Muitas cidades europeias têm adotado regras de restrição à de circulação de veículos para diminuir as emissões de gases poluentes e contribuir para combater as alterações climáticas. A mais recente é Estocolmo, que anunciou mudanças no trânsito da região central da cidade.

Acompanhe mais detalhes da nova proibição anunciada pela Suécia e confira como outros países que já adotaram medidas de restrição semelhantes.

Em Estocolmo, foi criada proibição de circulação no centro

A partir de 2025, os veículos movidos a gasolina ou diesel ficarão proibidos de circular no centro de Estocolmo, a capital da Suécia. É a primeira vez que o país adota restrições tão rigorosas.

A proibição valerá em uma área de aproximadamente 20 quarteirões, o equivalente a 180 mil metros quadrados. E já há planos para ampliar a zona de restrição, a partir dos primeiros resultados desta fase inicial.

Regras da medida já são conhecidas

Com as novas regras, que entram oficialmente em vigor no dia 31 de dezembro de 2004, apenas os veículos elétricos ou a gás com baixas emissões poderão circular na zona central. Além da redução da poluição, a proibição também terá impacto positivo nas emissões sonoras na área delimitada.

As exceções ficaram por conta dos veículos pesados de entrega, desde que sejam híbridos, além de viaturas de emergência e dos carros que possuam licença para deficientes.

Mais saúde e mais espaço para bicicletas e pedestres

Um dos fatores que ajudaram na tomada de decisão foi o alto número de mortes ligadas à poluição atmosférica (cerca de 1000 por ano, em Estocolmo) e a intenção de transformar o centro da cidade numa região sem qualquer emissão até 2030.

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Com a retirada dos veículos, 130 vagas de estacionamento serão, num primeiro momento, extintas para dar lugar a espaços para caminhadas e passeios de bicicleta.

Em Lisboa, Zonas de Emissões Reduzidas limitam o trânsito de carros poluentes

As Zonas de Emissões Reduzidas (ZER) de Lisboa foram implementadas em três fases, a partir de meados de 2011. Na primeira delas, ficou determinada a restrição de circulação de veículos em desacordo com as normas de emissão EURO 1 (veículos construídos antes de julho de 1992).

Em 2012, as restrições foram ampliadas, considerando uma área maior e mudanças também no nível de emissões aceitas. Por fim, em 2015 entrou em vigor a terceira etapa das ZER, alterando mais uma vez a área de restrição e o nível de emissões.

Em cada uma das etapas, as ZERs de Lisboa se tornaram mais restritas. Fonte: lisboaparapessoas.pt/

Atualmente, as restrições vigoram nos dias úteis das 7h00 às 21h00, respeitando as seguintes regras:

Zona abrangida Regra
Zona 1 (Eixo Av. Liberdade/Baixa) Circulam apenas veículos do ano 2000 e posteriores, ou seja, que respeitem as normas de emissão EURO 3
Zona 2 (limite a sul da Avenida de Ceuta| Eixo Norte-Sul | Avenida das Forças Armadas | Avenida EUA | Avenida Marechal António Spínola | Avenida Infante Dom Henrique) Circulam apenas circulam veículos de 1996 e posteriores, ou seja, que respeitem as normas de emissão EURO 2

Mais detalhes podem ser consultados na aba de perguntas frequentes do site da cidade.

Em Paris, novas restrições a partir de 2025

Na França, os veículos são classificados de acordo com o nível de emissão e recebem um selo afixado no para-brisa. São 6 classes (Crit’air de 0 a 5) que já limitam o tráfego em determinadas regiões e oferecem alguns benefícios para os veículos menos poluentes.

As limitações de tráfego acontecem bas Zonas de Baixas Emissões (ZFE), áreas definidas e delimitadas por lei de 2019. A restrição ao acesso dos veículos tem sido feita de forma gradual nas ZFE, seguindo cronograma que já foi adiado em algumas localidades.

De acordo com a autoridade de saúde pública da França, 46 mil pessoas morreram por ano no país, entre 2016 e 2019, por doenças impulsionadas pela poluição atmosférica.

Delimitação das zonas e proibição de circulação

Na capital francesa, a ZFE é delimitada pela estrada A86, que circula uma área extensa que vai além do centro da cidade e inclui a maior parte das localidades da Grande Paris, uma região com mais de 5 milhões de habitantes.

Em Paris, a proibição da circulação de veículos não classificados (aqueles em que as emissões são as mais altas) e do Crit’air 5 foi feita em julho de 2019. Em 2021, foi a vez dos Crit’air 4.

O passo seguinte no cronograma – a proibição da circulação dos selos Crit’Air 3 (veículos a gasolina licenciados antes de janeiro de 2006 e motores a diesel licenciados antes de janeiro de 2011) deveria ter acontecido em 2022, mas acabou sendo adiado para 2023 e, mais uma vez, para janeiro de 2025.

Falta de informações adia novas restrições

Um dos principais motivos para o adiamento, que irá restringir o tráfego de mais de 22% da frota de veículos francesa (apenas considerando os veículos com a classificação Crit’air 3) é a falta de definição sobre os valores das multas.

