Nos dias 30 de junho e 7 de julho, os franceses foram às urnas para eleger novos membros da Assembleia Nacional. Com isso, conhecemos o resultado das eleições na França e adiantamos que, na contracorrente da Europa, a esquerda saiu vitoriosa.
Para rememorar, a votação às pressas veio após decisão de Emmanuel Macron em dissolver o Parlamento francês no dia 9 de junho de 2024 – decisão tomada após revés sofrido pelo seu partido, Renascimento (Renaissance), no Parlamento Europeu.
Não deixe que a falta desse documento obrigatório estrague os seus planos! Sem ele, você poderá ser barrado na imigração. No Seguros Promo, você garante a tranquilidade de estar coberto em qualquer situação com o melhor preço. Viaje seguro e sem preocupações!
Cotar o meu e viajar seguro →A extrema-direita, representada pelo Reagrupamento Nacional (Rassemblement National) de Marine Le Pen, então favorita a dominar os assentos da Assembleia, não formou maioria após uma movimentação estratégica coordenada pela Nova Frente Popular. Conheça o desfecho das eleições.
Reviravolta no cenário eleitoral
Os analistas políticos europeus davam como certo: a França se uniria ao crescente número de países europeus governados por coalizões de extrema-direita cujos representantes mais proeminentes são a Itália de Giorgia Meloni e a Hungria de Viktor Orbán. Não foi o que aconteceu e a esquerda embolsou o maior número de assentos entre os três principais blocos.
Dos três grupos mais significativos, nenhum bloco (nem de esquerda, nem de centro, tampouco de direita) conseguiu formar maioria absoluta, que na Assembleia é de 289 das 577 cadeiras. A Euronews fala em “vencedores e vencidos”.
Com cada um dos lados com uma fatia do bolo, a margem de manobra da sigla Nova Frente Popular (Nouveau Front Populaire) é substancial, mas seu poder de barganha não está garantido.
Em um movimento tático e bem-sucedido, a aliança coordenada pelo partido NFP convenceu candidatos de esquerda e centro que haviam recebido menos votos a desistirem de suas candidaturas.
Essa estratégia permitiu que os então candidatos fizessem campanha para outros políticos mais bem posicionados, com ideais semelhantes, atraindo votos válidos para concorrentes com chances reais de vitória.
A manobra surtiu efeito e conseguiu frear o crescimento da extrema-direita no primeiro turno. A composição ficou, em linhas gerais, dessa forma:
Partido/Coalizão | Número de assentos |
União de esquerda | 178 |
Juntos (alinhada ao governo de Emmanuel Macron) | 150 |
Reagrupamento Nacional (direita) | 125 |
O que aconteceu no primeiro e na segundo turno?
Foi uma eleição eletrizante em dois turnos (chamados de voltas): dias 30 de junho e 7 de julho.
No primeiro turno, dados compilados pelo Le Monde baseados em informações do Ministério do Interior, a direita dominava as votações com 33,1% dos votos, seguido pela Nova Frente Popular (28%) e pela base macronista (20%). A participação dos eleitores foi de 66,7%.
No segundo turno, a dança das cadeiras colocou a esquerda à frente do Reagrupamento Nacional e do Juntos (Ensemble), e neutralizou todas as chances de Jordan Bardella assumir como primeiro-ministro.
A melhor forma de garantir a moeda europeia é através de um cartão de débito internacional. Recomendamos o Cartão da Wise, ele é multimoeda, tem o melhor câmbio e você pode utilizá-lo para compras e transferências pelo mundo. Não perca dinheiro com taxas, economize com a Wise.
Cotar Agora →A aposta de Macron não saiu como esperada, mas não foi uma catástrofe para seu governo. A participação dos eleitores no segundo turno foi de 59,71% conforme o Ministério do Interior.
O que pode acontecer com o governo francês?
Após as eleições legislativas, o processo consiste no que analistas chamam de formação do governo. Isso inclui a eleição do Presidente da Assembleia e a nomeação de um novo primeiro-ministro.
Em resumo: quem foi eleito conseguirá governar.
O primeiro-ministro Gabriel Attal apresentou sua demissão e Emmanuel Macron na última segunda-feira, 8, liberando as dependências no Hotel Matignon, em Paris.
Macron, porém, solicitou que o político permanecesse no cargo a fim de garantir a estabilidade do país nesse período de transição, reportou a Franceinfo.
