O respeito pela mulher ao redor do mundo é ainda algo preocupante. Em muitas nações as mulheres ainda não podem votar, dirigir e trabalhar. No continente europeu, a realidade é bem diferente e as mulheres na Europa são mais respeitadas do que em muitos outros países. Hoje vamos te contar os países onde as mulheres são mais respeitadas e têm mais igualdade na Europa.
Diferenças salariais entre homens e mulheres existe na Europa
As diferenças salariais entre homens e mulheres na Europa ainda é considerada alta, com uma média de 12,7%, segundo os últimos dados divulgados pelo Eurostat. Mas em muitos países europeus a realidade se mostra ainda pior.
Os dados atualizados do estudo sobre as disparidades salariais entre sexos na Europa revelam que enquanto um homem na Europa recebe 1 euro, uma mulher recebe 0,88 euro.
Melhores países da Europa em igualdade salarial
Os 10 países europeus onde a média salarial entre gêneros é mais similar, de acordo com as estatísticas mais recentes da Eurostat (de 2021), são:
- Luxemburgo: com taxa negativa de -0,2%;
- Romênia: 3,6%;
- Eslovênia: 3,8%;
- Polônia: 4,5%;
- Bélgica e Itália: empatados com5%;
- Espanha: 8,9%;
- Chipre: 9,7%;
- Islândia: 10,4%;
- Malta: 10,5%;
- Croácia: 11,1%.
As estatísticas oficiais mais recentes de disparidade salarial por gênero na União Europeia (UE) são do Eurostat de 2021. Elas provaram que dentre os 10 países com pior igualdade salarial na Europa, estão:
- Estônia: 20,5%;
- Áustria: 18,8%;
- Suíça: 17,7%;
- Alemanha: 17,6%;
- Hungria: 17,3%;
- Eslováquia; 16,6%;
- Finlândia: 16,5%;
- França: 15,4%;
- República Tcheca: 15%;
- Letônia: 14,6%.
A Estônia é o país com mais desigualdade salarial da Europa, com 22,3%, seguida da Áustria, com 18,8%, e a Suíça, com 17,7%. Portugal, o país europeu com o maior número de imigrantes brasileiros, é o 14º país com maior diferença salarial entre homens e mulheres na Europa.
Considerando toda a União Europeia, de pico de maior desigualdade salarial entre os gêneros foi em 2012, quando atingiu a média de 16,4% e desde então, ela vem diminuindo a cada ano, ainda que 12,7% seja um número alto.
A Confederação Europeia de Sindicatos (CES) estimou, em outubro de 2020, que a disparidade salarial entre homens e mulheres na UE não terminará até o ano 2104.
Países europeus onde as mulheres são mais respeitadas
De acordo com o Índice publicado pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Gênero (EIGE) em 2022, os países onde as mulheres são mais respeitadas e têm mais igualdade na Europa são:
- Suécia;
- Dinamarca;
- Holanda;
- Finlândia;
- França;
- Espanha;
- Irlanda;
- Bélgica;
- Luxemburgo;
- Áustria.
São 31 indicadores analisados pelo EIGE, sendo os principais: trabalho, dinheiro, conhecimento, tempo, poder, saúde e violência contra a mulher. O estudo é realizado considerando os 27 países pertencentes a União Europeia. Portanto, o Reino Unido e outros países europeus fora do bloco não entram no ranking.
Dados gerais da pesquisa do EIGE
No indicador de trabalho são avaliados a taxa de empregabilidade das mulheres, tempo de serviço, segregação e qualidade do trabalho. A taxa de emprego entre as mulheres da União Europeia é de 41%, enquanto a de homens é 57%. Nas profissões relacionadas a educação, saúde humana e assistência social, as mulheres representam 30% enquanto os homens apenas 8%.
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Cotar Agora →Na categoria dinheiro, são avaliados os recursos financeiros e a situação econômica das mulheres na Europa. Em termos de ganhos mensais médios, as mulheres recebem 2.321€, enquanto os homens 2.818€. No indicador de risco de pobreza, as mulheres representam 17% enquanto os homens 15%.
Já em conhecimento, as variáveis analisadas são o número de mulheres graduadas do Ensino Superior e a participação da mulher nas universidades. E na academia, o número de mulheres é superior ao dos homens. Na média europeia, 26% das mulheres têm ensino superior, e os homens 25%. Já a quantidade de alunos em áreas de educação, saúde, humanidades e artes, as mulheres representam 43%, enquanto os homens 21%.
