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Abrir Conta Agora →As diferenças salariais entre homens e mulheres na Europa ainda é um desafio nos dias de hoje. Em muitos países, as mulheres continuam recebendo salários consideravelmente mais baixos do que os homens para fazer o mesmo trabalho. Neste artigo, fazemos um balanço sobre esse problema e apontamos as possíveis soluções para o futuro.
Índice do artigo
Infelizmente, sim. Na União Europeia as mulheres ganham, em média, menos 13% por hora do que os homens. Esses dados foram retirados de um estudo recente do Conselho Europeu, que consultamos para escrever este artigo.
Isso ocorre muito apesar de que o princípio do “salário igual para trabalho igual ou de igual valor” seja um direito dos cidadãos do bloco desde 1958. Por isso, caso você planeje uma mudança para Europa, vale a pena se informar sobre os países do bloco nos quais as mulheres possuem mais igualdade.
Lembrando que, no que se refere a imigrantes, o debate das diferenças salariais entre homens e mulheres passa por outras questões e desafios – principalmente, se levarmos em conta o sentimento anti-imigração que cresce em toda a Europa.
O Conselho Europeu elencou alguns fatores que contribuem com a perpetuação das diferenças salariais entre homens e mulheres na Europa.
Como veremos, um fator justifica a existência do outro. Dentre eles, estão:
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Cotar Agora →Sabe-se que um dos maiores motivos de interrupções na carreira de uma mulher relaciona-se com o fato dela assumir, quase (e muitas vezes) inteiramente, o cuidado com os filhos e a casa.
O Eurostat comprova esse cenário quando afirma que 91% das interrupções de carreira para cuidar de crianças são tiradas por mulheres, enquanto uma quantidade ínfima de homens o faz.
Relacionado com as interrupções na carreira, o trabalho a tempo parcial também aparece no estudo. Se apenas um quarto dos homens trabalham a tempo parcial, 75% dos trabalhadores desse tipo são mulheres.
Consequentemente, 65% dos cargos de gestão nas empresas são ocupados por homens. A falta de apoio e oportunidades às mulheres é um dos motivos que explica essa disparidade.
Tais condições revelam uma certa segregação no mercado de trabalho. Assim, 73% dos cargos nos domínios da educação, saúde e assistência social são ocupados por mulheres.
Vale dizer que tais setores não são apenas menos bem remunerados como, simbolicamente, se relacionam com o que foi construído como papel da mulher na sociedade: o de cuidar.
A disparidade salarial média entre homens e mulheres na Europa em um mesmo posto de trabalho é de 18%. Enquanto as mulheres ganham, em média, 14,10€ por hora de trabalho, os homens recebem 16,63€ por hora de trabalho.
Portanto, ainda que o bloco tenha avançado em certas discussões, como reconhecimento de vínculo de trabalho de trabalhadores de plataforma de entrega, há muito o que ser revisto no que se refere ao gênero.
As diferenças salariais entre gêneros é um dos elementos que precisam ser levados em conta quando pensamos em segurança das mulheres na Europa.
Por isso, veja abaixo a remuneração de euros por hora (€/h) para cada gênero e a respectiva porcentagem da disparidade, considerando algumas categorias de profissões:
Atividade | Mulher (€/h) | Homem (€/h) | Porcentagem da disparidade |
Trabalhadores ditos “não qualificados” | 9,21 | 10,16 | 10% |
Operadores de instalações e de máquinas e trabalhadores da montagem | 9,18 | 11,99 | 31% |
Artesãos, artífices e trabalhadores similares | 9,21 | 13,43 | 48% |
Trabalhadores manuais qualificados | 9,18 | 12,79 | 39% |
Serviços e vendedores | 10,96 | 11,53 | 5% |
Pessoal administrativo | 13,63 | 15,06 | 10% |
Técnicos e profissionais de nível intermediário | 16,06 | 19,46 | 21% |
Especialistas das atividades intelectuais e científicas | 18,91 | 24,41 | 29% |
Dirigentes, gestores e diretores | 22,37 | 32,43 | 45% |
Ainda que haja diferenças entre os países da União Europeia, as diferenças salariais entre homens e mulheres no bloco costumam aumentar com o avanço da idade. Em outras palavras, a diferença acaba sendo muito menor para os novos entrantes no mercado de trabalho.
