Provavelmente você já ouviu falar em Zona do Euro. Mas o que significa esse termo? Quais são os países da Zona do Euro? Quais são as vantagens e desvantagens da Zona do Euro? Como está a economia dessa área? Fizemos este artigo, para responder a essas e a outras questões sobre o tema. Confira!

O que é a Zona do Euro?

Zona do Euro é um nome dado aos países que compõem a União Europeia e que adotaram uma única moeda oficial em circulação, o euro, uma das moedas mais importantes do mundo.

Como surgiu a Zona do Euro?

Conforme explica o site da União Europeia (UE), a União Europeia tinha, desde a década de 1960, o desejo de criar uma união econômica e monetária. Porém, uma união deste tipo implicava a coordenação das políticas econômicas e orçamentais, uma política monetária comum e uma moeda comum, o euro.

Obstáculos políticos e econômicos

Para chegar à União Econômica e Monetária (UEM), foi preciso vencer diversas barreiras políticas e econômicas, como falta de vontade política e divergências relacionadas às prioridades econômicas e períodos de agitação nos mercados internacionais.

O caminho percorrido até ao euro

Não durou muito tempo a estabilidade monetária internacional dos primeiros anos do pós-guerra. As perturbações nos mercados de câmbio internacionais questionaram o sistema de preços comuns da política agrícola comum, um dos principais pilares da então Comunidade Econômica Europeia.

Foram feitas algumas tentativas visando assegurar a estabilidade das taxas de câmbio. Porém, essas foram prejudicadas pelos choques petrolíferos e outras crises até lançamento do Sistema Monetário Europeu (SME), em 1979.

O SME surgiu com base em um sistema de taxas de câmbio que limitava o intervalo de variação das moedas participantes. Com essa abordagem, foi possível uma coordenação “sem precedentes” das políticas monetárias dos países da UE. E isso funcionou durante mais de uma década.

Precisa enviar dinheiro para outro país?

Envie dinheiro com toda a segurança, rapidez e melhor taxa de câmbio. Atualizamos a melhor entidade diariamente, faça já a sua simulação!

Cotar Agora →
Precisa enviar dinheiro para outro país?

Depois de testarmos as principais alternativas do mercado (Paypal, Western Union, Moneygram, etc), a plataforma que nós recomendamos é a Wise. É seguro, rápido e fácil de utilizar.

Ver Cotação →

Entretanto, com a presidência de Jacques Delors, os governadores dos bancos centrais dos países da UE apresentaram o chamado Relatório Delors sobre a realização da UEM.

De Maastricht ao euro e à Zona Euro (1991 a 2002)

O Relatório Delors apoiava um período de transição, entre 1990 e 1999, para concretização da União Econômica e Monetária e da Zona do Euro. Os responsáveis europeus aceitaram as recomendações do Relatório Delors.

O novo Tratado da União Europeia, com as disposições necessárias para implantar a União Monetária, foi aprovado no Conselho Europeu de Maastricht, nos Países Baixos, em dezembro de 1991.

Depois de década de preparativos, o euro foi lançado em 1º de janeiro de 1999. A criação do euro se deu juntamente com o surgimento do Banco Central Europeu e, desde então, a moeda oficial europeia já circulava como divisa nos mercados financeiros.

Naquela ocasião, as notas e moedas de euro começaram a ser fabricadas apenas em 11 países, que aderiram à Zona do Euro:

  • Alemanha;
  • Áustria;
  • Bélgica;
  • Espanha;
  • Finlândia;
  • França;
  • Irlanda;
  • Itália;
  • Luxemburgo;
  • Países Baixos;
  • Portugal.

Em 1º de janeiro de 2001, a Grécia ingressou na Zona Euro e, em 1º de janeiro de 2002, a moeda oficial chegou aos bolsos dos consumidores.

