O macarrão é uma das bases da gastronomia italiana. Porém, em 2023, o aumento do preço do macarrão chegou a quase 18% em poucos meses, gerando preocupação até mesmo entre as autoridades da Itália. Será o início de uma nova crise no país? Entenda mais sobre a situação.
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Preço do macarrão na Itália subiu 18%
O preço do macarrão, alimento base da gastronomia italiana, sofreu um aumento de quase 18% em apenas um ano, superando em duas vezes a taxa de inflação atual, que está em 8,3%.
Esse aumento significativo está preocupando os consumidores italianos, que estão enfrentando um aumento substancial nos custos desse produto essencial em sua alimentação diária. Atualmente, o preço médio do pacote de macarrão (1kg) na Itália é de 2,13€, o que equivale à R$ 11,40 (considerando 1€ = R$ 5,35 em maio de 2023).
De acordo com uma análise da Assoutenti, organização de defesa dos consumidores italianos, publicada em abril de 2023, o preço médio de uma caixa de 1kg de macarrão da marca Barilla, uma das mais consumidas em todo o país, subiu de 1,70€ para 2,13€ em 2023, um aumento de mais de 25%. Além disso, a mesma pesquisa revela que, em 2023, somente 15% das cidades italianas mantiveram o preço médio do macarrão abaixo dos 2€/kg.
As estatísticas são ainda mais assustadoras quando se verifica o aumento do preço do alimento em um período maior: em cinco anos, o preço do macarrão subiu 36,6%.
O preço varia muito entre as regiões
Apesar de o preço do macarrão ter aumentado expressivamente em todo o país, o aumento não afetou todas as regiões italianas da mesma forma
De acordo com dados publicados pela Assoutenti em 2023, a cidade de Ancona foi a que mais sofreu com o aumento e possui o macarrão mais caro da Itália: 2,44€/kg. Cosenza, na região da Calábria, foi a menos impactada pelo aumento. Na cidade, o quilo do macarrão custa, em média, 1,48€.
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Cotar Agora →A cidade de Siena, na região da Toscana, registrou o maior aumento percentual do preço massas: a média do quilo era 1,37€ em 2022 e passou para 2,17€ em 2023, um aumento de 58,4%.
Ainda segundo o mesmo relatório, os aumentos afetaram o país de forma diferente e foi registrada uma diferença percentual de 64% nos preços de norte a sul. Veja como o aumento afetou algumas das principais cidades italianas segundo a pesquisa da Assoutenti:
| Cidade | Preço de 1kg de macarrão em 2022 | Preço de 1kg de macarrão em 2023 | Aumento em % |
| Bologna | 1,69€ | 2,39€ | 41,4% |
| Roma | 1,88€ | 2,30€ | 22,3% |
| Brescia | 1,78€ | 2,24€ | 25,8% |
| Torino | 1,81€ | 2,29€ | 26,5% |
| Milano | 1,70€ | 2,15€ | 26,5% |
| Napoli | 1,71€ | 1,88€ | 9,9% |
Como pode-se observar, apesar o aumento médio ter sido de 18% no país, algumas cidades sofreram com aumentos ainda mais expressivos, como Bolonha.
Governo quer esclarecer os motivos do aumento de preço
Em face do aumento expressivo do preço da massa na Itália, um dos principais alimentos do país, o governo italiano está tentando entender a situação e discutir possíveis soluções para o problema.
Diante dos dados sobre o aumento divulgados pelo ISTAT (Istituto Nazionale di Statistica), Adolfo Urso, ministro de Empresas e Made in Italy (Mimit), convocou uma reunião de emergência no dia 11 de maio no Palazzo Piacentini, Roma. Essa Commissione di allerta rapida (Comissão de alerta rápido) foi criada por Urso para discutir e monitorar o aumento no preço do macarrão na Itália.
Participaram da reunião membros da Agência Aduaneira e dos Monopólios, da Receita Federal, das associações das empresas agropecuárias, das indústrias de moagem e produção, das cooperativas e da distribuição e do comércio para avaliar os mecanismos de formação dos preços das massas. O objetivo é definir as expectativas para os próximos meses e buscar a redução dos custos dos componentes de produção do macarrão.
