Prestes a completar dois anos, a invasão russa à Ucrânia e os conflitos pelo território do país se tornaram parte da paisagem internacional. Após o estarrecimento gerado pelas primeiras imagens da invasão, principalmente pelas cenas chocantes de bombardeios a zonas residenciais, atualmente o confronto captura menos atenção internacional e provoca reações mais apáticas.
Posição dos líderes dos países
Hoje, de um lado, o líder ucraniano Volodymyr Zelensky segue com relativa simpatia por parte da comunidade internacional, mas trabalha contra o tempo, visando à recuperação do engajamento dos aliados por sua causa e tentando desfazer a imagem de exaustão de sua resistência.
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Cotar o meu e viajar seguro →Do outro, o presidente russo Vladimir Putin enfrenta o desgaste junto aos líderes do “Ocidente”, mas se beneficia com o prolongamento do conflito, mesmo após revezes importantes no campo de batalha, como o pouco esclarecido rompimento com o Grupo Wagner.
Números da guerra até o momento
De acordo com dados do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humano (ACNUDH), até setembro de 2023 a Guerra da Ucrânia já tirou a vida de 9.614 civis – quase 1 mil a mais do que o número divulgado em março deste ano. Do total de vítimas fatais, 554 são crianças. O cálculo de civis feridos no conflito já chega à soma de 17.535.
E o número pode ser ainda maior. Segundo a ACNUDH, os dados excluem mortos e feridos nos conflitos abrangendo as regiões da Crimeia e Sebastopol devido à falta de informações que possam ser confirmadas.
Falta de perspectivas dos dois lados
Um ano e nove meses se passaram desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. São quase 10 mil civis mortos desde o início da invasão russa sobre território ucraniano e nenhuma certeza sobre o fim dessa tentativa de ocupação – iniciada em fevereiro de 2022.
Até o momento, as linhas de frente tanto da Rússia quanto da Ucrânia estão estáveis, o que significa um longo período sem progressos significativos de ambos os países, seja de conquista ou reconquista de território.
Com as linhas de frente relativamente estáticas, a Rússia ocupa hoje quase um quinto da Ucrânia. Já o país invadido, que anunciou uma contraofensiva ainda no verão, até agora não conseguiu ganhar o impulso necessário para reconquistar áreas ocupadas.
Civis tentam retomar a rotina
No meio disso tudo, populações de cidades atacadas, como a capital Kiev, têm retomado a vida cotidiana como podem, em meio a lembranças diárias de que habitam um país em guerra.
E, diante da complexidade das novas lógicas bélicas em um mundo já multipolar, especialistas em política internacional têm relutado em traçar qualquer cenário provável para encerramento das hostilidades.
Ucrânia sente enfraquecimento do apoio internacional
Com novas crises humanitárias tomando as atenções da comunidade internacional, no conflito entre Israel e as forças do Hamas, especialistas falam em período de impasse e de desgaste ucraniano, com seus aliados europeus e norte-americanos voltando suas estratégias para a Faixa de Gaza.
Nesse contexto, um prolongamento da disputa no leste europeu beneficia apenas a Rússia – que possui maior poderio bélico, maior contingente e, com isso, maior capacidade de se manter na frente de guerra. Enquanto do outro lado, a Ucrânia vê enfraquecer o engajamento de seus patrocinadores.
Apoio do G7
Após declarações de Zelensky sobre o enfraquecimento do apoio internacional, o G7 reafirmou apoio a Kiev.
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Cotar Agora →Reunidos em Tóquio, os chefes diplomáticos do grupo dos sete países mais industrializados do mundo (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e Reino Unido) prometeram que o grupo vai manter o apoio à Ucrânia mesmo na atual situação internacional – numa referência ao conflito entre Israel e o Hamas.
Garantias para reconstrução do país
Para a futura reconstrução do país, arrasado por bombardeios das forças russas, a Ucrânia já tem garantido investimentos da União Europeia (EU). Em junho deste ano, a Comissão Europeia, braço executivo EU, propôs a criação de um fundo de apoio à Ucrânia de 50 bilhões de euros para o período de 2024 a 2027.
Esse fundo tem como objetivo manter a estabilidade macrofinanceira, promover a recuperação, reconstrução e modernização do país. No horizonte desse plano de ajuda está ainda a implementação de reformas fundamentais para a adesão da Ucrânia ao Bloco Econômico Europeu, que está em tratativas adiantadas.
Ucrânia receberá diversos outros apoios
Durante a Conferência de 2023 sobre a Recuperação da Ucrânia, realizada em Londres, também foram assinados acordos que somam aproximadamente 800 milhões de euros para a recuperação do país.
O compromisso foi feito pela Comissão Europeia, o Banco Europeu de Investimento (BEI), o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) e a Sociedade Financeira Internacional (IFC).
Tais acordos são apoiados pelo European Fund for Sustainable Development Plus e reforçam o compromisso internacional de mobilizar o setor privado para a recuperação e reconstrução da Ucrânia.
Em 2022, a presidente do bloco, Ursula von der Leyen, já havia anunciado um investimento de 100 milhões de euros para a reabilitação de escolas danificadas e mais 14 milhões para compra de ônibus escolares. Outros 30 milhões de euros também foram garantidos pela comunidade europeia para o fortalecimento da estrutura cibernética e para a transformação digital da Ucrânia.
