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PEDIR MEU CARTÃO →Como escolher um novo país para viver? Eu já vi muita gente que quer morar no exterior, mas não sabe exatamente onde. Algumas pessoas até têm dois ou mais lugares em mente, mas ainda têm dúvidas sobre qual deles escolher. O que é preciso levar em conta nessa decisão?
Para ajudar a responder a essas perguntas, eu quero contar para você como foi a minha experiência e por que eu escolhi a Espanha. Confira a seguir.
Índice do artigo
Nestes meus trinta e tantos anos de vida, eu já tive a oportunidade de conhecer aproximadamente uma centena de cidades pelo Brasil e pelo mundo.
Antes de vir morar na Espanha, eu já tinha visitado a Europa três vezes. Em uma viagem de motorhome que fiz em 2013 pude conhecer mais lugares por aqui. Alemanha, Áustria, Croácia, Espanha, França, Holanda, Itália, República Checa e Suíça foram os países pelos quais passei nessa ocasião. E se sou bem sincera, de todos esses países, a Espanha não era meu preferido.
Eu me apaixonei pelas paisagens croatas, por seus montes verdes, seus rios e cachoeiras e pelas pequenas cidades com cara de “pueblo”. Passei quase um mês na Itália, explorando o país de Norte a Sul, e nunca comi tão bem na minha vida.
A forma mais sustentável de viver dos holandeses também me pareceu muito atraente. Praga, por sua vez, apesar de ser a única cidade que visitei na República Checa, me surpreendeu positivamente.
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Cotar Agora →Por que, então, eu escolhi a Espanha?
Quando pensei pela primeira vez em mudar para o exterior, meu projeto inicial era ir para a Austrália. O clima, a natureza e o idioma eram fatores-chave nessa escolha. Eu ainda não conheço o continente, mas tenho alguns conhecidos que vivem por lá e gostam muito. Só que quando comecei a pesquisar sobre a burocracia e os valores necessários para fazer a mudança, acabei desistindo.
Foi aí que eu conheci a Alemanha. Na verdade, todas as vezes que visitei a Europa, eu passei pelo país. Já estive em Berlim, Dachau, Erding, Frankfurt, Munique, Nürburg e Schwangau. Minha preferida? Berlim.
Eu não tinha muitas expectativas quando fui pela primeira vez a Berlim. Acho que o clássico de Wim Wenders sobre a cidade acabou me influenciando negativamente. Talvez tenha sido por isso que Berlim me surpreendeu. Descobri uma cidade viva, verde, jovem, histórica e contemporânea ao mesmo tempo.
Cheguei a estudar alemão por quase um ano. E já sabia até o bairro de Berlim em que queria morar: Kreuzberg. Novamente, foi pesquisando melhor e pensando melhor que meus planos, outra vez, começaram a mudar.
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Eu tenho um projeto – engavetado (mas não esquecido) – de viajar pelo litoral de todas as Américas com uma grande amiga. Foi daí que partiu meu interesse pelo espanhol – idioma oficial de 18 dos 35 países do continente.
É verdade que há muitas variações nas formas de falar. Dos países que visitei – Argentina, Costa Rica, México e Uruguai – cada um tinha suas particularidades. Mas saber bem a língua castelhana, certamente, deve ajudar nesse projeto.
Além disso, como o espanhol é bem mais próximo do português, é muito mais fácil de aprender do que o alemão, por exemplo. E me parece bem mais útil em todo caso, já que é o quarto idioma mais falado no mundo (depois do inglês, do mandarim e do hindu).
Por outro lado, como eu já comentei em outras colunas, é bem verdade que se falam muitos outros idiomas aqui na Espanha. Em Barcelona e em outras cidades da Catalunha, por exemplo, algumas pessoas mostram, inclusive, uma certa rejeição à língua de Cervantes.
Ainda assim, quase sempre é possível se virar muito bem em castelhano, já que é o idioma oficial de todo o país.
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Nas viagens que fiz pela Europa antes de vir morar na Espanha, eu já percebi algumas coisas sobre o custo de vida. Para pagar pelo ticket de transporte por dois dias em Zurique, por exemplo, quase tive que deixar meu fígado.
Os pedágios na França também custavam os olhos da cara. E por cada comida ou lembrancinha que eu queria comprar em Paris me cobravam praticamente o preço de um rim.
