Portugal

Eu brasileira, o marido português: como é nosso casamento

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Como é ter um marido português? É normal que se tenha curiosidade sobre os estrangeiros e pessoas de culturas diferentes, mas como é na realidade ser casada com um nativo de Portugal?
Não, não é a salvação dos seus problemas, eles não são namorados melhores nem piores que os brasileiros. Só diferentes.
Acompanhe o artigo e confira em primeira mão a experiência da nossa redatora brasileira casada com um português e 5 dicas de uma terapeuta para o sucesso da relação intercultural.

Como é ter um marido português?

Há quem diga que um marido português é um marido como outro qualquer: ruim com, pior sem!

Brincadeiras à parte, a verdade é que se você escolheu se casar com alguém, a nacionalidade vai ser só mais uma coisa para se adaptar.

Ser casada com um estrangeiro te faz sempre estar ciente das diferenças e das semelhanças dos seus países. É o caminho certo para o surgimento de uma terceira cultura na família.

Cada um tem as suas tradições favoritas, comidas típicas e música de que nos orgulhamos. Ainda por cima, todo mundo é (ou deveria ser) um pouco nacionalista quando está com um estrangeiro.

No meu caso, eu estava em Portugal fazendo faculdade quando conheci o português que se tornaria um dia o meu marido. Foi ele que me apresentou a cultura portuguesa e me ensinou a amar o país. Desde então, são quase quatro anos juntos nesse relacionamento intercultural que já rendeu muitas risadas.

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Conheça as maiores diferenças culturais no dia-a-dia

Brasil e Portugal são parecidos, mas nem tanto. Há Veja quais foram as principais diferenças culturais que eu descobri com o meu marido português e a sua família:

Foi grosseria ou sinceridade?

Quase todo brasileiro que chega em Portugal acha os portugueses um tanto grosseiros. Podem não xingar ninguém, mas algo no comportamento deles é mais seco e faz soar rude aos nossos sensíveis ouvidos brasileiros. Acontece que, no geral, as pessoas do Brasil costumam ser muito mais delicadas conversando, pedindo informação, etc.

Os portugueses têm boas intenções, mas não se expressam da mesma maneira. Dão respostas secas, são mais diretos e literais e não têm problemas em dizer que não. Segundo os portugueses, nós brasileiros enrolamos e até mentimos. Tá aí a origem das piadas de português.

Rápido ou lento demais?

No geral, os portugueses são mais fechados do que os brasileiros e não costumam fazer amizade tão facilmente. Da mesma forma, os relacionamentos amorosos com portugueses também costumam se desenvolver mais devagar, mas com comprometimento logo de cara.

Nós brasileiros costumamos nos perguntar se, no início de um relacionamento, os portugueses têm mesmo interesse em nós, porque não demonstram muita atitude. Já para os portugueses, os brasileiros são mais desapegados e apressados. Imagina se eles fossem ao nosso carnaval!

Quem fala o português correto?

Sim, tanto o Brasil quanto Portugal têm como língua oficial a Língua Portuguesa.

Porém, contudo, não obstante, todavia, as diferenças de sotaque e vocabulário entre as versões dos dois países da mesma língua são surpreendentes. No início do relacionamento pode ser bem complicado entender o que o parceiro diz, mas com calma tudo passa a fazer sentido.

Embora a discussão de ‘qual é a versão correta do português’ seja polêmica, ela não tem espaço dentro de nenhum relacionamento. No meu casamento, por exemplo, há respeito e admiração pela variação linguística. Na nossa casa, falamos pois, oxi, fixe e bacana.

Sobre ter uma família portuguesa

Os portugueses podem ser muito amigáveis e prestativos quando querem. Infelizmente, muitos brasileiros que vivem em Portugal acabam não tendo a oportunidade de ver esse lado sensível português – sim, ele existe!

Uma família portuguesa, para exemplificar melhor, é como se fosse uma típica família do interior do Brasil: são calorosos e atenciosos entre si, cozinham e comem muito bem, visitam, fofocam, dão comida feita em casa e cuidam uns dos outros. A diferença seria que a família portuguesa bebe mais vinho e não fala tão alto.

Principalmente para brasileiros expatriados em Portugal, ter uma família ou uma rede de apoio no país é essencial para uma boa adaptação no processo migratório. No meu caso, ser bem recebida numa família portuguesa foi excelente para me integrar no país e na cultura portuguesa. Acredito ser a melhor forma de conhecer de verdade uma cultura.

