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Laise Kasaoka

Autor

Laise Kasaoka é brasileira, curitibana, graduada e pós-graduada em Psicologia, formada em Coaching Psicológico e Coaching de Fortalezas y Psicología Positiva. Apaixonada por gente, eterna aprendiz sobre psicologia intercultural e desenvolvimento humano! Trabalhou por anos no RH de grandes empresas. Atualmente ajuda profissionais a se desenvolverem e é psicoterapeuta, principalmente, de brasileiros que estão no exterior. Já nasceu intercultural pela sua descendência nipônica, já morou na Espanha e atualmente vive na Bélgica.

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Morar fora não é viver um conto de fadas
Psicologia para Expatriados

Morar fora não é viver um conto de fadas: prós e contras

O número global de migrantes internacionais atingiu 281 milhões de pessoas em 2020, segundo o relatório da DESA – Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Se pensarmos em nosso círculo de convívio, é difícil encontrarmos alguém que não conheça ninguém que more no exterior. Além disso, está cada vez mais frequente escutarmos as pessoas falando que querem sair do Brasil, principalmente para terem mais qualidade de vida. Mas será que morar fora é viver em um conto de fadas? A realidade é bem diferente, vamos entender isso! O que é qualidade de vida? Gosto de fazer essa pergunta aos meus pacientes e às pessoas que me falam sobre a qualidade de vida de se morar no exterior. Via de regra, a resposta é sempre a mesma. Usufruir de um sistema de saúde e educação de qualidade, poder andar na rua com segurança, viver com mais conforto. Se pensarmos na pirâmide de Maslow, esses fatores estão na base da pirâmide. No entanto, qualidade de vida envolve muito mais do que isso. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é: "a percepção que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" A qualidade de vida envolve tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos. Muito mais do que se sentir seguro fisicamente, é importante também se sentir seguro psicologicamente. O que envolve autoestima, autoconfiança e autocuidado para que você enfrente os desafios de se desconstruir e se reconstruir em uma sociedade com a cultura, idioma e costumes diferentes da sua. Então, se você está cogitando a possibilidade em morar fora, é fundamental ter uma visão ampliada sobre as implicações dessa mudança na sua vida e na de sua família. Acompanhe aqui que vou te ajudar a pensar em alguns pontos. Qual é o seu projeto de vida? Você já pensou sobre isso? Quais são as suas expectativas para o futuro? Onde você se imagina? O que você está fazendo? Com quem? Em que situação? Pode até ser que você pense "não sei onde vou estar, só sei que não quero estar aqui no Brasil". Como se o único fator importante fosse se afastar do problema atual. Mas, ironicamente, muitos dos problemas que tínhamos no Brasil não desaparecem e, inclusive, outros aparecem. Então é importante pensar nos seus objetivos em morar fora. O que você espera? Até onde vão os seus limites? O que você está disposto a fazer e a não fazer? É claro que os planos não precisam ser estáticos e podem ser alterados ao longo do tempo. Mas saber o que você quer e não quer para o seu futuro faz com que você tome decisões com mais segurança com a maior probabilidade de assertividade. A Ana Paula já contou na coluna dela que morar fora não é para todo mundo, veja se você concorda com ela. Quais são os seus valores pessoais? Outro fator importante a se pesar é com relação aos seus valores pessoais. Você já parou para pensar sobre eles? Valores são aquelas características, comportamentos, adjetivos e qualidades que são importantes para nós. São os nossos valores que norteiam os nossos comportamentos e nossas decisões. Uma forma de você identificar os seus valores é pensar em situações em que você se incomodou com algo. O que aconteceu naquela situação que mexeu tanto com você? Foi a injustiça, desonestidade, falta de companheirismo? Ou senão, você pode lembrar daquelas situações em que você não entendeu muito bem o porquê estava agindo de determinada maneira ou "teimando" por algo. Que valores estavam ali naquela situação? Conhecer os nossos valores é importante para avaliarmos o quão congruentes eles estão com a cultura do país em que iremos viver. Assim você pode se preparar ou, até mesmo, repensar a sua mudança. Por exemplo, se um dos seus valores mais importantes é o relacionamento interpessoal, pode ser mais desafiador para você estar inserido em países com a cultura mais individualista, onde as pessoas são mais reservadas e não costumam dar muita abertura para outras pessoas. Trabalho ou meios de sustento Como você vai se sustentar no novo país? Quanto você vai precisar para viver? Você está preparado para os gastos iniciais? Você está fazendo uma análise otimista ou realista? E se você tiver mais gastos do que imaginava, você tem uma reserva? Lembro de uma entrevista que vi na televisão alguns anos atrás sobre uma empresa europeia que estava com vagas abertas para brasileiros. Havia uma consultoria no Brasil cuidando da seleção e uma fila de candidatos com a esperança de ganhar 3 vezes o valor do salário no Brasil. Alguns deles foram entrevistados e estavam animados porque com esse valor seria possível se sustentar no novo país, mandar dinheiro para a família e ainda