Se somados à verba destinada à defesa da Ucrânia, que está na casa dos 25 bilhões de euros, os recursos financeiros já disponibilizados pela União Europeia passam de 80 bilhões.
Adesão da Ucrânia à União Europeia
A Comissão Europeia também recomendou recentemente a abertura das negociações de adesão da Ucrânia ao bloco europeu. O anúncio foi feito dia 08 de novembro de 2023 pela presidente Ursula von der Leyen.
Durante essa negociação, deverão ser avaliados critérios como governança, economia, justiça e capacidade da Ucrânia de se adaptar aos padrões do bloco. A recomendação será colocada para votação dos líderes dos países-membros do bloco em dezembro de 2023, em Bruxelas.
Desde junho de 2022, a Ucrânia detém status de candidata a membro da comunidade europeia. O pedido formal de adesão do país ocorreu cinco dias após o país ser invadido pela Rússia.
Refugiados buscam abrigo principalmente na Europa
Pelas estatísticas do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, já são 6,2 milhões de refugiados ucranianos desde a invasão do país. A maior parte deles (94%) buscou asilo em território europeu, especialmente na vizinha Polônia, país que mais recebeu ucranianos até o momento.
Até outubro deste ano, a Agência da ONU contabilizava 958.928 refugiados registrados em solo polonês, mas os pedidos por asilo no país superaram a marca de 1,6 milhão. O segundo país que mais recebeu ucranianos é a República Tcheca, cerca de 360 mil pessoas.
Além do posicionamento geográfico estratégico para quem busca abrigo e das políticas de imigração, esses são países culturalmente mais próximos da Ucrânia.
O desejo de voltar ao país de origem
A UNHCR divulgou em junho de 2023 dados da pesquisa que a agência realiza com refugiados ucranianos. A coleta foi realizada entre dezembro de 2022 e maio de 2023 e incluiu questões sobre a perspectiva de retorno dessas pessoas ao seu país de origem.
A maior parte dos ouvidos (62%) afirma que espera poder retornar à Ucrânia no futuro. Entre as razões para retornar ao seu país, 63% destacam o ambiente cultural e 44% a reunificação familiar.
Dos que responderam à pesquisa, 14% disseram ter planos de retornar ao país de origem nos próximos três meses. Outros 18% não decidiram sobre possibilidade de retorno, e apenas 6% afirmam não ter intenção de retornar à Ucrânia.
Conselho Suíço decide por manter proteção especial a ucranianos
Fora da União Europeia, cidadãos ucranianos também têm obtido apoio em meio à sua crise humanitária. Considerando que ainda não é possível prever uma estabilização sustentável da situação ucraniana, o Conselho Federal Suíço decidiu, este mês, manter o estatuto de proteção (permissão S) aos refugiados. A decisão deve vigorar até março de 2025.
O governo suíço definiu ainda uma meta de integração dessas pessoas no mercado de trabalho. Conforme divulgação da imprensa local, 40% das mulheres e homens em idade de trabalho e com permissão S ativa deverão estar empregados até ao final de 2024.
A proteção temporária do tipo S passou a ser concedida em março de 2022, um mês após o início do ataque russo. Desde então, cerca de 66 mil ucranianos conseguiram abrigo na Suíça com a permissão especial, conforme os últimos dados da Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Portugal também mantém a proteção aos ucranianos
Até setembro de 2023, Portugal havia concedido (segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) 57.390 proteções temporárias. A proteção deve ser estendida, pelo menos, até março de 2024.
A AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo – que substitui o SEF) possui um site com informações sobre o pedido de proteção temporária no país.
Economia e diversificação de fontes de energia devem garantir um inverno seguro
O inverno na Europa está batendo à porta e a preocupação com a produção energética persiste, apesar de o velho continente estar em uma condição muito mais estável do que no inverno anterior. O cenário atual é de níveis altos de armazenamento de gás, preços mais baixos do combustível e novas fontes de energia.
Para além das campanhas de economia de energia, no último ano os estoques de gás na Europa tiveram a ajuda de dois outros fatores: a alta no preço do gás, que resulta em um consumo mais racionalizado, e um inverno mais ameno entre 2022 e 2023, o que também amortizou o ritmo de consumo.
Envio de gás diminuiu mais da metade
Conforme levantamento da Agência Reuters, até fevereiro de 2022 a Rússia enviava para a Europa 155 bilhões de metros cúbicos de gás por ano. Após a invasão, as importações de gás para a UE caíram para 60 bilhões. Até o final de 2023, a expectativa é que o volume importado anual seja ainda menor, fechando em torno de 20 bilhões de metros cúbicos/ano.
Para a continuidade da redução da dependência do gás russo, o Parlamento Europeu aprovou em setembro de 2023 atualizações da Diretiva de Energias Renováveis. Entre as mudanças está o aumento da cota de energias renováveis no consumo final da União Europeia, que agora precisa chegar a 42,5% até 2030.
Outra medida aprovada é a aceleração dos procedimentos de concessão de licenças para novas centrais elétricas a partir de energias renováveis, a exemplo de painéis solares ou turbinas eólicas.