A valorização do real influencia diretamente a vida de brasileiros que estão planejando viajar para o exterior, aqueles que têm contas a pagar em moedas estrangeiras, como o dólar e o euro, por exemplo, e, até mesmo, investidores na moeda. Nas últimas semanas, pudemos ver uma valorização da moeda brasileira. Mas, por que ela tem se valorizado?

Como a alta ou a baixa do valor da moeda pode impactar no dia a dia do brasileiro? Como aproveitar a valorização do real? E será que a moeda brasileira vai continuar valorizando? Confira este artigo e veja as nossas respostas para essas perguntas!

Observação: para explicar este conteúdo da melhor forma possível para você, eu, Carolina Carvalho, pesquisei informações de fontes confiáveis (como site do Banco Central do Brasil, Folha, CNN Brasil, Infomoney, Remessa Online, entre outros) e entrevistei o professor de finanças do Centro Universitário FIAP, doutor Marcos Crivelaro.

Valorização do real nas últimas semanas: confira os dados

De acordo com o acompanhamento feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) com 38 moedas, o real foi a que mais se valorizou em 2022.

Durante todo o ano de 2019, o 1€ custava, em média, entre R$ 4,20 e R$ 4,60. Em março de 2020, início da pandemia, a moeda europeia entrou na casa dos R$5 e de lá para cá o euro não parava de subir, chegando a quase R$ 7 (R$ 6,84) em abril de 2021 e se mantendo na casa dos R$ 6 e poucos centavos até o final de janeiro de 2022, quando baixou para a casa dos R$ 5 novamente.

No dia 5 de abril de 2022, a moeda europeia estava valendo R$ 5,04. No site do BACEN é possível visualizar o histórico das cotações de diversas moedas, como euro e dólar, e verificar a valorização do real.

Por que o real tem se valorizado?

Alguns motivos podem interferir na valorização da moeda brasileira. Confira-os a seguir.

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1. Aumento da taxa básica de juros

O aumento dos preços para o consumidor atinge o mundo todo, que sente mais as economias emergentes, como a do Brasil, por exemplo.

Na Zona do Euro, constatou-se uma inflação de 5,1% acumulada em 12 meses, a mais alta da série histórica. Além disso, alguns países da União Europeia apresentam níveis elevados de inflação, com base nos padrões europeus, como a Polônia, por exemplo, onde a inflação no ano atingiu 8,6% em janeiro.

Foram verificados motivos que levaram países desenvolvidos a registrar grande aumento da inflação. Mas, no caso do Brasil, há outros fatores envolvidos. A crise hídrica e os episódios de intensa desvalorização do real fizeram com que o IPCA de novembro de 2021 ficasse no maior patamar desde o final de 2003.

Segundo especialistas, independentemente dos motivos, por causa dos atuais aumentos dos preços, os bancos centrais precisam apresentar respostas à população, e, por isso, elevam, rapidamente, a taxa básica de juros, visando conter a inflação.

Os juros elevados impulsionam a valorização do real

Com base nas informações fornecidas pelo professor de finanças do Centro Universitário FIAP, doutor Marcos Crivelaro, o patamar de juros elevados no Brasil também impulsiona a valorização do real, com “o Banco Central do Brasil iniciando seu processo de normalização monetária muito antes do que seus pares externos”.

Crivelaro reforça que a necessidade de aumentar os juros, segundo os próprios bancos centrais, é “ancorar as expectativas e diminuir o risco de um ciclo vicioso e ‘automático’ de aumento da inflação”.

No entanto, no Brasil, a taxa Selic subiu bastante nos últimos meses, podendo acarretar uma leve diminuição no ritmo da economia em 2022. E, além da desaceleração da atividade econômica, a taxa de juros descontando a inflação (taxa real) já está em níveis elevados no Brasil, o que tem contribuído para que estrangeiros que visam bons rendimentos queiram investir no país, pois os juros estão baixos em praticamente todo o mundo.

De acordo com o professor entrevistado, neste cenário, a renda fixa brasileira fica mais atrativa para o capital estrangeiro, pois os juros pagos por estas aplicações no Brasil são superiores aos pagos em economias desenvolvidas, como a norte-americana, por exemplo.

2. Patamar elevado do preço de commodities

Conforme explica Marcos Crivelaro, o alto preço de commodities, ainda mais pressionados com a guerra na Ucrânia, impulsiona moedas de países exportadores, como é o caso do Brasil.

O Brasil vem se aproveitando de uma rotação de carteira dos investidores internacionais. Eles têm procurado papéis de ‘valor’, como são conhecidas as empresas com histórico mais consolidado, entre elas, as de commodities e bancos, setores com forte peso no índice brasileiro. A percepção dos investidores é a de que o Brasil continua sendo um bom negócio, e o investidor internacional está começando a achar que vale a pena o risco Brasil.

Mais dólares entram no mercado brasileiro

Crivelaro conta que este movimento ajuda a trazer mais dólares para o mercado brasileiro e, por tabela, contribui para a desvalorização da divisa.

