Os valores dos aluguéis em Portugal deram um salto nos últimos anos. Mas Lisboa atingiu um novo patamar no que diz respeito ao gasto com moradia: um recente levantamento em 30 cidades ao redor do mundo coloca a capital portuguesa na liderança dos índices de alta dos aluguéis nas regiões centrais.

Aluguel “prime” sobe mais de 32% em 2 anos

O estudo da imobiliária Savills considerou as habitações que costumam ser procuradas por estrangeiros, que cada vez mais buscam Lisboa como uma alternativa para temporadas de alguns meses ou mesmo como moradia definitiva.

Neste segmento, chamado aluguel “prime”, o valor dos aluguéis subiu quase 14% entre dezembro de 2022 e junho deste ano. Na comparação com junho de 2021, a alta é ainda mais expressiva, chegando a 32,7%.

Os dados levantados pela consultoria imobiliária Savills colocam a cidade de Singapura na segunda posição deste ranking, com os aluguéis subindo 13,6% no primeiro semestre de 2023.

Lisboa e Singapura muito acima da média

Os dados de Lisboa (e também de Singapura) chamam a atenção por estarem muito acima das demais 28 cidades do ranking, que registraram variação média de 2,6%. Foram as únicas duas cidades que ultrapassaram o índice de 10% de alta.

Valor do aluguel nos últimos 6 meses
O gráfico mostra a porcentagem do aumento do aluguel nas cidades analisadas nos últimos 6 meses. Fonte: Savills (savills.com/)

No caso de Lisboa, o fato de a cidade ter sido considerada uma das melhores para os nômades digitais, sem contar com a demanda gerada pelos vistos Gold, têm sido uma das explicações para que a procura seja maior do que a oferta, o que gera grandes altas nos valores.

Berlim e Dubai aparecem em seguida e também são as únicas que se posicionam com reajustes entre 5% e 10%.

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As demais cidades do levantamento surgem com variações abaixo dos 5% nos aluguéis durante o primeiro semestre deste ano. Por outro lado, cidades como Miami e São Francisco registraram queda nos valores dos aluguéis neste segmento “premium” nos seis primeiros meses deste ano.

Em outro estudo, Lisboa é a cidade mais cara da Europa

Um outro estudo, realizado pela Housing Anywhere, que avalia o mercado de forma mais ampla do que apenas os aluguéis “premium”, também coloca Lisboa na primeira posição entre as cidades mais caras. Na comparação com 24 cidades europeias, Lisboa vem à frente de Amsterdam e Utrecht, ambas na Holanda.

Observe os valores médios de aluguel obtidos pelo levantamento feito no primeiro trimestre de 2023.

Cidade Valor médio de apartamento de 1 quarto
Lisboa 2.500€
Amsterdam 2.300€
Utrecht 1.950€
Paris 1.802€
Munique 1.755€
Milão 1.750€
Berlim 1.748€
Haia 1.725€
Florença 1.700€
Rotterdam 1.655€

De acordo com o estudo, o aumento médio do aluguel anual na Europa ficou em 9,6% no segundo trimestre deste ano.

Ainda assim, o índice ficou abaixo do registrado no primeiro trimestre deste ano (11,9%), sempre na comparação com o mesmo período do ano anterior. A pesquisa considera uma amostra de 64 mil imóveis, quase sempre mobiliados, na configuração de um quarto ou estúdio.

No relatório apresentado, os analistas afirmam que a desaceleração moderada no aumento dos aluguéis não é suficiente para garantir o acesso à moradia disponível e acessível, pois a sazonalidade pode reverter a tendência nos próximos meses, uma vez que a alta temporada de mobilidade acaba de começar.

As conclusões do estudo apontam qual deve ser a prioridade do momento no mercado imobiliário:

“Encontrar formas alternativas de expandir a oferta de habitação para arrendamento residencial, especialmente os projetos que permitem uma utilização mais flexível do espaço, deve ser a prioridade máxima neste momento para aliviar a pressão sobre os mercados imobiliários. A acessibilidade só pode ocorrer em um mercado imobiliário equilibrado, onde a oferta e a demanda estão no mesmo nível”.

Quando se compara o segundo e o primeiro trimestres deste ano, a cidade do Porto, em Portugal, foi a que apresentou a maior variação, com aumento médio de 22,5% no valor dos aluguéis, seguida por Haia (21,1%), na Holanda, e Valência (18,2%), na Espanha.

Ainda quando se considera apenas a variação entre os dois primeiros trimestres deste ano, as cidades holandesas seguem em alta. Os preços dos apartamentos de um quarto em Amsterdam estão se estabilizando, mas ainda mostram um alto aumento anual (17,9%).

A cidade holandesa também é uma das poucas a apresentar um aumento de preço trimestral de quartos (3,3%). Além disso, continua a ser a cidade europeia mais cara no aluguel de estúdios, com um preço médio de 1.550€.

Itália, Espanha e Alemanha com altos e baixos

Na Itália, Florença e Turim estão com os preços mais altos do que o resto do país, com um aumento trimestral para apartamentos e estúdios. Os preços em Milão diminuem ou se estabilizam dependendo do tipo de propriedade. Em Roma, os preços trimestrais diminuem para todos os tipos de propriedade.

Na Espanha, os preços dos apartamentos em Barcelona, ​​Valência e Madri ainda são mais altos do que no ano passado. Valência é a cidade espanhola que apresentou o maior aumento trimestral (18,2%).

O aluguel de quartos teve preços estáveis em Barcelona e Valência (comparação entre os dois trimestres deste ano) e em Madrid até mostram uma queda. Ainda assim, todas as cidades registram aumentos na comparação com o mesmo período do ano passado (2º trimestre 2023 x 2º trimestre 2022).

Todas as cidades alemãs analisadas no estudo da Housing Anywhere estão incluídas no Top 10 do ranking das cidades com preços de quarto mais elevados. Munique aparece na terceira posição com um preço de 814€, mas foi Hamburgo que teve a maior alta (1,6%) no aluguel do quarto no segundo trimestre.

Em Portugal, governo cria plano para enfrentar o problema da habitação

A alta dos aluguéis e a falta de oferta de casas e apartamentos para alugar (já que há cada vez mais propriedades sendo transformadas em alojamentos locais) são algumas das razões que motivaram a criação de um grande programa anunciado pelo governo e aprovado na semana de 17 de julho.

O Pacote “Mais Habitação”, nas palavras do primeiro-ministro António Costa:

“irá contribuir para aumentar a oferta de imóveis para habitação, simplificar o licenciamento, ampliar o mercado de arrendamento, combater a especulação e continuar a apoiar as famílias”

O “Mais Habitação” foi apresentado pela primeira vez em 16 de fevereiro e submetido a consulta pública, sendo aprovado previamente na generalidade em maio. Em linhas gerais, é um programa que prevê investimento de mais de 900 milhões de euros.

A proposta recém-aprovada apresenta algumas pequenas mudanças em relação ao projeto inicial, mas contempla alterações para o alojamento local (aumento dos impostos), redução do imposto de renda para os ganhos com aluguel, limite para os aumentos dos aluguéis nos novos contratos, o fim do visto gold para acabar com a especulação, entre outros pontos.