internacional a adotar um novo sistema de governança global, representado principalmente pela Organização das Nações Unidas.

No período pós-guerra, a Alemanha Ocidental acabou se beneficiando da reconstrução europeia promovida pelo Plano Marshall. O pós-guerra e a segunda metade do século XX também seriam marcados pela recuperação econômica e pela estabilidade sob governos da CDU (União Democrata Cristã, de centro-direita), como o de Konrad Adenauer (1949-1963).

Com a queda do Muro de Berlim e a reunificação (1989), a Alemanha voltou a aspirar a condição de potência.

Plenamente recuperada, a pujança econômica alemã foi tão expressiva que, na construção da atual União Europeia, o país sempre foi considerado o motor do bloco regional — não por menos, o antigo Marco Alemão é tido como a base da formulação do Euro como moeda comum para 20 dos 27 países-membros, e o Banco Central Europeu se localiza no centro financeiro alemão, a cidade de Frankfurt.

Em 2005 iniciou-se a Era Merkel

Eleita para o cargo de chanceler, Angela Merkel (da mesma CDU de Adenauer) entraria para a história 16 anos depois como uma das mais longevas e bem-sucedidas líderes europeias.

À frente da Alemanha, Merkel enfrentou uma série de crises dramáticas: a crise financeira global de 2008, a crise da Zona do Euro de 2010, a crise dos refugiados na Europa em 2015, a crise sanitária e econômica da pandemia de Covid-19 em 2020.

Alguns números dão conta do desempenho da líder — e da economia da Alemanha — em face destes desafios: Merkel deixou o cargo em 2021 com quase 70% de aprovação, entregando um país cujo PIB cresceu 34% desde o início de sua gestão.

Crise de 2008

A crise financeira iniciada em 2007, causada pela bolha imobiliária americana, carregou a Europa e provocou uma recessão generalizada. A deterioração da economia americana atingiu a zona do Euro de forma histórica, causando estagnação e recessão, inclusive na Alemanha.

Em 2009, a Alemanha viu seu Produto Interno Bruto (PIB) despencar 5,7%, somado ainda a uma taxa de desemprego de 7,74%. Mesmo no contexto de crise generalizada, a recuperação do país sob a liderança de Merkel surpreendeu.

Tanto que, durante as eleições parlamentares de setembro de 2009, a taxa de aprovação da chanceler era de 60%.

Crise da Covid-19

Estima-se que a crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19 gerou uma perda de 350 bilhões de euros à economia da Alemanha.

De acordo com estudo do Instituto da Economia Alemã (IW), o coronavírus começou impactando a economia alemã em função das restrições sanitárias, bloqueios que limitaram e interromperam o fluxo de várias cadeias de suprimentos, prejudicando processos produtivos.

Somaram-se a isso a queda no consumo por parte da população, o recuo dos investimentos privados e a redução dos negócios internacionais. A crise sanitária atingiu a economia do país de tal maneira que o nível pré-Covid do PIB só foi recuperado em 2022.

Guerra da Ucrânia e o impacto na Alemanha

Já sob a liderança do chanceler Olaf Scholz (do SPD, Partido Social-Democrata, de centro-esquerda), a Alemanha enfrenta outra crise, a da guerra da Ucrânia.

Com a União Europeia — e a Alemanha — posicionando-se em primeira hora ao lado dos ucranianos, um dos primeiros embaraços econômicos do conflito (representado pela explosão do gasoduto Nordstream) foi a drástica redução do abastecimento de gás natural russo à União Europeia.

A redução da oferta do gás russo afetou diretamente a capacidade energética de diversas indústrias germânicas.

Renomado consultor internacional e atualmente assessor da Secretaria-Geral das Nações Unidas, o economista Jeffrey Sachs chegou a comentar que a Guerra da Ucrânia “desorientou” a indústria e a economia alemãs (vídeo em inglês).

O futuro da economia da Alemanha

Hoje, além das contingências da guerra no leste europeu, a Alemanha tem pela frente os desafios da transição para uma economia verde no segmento mais central de sua indústria, o automobilístico.

Afinal, agora os veículos de motor a combustão interna — cuja tecnologia a Alemanha desenvolveu nas etapas iniciais da Revolução Industrial — estão sendo substituídos por veículos elétricos, movidos a baterias recarregáveis.