Além disso, os benefícios que poderiam ser dados aos motoristas que queiram trocar de veículos destas categorias por outros menos poluentes também não são conhecidos.

Vale lembrar que os jogos olímpicos da França, em 2024, também tem sido uma boa razão para rever o cronograma de projetos que mexam com a dinâmica da cidade.

França terá outras ZFE

Vale ressaltar que, por enquanto, as ZFE estão delimitadas em 11 metrópoles. Até 31 de dezembro de 2024, estima-se que 43 cidades com mais de 150 mil habitantes devem ter suas Zonas de Baixas Emissões definidas, com detalhes sobre perímetro, veículos, dias e horários das restrições.

Zonas de Baixas Emissões em Madri

A capital espanhola instituiu as ZBE partir de janeiro de 2022. São regiões delimitadas na cidade para restringir, de forma progressiva, o acesso de veículos poluentes. O foco principal são os veículos com a classificação A, a mais alta em emissões de poluentes.

Os veículos com classificação ambiental A emitem, em média, 1,6 vezes mais gases do que um veículo com classificação B, 7,2 vezes mais que um veículo com classificação C e 47 vezes mais que um veículo com classificação ambiental ECO.

Na área delimitada, que inclui o centro expandido e alguns bairros vizinhos, os veículos com classificação A só podem circular se forem domiciliados em Madri e com registro fiscal (IVTM) da câmara municipal de Madri.

Na capital espanhola, as Zona de Bajas Emisiones são identificadas pelas placas. Fonte: madrid.es/

A restrição começou com permissões em determinadas ruas e passará a ser mais rigorosa a partir de janeiro de 2024, quando o acesso e a circulação será proibido em todas as vias públicas e urbanas do município de Madri.

Para esclarecer dúvidas sobre as ZBE e as regras de circulação, a prefeitura de Madri disponibilizou uma seção de perguntas e respostas no site oficial.

Em Oslo, quem polui e circula em horário de pico, paga mais

A capital da Noruega possui uma série de restrições para os veículos que poluem mais. Desde o valor do pedágio mais alto até a proibição de circulação em algumas situações de poluição mais extrema. O custo dos pedágios de acesso à cidade pode variar de acordo com o nível de emissões e o horário do dia (é mais caro nos horários de pico).

De um lado, os veículos movidos a diesel são os que pagam as maiores tarifas, enquanto os carros movidos a hidrogênio têm as passagens gratuitas. Veículos elétricos, híbridos ou a gasolina, pagam valores decrescentes entre esses dois extremos.

Além de pagar mais caro, o motorista do veículo a diesel pode ser proibido de trafegar em certas vias da cidade, caso a poluição atmosférica atinja determinados níveis.

Nesses casos, os motoristas recebem uma notificação com 24 horas de antecedência, por meio das redes sociais do portal governo municipal de Oslo ou diretamente no seu celular. As placas de sinalização ao longo das estradas também indicam a restrição temporária para os veículos a diesel nos dias de poluição alta.

Proibição da venda de carros a diesel e gasolina a partir de 2035 enfrenta obstáculos

No início do ano, o Parlamento Europeu votou a favor da aprovação de uma lei que proíbe a venda de carros a gasolina e diesel na Europa a partir de 2035. A proposta da lei é que os fabricantes reduzam a zero as emissões de carbono dos veículos novos a partir desta data, o que significa o fim da venda dos veículos convencionais movidos a combustíveis fósseis.

A decisão foi celebrada e aprovada por muitos países. No entanto, vem enfrentando alguma resistência por alguns outros. A Alemanha anunciou recentemente que já estabeleceu um acordo com a Comissão Europeia para que a venda dos motores a combustão possa continuar após 2035, desde que usem combustíveis sintéticos neutros em carbono.

O grupo liderado pela Alemanha também contou com o apoio da Itália, Polônia, Bulgária e República Tcheca, países que buscam flexibilizar a lei em função do grande impacto que a medida trará para toda a cadeia da indústria automobilística.

Principais argumentos contra a proibição

Representantes destes países chegaram a afirmar que a nova lei seria um “suicídio” econômico para a União Europeia e beneficiaria a indústria chinesa.

Outros argumentam que os carros elétricos deixaram de ser vantajosos devido ao aumento do custo da energia, além de apontarem que as baterias (o coração dos carros elétricos) são produzidas fora da UE.

Metas intermediárias antes de 2035

De acordo com a proposta aprovada, há objetivos intermediários antes de 2035: a meta é reduzir as emissões dos carros em 55% até 2030 (no caso dos veículos utilitários, a meta é de 50%) tendo como referência os valores de 2021.

Um vídeo divulgado pelo órgão também ajudar a entender, de forma didática, o que foi definido pela nova legislação.

Para mais detalhes, o documento divulgado pelo Parlamento Europeu também ajuda a esclarecer alguns dos principais pontos da nova legislação em discussão.

Um ponto importante é que os carros atuais movidos a diesel ou gasolina não ficarão proibidos de circular a partir de 2035. Apenas os novos modelos devem ser “carbono zero” a partir de 2035.

Mas, considerando que não serão mais vendidos carros poluentes de 2035 em diante, a expectativa das autoridades é que até 2050 não haja mais emissões que poluem o ar.