No indicador de tempo, são avaliados as atividades de cuidados e atividades sociais. Dentre as pessoas cuidando e educando filhos, idosos, etc, as mulheres representam 37% e os homens 25%. Quando o assunto são os afazeres domésticos, as mulheres representam 78% enquanto os homens 32%. Já os trabalhadores que conseguem praticar atividades fora de casa diariamente ou várias vezes por semana, as mulheres representam a minoria.
No quesito Poder, são avaliados o número da participação de mulheres em ministérios, parlamentos, assembleias regionais, cargos de direção em empresas, entre outros setores. Na parcela de ministérios, 33,4% são mulheres, enquanto os homens ocupam 66,6% dos cargos. Nos parlamentos e assembleias, essa percentagem não muda muito. Em termos de participação nos conselhos de maiores empresas cotadas, conselho fiscal ou administrativo, mais uma vez os números são discrepantes — os homens ocupam 68,4% dos cargos, enquanto as mulheres apenas 31,6%.
Já no indicador de saúde, são apresentados os dados de estado de saúde, comportamento, acesso aos serviços de saúde. Nesse sentido, a expectativa de vida das mulheres da União Europeia é de 83 anos, enquanto a de homens cai para 73 anos. Dentre as pessoas que não fumam e bebem de forma nociva, as mulheres representam a maioria com 73%, enquanto os homens representam 56%.
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Países exemplos no direito de igualdade das mulheres
Agora que já conhece alguns dados importantes sobre as disparidades entre os gêneros na Europa, vamos falar de coisa boa e trazer alguns exemplos de países quem tem trabalhado para melhorar a igualdade entre as mulheres e homens.
Islândia encabeça bom exemplo para as mulheres na Europa
A Islândia, um pequeno país europeu com 360 mil habitantes, proibiu em 2018 as diferenças salariais entre homens e mulheres. Foi o primeiro do mundo a criar uma lei que objetivava erradicar essa disparidade.
Desde que 90% das mulheres do país se uniram em 1975 em uma greve geral por direitos iguais, a Islândia é visto como o país mais feminista do mundo. Em 1980 os islandeses mostraram-se anos à frente quando elegeram democraticamente a primeira mulher chefe de Estado do mundo todo, que governou por 16 anos.
Medidas contra a desigualdade de gênero têm sido bastante implementadas pelo parlamento, que possui ampla participação feminina.
Noruega
A Noruega tem um grande poder feminino. As mulheres exercem os cargos de primeira-ministra, ministra da Economia, ministra das Relações Exteriores e também a de presidente do Parlamento, algo quase inédito no mundo. Além disso, quase 57% dos alunos de doutorado na Noruega são mulheres.
No ranking Women Peace and Security Index 2021/2022 divulgado pela Georgetown Institute for Women, Peace and Security (GIWPS), a Noruega lidera a primeira posição de país mais seguro para mulheres.
Suécia
Os países nórdicos estão entre os melhores países para as mulheres morarem. Em especial a Suécia, que ocupa o 1º lugar no Índice da EIGE de 2022. A igualdade de gênero é uma das melhores do mundo e as mulheres têm acesso à educação, saúde, além de ocuparem cargos públicos de maneira significativa.
Veja como funciona a licença maternidade e paternidade na Suécia.
Dinamarca
O país nórdico é considerado um dos países mais felizes do mundo e, segundo o ranking da GIWPS, é ocupa a 4 posição dentre os mais seguros para mulher. As mulheres são respeitadas e possuem mais igualdade na Dinamarca, além disso, possuem casamentos mais felizes e com mais liberdade.
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Diferenças entre morar na Europa e no Brasil enquanto mulher
Uma coisa que surpreende toda brasileira que vai morar na Europa é a força do estereótipo da mulher do Brasil. Infelizmente a ideia dominante nos países europeus é de que os brasileiros têm uma péssima reputação, o que atrapalha o dia a dia de pessoas inocentes. No Brasil você é uma mulher, na Europa você é uma brasileira. Isso faz toda a diferença.
Ao mesmo tempo em que o próprio Governo Brasileiro incentivou o turismo sexual em diversos momentos da nossa história, o que fortaleceu na mídia foi a hiperssexualização da mulher brasileira. No final da década de 1990, houve um grande número de brasileiras que migraram à Europa para se prostituírem.
O Brasil é, infelizmente, vendido para o resto do mundo como o país do samba, do calor, do carnaval, da caipirinha e das mulheres nuas, o que não contribui em nada para que as mulheres brasileiras sejam respeitadas. Até hoje, a mídia internacional costuma retratar esse estereótipo da mulher brasileira e desvaloriza milhares de mulheres pelo mundo, enquanto perpetua e enraíza o preconceito.