A renúncia de Attal jogaria mais uma batata quente nas mãos de Macron às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris que começam em 26 de julho.
Attal permanece em sua residência oficial com a mala meio cheia-meio vazia enquanto o cenário se desenha. Ele segue, portanto, sendo a segunda pessoa mais poderosa da França depois de Macron.
Situação dos imigrantes com o resultado
É difícil afirmar em que grau os imigrantes serão afetados, mas é seguro dizer que com a extrema-direita sem maioria no governo, pontos polêmicos defendidos pelos nacionalistas caem por terra.
As medidas anti-imigração defendidas por Marine Le Pen e propagadas por Jordan Bardella incluíam, caso este fosse alçado ao cargo de primeiro-ministro:
- Fim do direito a filhos de imigrantes nascidos no país à nacionalidade francesa aos 18 anos;
- Deportação facilitada de estrangeiros;
- Fim da regularização de imigrantes sem documentos;
- Restrição do Auxílio médico estatal (AME).
Todas essas mudanças agora estão em suspensão, dado que o Reagrupamento Nacional não formou maioria na assembleia. No entanto, é preciso lembrar que uma lei de imigração foi aprovada no fim de 2023 e que, apesar de dura, é muito mais “branda” do que a proposta (agora enterrada) do RN.
Participação da juventude nas eleições
A juventude francesa teve papel determinante no resultado das eleições legislativas de 2024 com forte mobilização e inclinação à esquerda.
Pesquisa coordenada pela Harris Interactive for Challenges para o primeiro turno e divulgada pelo l’Opinion indica que 41% dos jovens de 18 a 24 anos registraram votos para a Nova Frente Popular (esquerda); 23% para o Reagrupamento Nacional (extrema-direita) e 13% escolheram o campo macronista.
Para ir mais fundo, pesquisa liderada pelo Ipsos e encomendada pelo Le Monde revelou que 49% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não tinham intenção de ir às urnas no primeiro turno. Apesar do número alarmante, recolhida junto a quase 12 mil eleitores dessa faixa etária, as intenções de voto corroboram os dados da pesquisa Harris:
- Do total de entrevistados, 45% afirmaram depositar suas cédulas para candidatos da Nova Frente Popular;
- 31% para candidatos do partido Reagrupamento Nacional;
- 10% declararam votar em candidatos de base macronista.
O que os números mostram é que a direita não está fadada ao fracasso e que a juventude pode vir a eleger políticos nacionalistas num futuro próximo.
Representantes da esquerda têm uma oportunidade para se rejuvenescer, reformular o diálogo e se aproximar da geração mais jovem. Um movimento errado e o próximo pleito pode ser embolsado por figuras do outro extremo.
Participação geral foi significativa
O termômetro de interesse da população pela eleição é medido pelo Ministério do Interior em horários distintos, em especial a participação até as 17 horas.
A taxa de participação global (de todas as faixas etárias aptas a votar) às 17h do segundo turno (7 de julho de 2024) foi de 59,71%, salto de 21,60% em relação ao pleito de 2022, quando o Ministério do Interior computou participação de 38,11%.
Finalmente, a taxa de participação no segundo turno encerrado domingo (7) às 20h foi de 67,10% face a 66,7% no primeiro turno (30 de junho), conforme o Libération.
Macron ainda não se manifestou
A única movimentação pública do presidente em relação ao resultado das eleições foi a respeito da renúncia de Gabriel Attal; Macron solicitou que seu primeiro-ministro permanecesse no cargo até que as negociações avancem.
Reservadamente, Macron espera formar uma coalizão com a Nova Frente Popular para ter alguma paz no seu mandato. Isso passa necessariamente pela nomeação de um primeiro-ministro alinhado às expectativas do presidente.
Um primeiro-ministro indicado pela esquerda seria ruim para Macron, mas muito menos desastroso para seu governo do que o cenário que se desenhava até o primeiro turno, quando Jordan Bardella já estava quase certo de que sua nova casa seria no Hotel Matignon.
Nos próximos dias, declarações serão feitas apenas quando as partes se falarem entre si – o que já está acontecendo nos bastidores.
Enquanto Macron tenta imprimir seu estilo, Jean-Luc Mélenchon, da esquerda, bate o pé para que Attal abandone o cargo e para que o presidente convoque a Nova Frente Popular para governar, informa o La Dépêche.
A Inglaterra também está passando por novas eleições, confira como está a situação no país.