economizar. No entanto, eles não haviam pesquisado o custo de vida naquele país e muitos não tinham ideia do quanto ganhar 3 vezes mais em reais representava na moeda do país hospedeiro. É importante ter os pés nos chãos na hora de pensar sobre os meios de sustento no novo país. Há muitas informações na internet, muitas opiniões que podem não refletir a sua necessidade e realidade. Por isso, faça pesquisas em sites confiáveis e busque opiniões de pessoas que te falem os benefícios, mas também os pontos de atenção. Entenda também como lidar com os desafios da recolocação profissional no novo país. Comunicação em um novo idioma Você conseguirá se fazer entender e entender as pessoas do país hospedeiro? Quão aberto você está para aprender o novo idioma e as expressões locais? A comunicação é um dos principais fatores para conseguirmos nos relacionar com outras pessoas. Muitas vezes nos sentimos inseguros com o idioma, acabamos nos retraindo e, ao longo do tempo, isso pode levar a um recolhimento social com baixa autoestima e baixa autoconfiança, que podem ser agravadas se as pessoas do novo local não forem tão receptivas aos estrangeiros. Este é um ponto a ser considerado. Mesmo que você for para um país com um idioma diferente dos mais usuais para nós, como o português, inglês e espanhol, vale pensar na sua abertura para aprender o idioma local, principalmente se a intenção for ficar por lá por um longo período. O poder de se comunicar no mesmo idioma abre portas e caminhos. Abertura à nova cultura Levamos uma vida inteira para aprendermos a nos comportar conforme a cultura brasileira. Quando crianças, aprendemos as regras culturais, testamos algumas delas quando viramos adolescentes para podermos assimilar e as internalizamos na fase adulta. Se escolhemos viver em outro país, temos que passar por todas essas fases da aprendizagem cultural de forma rápida e, muitas vezes, entrando em conflito com algumas das regras culturais que para nós era certa, mas que pode ser interpretada de uma forma totalmente diferente no país em que estamos. Quando não estamos abertos a rever o nosso jeito de ver o mundo, há o choque entre as culturas. Mas, quando há esta abertura, há o encontro entre as culturas. Quando estamos abertos a aceitar as diversas formas de estar certo, conseguimos nos relacionar de maneira mais leve com o novo país. Decisão em família A mudança de país é um tema que já foi conversado com a sua família? Já falei em outro artigo sobre o impacto na família com a mudança de país. A decisão de morar fora precisa ser do casal para minimizar conflitos. Morar fora é um desafio que impacta em todas as áreas da nossa vida e pode ser dificultada quando uma pessoa do casal muda contra a vontade. Outra questão a se considerar é a família que fica no Brasil. Já vi muitos casos em que um dos fatores principais para a mudança de país foi se afastar dos problemas familiares. Em alguns casos, esse distanciamento é saudável. Mas, em outros, eles agravam e geram mais angústias para quem está longe, pois acabam trazendo sentimentos de ansiedade, culpa, impotência e até mesmo cobranças de quem ficou no Brasil. Neste caso, é importante trabalhar a inteligência emocional para conseguir acolher todos esses sentimentos, separar as situações, aceitar melhor o que você não consegue controlar e estabelecer limites. Relacionamentos sociais Quando converso com os brasileiros que moram fora, uma das principais queixas é com relação à rede de apoio. Nos primeiros meses, o convívio acaba sendo mais entre os membros da família e temos que fazer um esforço para sair da nossa zona de conforto, fazer novos amigos e construir nossa rede de relacionamentos no novo país. Então, se para você, estar sempre em contato com as pessoas, ter grupos de amigos e uma vida social fora do âmbito familiar são importantes, é fundamental pensar nessa questão e ter consciência que relacionamentos são construídos e leva tempo. Saiba se é possível manter um bom relacionamento à distância morando no exterior. Dicas finais para quem quer morar fora Morar fora é uma experiência incrível e muito proveitosa. Eu, particularmente, gosto bastante, mas é preciso ter os pés no chão e pesar todos os fatores. Como mencionei em outro artigo, costumamos idealizar o que não temos e menosprezar aquilo que temos. Quantas coisas boas o Brasil tem e só dei valor depois que perdi. Então, para tomar a decisão de morar fora ou não, seguem algumas dicas: Converse com pessoas que te falem tanto os prós quanto os contras de se morar em outro país; Tenha em mente que não há lugar perfeito. Todos os países têm os seus problemas e, muitos deles, não são "melhores" ou menos intensos só por estarem em outro país que o seu; Pesquise sobre o país destino em fontes confiáveis; Liste as vantagens e desvantagens de morar no exterior e de morar no Brasil; Reflita sobre os pontos mencionados ao longo desse artigo; Trabalhe o seu autoconhecimento para tomar decisões mais assertivas e ter mais autoconfiança para atravessar os desafios com mais tranquilidade; Aproveite a sua jornada, onde for! Gostou? Ficou com vontade de morar na Europa? Então confira nosso Ebook Sonho de Viver na Europa, um livro digital com depoimentos de brasileiros que moram por aqui e contam as dores e delícias de ser um imigrante brasileiro no velho continente, vai inspirar você a fazer essa mudança!

