Trabalhadores irlandeses se saíram pior do que a média global em 2022, prejuízo para a classe ultrapassa os 5€ bilhões, estima a organização internacional Oxfam. A alta da inflação, afinal, tem prejudicado o poder de compra dos irlandeses. Com isso, a qualidade de vida do país, mundialmente reconhecida, também fica ameaçada.

Perda salarial na Irlanda foi de quase 4%

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Oxfam International no Dia Internacional do Trabalhador, celebrado no dia 1º de maio, trabalhadores na Irlanda tiveram perda salarial de 3,9% em 2022, ficando abaixo da inflação que vem assustando os consumidores irlandeses nos últimos meses.

A organização estima que a perda total para os trabalhadores da Irlanda ultrapassou os 5 bilhões de euros.

Inflação na Irlanda

Os preços têm subido anualmente desde abril de 2021, com inflação anual de 5% ou mais registrada mês a mês desde outubro de 2021.

O último Consumer Price Index (CPI), Índice de Preços ao Consumidor, divulgado pelo centro de estatísticas da Irlanda, o Central Statistics Office, é referente ao mês de março de 2023 e registrou um aumento de 7,7% em relação a março de 2022.

Os setores mais afetados nos últimos doze meses até março de 2023 foram:

  • Habitação, Água, Eletricidade, Gás e outros Combustíveis (+20,8%);
  • Comida e Bebidas Não-Alcoólicas (+13,1%).

Acompanhe no gráfico a seguir a variação do Índice de Preços ao Consumidor (Consumer Price Index) desde janeiro de 2018:

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A perda ficou acima da média mundial

A perda salarial dos trabalhadores irlandeses ficou acima da média global, uma perda de 2,107€ em relação aos salários que acompanham a inflação. Na prática, significam 8,3 dias de trabalho sem pagamento.

A média global da perda salarial foi de 3,19% – cerca de 6 dias de trabalho “de graça”.

Mulheres e meninas têm perda ainda maior

O relatório da Oxfam aponta, ainda, que mulheres e meninas dedicam, todos os meses, ao menos 390 bilhões de horas gratuitas ao trabalho chamado “care work”, definido pelo European Institute for Gender Equality como:

“o trabalho de cuidar das necessidades físicas, psicológicas, emocionais e de desenvolvimento de uma ou mais pessoas.”

As trabalhadoras muitas vezes são forçadas a reduzirem suas horas de trabalho, ou até mesmo abandoná-las completamente, devido ao “care work” não-remunerado.

Elas também continuam a enfrentar discriminação com base em gênero, assédio e menor remuneração pelo mesmo trabalho que outros colegas homens exercem.

Como a perda impacta no custo de vida no país

Como existe uma relação direta entra o salário mínimo e a inflação (ou seja, o salário mínimo precisa ser atualizado para manter o poder de compra da população) com a perda salarial, trabalhadores terão cada vez menos poder de compra, afetando diretamente a qualidade de vida do país como um todo.

O custo de vida na Irlanda é comumente citado como um dos mais atrativos da Europa, no entanto, nos últimos meses, os consumidores irlandeses sentem na pele o aumento no preço de alimentos básicos, como leite e ovo.

Veja os principais serviços e produtos afetados pela inflação nos últimos doze meses até março de 2023:

Produto ou serviço Variação
Eletricidade +62,7%
Gás +85,9%
Açúcar +36,8%
Peixe congelado +26,9%
Leite +24,3%
Manteiga +21,0%
Ovos +20,0%

Em comparação, CEOs tiveram aumento de 9%

Na contramão do movimento, os CEOs mais bem pagos da Índia, Reino Unido, Estados Unidos e África do Sul tiveram um salto salarial de 9% em 2022, também segundo o relatório da Oxfam.

Ainda, acionistas viram pagamentos recordes de US$ 1.56 trilhão em 2022, um aumento real de 10% em relação a 2021.

Segundo Amitabh Behar, diretor-executivo interino da Oxfam International:

“Enquanto chefes corporativos nos dizem que é preciso manter os salários baixos, eles dão a si mesmos e aos acionistas aumentos exorbitantes. A maioria das pessoas está trabalhando mais por menos e não consegue arcar com o custo de vida.”

Taxação dos super-ricos

A Oxfam aponta para uma conversa urgente sobre a tributação do 1% mais rico, a fim de reestabelecer o equilíbrio entre os altos salários dos executivos e os trabalhadores comuns que lutam para sobreviver.