Itália

Viver fora é como um casamento: minha relação com a Itália

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A relação que estabelecemos com o país que escolhemos para viver tem altos e baixos como qualquer relacionamento amoroso e vai exigir que você abra mão de muitas coisas em troca da vida que você almeja.

Você terá momentos felizes, mas, como em qualquer relação, também precisará se adaptar, viverá momentos de desconfortos, crises e incertezas. Tudo isso faz parte do processo da construção dessa relação.

Me engana que eu gosto!

Sabe aqueles casais que a gente vê nas redes sociais postando fotos perfeitas, mega produzidas, fazendo mil declarações de amor, mostrando pro mundo uma relação incrível, alguns até dando dicas de como ter um relacionamento igual?

Então. Se você tá nesse mundo há tempo suficiente para já ter vivido um relacionamento sério, provavelmente você desliza o dedo pelo feed sem interesse – e até certa preguiça – quando olha as publicações desse tipo de casal. Porque, você sabe, não é assim que funciona na vida real.

Foi-se o tempo em que a gente, que tá calejado com a vida, comprava esse tipo de ilusão.

A mesma coisa acontece quando nos deparamos com um imigrante “vendendo” a vida aqui fora como se fosse a oitava maravilha, como se tudo fosse perfeito e não houvesse momentos de perrengue. “Me engana que eu gosto!”.

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Cuidado com o desserviço

É claro que a gente faz fotos, vídeos, publica conteúdos interessantes (e, muitas vezes, relevantes) sobre o país que nos acolheu. Existem muitas novidades quando nos mudamos para um novo continente, há um mundo de coisas para explorar e se encantar, lugares lindos para conhecer, curiosidades para descobrir. E de fato existem algumas vantagens em relação ao Brasil, como, por exemplo, a segurança e o poder de compra.

Mas, não raro, me deparo com perfis nas redes sociais de pessoas que retratam a vida fora do Brasil como se tivessem atravessado uma espécie de portal mágico, causando uma impressão equivocada de que a vida do lado de cá do oceano é um conto de fadas.

Isso é muito perigoso porque estamos lidando com algo bastante delicado, que é o sonho de outras pessoas e com isso não se brinca. Embora eu prefira acreditar que ninguém faça isso intencionalmente, acho importante repensar no tipo de conteúdo que anda sendo produzido por aí e, sobretudo, naquilo que estamos consumindo.

Pequenos recortes

Me candidatei para escrever no Euro Dicas justamente porque, enquanto leitora, sempre encontrei aqui um conteúdo de absoluta responsabilidade, que é também com o que me comprometo nos meus textos.

Vivemos em uma era em que somos bombardeados a todo instante por vídeos de 15 a 30 segundos sobre “como é morar em tal lugar”, “minha rotina no país tal” e por aí vai…

É importante lembrar que esses são só pequenos recortes de uma vida inteira (ou, no mínimo, de um dia que tem 24h), e que é preciso saber filtrar, escolher quem seguimos, e se o mundo dessa pessoa tiver só uma cor e ela for cor-de-rosa, “corre que é cilada, Bino”.

Leve o contexto em consideração

Cada um tem um contexto diferente na hora de migrar e essa deve ser a primeira coisa a ser levada em consideração na hora de orientar alguém que está planejando fazer esse movimento.

Se você está buscando inspiração ou orientação através de alguém que só mostra vantagens em viver fora do Brasil, que diz ou sugere que é fácil ou tranquilo, desconfie.

Algumas hipóteses: ou essa pessoa tem ou teve privilégios diferentes da grande maioria na hora de migrar ou, por algum motivo, ela não quer expor suas vulnerabilidades. Fato é que ela não está levando em consideração a contextualização individual e isso, por si só, já não é uma boa fonte de pesquisa.

Viver fora é como um casamento

Imagine que viver fora é como administrar um relacionamento amoroso. Partindo do princípio que você escolheu estar com aquela pessoa, e se você escolheu estar com ela significa que ninguém te forçou a estar nessa relação, certo?

Muito bem, então o cenário é o seguinte: você está num relacionamento sério por escolha, tá ali assumindo um compromisso de fazer sua parte pra dar certo.

Acontece que nem tudo sai como o planejado, têm dias que a parceria não flui e tudo desanda. E por mais que você não duvide do amor que sente, você perde um pouco do encanto e questiona sua escolha.

Será que somos mesmo compatíveis?

No dia a dia você vai descobrindo um monte de detalhezinhos que te desestimulam, coisas que você não sabia até viver junto. Mas você vasculha e descobre que o amor continua ali. E então você segue tentando fazer dar certo porque entende que vale a pena.

Mas, fácil…? Ah, isso tá há léguas de distância de ser. Relacionamento é construção diária. Tijolo por tijolo.

Percebe que o mesmo se aplica pra vida em outro país? Pois é. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Me apaixono e desapaixono pela Itália diariamente

Meu relacionamento com a Itália é assim. Eu escolhi essa parceria, não foi mero acaso, uma paixão passageira, um amor de verão (mesmo porque se eu tivesse vindo pra cá no verão antes de me mudar, talvez eu tivesse repensado essa escolha, porque ô lugarzinho quente, viu… rsrs).

Quando essa relação ficou séria e eu me mudei definitivamente pra cá (e até mudei o status de relacionamento no meu Facebook), eu assumi um compromisso de dar o meu melhor pra fazer isso funcionar.