Não sou mais o mesmo depois que mudei de país, por quê
Psicologia para Expatriados

Não sou mais o mesmo depois que mudei de país, por quê? Entenda

Quando pensamos em morar no exterior, temos a consciência que vamos entrar em contato com uma nova cultura e que precisaremos nos adaptar a ela. Em se tratando de viver em outro país, logo imaginamos que os costumes e tradições serão diferentes, a maneira de se vestir, a comida, a música, o idioma, enfim, tudo que é facilmente percebido no dia a dia. Mas será que é só isso?  Posso te assegurar que não. Mais do que isso, temos que levar em consideração outras questões que vão muito além, pois são fatores internos, que não podem ser vistos, mas que são sentidos e muitas vezes sem muita clareza do que está acontecendo. Saiba mais no artigo a seguir. Não sou mais o mesmo depois que mudei de país, por quê? Gosto muito de utilizar a explicação da psicóloga norte-americana Lois Bushong, que trabalha com crianças e adultos de terceira cultura (TCK – Third Culture Kids) sobre identidade cultural. Apesar dos estudos dela serem voltados a este público, o Iceberg da Identidade Cultural que ela utiliza pode ser usado, também, para os migrantes. Iceberg da Identidade Cultural Muito mais do que as diferenças culturais, as pessoas que migram para outros países acabam construindo uma identidade cultural. Olhando para o iceberg da identidade cultural, na parte visível estão: vestimentas, comida, idioma, etnia, gênero e tradições. Já na parte submersa, estão questões como: valores culturais e pessoais, adaptabilidade, lutos mal resolvidos ou lutos migratórios, sensibilidade cultural, ausência de raízes, medo e perdas, dificuldade em saber quem é, identidade escondida, inquietude, marginalização cultural, senso de pertencimento, visão de mundo e crenças. Ou seja, são temas muito mais profundos e que, geralmente, é o que causam mais sofrimento e descontentamento para os brasileiros que estão vivendo em outro país. Muitas vezes são esses os fatores que motivam o retorno precoce ao Brasil. Entendendo o Iceberg da Identidade Cultural Acredito que a parte visível do Iceberg é de conhecimento geral. Então, vou falar aqui de alguns aspectos da parte mais profunda e que pode ser novo para você, tudo bem? Visão de mundo e crenças Ao longo da nossa vida, vamos construindo nossa visão de mundo e as nossas crenças através das nossas experiências e ensinamentos que foram passados pelas pessoas, livros, cursos, entre outros. Quando nascemos e crescemos em um mesmo lugar, a visão de mundo que temos é daquele lugar e carregamos aspectos culturais de lá. Da mesma forma acontece com as nossas crenças. Muito do que acreditamos e que passamos para frente, tem a ver com a cultura do país, do Estado, da cidade e até mesmo do bairro em que vivíamos. Isso pode ser desafiador quando nos confrontamos com visões de mundo e crenças diferentes das nossas. Ao longo do tempo no novo país, é recomendável que tenha momentos para refletir sobre as suas crenças e a sua visão de mundo. À medida que você vai experimentando outras formas de viver, é possível agregar, eliminar ou substituir algumas crenças que tinha no passado e que fazem mais sentido no seu momento atual de vida. Valores culturais e pessoais Nossos comportamentos são guiados por aquilo que acreditamos ser importante em e para a nossa vida. Muitos dos nossos valores pessoais foram formados com base nos valores da sociedade em que vivemos. Por exemplo, a probabilidade das pessoas que vivem em países mais capitalistas, que valorizam o retorno financeiro, terem como um dos principais valores o dinheiro ou riqueza é maior do que para as pessoas que vivem em países socialistas. Muitas vezes encontramos dificuldade quando os nossos valores pessoais são muito diversos dos valores culturais do país que escolhemos viver. Depois de um tempo, acabamos nos questionando o que realmente importa em nossas vidas e é importante revisitar nossos valores pessoais para atualizá-los. Esse ajuste faz com que a sensação de que estamos vivendo no piloto automático diminua. É como se ajustássemos a rota da nossa vida. Adaptabilidade e sensibilidade cultural O educador intercultural Milton Benett criou o modelo de sensibilidade cultural para explicar as reações das pessoas frente às diferenças culturais. O modelo é separado em 6 fases: a negação, a defesa, a minimização, a aceitação, a adaptação e a integração. Negação: as pessoas que estão nessa fase não veem diferenças culturais entre os países. Para eles, todos possuem os mesmos aspectos culturais; Defesa: as pessoas veem as diferenças culturais, mas adotam posturas como se a própria cultura fosse melhor que a outra ou pior que a outra. Nessa fase, há julgamento de valor entre as culturas e comparação; Minimização: aqui, as pessoas acreditam que, por todos serem seres humanos, as diferenças culturais não têm relevância. Eles minimizam os impactos das diferenças culturais. Para Benett, as pessoas que estão em uma das três primeiras fases são as que sofrem mais com a adaptação ao novo país por não terem a sensibilidade cultural muito desenvolvida. Aceitação: as pessoas nessa fase aceitam as diferenças culturais e as entendem. No entanto, se sentem inseguras para interagir com culturas diferentes; Adaptação: conforme o tempo passa e há o convívio com a nova cultura, ela começa a enxergar de forma mais empática as diferenças culturais. Nessa