Seja pela relativa facilidade de obtenção de visto de estudante ou pelo investimento do país em oportunidades de emprego para estrangeiros, é fato de que há cada vez mais brasileiros na Irlanda.

Para entender melhor as vivências dos brasileiros que foram se aventurar na Ilha Esmeralda, entrevistei três pessoas que vão ilustrar as histórias de quem decidiu deixar o Brasil para estudar ou trabalhar no país. Vamos lá?

Quem são os brasileiros na Irlanda?

Para responder à pergunta, recorremos ao CSO (Central Statistics Office), órgão responsável pela realização do censo irlandês. Dos dados no site, podemos observar as seguintes informações sobre brasileiros na Irlanda:

  • De acordo com o último censo irlandês, realizado em 2016, 97% dos brasileiros têm idade inferior a 50 anos, o que reforça o fato de que grande parte da população brasileira é mais jovem e vai para a Irlanda por motivos de estudo e trabalho, somente estudo ou somente trabalho;
  • A faixa etária mais representativa de brasileiros na Irlanda é a de 25-29 anos, com 10.305 pessoas, da qual 25% representam estudantes;
  • 6.568 brasileiros empregados, número mais expressivo do que se comparado aos brasileiros desempregados, 1.562;
  • Cerca de 22% dos brasileiros empregados atuam na área de hotelaria ou alimentação;
  • 72% vivem em zona urbana.

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Quantos são os brasileiros na Irlanda?

Segundo o último censo, eram 13.640 brasileiros na Irlanda, representando um aumento significativo se compararmos ao censo anterior, feito em 2011, que apontava que a ilha abrigava 8.704 brasileiros.

O crescimento do número de brasileiros na Irlanda fica ainda mais evidente se compararmos com o censo de 2006: eram 4.388 brasileiros na Irlanda.

Histórico da imigração brasileira na Irlanda

Como apontado anteriormente, o número de brasileiros na Irlanda cresce a cada ano. Enquanto o último censo irlandês contava 13.640 brasileiros no país, a Embaixada do Brasil em Dublin contabilizou, em 2021, 70.000 brasileiros na ilha.

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A discrepância entre os números pode ser explicada pela diferença de anos em que foram feitas, mas também pelo grande número de brasileiros que vivem de forma ilegal na Irlanda – sim, eles existem! Essa parcela, naturalmente, acaba por não ser contabilizada pelo censo oficial do país.

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Perfil dos brasileiros que vivem na Irlanda

Afinal, quem são os brasileiros que vivem na Irlanda? Buscando entender o perfil dessas pessoas, três brasileiras toparam conversar com a gente para falar sobre suas vivências no país. São elas: Amanda Esteves, que está na Irlanda a estudo, Paula Fugita e Thamara Ferraz que atualmente trabalham no país.

Estudantes brasileiros na Irlanda

Para ilustrar a seção de estudantes brasileiros na Irlanda, conversamos com a Amanda e fizemos algumas perguntas.

Acervo pessoal Amanda Esteves
Amanda Esteves faz intercâmbio na Irlanda (foto de arquivo pessoal)

Ao ser questionada sobre os motivos pelos quais escolheu a Irlanda, a estudante afirma que o fato de ter morado na Espanha na infância foi o que despertou sua vontade de estudar fora do Brasil: “Eu tinha 8 anos, bem novinha, mas eu amei a experiência e acredito que foi aí que despertou meu amor por viver fora do Brasil.”

A vontade de se aventurar em outras terras era tamanha, que assim que teve a oportunidade de viajar a estudos, pelo Ciência Sem Fronteiras, a estudante foi sem hesitar e acabou voltando para Madrid para matar as saudades:

“Morei em Madrid, e amei muito a experiência! Voltando para o Brasil, eu terminei meu curso de Engenharia Civil, e tentei algumas bolsas de mestrado na Espanha, porém, não consegui. Com isso, continuei minha vida no Brasil, porém, sempre pensando em oportunidades no exterior.”

