A alta da moeda europeia influencia muitos brasileiros que estão programando uma viagem para o Velho Continente, os que têm contas para pagar em euros, ou que investem na moeda, mas recebem em reais. Se você quer saber por que o euro não para de subir, confira este artigo!

Observação: para explicarmos da melhor forma possível esse conteúdo para você, buscamos informações de fontes confiáveis e entrevistamos o professor de finanças do Centro Universitário FIAP, doutor Marcos Crivelaro.

Por que o euro não para de subir? Entenda a alta da moeda

A moeda europeia vem tendo alta gradativa em relação ao real desde 2017, mas teve seu pico a partir de 2020.

No dia 1º de novembro de 2021, o euro chegou a valer R$ 6,59, no dia 11 de novembro, teve uma ligeira queda, mas depois voltou a subir. No dia em que escrevemos este artigo, 23 de novembro de 2021, o euro estava custando R$ 6,32, com tendência a aumentar.

Mas por que o euro não para de subir? Ou, melhor, por que o real está tão desvalorizado em relação à moeda europeia?

O real foi a moeda que mais desvalorizou em 2020, com a exceção do bolívar da Venezuela. Em 2021, o real é a quarta que mais perdeu o valor, vindo depois da libra (Sudão do Sul), rúpia (Ilhas Seychelles) e da lira (Turquia).

Conhece a lei da oferta e da procura? Essa regra funciona para todas as moedas: se muitas pessoas querem comprar, o seu preço aumenta; se poucas pessoas têm interesse, o seu preço diminui. Hoje em dia, a economia e a política brasileira explicam o motivo do mundo não está tão interessado em comprar reais.

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Economia europeia é mais forte

A maturidade do mercado da Europa e a sua solidez, principalmente após ter conseguido superar a crise econômica na Grécia, que, na ocasião, poderia contaminar todo o bloco são fatores que comprovam que a moeda europeia é forte.

No entanto, a Europa tem países ricos, com recursos disponíveis e planos concretos para recuperação de uma crise. O Banco Central Europeu apresenta condições de reserva e, mesmo com os riscos, garante estabilidade para que os investidores tenham a segurança de depositar o seu dinheiro.

Mesmo em tempos de crise, o euro permanece estável

Segundo a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, é dever do banco controlar a estabilidade do euro e tornar a moeda europeia um meio de pagamento seguro.

Por isso, mesmo em crise mundial, as economias dos países da Zona do Euro apresentam planos estruturados para agir na hora certa, injetando mais dinheiro na economia para conter a crise.

Motivos para a alta do euro

Confira as nossas dicas de como comprar euro mais barato.

Motivos para a desvalorização do real

De acordo com o professor de Finanças do Centro Universitario FIAP, Dr. Marcos Crivelaro, a moeda brasileira tem sido bastante pressionada devido às incertezas com as contas públicas diante das manobras do governo para furar o teto de gastos.

No acumulado do ano, o real é a 14ª moeda que mais perdeu valor, segundo o levantamento da Austin Rating, com uma desvalorização de 9% em relação ao dólar.

Por outro lado, a economia da zona do euro cresceu 2,2% no segundo trimestre, na comparação com o período entre janeiro e março de 2021. E o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro teve um aumento de 2% no segundo trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, marcando uma volta do crescimento. Essa diferença de cenário impulsiona o distanciamento do euro em relação ao real.

Além disso, conforme explica Crivelaro, a taxa de câmbio é definida como a relação entre duas moedas diferentes. Ou seja, é uma comparação que demonstra o quanto uma está mais valorizada em relação à outra.

Motivos que fazem o euro subir

Há muitos motivos para a desvalorização do real e motivos pelos quais o euro não para de subir em relação à moeda brasileira.

Veja os principais deles, destacados pelo professor da FIAP:

Déficit na balança comercial

A moeda europeia aumenta quando o Brasil importa mais bens do que exporta. Isso ocorre porque as empresas precisam de euro para pagar os seus fornecedores.

Dessa forma, elas adquirem essa moeda para efetuar os seus pagamentos. A maior compra em euros reduz a sua oferta, diminui a sua quantidade no mercado e eleva o seu preço.

A retomada da atividade econômica interna e externa

A retomada da atividade econômica interna e externa tem um papel fundamental no aumento dos fluxos de comércio do país com o exterior.

No caso das vendas externas, o reaquecimento da produção e do consumo na economia dos principais parceiros comerciais do Brasil repercutiu fortemente em uma maior demanda pelos produtos brasileiros na primeira metade de 2021.

Quanto aos embarques para a União Europeia, o aumento de 47,2% no valor exportado no segundo trimestre de 2021 deveu-se, sobretudo, ao forte aumento de 30,9% nos preços dos produtos embarcados. O volume embarcado ao mercado europeu também registrou alta no período, de 7,8%.

Entre os principais produtos que puxaram esta alta no valor exportado destacaram-se o minério de ferro, a soja, minérios de cobre, óleos brutos de petróleo, farelos de soja e café́.

