Viajar sozinha na Itália é algo que faço com frequência. Às vezes, você se programa para fazer uma viagem especial, mas não acha a companhia certa. Uma amiga que cancelou de última hora, um amigo que teve problemas no trabalho e não vai conseguir te acompanhar. Ou simplesmente, ninguém estava disponível para viajar bem naquela semana que, para você, seria perfeita. O que fazer nesses casos: viajar ou não viajar, eis a questão!
Bem, eu sou do time “viajar sempre”, mas principalmente “viajar quando posso”. E obviamente, se não achei uma companhia, o que me resta é viajar com a melhor companhia que conheço: a minha!
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TORNE-SE CIDADÃO ITALIANO→É seguro viajar sozinha na Itália?
São praticamente dez anos viajando sozinha pela Itália e pela Europa. Eu gosto realmente de tirar um tempo para mim e de aproveitar ao máximo a minha viagem. Nunca convido ninguém; me organizo com base nas minhas folgas e, claro, disponibilidade econômica.
Já viajei sozinha pela Itália nas quatro estações, de ônibus, avião e trem. Também já fui para a praia sozinha, para cidades – menos para montanhas (não sou muito fã, admito!).
Grosso modo, eu diria que é, sim. Mas nunca deixo baixar a guarda. Estou sempre atenta, tento nunca demonstrar que estou sozinha, não importa onde estou. Sinto uma necessidade maior de me comportar assim do que em países do norte da Europa, por exemplo. Ou até mesmo em Portugal, onde me sinto muito segura.
Mas não caia no mito de que viajar sozinha é perigoso. De jeito nenhum! No meu caso, tento somente tomar algumas precauções, onde é possível.
Preocupações ao viajar sozinha
Eu converso com frequência com amigas e conhecidas que viajam sozinhas sobre a viagem em si, nunca sobre a condição de ser mulher e estar viajando “desacompanhada”.
E no ano passado, amigos e amigas me deram um livro muito especial de presente: Donne in viaggio. Storie e itinerari di emancipazione (ainda sem tradução para o português; “Mulheres viajantes. Histórias e itinerários de emancipação”, em tradução livre) de Lucie Azema, jornalista e escritora francesa.
Foi esse ensaio, que recolhe um pouco de relato pessoal da autora, um pouco de história e filosofia, um pouco de sociologia e antropologia, que me ajudou a compreender que o medo de viajar sozinha é muito, muito antigo. Não é meu, que nasci em uma cidade perigosa. E sem dúvidas, a culpa não é minha.
Google Maps, meu melhor amigo
Eu raramente peço informações na rua ao viajar sozinha na Itália. Não porque não queira conversar com nativos, mas prefiro usar o Google Maps para me locomover, sem ter que dar sinais de que estou “turistando” sozinha.
Eu sei, algumas pessoas irão dizer que é um pouco de exagero por parte minha. E pode até ser. Mas prefiro me sentir segura, em algumas ocasiões, do que “comunicar” ao mundo a minha solidão.
Escolho ficar em hostel
Quando viajo sozinha, opto sempre por ficar em hostel. Primeiro, porque é econômico. Segundo que você nunca se sente sozinha, afinal há mais pessoas no quarto com você, além de ter um vai e vem dinâmico. Hostel na Europa, no geral, é muito, muito seguro.
Não pego trens noturnos
Sozinha não teria coragem de pegar trens noturnos – apesar de já ter viajado de madrugada de ônibus. Evito também pegar o último trem de/para um lugar. Já aconteceu de pegá-lo, mas ao chegar nas últimas estações, o trem vai ficando vazio.
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Cotar Agora →E, ao chegar no meu destino, prefiro pegar um táxi (com todos aqueles cuidados que nós, mulheres de grandes cidades brasileiras, já estamos acostumadas).
Pesquisar sobre zonas e bairros “perigosos”
Antes de viajar sozinha pela Itália, procuro quais são os bairros tidos como “perigosos” da cidade que me interessa. É somente uma forma de me proteger, e de conhecer melhor a cidade que estou indo visitar.
Lugar mais perigoso que já visitei ao viajar sozinha na Itália
Eu diria que foi Roma – à noite, no inverno. Não sei bem se é perigosa (afinal, sou de São Paulo), mas não me senti nada segura caminhando à noite, perto da estação Termini. Tive a mesma sensação em algumas cidades grandes da Itália, como Turim.