Um dos motivos é exatamente as interrupções de carreira que as mulheres experienciam ao longo de sua vida profissional, o que por sua vez está ligado, dentre outros fatores, com a sobrecarga de responsabilidades familiares.
Ainda que a disparidade salarial de gênero na Europa seja de, em média, 13%, certos países do bloco apresentam uma desigualdade acima ou igual a este valor.
São eles:
Por outro lado, os países abaixo da média de 13% de disparidade salarial de gênero na Europa são:
Vale dizer que o estudo do Conselho Europeu que elaborou tanto a presente relação de países quanto a anterior não teve acesso aos dados provenientes da Irlanda e da Grécia.
As diferenças salariais entre homens e mulheres variam muito a depender do país que estamos nos referindo, e dentro de cada um deles, de cada profissão. Para ter um panorama mais detalhado sobre esse aspecto, veja os itens abaixo.
A disparidade salarial de gênero em Portugal varia entre 3% (pessoal administrativo) e 28% (dirigentes, diretores e gestores).
Em valores totais, a disparidade é de, em média, 10%. Leve isso em conta, caso você pretenda morar em Portugal.
Em conjunto das medidas estabelecidas pela Comissão Europeia, Portugal tem fortalecido iniciativas, estratégias e ações que visam estimular a equidade salarial entre homens e mulheres.
Um deles é a norma NP 4588:2023 que promete estabelecer os critérios necessários para que uma organização possa implementar, manter e administrar todo um sistema de gestão visando eliminar a disparidade salarial com base no género em Portugal, promovendo a igualdade salarial entre mulheres e homens.
Ela pertence ao Projeto Equality Platform and Standard, iniciativa financiada pelo Programa de Conciliação e Igualdade de Gênero do Mecanismo Financeiro do Espaço Econômico Europeu.
Já na Espanha, a disparidade salarial começa de um valor mais alto. Ela pode ir de 13% (serviços e vendedores) a 28% (dirigentes, diretores e gestores). Em valores totais, essa disparidade é de, em média, 13%.
Desde 2020, a Espanha endureceu suas regras contra a disparidade salarial de gênero. Um dos decretos exigem que as empresas acabem de vez com as diferenças através de uma estrutura que determina se trabalhos diferentes têm o mesmo valor.
A premissa do decreto é clara: mulheres têm que receber o mesmo que os homens para fazer o mesmo trabalho. Assim, as empresas que não divulgarem as diferenças salariais poderão enfrentar multas de até 187 mil euros.
Nas palavras de Yolanda Díaz, a Ministra responsável pela assinatura do decreto a disparidade salarial é uma “aberração judicial e democrática”. Boa notícia para as mulheres que se planejam se mudar para a Espanha!
No caso da Itália, o estudo aponta como menor porcentagem de disparidade salarial os 8% referente a serviços e vendedores.
A maior disparidade aparece nos surpreendentes 48%, que se refere a cargos de dirigentes, diretores e gestores. Por fim, em valores totais, a disparidade é de, em média, 6%.
Na Itália, as medidas para diminuir as diferenças salariais fazem parte de um projeto de longo prazo: uma delas, assinada em 2021, envolvendo uma carta de engajamento entre o governo italiano e grandes empresas, visa acabar com as disparidades de gênero em relação ao salário até 2030.
Enquanto isso, está valendo uma nova lei que promete recompensar as empresas que façam um relatório que mencionem os salários praticados por gênero, bem como uma sanção endereçada àquelas organizações que não cumpram com a obrigação.
Portanto, tenha esse cenário em mente caso esteja se planejando se mudar para a Itália.
Na Alemanha, a menor disparidade social apresentada no estudo é de 7% (pessoal administrativo) e a maior é, novamente, entre dirigentes, diretores e gestores, com 33%.
Em valores totais, a disparidade é de, em média, 25%.
A Alemanha possui algumas medidas a favor da igualdade de direitos das mulheres, e aquelas que visam diminuir as diferenças salariais no país é uma delas. Aqui, a máxima de “salário igual para um trabalho igual ou de igual valor” foi colocada na prática através de dispositivos de direito à informação, controle de remuneração e relatórios sazonais.