Os produtos comprados pelo Brasil da União Europeia

O Brasil compra da União Europeia, principalmente: medicamentos, inseticidas, formicidas, herbicidas, produtos manufaturados e peças para veículos, automóveis e tratores.

No segundo trimestre de 2021 houve três fortes aumentos do volume importado (28,1%, 42,8% e 41,3%, em abril, maio e junho de 2021, respectivamente), comparativamente aos mesmos meses de 2020.

Gastos no exterior

Quando turistas brasileiros trocam euro por real, há uma diminuição na quantidade da primeira moeda no país. Quanto maior for o fluxo de turistas para fora do Brasil, maior será a valorização do euro em relação ao real.

Os gastos no exterior são um termômetro para medir se a moeda nacional está alta ou não. Quando o real está desvalorizado, os brasileiros tendem a consumir menos no exterior. A abertura gradativa das fronteiras dos países da União Europeia vai permitir o desembarque de mais brasileiros em solo europeu com os seus cartões de crédito.

Taxa de juros

quando o Governo aumenta a taxa básica de juros (Selic), há uma tendência de que o euro diminua, lembrando que essa taxa é utilizada como base para juros de investimentos, empréstimos e financiamento.

Quanto maior a taxa Selic, mais recursos estrangeiros entram no país. Isso ocorre porque os investidores se baseiam na diferença entre a taxa básica nos Estados Unidos, atualmente numa faixa entre 0% e 0,25% ao ano, e as taxas básicas de países emergentes, como o Brasil;

O aumento dos gastos está contribuindo para a elevação da cotação do euro.

A pandemia de coronavírus tem influência na alta do euro?

Sim, a pandemia é um dos principais motivos porque o euro não para de subir.

Conforme cita Crivelaro, o real desvalorizou 17,4% desde março de 2020, quando foi declarada pandemia da Covid-19. O fato de a crise do Coronavírus ter tido origem na China piorou rapidamente as expectativas em relação à economia brasileira. Isso porque o país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil, responsável pela compra de commodities como soja e minério de ferro.

Assim, com a crise, os preços internacionais desses produtos diminuíram e, com a expectativa de uma baixa na demanda mundial, as estimativas de compras também caíram – tendência de exportar menos e por um preço mais baixo.

Além disso, o professor da FIAP explica que o crescimento da zona do euro registrou um grande crescimento no terceiro trimestre:

 “um desempenho próximo aos países-membros da moeda única aos níveis anteriores à pandemia, apesar dos problemas vinculados à escassez de alguns materiais e aos preços da energia.

O bloco de 19 países que compartilham a moeda única retomou um forte crescimento entre abril e junho, graças aos avanços da vacinação contra a Covid-19 e ao levantamento progressivo das restrições sanitárias.

A Europa é composta por países ricos, com bolsão de recursos disponíveis e planos concretos para recuperação. O Banco Central Europeu tem condições de salvaguarda e, apesar dos riscos, garante estabilidade para os investidores.”, afirma o professor da FIAP.

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Como a alta do euro afeta a economia do Brasil?

A desvalorização da moeda brasileira em relação à europeia e às outras moedas impacta diretamente a economia do Brasil. O principal efeito é o aumento da inflação no país, tendo em vista que alguns produtos para exportação são comercializados em euros, havendo um descompasso entre a lei da oferta e da procura.

Dessa forma, se o euro não para de subir, o comerciante brasileiro terá que aumentar os preços de venda, ou seja, o custo dos produtos comercializados no Brasil fica mais alto.

E a crise sanitária não acarretou só a inflação e o consequente aumento dos preços dos produtos no Brasil. O isolamento social prejudicou o setor de indústria, comércio e serviços devido à paralisação da produção.

Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo no dia 22 de novembro de 2021, e com base no levantamento feito pela Agência Austin Rating, o desemprego no Brasil é o dobro da média mundial, em ranking de mais de 40 países. O Brasil possui a quarta maior taxa de desocupação do mundo no momento.

Além disso, o aumento da dívida pública e a falta de investimento no mercado brasileiro também são consequências do Coronavírus no país.

Não houve aumento dos investimentos estrangeiros no Brasil

Marcos Crivelaro explica que, na última década, o Brasil foi o único país da América Latina que não viu crescerem os investimentos estrangeiros em nenhum momento.

Recursos de fora foram responsáveis por apenas 17% do Produto Interno Bruto (PIB) no período, o patamar mais baixo em 50 anos. E não há tendência de reversão do fenômeno.

Banco Central da Europa

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas, entre julho de 2020 e o mesmo mês de 2021, o investimento estrangeiro recuou de US$ 67,2 bilhões para US$ 23,8 bilhões.

O baixo volume de investimentos ajuda a explicar, por exemplo, porque o euro não para de subir, apesar de um mercado de commodities aquecido, que normalmente aumentaria o valor do real frente ao euro.

O Brasil não possui, no momento, atrativos para o investidor, que vem para o país pelo juro alto, para ganhar com a diferença no câmbio ou pelo crescimento da economia brasileira, visando abrir negócios.