fase, eles conseguem adaptar a sua forma de se relacionar e se comunicar com pessoas de diferentes culturas; Integração: nesta fase, duas ou mais culturas já fazem parte da sua identidade e ela consegue se integrar nas duas ou mais culturas de forma natural. Essas fases não são estáticas e você pode se desenvolver para se aproximar mais da fase da integração. Então pense e analise em que fase está, quais são os impactos disso no seu dia a dia e o que você deve fazer para se desenvolver. Veja também o artigo que diz por que é tão difícil adaptar em outro país. Ausência de raízes e senso de pertencimento Nós, seres humanos, somos seres relacionais com necessidade de nos sentirmos pertencentes a um grupo. Isso tem a ver, também, com o sentimento de ter raízes em um lugar. Aprendemos a nos comportar perante a sociedade desde a infância e temos tempo para aprender, testar, nos rebelar e assimilar tais comportamentos para vivermos conforme as normas culturais. Mas, quando começamos a viver em outro país, temos que passar por todo esse caminho de uma vida inteira em dias e meses. Não sabemos muito bem o que fazer, o que pode ou não pode, o que é aceito ou não e ficamos meio perdidos no meio disso tudo. Se isso acontecer com você, tenha calma e paciência. Permita-se dar o tempo para que aprenda a conviver em uma nova cultura. Formar um grupo de amigos brasileiros ajuda a se sentir mais pertencente, mas é necessário entrar em contato também com pessoas do país em que você está para aprender as regras culturais do país. Dificuldade em saber quem é Mudar de país é uma mudança de nós mesmos. Perdemos nossos referenciais, nos desconectamos de um sistema que já sabíamos como funcionava. No meio disso tudo, tentamos ligar os pontos novamente, tentamos nos reencontrar, mas muitas vezes é difícil. Morar no exterior é um desconstruir para nos reconstruirmos e no meio do caminho, não reconhecemos mais quem somos. Muitas vezes, é preciso de ajuda profissional para que possa entrar em contato com todas essas novas experiências, com os seus sentimentos, com a sua relação com a sua nova vida e, assim, se reorganizar. As descobertas feitas ao longo do caminho podem causar desconforto e dor, mas podem ser maravilhosas também. Veja como lidar com os desafios da adaptação reversa ao voltar para o Brasil. Marginalização cultural Dependendo do país que for, pode ser que as pessoas estejam naquelas primeiras fases do modelo de sensibilidade cultural que mencionei anteriormente. Pode ser que elas tenham algumas crenças sobre as outras nacionalidades e acabem fazendo generalizações. Não é raro vermos situações que envolvem preconceitos e racismo e, infelizmente, está longe dessas situações acabarem. Mas isso não é sinal de que devemos nos conformar. Se por um lado, podemos fazer a nossa parte para que o preconceito e o racismo seja cada vez menor, por outro, é fundamental trabalhar a autoconfiança e a valorização de quem somos. Identidade escondida O Brasil é um país cheio de misturas de nacionalidades e, quando estamos fora, muitas vezes as pessoas assumem que somos de outro lugar. Isso é mais comum em ambientes e situações em que as pessoas não têm a oportunidade de perguntar de onde somos. Para ficar mais claro, vou exemplificar com o meu caso. Como sou descendente de japoneses, os espanhóis e os belgas não imaginam que sou do Brasil. Para eles, sou de alguma parte da Ásia. Minha identidade cultural brasileira fica escondida devido às minhas características físicas. Por que morar no exterior não é para todo mundo? Entenda na coluna especial. Lutos migratórios Viver longe, em outro país, requer renúncias e perdas. Ao contrário do luto de quando um ente querido falece, em que sabemos que não o veremos mais, os lutos migratórios são lutos por pessoas, coisas e lugares que continuam lá, mas estão separados de nós pelo tempo e espaço. Temos que nos despedir de algo que ainda existe e isso pode gerar vários tipos de sentimentos, angústias e incertezas. Nesses casos, é essencial que você tenha sempre em mente o porquê você resolveu mudar de país e quais foram os fatores motivadores da decisão. Assim, você minimiza as chances de romantizar a vida que você tinha no Brasil e de "demonizar" a vida que você tem no novo país. Sentimentos migratórios Morar em outro país é experimentar um turbilhão de emoções e sentimentos ambíguos ao mesmo tempo. Tudo bem se estiver se sentindo como em uma montanha-russa, você é normal. No entanto, é importante permitir-se sentir para ter mais consciência do que você está sentindo, o porquê de cada sentimento e seus gatilhos para conseguir gerenciar as emoções de forma saudável e não virarem uma depressão, por exemplo. A rede de apoio ajuda muito para que você tenha com quem contar. E você também sempre pode contar com a ajuda de um profissional da área da saúde mental. Adaptação à vida no exterior após os 65 anos: saiba tudo. Preparação emocional é necessária Há vários aspectos envolvidos na nossa identidade cultural, no nosso reconhecimento do eu vivendo em outro país. Conhecendo esses aspectos, fica mais fácil ter consciência do que está acontecendo com você e ser mais assertivo nas suas ações. Apesar da mudança de país ser um renascimento e um reencontro com nós mesmos, há muito do seu antigo eu que está aí, então lembre-se sempre das suas forças e virtudes! Veja também como fazer o seu preparo emocional para mudar de país.

