Europa

A saudade já não é a mesma: como driblar a distância

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Saudade é um sentimento que todos precisam aprender a lidar quando se dispõe a sair do Brasil, mas a saudade já não é a mesma como antigamente e eu vou te contar o porquê.

A saudade já não é a mesma – por Cesar Barroso

O meu bisavô italiano, recém-chegado ao Brasil, colocou uma nota num jornal de Minas em 1876, pedindo notícias de um irmão que partira há anos da Itália para o Brasil:

“a mãe não tem notícias nem cartas suas há muitos anos”.

O anúncio não surtiu o efeito desejado e nunca mais se soube daquele filho e irmão desaparecido. Meu bisavô Cataldo Appratto terminou estabelecendo-se na cidade do Rio de Janeiro sem saber que seu irmão Nicola encontrava-se a uma enorme distância, em Alegrete, fronteira com o Uruguai e a Argentina (o que só descobri há poucos anos através da Internet).

Sim, se não fosse a Internet eu jamais saberia que tenho uma multidão de primos simpáticos nas terras gaúchas, com os quais troco mensagens diárias pelo Facebook. A verdade é que com o progresso dos meios de comunicação de 1876 até os nossos dias, já não existe mais saudade como antigamente.

Milhares, ou melhor, milhões de histórias de perdas de contato com entes queridos de todos os tipos: pais, mães, irmãos, tios, primos, namoradas e namorados que fazem parte de um conjunto de casos variados, todos eles muito tristes e que eram contados ao redor do fogo, no inverno, em Portugal, Espanha, Itália, Grécia, França, Irlanda e tantos outros países europeus e de todo o mundo, viraram parte do folclore.

A história de saudade que me marcou

Para mim, ficou gravada a história de um senhor idoso de Vouzela, na Beira Alta em Portugal, que me guiou num passeio pela vila simpática. Ao entrarmos numa igrejinha, disse com lágrimas nos olhos:

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“Foi aqui que vi meu pai pela última vez. Ele foi para o Brasil, constituiu outra família e nunca mais voltou para Portugal nem nos levou para o Brasil”.

Perto de Vouzela, em Viseu, na praça principal, há um monumento à mãe cujo filho nunca mais voltou do exterior.

Isto ainda ocorre? Sim, mas com muito menos frequência, porque já não é fácil para alguém desaparecer.

A Internet não deixa mais ninguém sumir ou se ocultar. Há sempre uma forma de encontrar alguém, seja pelas mídias sociais ou através de sites especializados em achar pessoas. Nos nossos dias, pelo WhatsApp, a mãe chorosa encontrará o filho que desapareceu de casa. Quem sabe até falará com um netinho que não sabia existir. Haverá também os casos dos maridos que fugiram com uma beldade e ouvirão do outro lado da linha a cobrança de responsabilidades deixadas para atrás.

Tem saudade que a tecnologia não alcança

Porém, como está sobejamente provado, a tecnologia não resolve todos os casos.

Ela não traz para a nossa mesa em Lisboa ou em Valência, aquele doce de abóbora com coco que só existe num lugar do mundo, na casa da irmã querida que mora no interior de Goiás.

E nós corremos o risco de ficar dias a fio com a vontade enorme de pegar um avião para Brasília, alugar um carro e chegar o mais rápido possível à casa da irmã, não sem antes mandar uma mensagem pelo Facebook para que prepare uma tonelada daquele doce.

E não se esqueça de umas costelinhas de porco na panela de ferro para o jantar. Isto é saudade, e saudade forte.

Saudade de estar perto dos seus

Outra saudade forte é a de estar com brasileiros, ouvir a nossa conversa, gozar do convívio de nossa cultura.

Esta talvez seja mais fácil de atenuar, participando de grupos no Facebook tipo “Brasileiros em Viseu” e tantos outros. Sempre haverá um grupo perto de você. Enturme-se, promova churrascos, uma pelada, faça passeio no shopping e piqueniques na praia.

