O Conselho Europeu se reuniu virtualmente no último dia 17 de outubro para debater pontos importantes relacionados com o conflito no Oriente Médio. Todos os 27 dirigentes europeus participaram do encontro extraordinário, no qual se discutiu de que forma a Europa deve se posicionar e se mobilizar.

Próximos passos europeus decididos em reunião

Durante a reunião virtual do dia 17, ficou decidido que os Ministros dos Negócios Estrangeiros e os embaixadores dos Estados-membros devem continuar a trabalhar para garantir que haverá um acompanhamento constante do conflito, com troca de informações e de avaliações.

“Será necessária a máxima coordenação para garantir que estejamos extremamente unidos neste importante tema”, indica o presidente do Conselho, o belga Charles Michel.

Prioridade na assistência humanitária e evacuação de civis

Em relação às ações mais imediatas, acordou-se que a posição da União Europeia (de forma coordenada com as Nações Unidas) é permitir a assistência humanitária às pessoas necessitadas e garantir que tenham acesso à água, à eletricidade, aos alimentos e aos medicamentos de que necessitam.

O grupo também se posicionou sobre os reféns, declarando apoiar os esforços de alguns líderes da região que procuram mediar para esclarecer a situação dos reféns, a sua localização e as condições da sua detenção. Foi reiterado o apelo à imediata e incondicional libertação de todos.

Outro ponto discutido foi a evacuação dos civis estrangeiros em Gaza. Existem cidadãos europeus, mas também pessoas de outras regiões.

“Estamos cooperando com outros países do neste importante campo. Precisamos de nos manter firmes para garantir que os civis sejam protegidos em todo o lado.”, afirmou Charles Michel.

Maior envolvimento político e diplomático

O grupo reforçou que é importante que a União Europeia tenha um mais envolvimento ao nível político e diplomático não apenas com Israel, mas também com outros parceiros da região.

Tal indicação leva em conta objetivo delicado: evitar que o conflito ganhe escala regional, o que seria um risco muito grande para a Europa. Lembrando que a região já vive o conflito entre Rússia e Ucrânia, os líderes europeus manifestaram a relevância de contarem com uma boa e constante análise do que poderá acontecer em países como Líbano, Jordânia e Egito, por exemplo.

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Riscos internos da União Europeia

A segurança interna da Europa foi debatida na reunião, considerando a polarização e fragmentação geradas em todo o mundo pelo conflito.

O Conflito no Oriente Médio envolve Israel e o Hamas
O primeiro ataque aconteceu no dia 7 de outubro. Desde então, muitos civis já morreram ou tiveram que deixar suas casas às pressas.

O grupo reconheceu que há um trabalho importante a ser feito para dissipar as tensões, prevenir riscos de segurança e também reforçar a cooperação entre os serviços de segurança dos países da União Europeia.

“Temos que combater o discurso de ódio, o antissemitismo e todas as outras formas de ódio e preconceito, como a islamofobia e o racismo, ou seja, todos os discursos que procuram alimentar a discriminação entre os nossos cidadãos.”

Movimentos migratórios no radar do Conselho Europeu

O tema das migrações apareceu com destaque na reunião extraordinária do Conselho Europeu. Um dos exemplos citados foi o do Egito, que tem milhares de refugiados. “A situação pode ter um impacto muito difícil no país e também pode ter consequências diretas para a Europa”, aponta o comunicado distribuído logo após o encontro.

“Por isso é tão importante colaborar com o Egito em matéria de migração, para facilitar o possível acesso humanitário a Gaza”.

Os líderes europeus afirmaram ter noção de que o Egito (por meio de contatos políticos e diplomáticos) já se manifestou contrário à abertura de suas fronteiras com Gaza. Por outro lado, entendem que o apoio da União Europeia ao país pode facilitar uma flexibilização das decisões egípcias.