Mais países aderiram à Zona do Euro

Em 1º de janeiro de 2007, a Eslovênia entrou no grupo. Chipre e Malta, em 1º de janeiro de 2008; a Eslováquia, em 1º de janeiro de 2009; a Estônia, em 1º de janeiro de 2011; a Letônia, em 1º de janeiro de 2014; a Lituânia, em 1º de janeiro de 2015. A Croácia ingressou em 1º de janeiro de 2023.

Linha do tempo Zona do Euro
Gráfico da Trajetória do Euro 1999-2023. Autoria: Carolina Carvalho

Por que existe a moeda única?

O euro foi criado com o objetivo de facilitar as transações comerciais entre os países que adotarem a moeda como oficial, pois têm uma moeda forte economicamente para negociar.

Além disso, a adoção de uma moeda única propiciou uma melhora nas relações comerciais entre os países e a formação de grandes empresas na Europa, que foram criadas a partir da junção de muitas companhias de diferentes países.

Outra finalidade relevante para a criação do euro foi a ampliação das relações político-econômicas entre a França e a Alemanha, que tinham uma relação historicamente desgastada, até então.

Diferença entre União Europeia, Zona do Euro e Espaço Schengen

É comum a confusão entre os termos “União Europeia”, “Zona do Euro” e Espaço Schengen. Explicamos adiante cada um deles.

União Europeia

A União Europeia é uma parceria econômica e política entre 27 países europeus, conhecidos como Estados-Membros, ou países da UE.

Juntos, os países da UE cobrem grande parte do continente europeu. Na União Europeia moram aproximadamente 447 milhões de pessoas, cerca de 6 % da população mundial.

Zona do Euro

Como dissemos, Zona do Euro refere-se à uma união monetária de países da União Europeia que utilizam o euro como moeda comum.

Espaço Schengen

Dentro da Zona do Euro existe o Espaço Schengen. É a área composta por países europeus que assinaram o Acordo de Schengen.

Ele visa à abertura das fronteiras e regular a livre circulação de pessoas, bens, serviços e valores entre os países signatários. Nesta área, não há controles fronteiriços ou alfandegários. Além disso, o tratado estabeleceu a obrigatoriedade de o turista contratar um seguro viagem Europa de, no mínimo, 30 mil euros para despesas médicas e hospitalares para entrar nos países signatários.

Sede do parlamento europeu
Há diferenças entre Zona do Euro, União Europeia e o Tratado de Schengen

Quais são os países da Zona do Euro?

Em 2023, os países que compõem a Zona do Euro são os seguintes:

  1. Alemanha;
  2. Áustria;
  3. Bélgica;
  4. Chipre;
  5. Croácia;
  6. Eslováquia;
  7. Eslovênia;
  8. Espanha;
  9. Estônia;
  10. Finlândia;
  11. França;
  12. Grécia;
  13. Irlanda;
  14. Itália;
  15. Letônia;
  16. Lituânia;
  17. Luxemburgo;
  18. Malta;
  19. Países Baixos;
  20. Portugal.

Quais os países da União Europeia fora da Zona do Euro?

Os países compõem a UE e que não adotaram o euro como moeda oficial são:

  1. Bulgária;
  2. Dinamarca (optou por não participar);
  3. Hungria;
  4. Polônia;
  5. República Checa;
  6. Romênia;
  7. Suécia.

Por que alguns países não adotaram o euro?

Alguns países não adotam o euro como moeda oficial por diferentes motivos.

A Suécia e a Dinamarca, por exemplo, preferiram não aderir à moeda única. A Suécia temia o aumento dos preços no país. Os suecos entendem que, pelo fato de o país ter uma economia forte, só iriam perder com a adesão à moeda única da Europa.

Ainda, em casos excepcionais, os países pertencentes à União Europeia têm direto a negociar uma cláusula de não participação em relação a algum ato legislativo ou tratado da União Europeia.

Assim, podem decidir não participar em determinados domínios políticos. Dessa forma, a Dinamarca escolheu não adotar o euro como moeda única e continuar com a sua moeda nacional, a coroa dinamarquesa, mesmo estando na União Europeia.