Como lidar com a perda de pessoas queridas morando no exterior
Psicologia para Expatriados

Como lidar com a perda de pessoas queridas morando no exterior

A decisão de morar no exterior envolve a abdicação de muitas coisas. Uma vida já construída e estabelecida no Brasil, nossa cultura, trabalho, nossa casa. Para mim, "abrir mão" do convívio físico dos amigos e da família é o que mais dói. Não poder abraçar, sentir o cheiro e passar horas na companhia das pessoas mais queridas, faz uma falta enorme. Neste artigo, trazemos dicas sobre como lidar com a perda de pessoas queridas morando no exterior, uma realidade de muitos que optaram viver fora do país de origem enfrentam. Saiba mais a seguir. Saiba como lidar com a perda de pessoas queridas morando no exterior Quando saímos do Brasil, experimentamos vários tipos de luto, os chamados lutos migratórios. São lutos por algo que continua lá, mas que não temos mais contato. Mas esse é um tema para outro dia, porque hoje, quero falar sobre o luto pela perda de pessoas que não teremos mais a chance de reencontrá-las. Um dos maiores medos quando partimos é ter a notícia do falecimento de algum ente querido e não termos a oportunidade de nos despedirmos. Infelizmente, essa foi, está sendo e será a realidade de muitos brasileiros que moram no exterior, e que deixaram aqueles que amam no Brasil, principalmente, devido ao Covid-19. Mas, como lidar com essa situação? O que fazer com tanto sofrimento? Infelizmente, não tenho uma receita de bolo e nem previsão de quando a dor pelo luto irá terminar, já que somos seres singulares e essa singularidade deve ser respeitada. Não há teoria para explicar o que você sente, pois é a sua experiência, foi a sua relação que foi rompida e de mais ninguém. Mesmo a perda de uma pessoa da mesma família é sentida de formas diferentes por cada um de seus membros. A perda da mãe é sentida de um jeito por um filho e de outro por outro filho. Cada um dá um sentido para o luto. Pode ser que um sinta essa falta com mais intensidade agora e o outro sinta daqui algum tempo, anos até, e está tudo bem. Aspectos a serem considerados durante o luto No entanto, há alguns aspectos importantes devem ser considerados para que o luto seja elaborado e a pessoa enlutada consiga seguir com a vida: Ter a consciência de que nunca estamos preparados para perder alguém: por mais que a morte seja anunciada devido a alguma doença, quando chega o momento, não estamos preparados. É impossível prever o que iremos sentir no momento, pois está no campo da imaginação, não vivenciamos o momento da partida; O luto não deve ser considerado como doença: é um processo necessário, primordial para ser vivido e inerente à vida; Quanto mais lutamos para não sentir, mais forte serão os sentimentos relacionados ao luto. Deixe vir; Mesmo que você acredite que pode e/ou deve seguir com a sua vida normalmente antes de viver o luto, os sentimentos voltarão em algum outro momento; Cada um dá um sentido para luto: respeite a sua forma de viver esse momento e respeite a forma que o outro está vivendo o luto dele; Não tenha vergonha ou medo de chorar: o choro tem a função de reafirmar a ausência da pessoa querida; Permita-se sentir o luto e falar sobre ele: é importante para que você entenda e aceite a perda da pessoa que tanto significou para você. Sentir e falar te ajudam a se reestruturar e ressignificar a vida sem a pessoa que se foi; Lembre-se que só sente a dor da perda quem ama. E que lindo poder amar alguém; Os rituais como o velório, enterro e missas são importantes e dão suporte no momento do luto. Quando