Sobre este assunto, o presidente do Conselho Europeu finalizou:

“Num momento como este, o dever da nossa geração política, enquanto europeus, é não perder de vista a essência deste projeto político. A união pelos valores, a união pela paz, pela segurança, pela prosperidade, e o nosso dever é olhar com lucidez para o mapa mundial. Devemos permanecer fiéis aos nossos valores, baseados nos princípios da humanidade, nos princípios da dignidade pessoal e no princípio do respeito pelos direitos humanos”.

Banco Mundial, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional cautelosos nas análises do conflito

Na semana de 9 a 15 de outubro, o Marrocos sediou a reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O tema do conflito, que não fazia parte da agenda programada dos líderes globais das duas instituições, acabou exigindo um posicionamento das lideranças, mesmo que ainda prematuro.

Em entrevista para a Bloomberg TV, a diretora-geral do FMI se limitou a afirmar que era fundamental que o conflito acabasse quanto antes para evitar danos crescentes ao mercado.

“O preço do petróleo tem subido e caído nesses últimos dias, mas sem apresentar ainda um grande pico. Mas os mercados estão extremamente nervosos”, afirmou Kristalina Georgieva.

Para o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, em entrevista para a agência Reuters, “o conflito Israel-Gaza é um choque econômico global desnecessário, que tornará mais difícil para os bancos centrais conseguirem aterrissagens suaves em muitas economias se ele se espalhar”. Segundo ele:

“(…) a inflação vinha descendo nos últimos meses, os preços e os salários estabilizaram-se e os mercados habituaram-se à ideia de que as taxas permaneceriam mais altas por mais tempo, mas outro conflito prolongado poderá perturbar essa dinâmica”.

As reuniões no Marrocos também contaram com a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, que reforçou o quão complicado é o conjunto de circunstâncias destes ventos contrários, se referindo ao conflito no Oriente Médio e seu impacto inicial nos mercados e planos dos bancos centrais. “Há todas essas ‘bolas’ no ar, e não temos certeza de onde elas vão pousar.”

Líderes europeus querem coerência no posicionamento

Na videoconferência, o presidente do Conselho disse que todas as ações devem se pautar por dois princípios básicos: unidade e coerência. Nas palavras de Charles Michel:

“Unidade porque somos uma união de valores, como demonstramos no contexto da guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia, e coerência porque é sempre, em todo o lado, em todos os momentos, que precisamos nos levantar para defender a paz, o direito internacional e o direito humanitário, em todos os lugares, por todos e em todos os momentos”.

Ele complementou dizendo que este é o Estado de direito que faz sentido existir no cenário nacional, europeu e internacional.

Durante os debates, foi feito um minuto de silêncio por todas as vítimas em Israel e na Palestina, além daquelas em recentes ataques ocorridos na França e na Bélgica.

Paz duradoura e coexistência de dois estados

Dois dias antes desta reunião, o Conselho Europeu já havia divulgado um comunicado oficial, com a posição acordada por todos os membros. O texto reforça a importância de garantir que todos os civis sejam protegidos neste conflito, conforme as previsões do direito internacional humanitário.

“A União Europeia condena com a maior veemência possível o Hamas e os seus ataques terroristas brutais e indiscriminados em Israel, e lamenta profundamente a perda de vidas humanas. Não há justificação para o terror. Sublinhamos firmemente o direito de Israel de se defender, em conformidade com o direito humanitário e o direito internacional, perante estes ataques violentos e indiscriminados.

Ainda no comunicado, o Conselho garantiu seu empenho em contribuir para “paz duradoura e sustentável” que permita a existência dos dois Estados envolvidos.

“Sublinhamos a necessidade de dialogar amplamente com as autoridades palestinas legítimas, bem como com os parceiros regionais e internacionais que possam desempenhar um papel positivo na prevenção de uma nova escalada”, reforça o comunicado.

Continue acompanhando o Euro Dicas para entender o posicionamento da União Europeia no conflito do Oriente Médio e as consequências que este terá nos países europeus.