O resultado das eleições na Inglaterra, realizadas no dia 4 de julho, mostra um retorno histórico dos Trabalhistas ao poder após 14 anos, conquistando uma maioria absoluta. Com mais de 400 deputados eleitos, o partido obteve uma vitória que surpreendeu os Conservadores.

Novo primeiro-ministro fala sobre resultado das eleições na Inglaterra
Índice Maioria trabalhista e aumento de deputados Resultado das eleições não surpreendeu? Com a vitória, a política britânica deve mudar Presença de mais mulheres no governo Quem é o novo primeiro-ministro? Eleições foram antecipadas

Agora, o trabalhista Keir Starmer é o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Conheça o que está por trás desse resultado e o que deve acontecer com a política britânica daqui para frente.

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Maioria trabalhista e aumento de deputados

O Partido Trabalhista, de centro-esquerda, teve sucesso eleitoral em todo o país, aumentando significativamente o número de seus deputados. Obteve uma maioria semelhante à alcançada por Tony Blair em 1997. Os votos nas eleições foram distribuídos assim:

Trabalhistas 33,8%
Conservadores 23,7%
Reformistas 14,3%
Liberais Democratas 12,2%
Os Verdes 6,8%
Partido Nacional Escocês 2,5%
Plaid Cymru (País de Gales) 0,7%

O resultado das eleições na Inglaterra foi definido por especialistas como uma mensagem de insatisfação dos eleitores após anos de política conservadora no Reino Unido, marcados por vários escândalos e a renúncia de dois primeiros-ministros: Liz Truss e Boris Johnson.

Nas eleições gerais do Reino Unido, um partido precisa de 326 assentos para formar um governo com maioria absoluta ou formar uma coligação se não atingir esse número. Com mais da metade dos deputados eleitos, Keir Starmer, o novo primeiro-ministro, foi logo encarregado de formar governo pelo Rei Carlos III.

Primeira eleição pós-Brexit na Inglaterra

Foi a primeira eleição geral do Reino Unido desde que o país deixou oficialmente a União Europeia (UE). Não há planos, por enquanto, para reverter o Brexit.

Apesar de ter apoiado a permanência do país na União Europeia, Klein Starmer descartou a ideia de retorno, embora tenha dito que gostaria de melhorar o acordo do Brexit de Boris Johnson.

Resultado das eleições não surpreendeu?

O que veio das urnas não foi inesperado. Antes mesmo de serem divulgados os primeiros resultados eleitorais, as pesquisas de opinião já indicavam uma clara liderança do partido de oposição trabalhista. As previsões iniciais mostravam que o Partido Conservador teria a pior votação de sua história. Isso se confirmou, pois o partido elegeu apenas 121 deputados.

Durante os 14 anos em que estiveram no poder, os Conservadores enfrentaram muitos problemas e desgastes, o que contribuiu para o partido perder apoio popular.

Promessa de acabar com a crise de confiança

No seu primeiro discurso como novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer prometeu que o trabalho para mudar o país começa imediatamente, mas sublinhou que não será uma mudança instantânea.

O novo líder enfatizou que seu governo colocará o país em primeiro lugar, antes do partido, comprometendo-se a governar para todos os britânicos, não apenas para os eleitores trabalhistas.

Primeiro-ministro britânico com sua esposa
Novo primeiro-ministro britânico ao lado da esposa, Victoria, com quem tem dois filhos. Foto: Instagram Keir Starmer

Ele também se comprometeu a unificar a nação e destacou a “perda de confiança” da população no governo nos últimos anos de administração Conservadora.

“Quando a diferença entre os sacrifícios feitos pelo povo e o serviço que eles recebem dos políticos se torna tão grande, isso leva a um cansaço no coração de uma nação, a um esgotamento da esperança, do espírito, da crença em um futuro melhor.”

Keir Starmer destacou a necessidade urgente de escolas e habitações acessíveis, e prometeu reconstruir a infraestrutura de oportunidades do Reino Unido, um passo de cada vez. Starmer definiu como urgentes os setores da saúde, da educação, do ambiente, defesa e administração interna.

O ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, líder do Partido Conservador, admitiu a derrota e parabenizou o adversário pelo resultado das eleições na Inglaterra.

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“Há muito a ser aprendido e refletido. Assumo total responsabilidade pela derrota”, declarou Sunak.

Com o partido virando oposição, pela primeira vez desde 2010, a corrida para encontrar o próximo líder só está começando.

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Com a vitória, a política britânica deve mudar

Com o resultado das eleições na Inglaterra dando vitória aos Trabalhistas, provavelmente haverá aumentos de impostos para financiar maiores gastos, mas também reformas para estimular o investimento e a produtividade, o que pode ter efeitos positivos no potencial econômico do país.

O Goldman Sachs aumentou suas previsões de crescimento para a economia britânica este ano e no próximo. O banco de investimento prevê um aumento nos gastos públicos no Reino Unido, apesar de um perfil governamental muito parecido com o dos governos anteriores.

Situação dos imigrantes na Inglaterra

Keir Starmer anunciou o cancelamento do plano de deportação de imigrantes irregulares do governo anterior. O primeiro-ministro declarou:

“O projeto do Ruanda estava morto e enterrado antes de começar. Nunca funcionou como um elemento desencorajador. Quase o contrário.”

Na campanha eleitoral, a imigração foi um dos temas principais. O líder trabalhista já havia prometido cancelar o plano conservador de enviar imigrantes para Ruanda por meio de aviões fretados, uma medida fortemente criticada por várias organizações de direitos humanos.

No início do ano, o Parlamento britânico aprovou uma lei que permitia essas deportações. O ex-primeiro-ministro Rishi Sunak planejava iniciar as expulsões durante o verão europeu. O resultado das eleições na Inglaterra pode indicar que a maioria da população estava em desacordo com a medida.

Keir Starmer propõe agora usar estratégias semelhantes às da luta contra o terrorismo para combater os traficantes de pessoas e planeja fortalecer a colaboração com a Europa, especialmente com a França. Além disso, prometeu aumentar os recursos para lidar com os pedidos de asilo, considerando que o sistema está sobrecarregado há anos.

Foco na segurança de fronteiras

A nova Ministra do Interior, Yvette Cooper, anunciou planos ambiciosos para reforçar a segurança nas fronteiras do país. Ela destacou a criação de um novo Comando de Segurança Fronteiriça como uma das suas prioridades.

Cooper prometeu dar início às discussões oficiais para estabelecer o novo comando, visando fortalecer as medidas de segurança e controle na entrada de pessoas no Reino Unido.

Em 2024, mais de 13 mil pessoas chegaram ao Reino Unido em pequenas embarcações através do Canal da Mancha, marcando um aumento de 18% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Presença de mais mulheres no governo

Um governo mais feminino: este é um dos principais efeitos do resultado das eleições na Inglaterra. O novo primeiro-ministro britânico formou um governo trabalhista com um número recorde de mulheres. É o maior número de mulheres ministras na história. Além disso, mais de 40% dos deputados trabalhistas na Câmara dos Comuns são mulheres.

Além da nomeação da Ministra do Interior, Yvette Cooper, pela primeira vez, uma mulher será ministra das Finanças do Reino Unido. Rachel Reeves, ex-economista do Banco de Inglaterra, será uma figura-chave no novo governo trabalhista.

Este é o segundo cargo mais importante do governo, após o de primeiro-ministro. Aos 45 anos, Reeves comandará as finanças britânicas e vai se relacionar com instituições financeiras internacionais.

Primeiro-ministro britânico conversa com duas mulheres
Keir Starmer nomeou um governo com mulheres em cargos de muito destaque. Foto: Instagram Keir Starmer

Angela Rayner, de 44 anos, será a Vice-Primeira-Ministra e Ministra da Igualdade Social, Habitação e Comunidades. Vice-líder do partido desde 2020, Rayner fala frequentemente sobre as dificuldades que enfrentou na infância.