se está longe e não é possível participar desses rituais, é possível criar os próprios rituais para se despedir. Pode ser uma carta de despedida, uma missa em casa, ou outros gestos que te ajudem na despedida. É possível aprender em meio a tanta dor? Por mais que uma das únicas certezas da vida seja a morte, quando esse momento chega, muitas vezes nos questionamos o porquê de acontecer, ainda mais se for no contra fluxo normal do ciclo da vida. A dor é tamanha que acreditamos que é impossível extrair algo de bom com a perda de alguém querido. No entanto, esses momentos de grandes adversidades nos fazem refletir sobre a nossa vida. As situações de luto são importantes para: Rever alguns valores que temos em nossas vidas, pois levamos um choque de realidade; Nos atentarmos à maneira como estamos vivendo nossa vida e passamos a aproveitar mais cada momento; Refletirmos sobre o que perdemos com quem perdemos. Vamos aprender mais sobre o luto? As 5 dimensões do luto Como humanos, somos multidisciplinares, formados por 5 dimensões: intelectual, física, emocional, espiritual e social. Segundo Wolfgang Stroebe, Margaret S. Stroebe e Robert O. Hansson, quando perdemos o vínculo com uma pessoa querida que se foi, somos afetados em todas as dimensões da nossa vida, da seguinte maneira: Intelectual: falta de concentração, confusão mental, desorientação, desorganização, negação; Emocional: culpa, entorpecimento, raiva, alívio, depressão, solidão, tristeza, saudade, irritabilidade, choque, descrença, ansiedade, medo; Física: alterações de apetite, alteração de sono, dor de cabeça, exaustão, inquietação, dispneia, palpitações, boca seca, visão borrada, perda de peso, mudança na função intestinal, choro. Muitas vezes, são confundidas com outras doenças; Espiritual: sonhos, raiva de Deus, impressões, perda ou aumento da fé, dor espiritual, questionamento de valores, desapontamento com membros da igreja, desapontamento com Deus; Social: perda da identidade, afastamento, falta de interação, isolamento, perda da habilidade para se relacionar socialmente. Além da distância em momentos difíceis, existem outras coisas que é preciso abrir mão ao morar no exterior, saiba quais são elas. Fases do luto e a vida como ela é Há teorias que falam que, quando estamos de luto, passamos por algumas fases: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. No DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Edição, encontramos o período de tempo para que o luto seja considerado normal ou patológico. No entanto, a realidade não é bem assim. Não somos robôs para podermos programar o tempo e nem uma máquina, em que conseguimos delimitar um processo com algumas fases. Somos seres humanos. Ou seja, somos únicos, diferentes uns dos outros, imprevisíveis. Quando conversamos com alguém que está de luto, os sentimentos não são lineares e delimitados. Há um misto de emoções, um ir e vir destas sensações, dependendo dos gatilhos que ativam nossas lembranças. Eu sei que queremos entender nossos sentimentos. Muitas vezes, queremos fugir do sofrimento. Outras vezes, não temos tempo para sentir. Na verdade, quando uma pessoa falece, o que precisamos é justamente entrar em contato com a dor, com os nossos sentimentos e ter tempo para curti-los. Acredito que a perda de alguém é um dos momentos mais difíceis que passamos na vida, ainda mais quando estamos longe. No entanto, assim como tantas outras dicotomias que enfrentamos, são nos momentos de morte que mais pensamos na nossa vida. Leia também outro artigo que escrevei sobre o preparo emocional para mudar de país.