Após a reunião, Benedetto Mineo, Garantidor de Vigilância de Preços italiano, comunicou à imprensa que:
“uma queda significativa no custo das massas é esperada em breve” e que as autoridades estão monitorando os preços “para proteger os consumidores”.
De acordo com Mineo, o controle do valor do produto será possível porque a dinâmica dos preços das matérias-primas (trigo duro e sêmola) e energia estão em níveis enfrentando uma queda significativa.
Segundo Furio Truzzi, presidente da Assoutenti, o governo está agindo da maneira correta para controlar os aumentos que não são justificáveis apenas pelos valor do trigo em 2023, que diminuiu 30% desde 2022.
Dessa forma, pode-se esperar que as autoridades italianas irão interferir nos preços do macarrão para controlar o aumento de 18%, situação semelhante ao que havia sido feito em 2022 durante o governo de Mario Draghi para controlar o preço da gasolina.
Por que o preço do macarrão aumentou?
Os italianos buscam explicações para o aumento de 18% no alimento favorito de suas famílias. Os distribuidores e os agricultores não podem ser culpados pelos aumentos nos preços, uma vez que os lucros com a distribuição permaneceram os mesmos e o preço do trigo diminuiu.
Assim, qual seria o motivo do aumento expressivo no preço das massas?
Na Itália, associações de consumidores acusam as marcas de serem as responsáveis pelo aumento do preço do macarrão. Os fabricantes, por sua vez, afirmam que o aumento aconteceu devido a uma a alta dos valores da energia elétrica e a inflação da economia italiana em 2023.
Após a reunião convocada pelo ministro Adolfo Urso, as principais marcas de massas do país precisarão provar que não aproveitaram os efeitos da Guerra entre a Rússia e a Ucrânia na Europa para aumentar os preços propositalmente e gerar mais lucros.
Como o aumento do preço do macarrão impacta no dia a dia dos italianos
O macarrão é um dos alimentos mais consumidos pelos italianos, sendo parte fundamental da gastronomia da Itália. No país, um italiano consome, em média, 23 quilos de pasta por ano.
Mas, além disso, ele é também parte da cultura italiana e a reação do governo diante dos aumentos ilustra o valor simbólico, emocional e cultural que a massa tem para os italianos, como afirma Fabio Parasecoli, professor universitário, para o Washington Post.
Porém, desde o início da Guerra na Ucrânia, algumas das matérias-primas necessárias para a produção das massas sofreram grandes aumentos, influenciando de forma decisiva o valor do produto nas prateleiras dos supermercados.
Outros alimentos também aumentaram de preço
Apesar de o macarrão ter sofrido um aumento de mais que o dobro da inflação de preços ao consumidor, outros alimentos italianos também sofreram aumentos expressivos, preocupando as famílias.
Em fevereiro de 2023, os alimentos italianos registraram um aumento médio de 12,9%. O preço das cebolas aumentou mais de 40,3% devido às limitadas quantidades disponíveis e ao atraso na chegada de produtos estrangeiros aos mercados. As batatas sofreram um aumento de 14,7% por motivos semelhantes, bem como os aspargos (+56,1%).
As carnes também registraram aumentos, principalmente nos cortes suínos (+5,1%) e aviários (+3,8%). O preço do salmão também aumentou 14,4% em 2023.
De uma forma geral, os setores menos afetados foram aqueles de laticínios, de cereais e óleos e de vegetais.
O aumento do preço do macarrão revela uma nova crise na Itália?
Apesar do aumento significativo do preço do macarrão, os principais indicadores econômicos do país mostram que, seguindo uma tendência mundial, a recessão está distante da economia da Itália.
Além disso, os comunicados realizados depois da reunião convocada por Urso mostram que o governo italiano de Giorgia Meloni está disposto a agir de forma rápida e eficiente para controlar os preços das massas na Itália.