Criada em Manchester, cresceu em habitação social, tornou-se mãe aos 16 anos e deixou a escola. Atribui às políticas sociais do ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair a oportunidade de não ter sido “descartada”.

A nova Ministra da Justiça é Shabana Mahmood. Em 2010, tornou-se a primeira mulher muçulmana eleita para a Câmara dos Comuns. Já Yvette Cooper, de 55 anos, é a nova Ministra do Interior, encarregada de questões cruciais como imigração e policiamento.

Por enquanto, o resultado das eleições na Inglaterra trouxe mais representatividade ao governo.

Quem é o novo primeiro-ministro?

Nascido em 1962 em Londres, Keir Starmer começou como advogado especializado em direitos humanos antes de se tornar diretor do Ministério Público de 2008 a 2013. Durante a campanha eleitoral, destacou suas raízes na classe trabalhadora, mencionando que seu pai era fabricante de ferramentas e sua mãe enfermeira.

É vegetariano, amante de futebol, tem um gato e já declarou ser fã de Taylor Swift. Sua família segue a religião anglicana, mas não pratica regularmente.

É casado desde 2007 com Victoria Alexander Starmer. O pai de Victoria emigrou da Polônia para a Inglaterra e é judeu. Victoria se formou em direito e sociologia na Universidade de Cardiff, no País de Gales. O casal tem dois filhos.

Eleições foram antecipadas

Os Conservadores estavam no controle da política britânica desde 2010, com várias mudanças no cargo de primeiro-ministro. Houve cinco primeiros-ministros diferentes desde então.

Rishi Sunak foi o terceiro primeiro-ministro em apenas dois anos e não completou dois anos de mandato. Em maio, ele pegou muita gente de surpresa ao anunciar eleições gerais na Inglaterra para o dia 4 de julho. O prazo máximo para realizá-la era janeiro de 2025.

A decisão marcava a primeira vez que ele enfrentaria os eleitores desde que tinha se tornado líder do governo. Sunak assumiu o cargo após substituir Liz Truss, em um momento crítico para o Partido Conservador e para o Reino Unido.

Trajetória conservadora conturbada

O Partido Conservador vinha enfrentando dificuldades no poder nos últimos anos. Em 2010, David Cameron ganhou as eleições, mas sem maioria parlamentar, teve que formar uma coalizão com os Liberais Democratas. Contra todas as expectativas, manteve a coalizão unida até 2015, quando conseguiu uma maioria que surpreendeu.

No entanto, não durou muito. O referendo do Brexit em 2016 dividiu o partido e tornou a governança quase impossível para seus quatro sucessores, começando por Theresa May.

Renúncias e nova nomeação

May foi substituída por Boris Johnson em 2019, após uma eleição antecipada fracassada e a incapacidade de aprovar o acordo do Brexit. Johnson, envolvido em vários escândalos, incluindo festas ilegais durante a pandemia, foi forçado a renunciar em 2022.

Liz Truss assumiu brevemente, mas sua gestão de 45 dias causou estragos econômicos, fazendo a libra cair para o valor mais baixo da história em relação ao dólar e disparando as taxas de juros e inflação.

Então, o Partido Conservador colocou Rishi Sunak no comando do Reino Unido, na esperança de que ele pudesse criar um ambiente de estabilidade. O que aconteceu, na verdade, foi o inverso, refletindo diretamente no resultado das eleições de julho na Inglaterra.

Economia representa o principal obstáculo

Atualmente, a economia é o maior desafio enfrentado pelo Reino Unido, de acordo com a própria população. Uma pesquisa recente da consultoria YouGov revelou que 52% dos britânicos entrevistados consideram esse o problema mais grave, à frente de questões como saúde pública, segurança ou imigração.

Muitos analistas acreditam que a vantagem dos Trabalhistas nas eleições não se deve tanto à adesão dos eleitores aos projetos do partido, mas sim à insatisfação com o custo de vida.

Críticos argumentam que o Brexit tem contribuído para desacelerar a economia britânica nos últimos anos, ao impor barreiras para empresas britânicas que negociam com a Europa e para empresas estrangeiras que utilizam o Reino Unido como base na Europa.