Mais uma polêmica causada pelo coronavírus: a Espanha enfrenta uma segunda onda de Covid-19? E, mais uma vez, a resposta categórica sobre o vírus não é tão simples quanto a população gostaria de ouvir, dado o pouco conhecimento sobre a doença coletado até aqui e o tempo que a ciência precisa para fazer afirmações.
A dúvida persiste: Espanha enfrenta uma segunda onda de Covid-19?
O que acontece agora na Espanha poderia ser chamado de “segunda onda de contaminações, sem segunda onda de mortes” ou de “segunda onda menos mortal”.
O fato é que, sim, se você analisar o gráfico dos casos de coronavírus do país (abaixo) e observar o desenho que fazem do início do ano até setembro, verá dois grandes picos. Verá, inclusive, que as contaminações de agora já estão ultrapassando as do começo da pandemia.
Por outro lado, se você observar o gráfico das mortes (abaixo), feito com base nos mesmo dados do Centro de Coordinación de Alertas y Emergencias Sanitarias do Ministério da Saúde espanhol, verá que não há um novo pico.
Fatores que explicam a nova realidade
Este novo desenho da pandemia acontece não só na Espanha, mas em outros países da Europa, como França e Reino Unido. E, de acordo com os cientistas, são alguns fatores que podem explicar o que vem acontecendo de diferente.
- Em primeiro lugar, no início da pandemia não eram realizados tantos testes quanto agora, o que pode explicar a alta atual;
- Em segundo lugar, médicos e hospitais estão mais preparados para lidar com a doença, depois dos aprendizados colhidos até aqui;
- Em terceiro, há uma aposta que, com a flexibilização das medidas de isolamento social e a reabertura das fronteiras, o que vem acontecendo é a contaminação dos mais jovens, para os quais o vírus é menos fatal;
- Há ainda a hipótese de que, nos locais onde o estrago causado pelo vírus já foi brutal, caso da Espanha, exista uma imunidade maior da população. Esta tese é corroborada pelo fato de que os países da Ásia, que já vivenciaram outras epidemias de vírus do tipo corona, terem uma taxa de contaminação menor.
No entanto, vale reforçar, estas não são afirmações categóricas, mas, sim, uma série de evidências que vêm sendo coletadas e ainda demandam muita confirmação científica.
Como afirmou Richard Peabody, epidemiologista que lidera a equipe de patógenos de alto risco da Organização Mundial da Saúde na Europa, “nada sugere uma mudança global na gravidade do risco”. E se parar a pressão sobre a Covid, ela vai voltar. Ou seja, os cuidados de distanciamento, higiene e o uso das máscaras devem seguir fortemente.
Qual a realidade da Covid na Espanha hoje?
De acordo com os dados do Ministério da Saúde divulgados em 9 de setembro, a Espanha tem 543.379 casos confirmados do início da pandemia até aqui. Os casos confirmados nas últimas 24 horas são 4.410.
Na soma dos últimos 14 dias, são 109.746 casos. E a incidência acumulada de casos diagnosticados por 100 mil habitantes é de 233,37. Nos últimos sete dias, são 50.952 casos, sendo a incidência acumulada de 108.35 casos por 100 mil habitantes.
Em abril, quando houve o primeiro pico de contaminação, a média de novos positivos na semana chegou próximo de 55 mil. As mortes por Covid-19 somam 29.628 desde o início da pandemia, sendo 246 nos últimos sete dias.
Os casos que precisaram de hospitalização são 138.410 no total, sendo 2.060 nos últimos sete dias. Os que foram para a UTI, 12.660, sendo 171 na última semana.
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Localidades mais atingidas
Madri segue como a localidade que acumula mais mortes (8.782 no total, sendo 80 nos últimos sete dias).
Na sequência vem a região da Catalunha, com 5.773 mortes, sendo quatro na última semana. Castilla, Andaluzia e Valência vêm atrás no ranking.
Atualmente, os pacientes de Covid-19 respondem por 7,3% da capacidade dos hospitais, o que não é nada crítico. Em Madri, onde há mais casos, a ocupação é de 17% da capacidade dos hospitais.
Situação da Espanha em comparação com o restante da Europa
Espanha enfrenta uma segunda onda de Covid-19?
Bom, a Espanha ocupa a segunda colocação em casos confirmados de Covid-19 na Europa. Ela fica atrás da Rússia (que acumula 1,035 milhão) e à frente do Reino Unido, com 352.560 casos.
A França é a quarta colocada, com 335.524 casos. Turquia vem em quinto, com 281.509; seguida da Itália, com 280.153 casos. Portugal vem bem abaixo, em 15º, com 60.895 casos.
Já na comparação por mortes causadas pelo vírus, o Reino Unido é o primeiro, somando 41.586 vítimas fatais. Itália tem 35.563. A França fica em terceiro, com 30.764 mortes. A Espanha fica em quarto lugar, com 29.628. Portugal soma 1.846 mortes.
Comparação com o restante do mundo
Fora da Europa, os Estados Unidos são o país com mais casos: 6,287 milhão. Seguido por Índia (4,280 milhão) e Brasil (4,137 milhão). Em número de mortes, no entanto, a sequência é EUA (188.688), Brasil (126.650) e Índia (72.775).
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