Com queda na inflação pelo terceiro mês consecutivo, os setores de mantimentos e contas da casa seguem na liderança das áreas mais impactadas.

Ainda que haja sinais de alívio em relação à inflação, por outro lado, a economia irlandesa encolheu 4,6% no primeiro trimestre de 2023, impulsionado pela queda do setor farmacêutico, e passou a atender os critérios de recessão técnica, que é quando ocorre a queda do PIB de um país em dois ou mais trimestres seguidos.

Inflação na Irlanda vem caindo nos últimos meses

O último Consumer Price Index (CPI), Índice de Preços ao Consumidor da Irlanda, divulgado pelo Central Statistics Office (CSO), registrou um aumento de 6,6% entre maio de 2022 e maio de 2023 – abaixo do aumento anual de 7,2% nos últimos 12 meses até abril de 2023.

Esse é o terceiro mês consecutivo que o índice registra queda.

Os setores mais afetados foram habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (+16,4%) e comida e bebidas não-alcoólicas (+12,7%).

A educação (- 6,3%) e o transporte (- 1,7%) foram os únicos setores que mostraram queda em relação a maio de 2022.

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Nos supermercados e contas mensais, a inflação ainda é muito alta

Na liderança dos setores mais afetados pela inflação, foram muitos os fatores que contribuíram para o aumento do custo de vida (preços dos alimentos e das contas mensais) nos últimos dois anos, como a pandemia de Covid-19, as mudanças climáticas e, principalmente, a guerra na Ucrânia, afirma Thia Hennessy, professora de economia da Universidade de Cork.

O aumento de alimentos da cesta básica ainda é alarmante: nos últimos 12 meses até maio de 2023, o pão (+ 12,4%) e o leite (+ 18,9%) foram alguns dos itens básicos que mais foram impactados.

Há sinais de alívio e governo diz que não vai intervir

Por outro lado, há sinais de que a inflação está firmemente em declínio. Enquanto os números mais recentes do CPI mostram a taxa anual caindo para 6,6% em maio, as redes Tesco e Aldi anunciaram redução de preço nos produtos de marca própria.

O Ministro das Finanças, Michael McGrath, respondeu que este poderia ser um “ponto de virada” e que outras redes poderiam seguir o movimento.

Ainda que leve algum tempo para que fique claro o quão significativos são os últimos movimentos, há alguns motivos para ser otimista. Um deles é a queda acentuada nos preços de energia no atacado, com o gás em particular agora sendo negociado bem abaixo dos níveis de 2022, embora ainda um pouco acima dos preços que prevaleceram por muitos anos antes do início dos aumentos.

No entanto, parece que os consumidores vão precisar esperar pela concretização orgânica desses movimentos, já que segundo o vice-primeiro-ministro Micheál Martin:

O governo irlandês não possui planos para qualquer intervenção para reduzir o custo dos mantimentos.

O pronunciamento ocorreu após a Competition and Consumer Protection Commission (CPCC), a Comissão de Concorrência e Proteção ao Consumidor, alertar o governo a não introduzir controle de preços, pois diz não enxergar nenhuma evidência que sugira uma emergência ou falha no mercado de varejo de alimentos ou, até mesmo, que o controle de preços beneficie os consumidores.

Por outro lado, o PIB caiu no último trimestre

A economia irlandesa, medida pelo produto interno bruto (PIB), encolheu 4,6% no primeiro trimestre de 2023 devido a uma grande contração no setor industrial, sobretudo as farmacêuticas, dominado por multinacionais.

A Irlanda está entre os quatro países europeus que reportaram contração econômica trimestral nos primeiros três meses do ano – entre eles, a Holanda, Alemanha e a Grécia.

As previsões iniciais eram de crescimento

O Central Statistics Office (CSO) também revisou para baixo sua estimativa do PIB para o último trimestre para -0,1%, abaixo da estimativa original de 0,3%.

A revisão significa que a economia, medida pelo PIB, já experimentou dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, atendendo à definição de recessão técnica.

Economia do país entrou em recessão técnica

Com o cenário atual, portanto, a Irlanda passa a atender os critérios de recessão técnica.

No entanto, é preciso cautela ao interpretar como se o país já tivesse entrado em recessão. Segundo o economista da Goodbody, Dermot O'Leary:

“O PIB irlandês caiu pelo segundo trimestre consecutivo no primeiro trimestre, mas é preciso cautela ao interpretar isso como se a Irlanda tivesse entrado em recessão. O setor farmacêutico parece ser o principal culpado, mas a produção pode ser volátil.

O economista conclui explicando que os gastos domésticos aceleraram no trimestre, com os gastos do consumidor ainda em crescimento, "apesar dos ventos contrários à inflação.”