Neste cenário, nem potências como Estados Unidos têm conseguido competir com a China, que domina plenamente a tecnologia necessária, possui acesso a matérias-primas, detém parque industrial suficiente e força de trabalho barata para a produção de qualidade em larga escala.

Sobre o estado da economia após a Guerra na Ucrânia, o economista Lucas Lima comenta que o impacto da energia elétrica parece ter sido já superado, e observa que até o preço do gás no atacado já atingiu níveis pré-pandemia.

Soma-se a isso o fato de que, em 2023, mais da metade da energia produzida no país foi gerada por fontes renováveis. Já no que diz respeito à indústria automobilística e à produção de veículos elétricos, pondera o economista, a Alemanha pode ser ainda mais resiliente do que parece.

“Segundo o último relatório do FMI, realmente alguns setores da indústria alemã sofreram nos anos recentes. Contudo, a indústria automotiva se mostrou mais resiliente, com crescimento de 11% em 2023.

A exportação de veículos elétricos nesse mesmo ano cresceu 60%, sendo que Volkswagen e BMW foram responsáveis por 10% das vendas globais desse mercado. Será bem interessante observar a competição entre esses dois países [China e Alemanha] no setor automotivo nos próximos anos”.

Segundo a análise do especialista, “as indústrias alemãs que conseguiram superar a crise energética e a disrupção na cadeia produtiva causadas pela pandemia adotaram uma estratégia de focar na produção de produtos de maior valor agregado, reduzindo o número de insumos intermediários”.

“Agora, um ponto levantado pelo relatório do FMI e que pode ser uma barreira para a indústria alemã no futuro, é o baixo crescimento da produtividade da economia e o envelhecimento da sua população”, analisa.

Vale a pena morar na Alemanha na atual situação econômica?

De modo geral, sim. Mas depende de seus objetivos e da sua situação no país.

Enquanto os níveis de emprego, inflação e atividade econômica dão sinais de lenta recuperação, os interessados em morar na Alemanha devem se atentar para a recente reforma da lei de imigração (2023/2024) do país. Embora necessite de força de trabalho estrangeira para a sustentabilidade de sua atividade econômica, o país tem enviado sinais dúbios no que diz respeito a imigrantes.

Lucas Lima destaca que a reforma aprovada pelo Parlamento Alemão trouxe tanto mudanças mais severas para o imigrante quanto alguns incentivos.

Dentre os pontos negativos estão restrições, aqueles que solicitam asilo no país e o reforço de poderes policiais para acelerar deportações de estrangeiros suspeitos de envolvimento com associações criminosas.

Apesar de desaceleração, o país se mantém como uma das maiores potências mundiais.

Por outro lado, a Reforma visa atrair mão de obra qualificada, prevendo que estrangeiros de fora da União Europeia ingressem no país diretamente e comecem a trabalhar enquanto aguardam pela aprovação de suas qualificações no exterior.

Os trabalhadores, assim, podem permanecer com dependentes na Alemanha por até três anos, caso comprovem a devida capacidade financeira.

“A política de atração de mão de obra qualificada se baseia em um sistema de pontos mais flexível que abrange a proficiência na língua alemã e a experiência profissional, concedendo aos imigrantes elegíveis um visto renovável de um ano, durante o qual podem procurar emprego”, comenta Lima.

“O requisito de rendimento também foi reduzido e será mais fácil para o requerente trazer consigo mais familiares. Vale destacar que os setores que atualmente sofrem com a escassez de mão de obra são aqueles relacionados aos cuidados de saúde e à educação”, explica o economista.

Além de se atualizarem sobre o cenário da economia da Alemanha, aqueles que gostariam de apostar em seu projeto de emigração também contam com a orientação do ebook O sonho de viver na Europa, editado pelo Euro Dicas. Com relatos de diversos brasileiros que já embarcaram em projetos semelhantes, o livro digital ajuda na reflexão dos pontos mais importantes de uma empreitada como essa.

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Caroline Lanhi

Caroline é uma jornalista ítalo-brasileira, além de UX writer e podcaster. Já morou na Itália, viajou por todas as regiões do Brasil e por 13 países, e hoje vive em Genebra, na Suíça. Em 2020, tanta curiosidade sobre experiências de migração a levou para o universo dos podcasts e, por dois anos consecutivos, produziu e apresentou o Visto Permanente, com histórias de brasileiros e brasileiras que ousaram viver em outros países do mundo. Em Genebra, atua na comunicação institucional da Rede Brasil-Suíça.

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