Não me adaptei no exterior, e agora?
Psicologia para Expatriados

Não me adaptei no exterior, e agora? Saiba como lidar

A mudança de país é um desafio que requer planejamento e preparo logístico, burocrático, financeiro e emocional. Mesmo assim, por mais preparados que possamos estar, é uma escolha frente ao desconhecido, que pode dar certo ou não. Há muitos brasileiros que não se adaptam à vida no exterior por diversas razões. Cada vida é uma vida, cada história é uma história e, às vezes, você se questiona: não me adaptei no exterior, e agora? No entanto, assim como sair do Brasil, voltar também requer a avaliação de vários aspectos para que sua escolha seja assertiva e você tenha mais convicção e confiança na sua decisão. Então, vamos lá! Que tal analisar a situação sob uma outra perspectiva? Confira tudo no artigo abaixo. Não me adaptei no exterior, e agora? O que fazer? Geralmente, quando não estamos satisfeitos com alguma situação, acabamos fazendo generalizações, tanto para o bem quanto para o mal. Além disso, por estarmos envolvidos emocionalmente, é difícil pensarmos de forma analítica e racional. Então, uma dica é fazer o exercício da troca de papéis. Imagine se vendo de fora. Você está no Brasil e alguém da sua família ou um amigo está morando no exterior, vivendo as mesmas experiências que você. O que você estaria pensando? Pode ser até que você tenha tomado a decisão de morar fora por ver a experiência de algum conhecido seu. Neste caso, você pode lembrar o que você pensava sobre ele e o que te fez tomar a decisão de sair do Brasil. A reflexão é fundamental na sua decisão de morar no exterior Agora, imagine que essa pessoa está conversando e te falando tudo o que está acontecendo. O quanto está sendo difícil a adaptação, a vontade de voltar ao Brasil, os sentimentos. O que você falaria para essa pessoa? Como você enxergaria essa situação? Fazendo isso, você pode até pensar: "tem gente que me fala que estou reclamando de barriga cheia, mas eles não sabem o que eu vivo" ou "se eu estivesse vendo de fora, ia achar que estava tudo lindo e maravilhoso, mas não é bem assim no dia-a-dia". Se isso acontecer, reflita e pondere. Quanto a vida no exterior parece ser fácil para quem olha de fora e quanto ela parece ser difícil para você? Elas estão nas extremidades? O que está sendo em excesso nas duas partes? Há um equilíbrio entre os dois lados? Quanto é mais difícil do que parece e quanto poderia ser mais fácil e, de repente, você não está enxergando? Saiba como lidar com os desafios da adaptação reversa ao voltar para o Brasil. Não consigo imaginar, está muito difícil Caso tenha sido difícil para você se imaginar no lugar de outra pessoa que está vendo a sua situação de fora, você pode separar a sua experiência de morar em outro país em partes. Mesmo se você tiver conseguido fazer o exercício anterior, vale a pena analisar a situação em partes também. Como já mencionei, é comum generalizarmos as situações e pensar que tudo está bom ou tudo está ruim. No entanto, é importante ver o que te incomoda de fato. O que é esse tudo? Será que é tudo mesmo? Pegue uma folha e liste o quê, especificamente, te faz pensar em voltar para a sua terra natal. Não vale colocar tudo, ok? É dificuldade no trabalho? Dificuldade em conseguir um trabalho? Clima? Saudades? Não gosta das pessoas do país? É difícil se adaptar à comida local? Não se sente pertencente? Tem dificuldade em aprender o idioma? Após listar tudo, reflita cada ponto. Por que isso te incomoda tanto? Vai contra os seus valores? Mostra alguma dificuldade ou falta de habilidade? O quanto você quer que os outros pensem como você? Quanto você é