Comparados à Suíça e à França, os preços na Alemanha, na Áustria e na Holanda me pareceram um pouco menos agressivos. Enquanto isso, na Croácia e na República Checa, era mais difícil fazer essa comparação, já que ambos os países têm sua própria moeda, a kuna e a coroa, respectivamente.
Conclusão: dos países pelos quais passei, os que me pareceram mais baratos mesmo foram Espanha e Itália. É claro que dentro de cada país também há variações. Viver em Milão, por exemplo, provavelmente é mais caro do que viver na Sicília.
E como eu contei na coluna Barcelona ou Valência: onde é melhor viver?, Valência tem um custo de vida menor do que o de Barcelona. De todo modo, o custo de vida foi outro dos motivos porque eu escolhi a Espanha.
Quando a gente está apaixonado, a gente não vê defeitos. No meu caso com Berlim, também foi assim. Eu só tinha visitado a cidade na primavera e no verão. E evitava a todo custo pensar como seria o inverno por lá.
A questão é que eu não sou uma pessoa muito resistente ao frio. Sou daquelas que sentem a chuva, mas também se molham. Quando vivia em Floripa, eu já sofria no inverno. E quando passei por cidades como Frankfurt e Amsterdam, mesmo na primavera, em alguns momentos, achei que ia morrer congelada.
Apesar de que, é bem verdade que os países da Europa, em geral, são bem mais preparados para o frio. Além dos sistemas de calefação, é normal que haja água quente nas torneiras e janelas duplas ou, pelo menos, bem vedadas.
No caso das terras ibéricas, na coluna Mitos sobre a Espanha, eu já comentei que essa história de que o clima por aqui é mais ameno é apenas uma meia verdade. Afinal, nem todas as cidades espanholas têm um clima assim tão agradável.
Mas quando se trata de cidades como Barcelona e Valência – que são cidades banhadas pelo Mediterrâneo –, comparando a outros países mais ao Norte da Europa, o clima é, sim, bem mais ameno. E como já dizia a Ella Fitzgerald, “summertime, an’ the livin’ is easy” (é verão e a vida é fácil).
Apesar que esse último verão por aqui não foi dos mais fáceis de enfrentar. De toda forma, o clima foi a segunda razão pela qual eu escolhi a Espanha.
Durante mais de uma década, eu trabalhei como redatora publicitária, escrevendo textos para anúncios, propagandas de TV, outdoors e outras coisas do tipo. Até que eu me cansei de vender, de publicizar, de tentar convencer os outros. Eu queria continuar escrevendo, mas não mais para publicidade. A solução para mudar de carreira? Estudar outra coisa.
Comecei, então, a buscar um mestrado, preferencialmente, no exterior. E foi aí que tive a ideia de associar minhas duas paixões: escrever e viajar. Pesquisando aqui e ali, encontrei três cursos que faziam essa combinação: um na Austrália, um na Inglaterra e outro em Barcelona.
Para a Austrália me parecia mais difícil conseguir o visto. Da Inglaterra, eu sempre tive uma visão fria e cinza, que ainda não tratei de desfazer presencialmente. Sobrou Barcelona, uma cidade que eu já conhecia, com clima agradável e um custo de vida menor do que em outros lugares da Europa. Foi então que eu escolhi a Espanha definitivamente.
Na hora de escolher um novo país para viver, outros pontos também podem entrar nos cálculos. Pessoas na melhor idade, por exemplo, podem interessar-se pela faixa etária média da população e pelas oportunidades para aposentados. Pessoas com filhos também devem estar atentas a pontos específicos, como a educação infanto-juvenil.
Além disso, há pessoas que têm mais facilidade para adaptar-se a culturas muito diferentes da sua e outras que preferem manter as tradições, entre outros casos diversos.
De toda forma, acredito que o idioma, o custo de vida e o clima são alguns dos principais pontos a se levar em conta. Igualmente, é bom pensar nos objetivos dessa mudança. Se sua ideia é estudar e/ou trabalhar, por exemplo, é preciso averiguar o que o novo país pode proporcionar nesse sentido.
Pesquisar bem e pensar bem sobre pontos como esses antes de decidir definitivamente mudar-se para um novo país pode ajudar a evitar algumas surpresas desagradáveis. Se eu tivesse me mudado para Berlim, por exemplo, acho que já teria morrido congelada. Ainda bem que eu escolhi a Espanha!
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