Novo Ciclo, rumo à Irlanda

Algum tempo depois, Amanda estava infeliz com o trabalho no Brasil e sentiu que devia fazer alguma mudança para começar um novo ciclo. Como o mestrado na Espanha não havia dado certo, e ela tinha um amigo que estava planejando ir para a Irlanda, ela decidiu ir para o país:

“Foi tudo meio em cima da hora minha decisão. A Irlanda nunca foi um sonho, porém, estando aqui agora, vejo que foi a melhor coisa que fiz na vida!”

A tomada de decisão da estudante foi muito rápida, a mesma analisou e fechou o intercâmbio para Irlanda em três meses. Ela conta que foram diversos os motivos que a levaram a decidir tão rápido:

“Eu vi que a Irlanda era um país com boas oportunidades de emprego, o povo é muito amigável, o clima é frio, porém não extremo, falam inglês (o que é uma ótima oportunidade para aprender a língua mais importante no mundo), também tem uma ótima qualidade de vida e um dos melhores salários-mínimos da Europa.”

Intercâmbio durante a pandemia de Covid-19

Estava tudo pronto para a viagem. E ao embarcar em fevereiro de 2020, a estudante mal sabia o que estava por vir: a pandemia da Covid-19. A estudante relata o período bastante desafiador: “Tive um mês de aula em fevereiro, e em março fechou tudo aqui na Irlanda por conta do COVID. Com isso, ficamos sem aula por três meses, até as escolas começarem a se estruturar com uma plataforma online.”

Apesar da situação frustrante, de não poder interagir com outros estudantes ou viajar, a estudante acredita que estava melhor do que se estivesse no Brasil. Em setembro, as aulas voltaram a ser presenciais.

Em contrapartida, como os estudantes não estavam tendo aulas presenciais, o governo permitiu que pudessem trabalhar em período integral, o que foi muito bom para Amanda: “Consegui juntar uma grana boa que não imaginava conseguir juntar antes, já que aqui somos permitidos trabalhar só meio período enquanto temos aulas.”

Mesmo com a experiência por vezes frustrante do intercâmbio em casa, durante as aulas online, a estudante conta que se esforçou bastante:

“Por mais que prefiro muito mais as aulas presenciais, eu me esforcei bastante nas aulas para tirar o máximo de proveito possível! Consigo ver um grande avanço do meu inglês de quando cheguei com o nível que estou agora.”

Mesmo com os percalços da pandemia, quando questionada se pretende ficar na Irlanda depois do fim dos estudos, Amanda afirma que está amando a experiência de ter ido para o país e que a intenção é continuar por lá.

“A Irlanda é um país muito bom para se viver. Muito mais seguro que o Brasil, tem a facilidade de viajar aqui pela Europa, viver com conforto, mesmo recebendo um salário mínimo, povo muito acolhedor e país cheio de oportunidades.”

Nem precisamos dizer que a Amanda recomenda a Irlanda para outros estudantes, né? Ela conta que apesar do clima – os dias normalmente são nublados e frios – ainda é possível aproveitar muito”

“Recomendo 100%. A Irlanda é um país muito gostoso para se viver. Você vive bem mesmo recebendo o salário mínimo. Diferente do Brasil, que você não consegue nem pagar as contas com um salário. Aqui, todo mundo consegue viver bem, passear, disfrutar a vida com mais facilidade.”

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Trabalhadores brasileiros na Irlanda

Além dos estudantes, há quem deixa o Brasil para trabalhar na Irlanda. A Paula e a Thamara são exemplos disso e contam pra gente como é a experiência.

Acervo pessoal Paula Fugita
Paula Fugita foi para a Irlanda a trabalho (foto de arquivo pessoal)

Quando questionada sobre os motivos que a levaram a escolher a Irlanda, assim como muitas pessoas que querem migrar para outro país, Paula aponta que estava procurando por um lugar onde pudesse estudar e trabalhar ao mesmo tempo:

“Na época os únicos países que permitiam isso era a Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. Pra ser sincera minha primeira opção era Nova Zelândia, mas vir pra Irlanda saía muito mais barato. Também levei em consideração da Irlanda ser parte da União Europeia, então seria mais fácil viajar aqui.”