Apoio a mulheres brasileiras na Europa
Embora às vezes sutil, a luta contra o preconceito é diária na vida de toda e qualquer imigrante brasileira. Conforme cresce o número de brasileiros na Europa, surgem mais iniciativas de ajuda à comunidade.
O projeto de apoio às imigrantes Brasileiras Não Se Calam passou a expor, em 2020, relatos de milhares de mulheres brasileiras vítimas de xenofobia e assédio ao redor do mundo, especialmente em Portugal. No mesmo ano foi lançada pela Casa do Brasil de Lisboa a campanha Migra Myths, para combater estereótipos e xenofobia em Portugal.
Por mais difícil que seja a luta contra o estereótipo, as mulheres brasileiras na Europa estão unidas e apenas começando a se impor.
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Nossa experiência enquanto mulher na Europa
Para finalizar este artigo, nada melhor do que trazer os nossos relatos enquanto mulheres na Europa.
Amanda Corrêa
A minha experiência enquanto mulher na Europa tem sido bastante tranquila. Os homens, de maneira geral, respeitam as mulheres nas ruas. As cantadas são raras e, talvez, por eu ser casada e usar aliança, o respeito parece ser ainda maior.
Morando em Portugal há quase 4 anos, fui desrespeitada uma única vez. Eu havia mandado o meu currículo para uma vaga de emprego e o dono do estabelecimento me ligou para marcar a entrevista. Quando percebeu, pelo meu sotaque, que eu era brasileira, disse que amava as brasileiras, que elas eram muito calorosas e que queria marcar um encontro comigo. Eu recusei o convite e disse que não estava interessada na vaga. Essa foi a única vez que um português foi folgado comigo.
Nas ruas, são raras as cantadas e aquelas viradas de cabeça masculinas desrespeitosas. A mentalidade é outra. Posso afirmar que Portugal é um excelente país para criar a minha filha que, com certeza, passará por menos constrangimentos do que eu já passei morando 27 anos no Brasil.
Letícia Melo
Como mulher brasileira na Europa, posso afirmar que tive muita sorte. Pude me rodear de boas pessoas, brasileiras e europeias, desde que me mudei para estudar em Portugal em 2017.
Em todos os países que já visitei na Europa, eu me senti muito segura, especialmente ao andar sozinha nas ruas. É libertador não sentir medo. Claro que, assim como no Brasil, há lugares e pessoas de todo tipo, mas minha experiência no geral é muito positiva.
Muitas vezes é preciso ultrapassar a barreira do estereótipo de brasileira para se relacionar por aqui, até mesmo em sala de aula, mas eu sou a prova viva de que é perfeitamente possível conhecer europeus de mente aberta, receptivos e respeitosos com a nossa cultura.
Ser mulher não é fácil, expatriada ou imigrante muito menos, mas não podemos deixar essas coisas nos impedirem de buscar a felicidade, seja onde for. Afinal, a gente é brasileira, e a brasileira não desiste nunca.
Lívia Tostes
Desde que vim morar no Porto, em Portugal, nunca passei por nenhuma situação que me deixou chateada ou constrangida. Nem na sala de aula e nem caminhando pela rua. Inclusive, desde a minha mudança, aprendi a caminhar pelas ruas a pé e sozinha seja em qualquer hora do dia ou da madrugada.
Perdi a conta de quantas vezes fiz uma caminhada de 30 minutos do centro até a minha casa após a saída do bar ou da balada e muitas vezes com fone de ouvido e completamente dispersa do que estava acontecendo a minha volta. Sei que muitos me julgam ou me chamam de maluca, mas a verdade é que nunca me senti com medo.
Também já conheci uma boa parcela de países europeus, na maioria deles viajando sozinha e dividindo quartos em hostels com homens e mulheres. Nunca passei por nenhuma situação incômoda, sempre me senti muito bem acolhida e segura. A única exceção foi em Lisboa, onde estava com a minha mãe e tia, que ao descer do trem em plena luz do dia voltando de Cascais para ir até a LX Factory, fomos seguidas por três homens bem estranhos. Apertamos o passo e entramos do supermercado. O segurança percebeu o nosso medo e foi até a porta verificar a situação. Só então os homens foram embora.
Contudo, de maneira geral, eu acho que ser mulher na Europa é muito mais fácil do que ser mulher no Brasil quando o assunto é segurança e bem-estar.
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