Ademais, os outros países que não participam da Zona do Euro ainda não têm os requisitos econômicos necessários para a adesão à moeda única, ou seja, “critérios de convergência”. Eles estão relacionados à taxa de juros, inflação, câmbio, déficit na balança comercial e dívida externa.

Países e territórios fora da União Europeia que utilizam o euro

Confira, agora, as regiões de fora da UE que utilizam o euro.

  • Andorra;
  • Mônaco;
  • São Marino;
  • Cidade do Vaticano;
  • São Pedro e Miquelão.

Montenegro e Kosovo também usam o euro como moeda, apesar de não terem acordo com a União Europeia.

O vídeo da Euronews sobre quais os países que utilizam o euro como moeda é bem interessante. Vale a pena assistir!

Observação: é importante mencionarmos que, quando este vídeo foi publicado (em 2022), a Croácia ainda estava para entrar na Zona do Euro e, por isso, é informado que há 19 países pertencentes à Eurozona.

Vantagens e desvantagens da Zona do Euro

Há, porém, vantagens e desvantagens da Zona do Euro. Veja as principais.

Vantagens

  • Livre circulação de pessoas, uma grande vantagem, principalmente para os aposentados, que podem se mudar para outros países;
  • Facilidade para comparar os preços entre países que são membros, estimulando, assim, a ampliação das relações comerciais e a concorrência entre empresas e, desta forma, beneficiando os consumidores;
  • Eliminação do risco cambial e dos custos na conversão nas transferências para o exterior;
  • Fortalecimento da economia dos países que adotaram o euro como moeda oficial;
  • Mais facilidade, integração e maior segurança para as empresas ao comprarem e venderem na Eurozona e fazerem trocas comerciais com os outros países do mundo;
  • Maior estabilidade da moeda;
  • Mercados financeiros mais integrados e, consequentemente, mais eficientes;
  • Maior influência na economia mundial.

Desvantagens

  • Perda de controle das políticas monetária e cambial dos países como instrumento de macroeconomia interna;
  • Falta de autonomia fiscal: dependência diante do Banco Central Europeu;
  • Dificuldade de crescimento econômico dos países menores;
  • Dificuldade estrutural: falta de convergência quando o assunto é dívida pública;
  • Aumento do custo de vida em algumas regiões.

Economia na Zona do Euro 

O produto interno bruto (PIB) da Zona do Euro registrou alta de 1,9% no 4º trimestre de 2022. Esse resultado superou as expectativas do mercado, que previam uma queda no crescimento da região.

Desta forma, o bloco manteve o crescimento nos últimos três meses de 2022, evitando uma recessão, mesmo com a crise da energia, a redução da confiança do consumidor e o aumento das taxas de juros que afetaram a economia da área.

Agora, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento de 0,7% para o ano todo, aumento maior do que a previsão de 0,5% de outubro e dos 0,5% previstos pelo Banco Central Europeu em dezembro. 

Como está a inflação na Zona do Euro? 

De acordo com a agência europeia de estatísticas, Eurostat, a inflação em ritmo anual da Zona do Euro foi de 8,5% em janeiro de 2023, registrando queda pelo terceiro mês seguido, após a desaceleração dos preços da energia.

Porém, apesar da queda da inflação na Zona do Euro, este índice de janeiro ficou abaixo da expectativa dos especialistas, que projetavam uma inflação de cerca de 9%.

Conforme mostra a matéria do UOL, o economista da consultoria Oxford Economics, Mateusz Urban afirma que “a principal razão para a queda da inflação geral foi, mais uma vez, a moderação da inflação de preços da energia”.

Zona do Euro está em crise econômica? 

A Zona do Euro vem mostrando sinais de melhora na sua economia. Ao final de 2022, o grupo caminhava para a recessão, com a maior inflação da história como consequência da guerra da Rússia contra a Ucrânia, o constante aumento do custo de vida e consumidores cautelosos em relação aos seus gastos.