Já para Thamara, o principal motivo da mudança foi o desejo de explorar a vida no exterior novamente: “Há 10 anos, morei um período no Canadá, e desde o meu retorno ao Brasil sempre existiu em mim a vontade de retornar ao exterior, e no momento que decidi seguir com o plano, a Irlanda apresentou o melhor custo-benefício.”

Um dos grandes desafios de quem vai morar na Irlanda com intenção de trabalhar é, justamente, conseguir um emprego.

Para Paula, o processo foi mais fácil, pois o ex tinha cidadania portuguesa e ela acabou conseguindo visto como companheira dela, o que a permitia trabalhar full time. Ela complementa:

“Eu nunca terminei faculdade no Brasil, então fui procurando por vagas no LinkedIn que ofereciam treinamento e não pediam por experiência. Consegui emprego também por ser falante de português, já que meu trabalho lida com rever conteúdos em português.”

Diferenças em relação ao trabalho no Brasil e na Irlanda

São diversas as diferenças entre o ambiente de trabalho no Brasil e na Irlanda. Quando perguntamos se Thamara sentia essas diferenças, ela afirmo que, sem dúvidas, prefere o ambiente de trabalho irlandês:

“Aqui encontramos várias empresas onde seu trabalho é valorizado e com bem menos pressão que no Brasil. Um bom exemplo são as horas extras, que na minha empresa são “proibidas”, da mais alta posição até a outra ponta, todos se desligam no seu horário, KPI’s atingidos ou não. E ao contrário do que se imagina de uma gerência ou superiores, quando metas não são atingidas, escutamos um “não se preocupe”, esses são exemplos que presencio e que no Brasil eu vivi uma realidade diferente.”

Essas são diferenças que têm grande peso na decisão de voltar ou não para o Brasil. Quando perguntamos se pretendiam voltar para o país e se recomendariam a Irlanda para outros trabalhadores brasileiros, Paula foi categórica:

“Não pretendo voltar pro Brasil. Não troco minha independência que conquistei aqui por nada. A Irlanda me ofereceu uma oportunidade incrível, que eu imagino que sem formação no Brasil eu não conseguiria.”

Para Thamara, a resposta não foi muito diferente. A trabalhadora não tem intenção de retornar ao Brasil, além de afirmar ter se encontrado no ambiente de trabalho irlandês: “Conhecendo hoje o trabalho corporativo por aqui, não me vejo voltando aos brasileiros. Com toda certeza recomendaria, foi com certeza minha melhor decisão.”

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Como os irlandeses veem os brasileiros que vivem no país?

Claro que não podemos responder por cada indivíduo irlandês, mas de modo geral, os irlandeses veem os brasileiros como um povo alegre, amigável e trabalhador.

Prova disso é a entrevista concedida pelo Cônsul-Geral da Irlanda, disponível no site da Belta (Brazilian Educational & Language Travel Association), uma associação de agências de intercâmbio. Sobre os brasileiros Eoin Bennis afirma:

Nos últimos dez anos, eu mesmo conheci muitos brasileiros que estão estudando e trabalhando na Irlanda, muitos dos quais se tornaram amigos muito próximos. Uma delas acabou por tornar-se minha esposa e companheira de vida. Fiquei impressionado com seu carinho, seu senso de família e comunidade, bem como sua abertura e senso de humor. As semelhanças entre nós são muitas, então não é surpresa que quando muitos de vocês retornam ao Brasil, o façam com amizades e memórias duradouras da Irlanda.

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A Irlanda é um bom país para brasileiros viverem?

Sim! Claro que a adaptação ao país é relativa à vivência de cada um, entretanto, é notório que o país está investindo cada vez mais em oportunidades para atrair estrangeiros, inclusive os falantes do português, como fica evidente ao lermos o relato da Paula, por exemplo.

Para além das oportunidades de ingresso no mercado de trabalho irlandês, os brasileiros na Irlanda também apontam outros fatores importantes que os fazem permanecer no país, como segurança, qualidade de vida e facilidade de viajar para outros países europeus.

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