Imagem de Barcelona. Autor: César Barroso

Será bom também trazer gente local para o grupo, para que ajude na integração e não se viva numa igrejinha, como a história do marinheiro que deu a volta ao mundo, mas que nunca saiu do próprio porto. Ou do outro que mostrava a porta de casa e dizia: “da porta para dentro é Brasil”, para indicar que até na televisão só via canais brasileiros.

Veja também maneiras para o imigrante lidar com a saudade dos avós.

Dificuldades de quem emigra

Quem emigra tem que estar preparado para recaídas de saudade com uma fórmula para mitigá-la, seja jovem ou aposentado.

Mantenha contato constante com gente no país em que vive e no Brasil. O WhatsApp, no meu entender, é o espaço perfeito para comunicação com parentes e amigos, pois dá a opção de vídeo ou apenas voz.

Quer algo melhor do que ver os netos ou sobrinhos no vídeo do WhatsApp? Falar com mãe ou um irmão querido? Conversar com um amigo de infância, ou até um amigo recente, sobre assuntos pessoais e públicos, como a situação política, o aquecimento global, entre outros, é uma ótima maneira de matar saudades.

Não substitui o contato direto, mas é bem mais eficaz do que as cartas antigas, que às vezes nem chegavam.

Os jovens tomem bastante cuidado ao prepararem as suas documentações para imigrar e as de seus amados ou amadas, quando estiverem de namoro firme ou noivado. Não vão arriscar um afastamento prolongado de seus amores, porque a burocracia não considera a perspectiva sentimental.

Dificilmente uma autoridade acelerará um processo por motivos do coração. E, como todos que passaram este tipo de saudade sabem, ela é pungente. Façam tudo de comum acordo, procurando ir juntos ou com a certeza que a outra metade da maçã seguirá seguramente em breve.

Saudade do Brasil

A saudade da pátria gerou uma das mais belas poesias da literatura universal. A “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”), do brasileiro Gonçalves Dias, foi composta enquanto o autor estudava na Universidade de Coimbra.

Em breve, certamente aparecerá algum letrista brasileiro que vive em Portugal ou na Espanha a fazer uma lamentação da distância que o separa do Brasil, mas agora em ritmo de funk.

Outras formas eficientes de atenuação da saudade incluem frequentar a lojinha de produtos brasileiros e manter a assinatura de canais de TV brasileiros. Quem não ouviu: “eu não vou para lugar nenhum se não puder ver a minha novela” ou “nem pensar em perder o Campeonato Brasileiro”? A tecnologia já resolveu estes problemas e não há mais saudades da novela nem do futebol.

Na lojinha de produtos brasileiros, trazidos por via aérea, encontram-se da farinha de mandioca ao Leite de Rosas, passando pelo Catupiry e a goiabada cascão. Algumas têm para preparar na hora pasteis de feira, empadinhas de palmito e pão de queijo. Ô coisa boa que é degustar uma dessas delícias com uma latinha de guaraná!

Mas não é só do Brasil que eu, que vivo há anos em Miami, sentirei saudades quando me mudar para a Europa.

Basta passar alguns anos em algum lugar para nos acostumarmos às coisas boas de lá. Ninguém faz um cafezinho com leite no vapor, o “cortadito“, como os cubanos do restaurante Latin America, em Miami Lakes. Onde encontrarei o ambiente festivo internacional de Miami Beach durante os festivais gastronômicos? Terei que dizer adeus a tudo isto… e sentir saudades. É a vida…

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*As opiniões dos colunistas não refletem necessariamente a opinião do site Euro Dicas.

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Cesar Barroso

Jornalista, fotógrafo comercial e de arte, viajante, leitor ávido, autor de "Quatorze Dias em Portugal" e "South Beach on Foot", cozinheiro amador, praticante de ioga e meditação zazen, ficcionista. Pode ser encontrado no Instagram @cesar_barroso.

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