Itália

Como é fazer amizades na Itália? Te conto a minha experiência

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Como fazer amizades na Itália é uma preocupação muito válida, que não tem nada de irrelevante. Afinal, enfrentar uma mudança de vida com ajuda de novos amigos deixa tudo mais fácil.

Vamos falar a verdade: dar tchau para os amigos é uma das coisas que mais doem quando decidimos nos mudar de bairro, cidade, estado… Imagina de país? Deixar para trás a sua vida de antes significa também deixar para trás a “família que escolhemos” e com quem decidimos compartilhar parte de nossa vida.

Eu particularmente dou muita importância à amizade ― dedico muito tempo da minha vida aos amigos e realmente gosto de estar em companhia deles. Como fazer, então, quando nos mudamos e precisamos recomeçar uma vida nova? Será que as amizades na Itália são diferentes? Se sim, de que forma? Vediamo!

Como é fazer amizade com os italianos?

Difícil e fácil. Pois bem, eu explico. Quando decidi morar na Itália, as primeiras amizades que fiz foram durante o meu primeiro intercâmbio no país, quando estudei na Università di Parma, no norte.

Conheci alguns estudantes estrangeiros ― os famosos “Erasmus” ― que, assim como eu, também se encontravam sozinhos em um lugar novo, tendo de falar uma língua estrangeira.

Eu, Teresa e Andrè, a formanda, lá em 2016! Foto: Bruna Paroni.

Digamos que no caso deles, estavam um tantinho próximos de casa. Já eu… Do outro lado do oceano, literalmente! Talvez eu estivesse mais aberta a fazer novas amizades com italianos, já que buscava melhorar bastante o idioma sem ter que necessariamente passar pelo inglês.

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Primeira vez na Itália

Logo em seguida, fiz amizades com duas meninas que viraram minhas roommates italianas (ou “coinquiline“, em italiano). Foi amor à primeira vista. E essa amizade dura até hoje ― nos conhecemos em 2014! Quase dez anos de amizade.

Elas, no meio tempo, se casaram, inclusive fui ao casamento de ambas, tiveram filhos. Crescemos! Ah, eu? Não, só adotei uma gata mesmo!

Conheci também as cidades natais de ambas (na Puglia e no Abruzzo), a família e os amigos de sempre. Elas também conheceram meus pais, meus irmãos, a Luisa (minha super amiga brasileira, que inclusive veio me visitar em Perúgia!).

E em Perúgia?

Foi um pouco parecido quando fui para Perúgia pela primeira vez, em 2016.

Eu também fui como aluna de intercâmbio (três meses ao invés dos seis que passei em Parma) e também fiz amizade com minhas coinquiline da época, principalmente com a Emanuela, quem me apresentou para alguns dos meus amigos atuais, como o Enzo, o Francis, o Andreas. Um grupo que é um mix de italianos e estrangeiros.

Com Federica, Eva e Giorgia no Umbria Pride 2023. Foto: Bruna Paroni.

Quando me mudei definitivamente para a Itália ― e decidi morar em Perúgia ―, eu tive a sorte de “já ter amigos” (os que tinha conhecido um ano antes). Isso obviamente ajudou não só a me adaptar mais rápido à cidade, como a aumentar o meu círculo de amizades.

Foi quando conheci a Samuela, a Federica, a Giorgia, a Stella, a Eleonora, o Marcello… E várias outras pessoas. Esse grupo se expandiu e por incrível que pareça, fiz muitos amigos e amigas não só estrangeiras, mas italianas também! Inclusive, diria que a maioria dos meus amigos é italiano.

Fazer amizade na faculdade

Estudar na Itália também ajuda a fazer novas amizades.

Quando eu estava no mestrado, eu passava cinco dias da semana no departamento, assistindo às aulas ou estudando na biblioteca, almoçando e jantando no bandejão. Esse também era um ótimo jeito de fazer novas amizades. No mestrado na Itália, conheci a Caterina, a Gessica, a Alessandra…

Sair à noite, ir em shows, frequentar a biblioteca, e outros lugares voltados ao público universitário me ajudou a conhecer muita gente. Dessas ocasiões nasceram amizades profundas também!

A idade ajuda, mas não é fundamental

Inútil dizer que a idade também ajuda. Claro, com 20, 25 anos, fazer amizades é muito mais fácil, principalmente aquelas menos profundas, verdadeiras companhias para sair e dar um rolê à noite. Inclusive, foi saindo à noite que conheci muitas pessoas e fiz muitas amizades. Mas não é um fator imprescindível.