Vantagens de ter um marido português (e não de outra nacionalidade estrangeira)

Nós falamos a mesma língua (quase sempre). É muito bom poder se expressar na nossa língua materna, o belíssimo português (do Brasil, de Portugal ou de onde quer que seja). Há palavras sem tradução e cheias de significado, como saudade, dengo e cafuné.

Além disso, entre Portugal e Brasil há muito o que nos une além da língua. As influências portuguesas estão na nossa comida, música e até no nosso DNA. Em Portugal, é possível nos sentirmos próximos de casa, seja lá onde for.

Desvantagens do marido não ser brasileiro

Sabe aquele programa de TV da infância ou aquele rock nacional clássico? Ou aquela vontade de curtir um carnaval ou ir na festa junina? Bem, provavelmente o seu marido português não vai entender nada. Eles têm os próprios costumes.

Se relacionar com alguém de outro país significa também se relacionar com alguém que não cresceu com as mesmas referências que você. Claro, você também não conhece a cultura dele tão bem e isso pode ser chato.

Vocês vieram de mundos diferentes e provavelmente não vão entender a realidade um do outro a não ser que tentem mesmo. Como lidar?

5 dicas de uma terapeuta para casamentos interculturais

Todo casamento vem com a difícil tarefa de lidar com outro ser humano por quase 24 horas por dia. Num casamento intercultural, como nesse caso, a situação fica um pouco mais extraordinária.

Pensando em ajudar esses casais internacionais e os brasileiros no exterior, o Euro Dicas procurou a psicóloga brasileira Renata Castro. Além de viver a realidade de expatriada na Europa, ela tem experiência profissional no assunto e nos concedeu 5 dicas fantásticas para o sucesso de casamentos interculturais.

Acompanhe:

1. Crie a sua própria vida e independência no país novo

Morar em outro país é desafiante. Perdemos contato com amigos no Brasil, a família está longe e podemos nos sentir perdidos em meio a tanta coisa nova.

A Renata alerta que é importantíssimo que nós busquemos, num casamento no exterior, criar o nosso próprio círculo de amizades, os nossos próprios programas, entrar em grupos e nos tornar independentes.

“Em qualquer casamento você vai compartilhar a sua vida com o outro. Não esperar o outro chegar e falar da vida dele e você ficar como uma aba na vida da pessoa. Isso dificulta muito. Você ser alguém único e exclusivo dentro da relação pra mim é a dica número 1.”

2. Procure se integrar à cultura do seu cônjuge

Importantíssimo para um casal de pessoas duas culturas diferentes é que eles se adaptem. Especialmente a quem vai se mudar de país, a dica é que se integre à nova cultura, algo que requer um tremendo esforço pessoal.

Segundo a especialista, quanto mais você tentar se integrar com o povo e a cultura, melhor. Procurar estudar a história, língua e costumes ajuda muito, principalmente quando se quer também integrar com outras pessoas da vida do seu cônjuge.

3. Tenha paciência com o que o parceiro ainda não conhece

E isso vai para os dois lados. O cônjuge português também deverá procurar conhecer e se integrar na cultura brasileira. É preciso ter paciência para entender que vocês são pessoas diferentes e têm visões e vivências únicas. Além disso, a questão da mudança de país também é um processo emocionalmente desgastante.

“Ninguém sabe o que a gente passa enquanto expatriada. Só a gente mesmo.”

A chave é abrir a comunicação e expressar o que te faz feliz ou não, e apresentar aquilo que você mais ama na sua própria cultura para fundirem da melhor forma as suas vidas.

4. Entenda que a nova família pode não ser perfeita

Como acontece em muitos casamentos, casa-se também com a família do cônjuge. E é preciso ter os pés no chão e não idealizar nada. “A gente tem que estar preparado a não gostar de todo mundo, e a todo mundo não gostar da gente.”

Até que as pessoas te conheçam melhor, ainda vão ter uma certa ideia a respeito de pessoas do Brasil, nem sempre boa. O conselho da Renata é, inicialmente, não levar para o lado pessoal e deixar as coisas levarem tempo.

“O máximo que pode acontecer é você não ser muito bem recebida em um ou outro momento e tudo bem, isso só quer dizer que aquele não é seu lugar, você vai procurar outro.”