Dessa forma, de acordo com especialistas, em períodos de crise, os investidores internacionais migram de países que oferecem mais riscos, como o Brasil, para países com economia mais sólida, como a maioria dos países europeus e os Estados Unidos, para preservar o seu dinheiro e mantê-lo seguro.

Em suma, a saída dos investidores em um mercado se deve a três fatores: balança comercial, investimentos e taxa de juros, sendo que nenhum deles faz com que os recursos externos sejam atraídos para o Brasil, muito pelo contrário.

A desvalorização do real não é sempre um fator negativo

Crivelaro explica, ainda, que a desvalorização do real não é sempre um fator negativo, principalmente em âmbito da macroeconomia.

Por exemplo, quando há uma apreciação do dólar americano em relação ao real, isso acaba por beneficiar o setor exportador. Isso ocorre porque o produto brasileiro fica mais barato em moeda americana, o que tende a levar a um aumento nas vendas lá fora. Além disso, o real mais barato estimula o setor de turismo, pois turistas estrangeiros acham mais interessante vir ao país por conta dos menores custos, afirma o professor de Finanças.

Dá para prever quando o euro vai baixar?

Saber exatamente quanto o euro vai valer no futuro é impossível, dada a complexidade dos fatores que afetam o câmbio, como explicamos. Se o seu interesse pelo euro for por motivo de viagem, talvez valha a pena esperar para comprar a moeda. Você pode acompanhar diariamente a cotação, para aguardar o melhor momento para você.

Caso a sua viagem seja para um destino europeu, opte, se possível, por viajar na baixa temporada, evitando meses do verão europeu (junho, julho e agosto), quando os preços de passagens aéreas, hospedagens e turismo ficam mais em conta.

Crivelaro alerta que, como a cotação do euro provavelmente não sofrerá alterações, uma dica no caso de viagens internacionais é programá-las para destinos mais econômicos, como Portugal e Espanha, e com duração de tempo bem planejada.

O turismo interno aumentou com a alta do euro?

Sim. Agora que você já viu porque o euro não para de subir e os impactos negativos do coronavírus no Brasil, saiba que a crise sanitária foi positiva no sentido de aumento do turismo dentro do país.

A desvalorização do real em relação ao euro (EUR 1 está custando quase R$ 7), o aumento do custo dos produtos importados e o fato de que muitas fronteiras estão fechadas para brasileiros contribuíram para a melhorar do turismo no Brasil – o destino acabou sendo mais procurado por quem queria viajar. Esse é um fator positivo para a economia nacional e o incentivo ao turismo em algumas regiões brasileiras.

Comprar euro no Brasil ou na Europa? Saiba qual é a melhor alternativa.

Quais são as melhores formas de transacionar euros?

Agora que você já sabe os principais motivos por que o euro não para de subir, veja algumas dicas básicas para comercializar a moeda europeia.

Acompanhamento da moeda

Para saber como e quando negociar e efetuar transações com o euro, é importante controlar frequentemente a sua cotação. Esteja sempre atualizado.

A sua consulta também pode ser feita no site do Banco Central do Brasil. O ranking do VET (Valor Efetivo Total), disponibilizado pelo BACEN, é outra ferramenta interessante para verificar, não somente o preço do euro naquele dia, como também o custo total de uma operação de troca de moeda, avaliando a taxa de câmbio mais as tarifas e os tributos sobre a operação.

É possível, ainda, visualizar os valores por períodos e verificar em qual instituição a taxa do euro está mais em conta.

Negociação

Após comparar a taxa do euro, negocie o valor. É possível conseguir desconto na cotação, dependendo do valor a ser trocado.

Observação: só troque a moeda no aeroporto se você não tiver outra opção. As taxas de câmbio nas agências locais são mais caras devido à comodidade.

Transação por etapas

Se você tiver tempo e o euro estiver com uma cotação alta, como agora, evite trocar todo o dinheiro de uma só vez. Nesses casos, o ideal é fazer o câmbio por etapas.

Câmbio em instituições financeiras autorizadas pelo BACEN

Agora que você já sabe porque o euro não para de subir, é muito importante que você faça o câmbio da moeda em instituições financeiras autorizadas pelo BANCEN a comercializar euros. Você pode fazer a cotação no site do banco, verificar em qual local a taxa está melhor, entrar em contato e efetuar a troca.

Muitas vezes, “o barato sai caro” e a pessoa pensa que vai economizar um pouco porque um conhecido de um conhecido quer lhe vender a moeda por um valor mais barato, mas acaba tendo um grande prejuízo. Não vale a pena o risco.

Por isso, mais uma vez ressaltamos a importância de comprar euro em casa de câmbio, uma agência bancária ou com algum agente que seja autorizado pelo Banco Central do Brasil a comercializar moedas estrangeiras.

Agora que você já sabe por que o euro não para de subir, entenda qual a diferença do euro comercial e turismo antes de comprar a moeda.