Registro de dias felizes no meu relacionamento com o país. Laux, um vilarejo no Piemonte. Foto: arquivo pessoal

Ninguém dá um passo como esse se não estiver disposto a fazer uma revolução na própria vida. Busquei percorrer o melhor caminho, acreditando que estava fazendo as escolhas acertadas.

Cheguei, vivi o período de lua de mel (que, vale lembrar, nem todo imigrante vive ao chegar no país que escolheu morar) e, dois anos depois, posso dizer que me estabeleci, ainda que eu esteja aprendendo coisas novas todos os dias, regras que eu ainda não conhecia, coisas práticas da vida cotidiana que vão se desembaraçando aos poucos.

É quase como descobrir pequenas particularidades de um parceiro, mas que fazem absoluta diferença na nossa rotina.

Alguém tem que ceder

Vivendo na Itália, em especial, você precisa ter um controle emocional acima da média para lidar com questões burocráticas que aqui conseguem ser ainda piores que no Brasil porque, para agravar a situação, o país não parece muito interessado em acompanhar a evolução tecnológica.

Então, às vezes parece que eu tô lidando com o meu bisavô que se orgulha em manter a pose de “Velho Mundo” ao invés de se atualizar – e olha que é pro seu próprio bem!

E, francamente, às vezes é muito difícil estar numa relação com uma pessoa tão cabeça dura e que dificulta tantas coisas que poderiam ser resolvidas facilmente se houvesse um pouquinho de boa vontade.

Eu já passei por crises nesse relacionamento por outras razões, tive que fazer muitas concessões e sei que é apenas o começo (estou ciente e quero continuar).

“Então volta pro Brasil”

Voltar pro Brasil não está nos meus planos, porque eu sigo acreditando no futuro dessa relação.

Então eu respiro fundo, lembro dos motivos que me levaram a fazer essa escolha. Olho pro meu parceiro e lembro que, apesar de ser um pouquinho ultrapassado, desde que nos casamos, eu me sinto mais feliz, mais livre. Lembro que vivendo nesse país, eu ganhei mais qualidade de vida e, principalmente, perdi o medo de andar sozinha.

Mas nem tudo são flores nessa relação, há dias que a Itália me faz refletir sobre o motivo de estar aqui. Foto: arquivo pessoal

Têm dias que ele me irrita a ponto de me fazer questionar se eu fiz a escolha certa? Sim, mas questionar é saudável. Provavelmente eu vou continuar fazendo isso onde quer que eu viva porque é da minha natureza.

A verdade é que, pra alguém como eu, que tem a alma cigana, o fato de seguir escolhendo viver aqui, significa que eu continuo, além de comprometida, encontrando formas de me encantar pela Itália.

Uma relação unilateral

É importante ressaltar que, diferente do relacionamento amoroso, a relação que estabelecemos com o país que escolhemos para chamar de lar é, a maior parte do tempo, unilateral. Isso significa que não cabe ao país fazer dar certo, cabe a nós.

Fui eu que fiz o movimento de me mudar para a Itália. É claro que ela pode dar uma forcinha e colaborar pras coisas darem certo, mas ela não tem nenhum compromisso comigo.

Lembrar disso de vez em quando me ajuda a não colocar a culpa nela e me responsabilizar pelas minhas escolhas e colocar mais energia e empenho em tudo que faço.

Outra coisa que me ajuda muito também é continuar vendo beleza em tudo e, nesse quesito, eu tô bem de parceria, afinal, não preciso fazer nenhum esforço.

Quando a paixão acaba, o amor se solidifica

Segundo estudos, a paixão dura entre 18 e 30 meses, depois disso é o amor quem sustenta a relação.

Se você conversar ou visitar alguém que vive na Europa nesse ou num período maior do que esse, possivelmente vai se deparar com uma pessoa que já passou da fase do deslumbramento e que continua aqui por amor, embora existam muitos casos de quem permaneça por necessidade ou porque tem um objetivo ou uma meta.

Mas nesse caso estamos falando de quem, como eu, ficou por escolha, por amor mesmo. Como acontecem em muitas relações amorosas, sabe? Não tem mais aquele fogo do início, mas tem aconchego, tem segurança, tem um futuro investido ali.

Ajuste suas expectativas

Pra não se acomodar nesse tipo de relação, é preciso lembrar de olhar o outro como se fosse a primeira vez, ou seja, olhar o lugar que a gente vive com olhos de turista de vez em quando.

Tenho pra mim que continuar se encantando mesmo depois de tanto tempo mantém o prazer da convivência. E, nesse caso, escolher um lugar com paisagens que fazem bem à sua visão pode ser um diferencial e tanto!

Mesmo assim, nunca vai ser perfeito em lugar nenhum, nem no mais lindo do mundo! Jamais compre essa ilusão. Ajuste suas expectativas e procure construir uma relação viável e saudável. Só faz sentido se funcionar pra você.

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Roberta Simoni

Roberta é ítalo-brasileira. Escritora, roteirista e jornalista. Nascida no litoral do Rio de Janeiro, hoje experimenta as dores e as delícias da vida de imigrante na Itália. Trabalhou durante anos para a TV Globo, escreveu peças teatrais, é autora do livro “A vida é curta demais para tomar café em canecas ordinárias” (lançado em 2022, no Brasil) e compartilha seu olhar atento e sensível sobre o cotidiano della dolce vita italiana.

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