Luta por melhores salários praticamente parou todos os ônibus, trens e aviões na Alemanha, desde o início desta segunda-feira, dia 27 de março. A paralisação de 24 horas faz parte da manifestação liderada pelos sindicatos ligados aos transportes públicos no país.

Greve dos transportes na Alemanha
Índice Caos nos aeroportos Trens paralisados Ônibus, bondes e metrô fora de serviço congestionam trânsito Maioria da população apoia a greve Por que a greve está acontecendo?

Caos nos aeroportos

Todos os maiores aeroportos da Alemanha tiveram voos cancelados ou atrasados. Estima-se que mais de 400 mil passageiros foram afetados pela paralisação.

No Aeroporto Internacional de Munique, as alterações na rotina normal começaram já no domingo, com partidas e chegadas afetadas pela paralisação de parte do pessoal de terra que decidiu antecipar a greve.

Em Frankfurt, todas as partidas e chegadas foram canceladas ou atrasadas em pelo menos um dia. O aeroporto de Berlim ainda manteve parte das atividades durante a manhã de segunda-feira, principalmente com os voos de longa distância.

Trens paralisados

A rede ferroviária alemã também foi paralisada, com a adesão de mais de 30 mil ferroviários à greve, segundo o sindicato. Os serviços de trens de longa distância foram totalmente interrompidos na segunda-feira, situação pouco usual, mesmo em greves anteriores. O mesmo aconteceu com os trajetos regionais, que foram total ou parcialmente afetados.

Também o transporte de cargas sobre trilhos foi prejudicado, principalmente porque os trabalhadores dos portos se juntaram aos ferroviários na greve.

Ônibus, bondes e metrô fora de serviço congestionam trânsito

A paralisação dos serviços públicos de ônibus, bondes e metrô acabou causando grandes transtornos para o trânsito das principais cidades. A alternativa para a maioria dos cidadãos acabou sendo o carro ou, em alguns casos, a bicicleta.

Além disso, a restrição do transporte de cargas por trens e navios na segunda-feira acabou colocando nas estradas um número muito maior de caminhões, o que contribuiu para dificultar o trânsito nas grandes vias.

Vale ressaltar que foi preciso diminuir a restrição de veículos pesados de carga nas estradas já no domingo, dia em que normalmente eles têm diversas proibições de circulação.

Maioria da população apoia a greve

Levantamento realizado pelo instituto de pesquisa YouGov aponta que cerca de 55% dos entrevistados acham que é justificada a greve conjunta de um dia convocada pelos dois grandes sindicatos, contra 38% das pessoas que disseram ser contra a manifestação.

Mas a aprovação também pode ser explicada pelo fato de as pessoas não se sentirem impactadas na sua rotina: cerca de 69% das pessoas disseram acreditar que a greve não os afetaria. Apenas 20% dos entrevistados disseram usar regularmente o transporte público; 7% planejavam alguma viagem de trem de longa distância; e 2% esperavam ter algum problema com voo cancelado

Dos afetados pelas greves, cerca de 28% disseram que planejavam usar seu próprio veículo como alternativa. Outros 25% declararam que simplesmente cancelariam suas viagens no dia de paralisação.

Por que a greve está acontecendo?

Dois dos maiores sindicatos alemães, o Ver.di e o EVG, estão à frente das paralisações, que foram organizadas como um alerta em meio à terceira rodada de negociações com os empregadores por melhores salários. Juntas, as duas entidades representam cerca de três milhões de trabalhadores.

Os sindicatos Ver.di e EVG buscam aumentos salariais de pelo menos 10,5% e já rejeitaram propostas de dois aumentos escalonados de 5%.

A demanda dos trabalhadores surge diante de um processo inflacionário que tem levado à subida de preços que não se via há muitos anos na Alemanha. Entre novembro de 2021 e novembro de 2022, o preço médio dos alimentos chegou a subir mais de 20%.

Greve dos transportes na cidade de Wiesbaden na Alemanha
Trabalhadores de muitas cidades aderiram à paralisação, com em Wiesbaden. Imagem: https://www.verdi.de/

Em entrevista ao jornal alemão Bild, o líder do sindicato Ver.di, Frank Wernecke declarou que o aumento é uma questão de sobrevivência para milhares de trabalhadores:

“Estas pessoas não são só mal pagas, estão também sobrecarregadas de trabalho” afirmou Wernecke.

Em nota oficial, a vice-presidente do Ver.di, Christine Behle, complementou que o setor dos transportes permanece com vagas por preencher devido à escassez de trabalhadores. No tráfego aéreo, há 20% menos funcionários hoje do que havia em 2019 e a situação do transporte público também é devastadora, segundo Behle.

Devido às medidas de austeridade do setor público na última década, cerca de 20% dos funcionários do transporte público foram cortados, enquanto ao mesmo tempo o volume de tráfego aumentou constantemente, reforçou a vice presidente do Ver.di

O governo da Alemanha reforça que está otimista para assinar ainda essa semana um compromisso com os trabalhadores dos transportes. A ministra do interior, Nancy Faeser, em entrevista à Reuters, garantiu que o executivo apresentou uma boa proposta:

“Espero que os sindicatos abandonem as suas exigências elevadas e nos encontrem algures a meio do caminho”, reforçou Faeser

A CNN Brasil noticiou a greve dos transportes nesse vídeo, acompanhe:

De acordo com os sindicatos, cerca de 400 mil trabalhadores aderiram à greve em todo o país. As negociações com os empregadores vão continuar durante a semana e uma nova greve não está descartada.

Voo atrasado ou cancelado?

Tenha o seu caso analisado gratuitamente e receba até R$10.000 de indenização através da AirHelp. Caso você não tenha direito à indenização, não paga nada. O serviço é prático, rápido e seguro. Confira!

CONFERIR AGORA →

A paralisação dos transportes em um único dia pode ter tido um impacto de até 181 milhões de euros, segundo os analistas.