Agora, com quase 31 anos, posso afirmar ter conhecido pessoas incríveis e ter feito novas amizades que tem tudo para serem duradouras!

Leia também minha experiência viajando sozinha na Itália.

E falar italiano? Facilita?

Sim! Saber falar italiano para morar na Itália não é obrigatório, mas confesso que ajuda a se integrar na sociedade. No meu caso, foi um elemento importante e que me ajudou bastante a fazer novas amizades com italianos.

Claro, o inglês também ajuda, ainda mais se você morar numa cidade internacional ou estudantil, como Perúgia, ou simplesmente numa cidade grande como Roma ou Milão, já que os habitantes estão acostumados a interagir com estrangeiros.

Porém, conhecer bem a língua italiana faz com que você entre em contato de forma mais profunda com os italianos, porque você passa a compartilhar não só de seu espaço ou cultura, mas também da identidade. É como se a troca fosse mais intensa, mais real e verdadeira também.

As amizades italianas são diferentes?

As amizades italianas me parecem diferentes das amizades brasileiras. Não só as amizades, as relações interpessoais no geral. Bom, acredito que seja uma percepção minha porque sou estrangeira morando em outro país. Logo, querendo ou não, comparo a minha cultura com a outra.

Sim, amizades também são culturais!

Antes de começar a análise pela minha vivência, eu gostaria de fazer um pequeno adendo. Eu nasci e cresci em São Paulo, como sabemos, uma das maiores cidades do mundo. Estudei em uma universidade com intercambistas do mundo inteiro (não é exagero), e mesmo assim, confesso ter feito pouquíssimas amizades com pessoas estrangeiras.

Acredito que o mesmo aconteça na Itália. Quinto país mais visitado do mundo, estrangeiros aqui é o que não faltam! Então, você não será um ser especial com quem todos não verão a hora de fazer amizade.

Não é uma crítica: pode acontecer de fazer novos amigos, como não. Pode ser que não tenha necessariamente a ver com a sua nacionalidade. Respalda em várias dinâmicas sociais diferentes das nossas e, principalmente, do nosso estado atual. Somos imigrantes, logo a nossa necessidade de conhecer pessoas é um pouco diferente.

Mas o que muda?

Voltando à amizade: acredito que haja algo de diferente entre a “amizade italiana” e a “amizade brasileira”. Grosso modo, os italianos são mais formais do que nós. E nas relações de amizade isso fica bastante claro.

Eu notei que é bastante comum, por exemplo, não cumprimentar, numa roda de amigos, pessoas desconhecidas ou que tenha visto pouquíssimas vezes. E quase sempre a desculpa é “Mas eu não o/a conheço”. Isso pode acontecer no Brasil também, claro, mas diria que é algo mais frequente e mais ligado a essa cultura.

Eu, Luisa e Maristella tomando um aperitivo em Perúgia, onde moro. Foto: Bruna Paroni.

Deixar de ser um mero conhecido e virar amigo “de verdade” de alguém, aqui na Itália, requer tempo, muito tempo! O tempo da amizade (assim como o dos relacionamentos) é outro. É tudo mais lento. Claro, depende da pessoa, do contexto. Mas no geral, acredito que os brasileiros sejam e estejam mais abertos a conhecer pessoas novas no geral.

Outra coisa que notei, talvez seja ligado à vida na cidade pequena: as amizades de infância ou da escola, muitas vezes, são amizades muito presentes, e isso pode levar a um “fechamento” em relação ao outro, ao novo. Vivi bastante isso em Perúgia: como se os amigos da faculdade ficassem num degrau mais embaixo, já que “se conhece pouco”.

Há uma tendência também em sair em grupos, e permitir que alguém “novo” entre nesses círculos é difícil. Esse fator, penso, esteja ligado ao que disse anteriormente.

Pode dar beijinho no rosto?

Pode, mas só se você já conhecer a pessoa! O mesmo acontece entre os mais jovens, se você conhecer algum amigo de amigo, dificilmente (leia-se, raramente) ele irá te dar um beijinho no rosto, como é comum no Brasil. Ao invés disso: apertos de mãos, seguido de “Piacere + nome”. Na terceira ou quarta vez, o beijinho duplo fica permitido.

Sinto que o mesmo acontece com os abraços. Acho que a lógica é um pouco essa: não tem motivos para abraçar uma pessoa desconhecida.

Entrar no cuore dos amigos italianos

Uma coisa que posso afirmar das minhas amizades na Itália é que quando você entrar no coração deles, você não irá sair nunca mais. Nisso, vejo muito de Brasil (ou seria o sangue latino?).