Contudo, longe de apenas exigir salários iguais, há também uma movimentação que visa oferecer boas condições para entrada e permanência nas mulheres no mercado de trabalho.
Por exemplo, a montagem de uma estrutura de apoio às mulheres que são mães; a reserva de certas vagas de gestão às mulheres; e a exigência de um mínimo de mulheres em conselhos de administração de certas empresas. Isso é animador para as mulheres que planejam uma mudança para a Alemanha!
O país, aliás, tem se mostrado disposto a repensar a organização do trabalho em geral. Atualmente, por exemplo, a Alemanha tem testado semana de 4 dias de trabalho sem alteração de salários.
Na França, as trabalhadoras ditas “não qualificadas” têm um salário 6% menor que de seus colegas homens. Já as dirigentes, diretoras e gestoras possuem um salário 35% menor que os homens do mesmo cargo. Em valores totais, a disparidade de salários no país é de, em média, 20%.
Desde 2017, várias leis francesas buscaram construir as condições para que a igualdade salarial e profissional entre homens e mulheres exista. As medidas do país atuam em várias direções, uma complementar a outra – o que dá um sopro de esperança, principalmente se você pretende morar na França.
A primeira delas é permitir os meios de igualdade profissional, através do estabelecimento, por exemplo, de cotas para cargos de direção. Nesse sentido, há também um movimento de acompanhar as empresas para verificar de perto o que está sendo feito.
Medidas visando a promoção das mulheres no mercado de trabalho, por sua vez, visam atingir instâncias dirigentes, empreendedorismo e função pública. Por fim, também há uma preocupação com a segregação profissional, que por sua vez está ligado a percursos escolares diferentes a depender do gênero.
Em abril de 2023, o Conselho adotou novas regras visando combater as diferenças salariais injustificadas entre homens e mulheres que fazem o mesmo trabalho na Europa. Essa nova diretiva inclui também algumas disposições indenizatórias.
Conheça abaixo algumas delas:
Reunir dados reais é o primeiro passo para a mudança. Portanto, no que se refere à transparência remuneratória, as empresas da União Europeia deverão compartilhar informações sobre o montante que pagam às mulheres.
Nesse sentido, elas serão obrigadas a tomar medidas caso a disparidade em função do gênero ultrapasse os 5%.
As novas regras também vão obrigar os empregadores informar seus candidatos a novas vagas sobre a remuneração inicial dos cargos, ou no anúncio de vaga ou antes da entrevista. Da mesma forma, os empregadores passam a ser impedidos a interrogar os candidatos sobre suas antigas remunerações.
Os trabalhadores, por sua vez, poderão solicitar a seus empregadores informações sobre níveis médios de remuneração repartidos por sexo, para pessoas que realizam o mesmo trabalho ou cujo trabalho tem valor igual. Eles também passam a ter acesso aos critérios utilizados para determinar a remuneração e a progressão na carreira.
As empresas que empregarem mais de 250 pessoas deverão comunicar a cada ano a disparidade de remuneração em função de gênero. Tal comunicação deverá ser feita à autoridade nacional competente.
No caso das organizações de menor dimensão, as organizações prestarão contas a cada três anos. Medidas serão tomadas caso seja revelada uma disparidade remuneratória de mais de 5% que não possa ser justificada por critérios neutros e objetivos, do ponto de vista do gênero.
As pessoas que tenham se sentido vítimas de discriminação remuneratória em função do gênero poderão solicitar indenização, incluindo a recuperação de retroativos, prêmios e outros paramentos.
É provável que sim, e queremos acreditar nisso! Isso porque, apesar da desigualdade ser considerável, houve uma ligeira diminuição da disparidade entre 2011 e 2020. Veja o gráfico abaixo:
Ainda que 3,2% seja um valor irrisório, se levarmos em consideração as ações impostas pelo Conselho, bem como as medidas que vem sendo implementadas por alguns países europeus, pode ser que o futuro seja um pouco mais animador nesse sentido.
Seguimos torcendo e lutando!
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