Dados do Banco Central em 25 de março de 2022 apontam que em 2021, o Brasil registrou a maior entrada líquida de moeda estrangeira pelo câmbio contratado em seis anos, equivalente a pouco mais de USD 6,1 bilhões, depois de passar três anos seguidos de saldos negativos.

Crivelaro conta que os investidores estrangeiros investiram R$ 81 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo em 2022 e que houve injeção de R$ 1 trilhão contra a retirada de R$ 919 bilhões do início do ano até 21 de março de 2022.

O destaque foi no dia 2 de fevereiro de 2022, quando foi registrado um saldo de USD 2,46 bilhões: o maior salto líquido diário desde 31 de julho de 2019.

O professor destaca ainda que desde o início de 2022, os investidores internacionais compraram ações por 53 pregões consecutivos (trazendo R$ 78 bilhões para o mercado), caracterizando o período mais longo de entrada desde 2008.

Taxas do Real Valorizado

3. Mercado de capitais abaixo do preço

A pandemia prejudicou bastante a maior parte dos setores do mundo, incluindo o mercado de ações global. Em março de 2020, o Ibovespa teve, por seis vezes, queda de mais de 10%.

A economia parou, e isso teve influência no mundo todo. Mas, no Brasil, o cenário assustador de mortes, infecções e internações por Covid-19 (além da demora pela imunização) e o jogo político do país acabaram afastando os investidores estrangeiros do país.

E, como a evasão foi bem intensa, o valor dos ativos brasileiros, consequentemente, sofreu mais impacto do que em outras economias emergentes.

Agora, com a expectativa de término relativo da pandemia, o enfraquecimento de pautas políticas com impactos fiscais em Brasília, assim como a menor preocupação de investidores estrangeiros quanto à troca de governo em 2023, economistas afirmam que pode ser um bom negócio comprar ativos brasileiros. Com isso, entra mais dinheiro estrangeiro no país, favorecendo a valorização do real.

4. Normalização dos fluxos de capitais estrangeiros

O início da pandemia, grande parte dos recursos que estaria em movimento no mundo ficou “investida” em ativos mais seguros e menos voláteis, um cenário mais defensivo. Por isso, houve maior procura por moedas mais fortes, como o euro e o dólar americano.

Com a diminuição dos riscos de paralisação da economia por conta da pandemia, os investidores que estavam investindo seu dinheiro em títulos públicos, com alta liquidez e segurança, agora buscam rendimentos melhores.

É importante dizer, ainda, que o Brasil pode se tornar um local de rendimentos para o capital especulativo, tendo em vista que o país está muito barato e os títulos públicos oferecem um bom rendimento. De acordo com o Banco Central do Brasil, serão feitos ajustes para “trazer a inflação de volta ao centro da meta”, o que significa que o BACEN prevê novos aumentos na taxa básica de juros.

E, se a taxa de câmbio é também responsável pela inflação no Brasil, a “normalização” da entrada de capital de outros países no Brasil pode ser boa para o país a curto prazo.

Valorização e desvalorização do real: como isso influencia o dia a dia do brasileiro?

Vamos entender juntos, acompanhe:

Influência da valorização do real na vida dos brasileiros

Segundo economistas, de alguma forma, a recente valorização do real compensa o tombo que aconteceu na pandemia, com a alta das moedas americana e europeia em relação à brasileira. De acordo com eles, a taxa de câmbio pode dar uma trégua na inflação. Crivelaro explica que a queda do valor do dólar não vai mudar totalmente o índice de inflação, mas tira um pouco da pressão.

Com a valorização do real, a taxa de câmbio fica mais baixa, impactando a Bolsa de Valores, bem como a rentabilidade dos investimentos no país. Além disso, com esse aumento do custo da moeda brasileira, fica um pouco mais barato (ou menos caro) viajar para a Europa ou para os Estados Unidos, por exemplo.

É importante destacar, também, que as importações no país ficam (ou deveriam ficar) favorecidas, pois os produtos estrangeiros deveriam custar mais barato no mercado nacional.

No entanto, de acordo com o relatório de economistas do Bradesco, citado na reportagem da Folha, o preço de mercadorias básicas, commodities, aumentou tanto em 2022, que a alta da moeda brasileira ainda “enxuga gelo inflacionário”.

A alta do real em relação ao dólar refresca pouco o calor da caldeira que é a inflação mundial. O preço do petróleo (tipo Brent) aumentou cerca de 50% neste ano. O da gasolina, 47%. Trigo, 46%. Soja, 29%. Minério de ferro, 20%. Boi gordo, porém, e açúcar ficaram quase na mesma.

Assim, mesmo com a recente valorização do real, a elevação dos preços de commodities e dos produtos importados provoca um novo choque de oferta na economia doméstica. Segundo a reportagem, a inflação doméstica se disseminou (o custo de diversos setores econômicos aumenta, mas os salários, não). Dessa forma, com base na análise da Folha, o aumento das commodities e a valorização do real são coisas diferentes.

E, sobre isso, Crivelaro lembra o alerta do Banco Central:

Embora a valorização do real gere expectativa nos brasileiros de um arrefecimento na inflação, o recente alívio no câmbio não deve ser suficiente para reduzir a pressão sobre os preços.