responsável por flexibilizar o seu modo de pensar e agir para se adaptar? Como você está interagindo com o novo país? O quanto você se cobra por ter que se adaptar rápido e se frustra quando não consegue? Você está respeitando o seu tempo de adaptação? Sente que não é mais o mesmo depois que mudou de país? Entenda porque isso acontece. Percebi que quero ficar onde estou Pode ser que, após separar as situações e se questionar, você perceba que vale a pena ficar onde está. Neste caso, que fatos fizeram você querer voltar ao Brasil? Você pode mudá-los? Se você não puder, como é para você aceitá-los? E como você pode agir para conviver melhor com eles? O que está nas suas mãos mudar? Ou seja, aceite o que você não tem controle e se comprometa a mudar aquilo que você tem escolha de mudar. Entenda como o preparo emocional para mudar de país é essencial. Tenho certeza que quero voltar ao Brasil, mas... É possível que, após pensar e pesar todos os fatores envolvidos, você chegue à conclusão que a melhor decisão é retornar ao Brasil. Mas, apesar de ter certeza, ainda tem "um sentimento estranho". É muito comum vermos brasileiros que se sentem frustrados ou se incomodam com o que os outros vão dizer se voltarem ao Brasil e acabam adiando o retorno e, consequentemente, o sofrimento. Nestes casos, vale a pena acolher este sentimento e se perguntar o porquê da frustração ou do medo do julgamento dos outros. Podem aparecer outros sentimentos como medo, receio, apreensão, ansiedade, além de outras questões, que podem estar escondidas e camufladas. Se esse for o seu caso, o ideal é buscar ajuda profissional para que você compreenda melhor o que está se passando. Lembre-se que o poder da escolha sobre a sua vida é sua e se faz mais sentido para você voltar ao Brasil, por que não? Ou seja, é importante entender quais sentimentos estão presentes na ideia de voltar ao Brasil e qual o significado deles para você. Morar no exterior é abrir mão de muita coisa, descubra as principais. Prepare-se para a readaptação no Brasil Outra questão a ser considerada é o preparo para a readaptação ao país de origem. É comum as pessoas imaginarem que as coisas serão como eram na época em que partiram. Afinal de contas, conhecem os lugares, as pessoas, a cultura, o modo de se comportar, de falar, de interagir. Mas, a vida seguiu para quem foi e para quem ficou, e as coisas não são mais as mesmas. As pessoas mudam, os lugares mudam. Você já não é mais o mesmo, sua visão de mundo já não é mais a mesma e é preciso se readaptar ao "novo antigo país". Hora de partir Costumamos correr atrás de certezas, quando, na verdade, uma das únicas certezas que temos é que viveremos dilemas ao longo de nossas vidas. Uns mais simples e outros mais complexos. Em outras palavras, temos que fazer uma escolha entre duas opções contraditórias, que são satisfatórias e insatisfatórias ao mesmo tempo, e nos causam um sentimento de insegurança, já que, inevitavelmente, teremos que "abrir mão" de algumas coisas. Por isso, é normal sentir medo e insegurança, mas gosto de utilizar a expressão "a coragem é a travessia do medo". Após pesar todos os fatores e fazer sua escolha, é hora de enfrentar os medos, aceitar que nem tudo será um mar de rosas e que você se deparará com desafios. Acredite no seu potencial, se comprometa e se responsabilize pelas suas ações e siga em frente com seu sonho. Lembre-se que está tudo bem ficar onde está ou voltar ao Brasil, desde que faça sentido para você! O Erick Gutierrez, fundador do Euro Dicas, morou na Irlanda e não se adaptou, veja o editorial que ele conta como foi aqui.

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