Boa vontade, cumplicidade, calor, todos os valores de uma verdadeira amizade. Vão te levar para conhecer os pais e a nonna, vão querer que você coma a comida típica da cidade ou da região deles, vão cozinhar para você ou te levar em seu restaurante preferido…

E os pais dos amigos?

Conhecer os pais dos amigos também é diferente. Em São Paulo, pelo menos, todos os pais e mães dos amigos viram automaticamente “tio” e “tia”.

Aqui, não! Aliás, é bem comum utilizar o pronome de cortesia “Lei” quando for falar com eles. Exatamente, existe uma distância entre os pais dos amigos e os amigos, mantida ou afrouxada a partir do grau de intimidade, anos de amizade, nível de formalidade da família e/ou dos pais, entre outros fatores.

Por sorte, os meus amigos são bastante informais, e de consequência, os pais também! Uso o “tu” sem problemas, visitei muitos deles em sua cidade natal, fui recebida daquele jeitinho italiano, de braços abertos e com muita comida (talvez seja um estereótipo verdadeiro?).

Como é ser a amiga brasileira?

Interessante!

Frequentemente, acontece de conhecer os amigos dos amigos, e nessas situações não tem jeito: o interrogatório vai acontecer. Curiosidade, estranhamento, preconceito (ebbene sì!), ou tudo junto. Toda vez respondo ao mesmo questionário, como se fosse um roteiro:

Ah, mas você é brasileira? Não parece! Você fala bem, faz quantos anos que você mora aqui?

Você é São Paulo? Uau!

Fala a verdade, você se mudou por amor, né?

Mas é verdade que… (inserir qualquer frase feita sobre o Brasil ou mulheres brasileiras)

Esses são alguns exemplos do que ouço quando conheço os amigos dos amigos italianos (ou quando conheço qualquer italiano). Corre o risco de cair na exotização da minha pessoa e da minha cultura. Por sorte, os meus amigos e amigas são inteligentes, e com eles esse perigo não é garantido (nem quando nos conhecemos).

Às vezes é o bom português que une as amizades na Itália!

A língua portuguesa também foi um motivo de novas amizades com a Maristella, que ao contrário de mim, é italiana, fez intercâmbio no Brasil e faz doutorado na Universidade de Brasília.

Quando nos conhecemos, ela era aluna de Mestrado em Língua estrangeiras (Português e inglês) na Universidade de Perúgia, e tinha acabado de voltar do intercâmbio na minha faculdade (a FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP). É realmente a minha versão italiana!

Aconteceu também, fora do contexto universitário (então além da língua portuguesa e da literatura brasileira), de conhecer pessoas através da paixão pela música, arte e/ou cultura brasileira no geral. Interesse recíproco! Daí é só alegria.

Amici per sempre?

Para sempre é realmente muito tempo, não estou à altura da eternidade (parafraseando Clarice Lispector).

Em janeiro de 2024 completo sete anos morando em Perúgia. São dez anos que vivo entre o Brasil e a Itália. Posso dizer que tenho amigas e amigos “verdadeiros”, com quem passo e passei boa parte do meu tempo morando fora. Colecionamos memória juntos, crescemos juntos.

Não me imagino morando em Perúgia para sempre, mas fico feliz em saber que vivi esses anos com meus amigos italianos.

Quando os amigos se conhecem

Uma das coisas mais interessantes é ver que algumas amigas italianas conhecerem outras amigas brasileiras. Como no caso da Luisa e da Maristella, que se conheceram pessoalmente em Perúgia (Luisa já tinha conhecido outras amigas, como a Teresa e a André, em Parma). Ou da Sylvia e da Federica e a Stella, que se seguem no Instagram. Interessante e emocionante ver essa troca intercultural.

E os amigos no Brasil?

E claro, no meio dessa conexão Atlântico-Mediterrâneo, os amigos do Brasil ficaram no coração. Graças a eles também que tive coragem de me mudar para a Itália. A todos os amigos e amigas, duas palavras: Grazie e obrigada!

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Bruna A. Paroni

Bruna é bacharela em Letras pela Universidade de São Paulo-USP e mestra em Comunicação política e digital pela Università di Perugia (Itália). Atualmente, é doutoranda em Ciências da Comunicação na Università di Urbino (Itália). Está constantemente em contato com as palavras, seja pesquisando, escrevendo, traduzindo, lendo, revisando ou ensinando. Após dois intercâmbios e alguns anos entre Brasil e Itália, se mudou para o país da bota em 2017, onde também se sente em casa.

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