5. Esteja ciente do estigma contra brasileiros

Não poderíamos deixar de falar do infame preconceito. Os brasileiros no exterior, principalmente as mulheres, sofrem muito as consequências do estigma e discriminação. Enquanto ela não é de forma alguma tolerável dentro de um relacionamento amoroso, é possível que sinta algum “olho torto” contra você por parte de um conhecido estrangeiro.

É provável que você, como brasileiro em Portugal, seja imediatamente associado a um estereótipo ligado à desonestidade, má educação e/ou prostituição. É preciso ser realista e fortalecer a sua posição. Quem quiser te conhecer, superar o preconceito e desconstruir o estigma será muito bem-vindo na sua vida e do seu cônjuge.

A própria xenofobia em Portugal contra brasileiros é um tema muito sério cada vez mais discutido na mídia, devido ao alto número de denúncias no país. Embora possa não acontecer com você, o melhor é estar atento.

“Ao decidir se casar com um estrangeiro, é preciso estar muito bem consciente de tudo que será diferente. Se você for para ficar com o Brasil na sua cabeça, vai atrapalhar o casamento. A gente tem que estar muito certa do que está fazendo para sair feliz, entendendo que as dificuldades virão, mas que você e o seu marido juntos, se você deixar, serão pessoas fortes juntas.”

Burocracias para o casamento em Portugal

Para um brasileiro e um português se casarem em Portugal, o processo burocrático pode ser simples ou complicado. Depende de uma série de fatores.

No meu casamento eu tinha um visto de estudante e título de residência em Portugal. Foi só notificar pessoalmente uma Conservatória do Registo Civil (como o Cartório no Brasil) de que tínhamos o desejo de casar, conhecer o Conservador, marcar data e hora e casar.

Foi tão fácil quanto seria se fôssemos os dois portugueses. O processo todo custou 200€ e durou menos de uma semana. Claro que tivemos que esperar uma vaga na conservatória, mas foi mesmo tudo muito rápido e simples.

Porém, caso o brasileiro não tenha um título ou cartão de residência em Portugal, o casal deverá notificar a Conservatória e obter permissão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para tal. Nesse caso, o SEF poderá visitar o casal em sua casa e fazer uma entrevista para verificar se o relacionamento é legítimo.

E o passaporte europeu?

Sim, casar com um cidadão português dá direito ao cônjuge brasileiro pedir a dupla nacionalidade após 3 anos juntos. É uma das formas de se conseguir a cidadania portuguesa. De qualquer forma, há várias outras maneiras independentes de um casamento que garantem aos brasileiros esse direito.

Em outras palavras, você não precisa de um marido português para conseguir a cidadania portuguesa. Aliás, para a maioria dos casais isso nem interessa.

Por falar nisso, se o único motivo do casamento é conseguir o passaporte europeu, recomendamos que nem tente. Caso o SEF julgue falsa a relação e negue o casamento, o cidadão brasileiro poderá ser deportado de Portugal. Ademais, a pena por falso casamento no país vai de 1 a 5 anos de prisão. Não há espaço para casamentos de mentira.

Entretanto, se o amor é verdadeiro e vocês querem se unir em matrimônio, aproveitem!

A vida é melhor quando é compartilhada com quem amamos, seja lá qual for a sua nacionalidade.

Casamento é casamento, tem que ser nutrido

Um marido português é um marido e pronto. Claro, a cultura portuguesa é diferente da brasileira, mas com o tempo vai descobrir que somos muito mais do que a cultura geral do nosso país. Ninguém é um estereótipo.

Os portugueses não são melhores nem piores que os brasileiros, e o meu marido não representa todos os homens portugueses. Assim como eu não represento todas as mulheres brasileiras. O que importa dentro de qualquer casamento é ter amor e a consciência de que, para crescermos juntos, precisamos também crescer como indivíduos.

Encontrar alguém no mundo que admire e respeite a sua cultura é incrível. Ainda mais incrível é compartilhar a vida com ela. Isso sim é prova de amor.

Que surjam ainda mais famílias luso-brasileiras como a nossa. Vamos aproveitar as belas culturas que temos juntos e celebrar o que há de melhor nessa vida, o amor!

*O artigo acima apresenta a opinião e vivência pessoal da autora e são de sua responsabilidade, não identifica necessariamente com a visão do Euro Dicas.

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Letícia Melo

Letícia Melo é uma redatora e gestora de conteúdo que em 2017 trocou Brasília por Portugal. Formada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Algarve, ela adora escrever sobre imigração e viagem para outros brasileiros corajosos mundo afora.

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