Além disso, há, na Zona do Euro, uma política monetária que não serve para todos os países.

Mas, em 2023, houve uma melhora na inflação e a desaceleração da alta dos preços, principalmente devido à diminuição do preço do gás – melhora nos mercados de energia, o que os economistas alertam que pode ser provisório.

Uma recessão técnica continua sendo provável – diz o especialista da Capital Economics para a Europa, Andrew Kenningham na matéria do UOL.

Como a Guerra da Ucrânia impacta a Zona do Euro?

A Guerra da Rússia na Ucrânia teve impactos desastrosos na economia da Europa. Ao sair da pandemia, a economia estava se recuperando. No entanto, a União Europeia fez algumas sanções econômicas em relação à Rússia em apoio à Ucrânia e, em contrapartida, a Rússia cortou o fornecimento de gás do continente europeu, até então, seu maior cliente.

Observação: a Europa importa aproximadamente 40% do seu gás natural da Rússia.

O preço do gás influencia no custo da eletricidade, pois muitas centrais europeias queimam gás para produzir energia. Então, o fechamento de diversos gasodutos fez com que o preço da energia aumentasse (Lei da Oferta e Procura) e a inflação atingisse níveis recordes.

Além disso, conforme explica a reportagem do Euronews, pelo fato de a Ucrânia e a Rússia produzirem quase um terço do trigo e da cevada do mundo e serem grandes exportadores de metais, com o rompimento destas cadeias de abastecimento, assim como o aumento dos custos de diversas matérias-primas, aconteceu a alta do custo dos alimentos e de outros bens e serviços básicos. Ou seja: “mais tensão nos negócios e menos dinheiro nos nossos bolsos”.

Perspectivas futuras para a Zona do Euro

Mesmo com o crescimento do PIB na Zona do Euro, o resultado ainda é preocupante para o bloco, segundo economistas. Isso porque ele não traz um panorama completo da economia da Zona do Euro, que apresenta indícios de desaceleração, com a maior queda no varejo da Alemanha, a maior economia da Europa.

Contração da demanda doméstica

De acordo com a informação do Valor Econômico, a análise dos dados individuais dos países do bloco indica que a demanda doméstica vem se restringindo nos últimos três meses do ano. É o que explica o economista sênior do ING, Bert Colijn ao site:

A contração da demanda doméstica mostra que, após um período de fortes gastos pós-pandemia, os consumidores agora estão ajustando suas despesas à perda do poder de compra que sofreram em 2022, aponta o economista.

Desaceleração do crescimento econômico

Segundo Colijn, mesmo que tenham sido evitados os piores cenários para a economia da Zona do Euro, o crescimento desacelerou e estagnou.

Para ele, a fraca demanda interna, a desaceleração dos investimentos e as dúvidas sobre um crescimento sustentado das exportações mostram que a economia deve ter um desempenho ruim no início de 2023 e que uma contração não pode ser descartada para o 1º trimestre.

O economista da Oxford Economics, Rory Fennessy, também entrevistado pelo Valor Econômico, compartilha da mesma preocupação de Colijn em relação ao ritmo de crescimento da economia da Europa. Ele afirmou que a atividade no bloco deve desacelerar nos primeiros três meses de 2023, pois a demanda do consumidor vem se enfraquecendo nos últimos meses.

Setor industrial afetado

Além disso, Fennessy diz que a redução nas encomendas à indústria, a menor necessidade de reabastecimento e o crescimento global desacelerado devem afetar mais ainda o setor industrial. Afirmou, ainda, que o efeito das taxas de juros mais elevadas continuará sustentando a economia da Europa e prejudicando o investimento.

O economista alerta, também, que a economia ainda corre riscos:

Os preços da energia estão caindo, mas a incerteza permanece em níveis sem precedentes e a renda real levará tempo para se recuperar mesmo com a queda da inflação, conclui Fennessy.

Ainda que as projeções não sejam tão positivas para o cenário europeu, continuando torcendo pelo melhor!