Este alerta foi dado no dia 24 de março de 2022 pelo Banco Central, que aumentou a estimativa de inflação de 4,7% para 7,1%.

Porém, se o câmbio se mantiver nos patamares abaixo de R$ 5 até o final do ano, a inflação pode ter uma leve descompressão, em especial, nas importações como as de petróleo. – afirma o professor da FIAP.

Influência da desvalorização do real na vida dos brasileiros

Um dos principais efeitos da desvalorização da moeda brasileira é o aumento da inflação – como alguns produtos que são exportados são comercializados em euro, há um descompasso entre a lei da oferta e da procura. Com isso, o comerciante brasileiro aumenta os preços de venda de seus produtos, e a alta no custo tem impacto direto no bolso dos brasileiros.

Outro ponto importante: além de um elevado número de mortes, a pandemia no Brasil teve efeitos desastrosos nos setores de indústria, comércio e serviços, com a paralisação da produção – o que acarretou em uma alta taxa de desemprego no país.

O aumento da dívida pública e a diminuição do investimento estrangeiro no mercado brasileiro também trazem consequências diretas para a economia do país.

Como aproveitar a valorização do real?

Existem algumas maneiras de aproveitar a recente valorização do real, como comprar dólar e euro para viajar ou investir em outros países. E, como existe limite de dinheiro para sair do Brasil, é recomendável abrir uma conta poupança no exterior e enviar dinheiro para fora do Brasil sempre que o câmbio estiver favorável, como no momento.

Notas de real

Enviar dinheiro para o exterior

Agora pode ser um bom momento para enviar dinheiro para o exterior, pois o real está valorizado em relação ao euro e ao dólar americano, por exemplo. Assim, o seu dinheiro rende mais. Por isso, aproveite para fazer remessas para a sua própria conta em outro país ou para familiares, amigos, instituições ou fazer pagamentos necessários no exterior.

Para economizar com as taxas e com o envio, a equipe do Euro Dicas recomenda a plataforma Remessa Online.  Ela é segura e confiável, cobra taxas baixas e transparentes, opera com o câmbio comercial (sem margem de juros) e o dinheiro cai na conta de destino em até 1 dia útil após o pagamento.

Fazer uma poupança de dinheiro no exterior

Se você costuma viajar para o exterior ou deseja investir em outro país, o ideal é que abra uma conta poupança fora do Brasil, principalmente em euro, que é uma moeda forte, e que envie dinheiro sempre que a moeda brasileira estiver valorizada.

Com uma conta no exterior, você reduz os seus custos, pois não precisa pagar Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 5,38% com cartões de crédito internacionais do Brasil e não se preocupa com a constante variação cambial – aproveitando a valorização do real para enviar dinheiro.

Além disso, pode contar com a isenção de tarifas em alguns bancos internacionais e ter a comodidade de fazer saques de dinheiro em caixas eletrônicos no país onde você estiver, com todos os benefícios da sua conta, não precisando viajar com tanto dinheiro em espécie.

A poupança de dinheiro no exterior também é ideal para quem visa proteger o seu patrimônio, investindo em uma moeda forte e estável.

Em relação a fazer o seu dinheiro render mais e obter melhores rendimentos, Marcos Crivelaro dá a dica de buscar fazer investimentos de médio e longo prazos no banco estrangeiro.

É válido informarmos que é necessário declarar se possui residência no Brasil e ganhos ou investimentos em outro país. Veja como declarar remessas para exterior no imposto de renda.

O real vai continuar valorizando?

Depois de entrar no ranking das moedas mais desvalorizadas, o real foi a moeda que mais se valorizou em 2022. Mas, segundo especialistas, o real ainda está longe de se recuperar, e dificilmente voltará aos valores do início de 2020.

Mesmo assim, afirmam que a tendência é de valorização do real, apesar de ser complicado estimar quanto tempo vai durar essa alta da moeda brasileira, que, segundo eles, depende de alguns fatores, como:

Em entrevista à CNN Brasil, o professor da Universidade Mackenzie, economista Pedro Raffy, garante que a tendência do real é de manutenção na cotação atual, pois a moeda brasileira já perdeu muito valor. Mas que a possibilidade de o real se valorizar ou desvalorizar vai depender não somente da alta de juros, mas também do quanto a moeda brasileira subirá.

Segundo ele, “se for uma alta maior que o esperado, o real poderia se desvalorizar”. Apesar de pouco prováveis, uma alta maior dos juros norte-americanos ou um choque mais intenso no custo das commodities, com um agravamento na situação da Ucrânia poderiam acarretar esse evento. Contudo, afirma:

O real está em uma posição que pode ser mais frágil pensando em risco, problemas políticos, questões internas, mas tem um ciclo de política monetária bem superior e fortalecimento de commodities que o favorecem. Mas nunca dá para saber o que vai ocorrer, diz.

Espero que esse artigo tenha ajudado a compreender a valorização do real e os impactos que ela tem na vida dos brasileiros.