Um estereótipo
É inegável que as viagens sejam experiências subjetivas. Cada um de nós capta emoções diferentes, vive um mesmo lugar de forma única e exclusiva.
Dito isso, tento não ter como universal a opinião de outras pessoas quando o assunto é viagem. Por exemplo, muitas pessoas me falaram para não visitar Bari sozinha, principalmente a Bari vecchia (centro histórico) devido aos perigos e violência da cidade.
Ali, não senti nenhum tipo de perigo, ainda bem. Muito pelo contrário: a atmosfera é bem tradicional, principalmente ao comprar uma focaccia barese numa padaria no bairro, com moradores falando só em dialeto local (dificílimo!). Experiência única!
Aonde não iria de jeito nenhum
No geral, acho que evitaria ir para algumas regiões do sul da Itália sozinha.
Estive em Palermo com uma amiga, a Tamirez, há muitos anos – na época, eu fazia intercâmbio na Itália, mais especificamente na Universidade de Parma, e ela na Universidade de Pádua. Decidimos ir para o sul da Itália (a minha primeira viagem pela Itália). Infelizmente não nos sentimos seguras na capital da ilha. Uma pena.
Recentemente, uma amiga italiana, a Arianna, também esteve por lá com a família e infelizmente, sentiu a mesma sensação que senti oito anos antes. Cantadas e assobios no meio da rua, de dia. Desagradável, né?
Sensação de insegurança viajando sozinha
Como dito acima, acontece de você viajar e se sentir um pouco insegura. Comigo acontece, sim.
E o lugar menos perigoso?
Eu diria as cidadezinhas da Úmbria, região onde moro aqui na Itália, e também cidades como Florença, Veneza, Parma, Pisa, Matera e Urbino e Verona.
É verdade, são cidades menores e muito turísticas, o que pode ajudar a aumentar a sensação de segurança, já que frequentemente estão cheias de turistas e pessoas na rua.
Vantagens de uma viajante solo
Fazer o que, quando e como quiser. Essa é a melhor parte de viajar sozinha, não só aqui no país da bota, claro!
Mas quando viajo, faço um roteiro (bem flexível) com coisas que quero ver, lugares que quero visitar e comidas que quero experimentar. Flexível, porque não dependo de ninguém.
Morando na Itália há tanto tempo, a viagem quase sempre é motivada por dois fatores: enogastronomia e/ou cultura. Quando fui para Turim, cidade que visitei duas vezes, ambas sozinha, já sabia o que comer. E onde ir comer.
Mudei o roteiro várias vezes também porque passei muito tempo em uma livraria, ou em um brechó. Ou fazendo amizades, conversando com alguém.
E as desvantagens de viajar sozinha na Itália?
Poucas fotos
Assim como as vantagens, as desvantagens também têm a ver com o fato de viajar sozinha, independentemente do país. Eu não tenho muitas fotos de mim enquanto viajo! Reparei nisso ao procurá-las para essa coluna.
E acredito que um ponto negativo de viajar sozinha na Itália, e no geral, é ter poucas fotos de si (a não ser, claro, se você pedir para outras pessoas tirarem).
Evito voltar muito tarde
Infelizmente, nem sempre me sinto segura para voltar tarde para o hostel quando viajo sozinha, mas principalmente se me encontro em uma grande cidade italiana. Pior ainda se for no inverno, as luzes amarelas e as sombras das árvores dão um pouco de medo, admito!
Não compartilho memórias com ninguém
Pode ser uma grande desvantagem não viver uma experiência com um amigo ou amiga. Você volta para casa contando coisas que só você viu e vivenciou. Mas pode ser uma coisa positiva também, já que só você viveu aquela viagem. E é uma ótima ocasião para fazer novas amizades.
Passar protetor solar é um desafio
Essa é realmente difícil de contornar. Quase sempre fica uma parte das costas desprotegidas. Mas nada que outra mulher não consiga te ajudar!
Na dúvida, viaje!
Infelizmente, em muitas de minhas viagens sozinha pela Itália aconteceu de eu pensar:
“Será que faz sentido eu estar aqui sozinha?”
É frequente ver casais, grupos de amigos e família viajando juntos. Aconteceu de eu ser a única pessoa não acompanhada em uma mostra, por exemplo.
Mas na dúvida, viaje! Viajar sozinha pela Itália é uma ótima ocasião para ficar um pouco em silêncio, prestar atenção nas suas necessidades. Visitar um museu com calma ou aproveitar de um jantar delicioso, com aquele vinho que você queria experimentar faz tempo.