Investir, seja onde for, é um excelente caminho para a construção de patrimônio. Investir na França une o melhor dos mundos, uma vez que o país é propício para o empreendedorismo e é possível se obter renda em moeda forte.

Mas será que é fácil? Como funciona o empreendedorismo na França, como abrir uma empresa, quanto custa? Vejamos um resumo sobre isso e confiramos, juntos, o que é necessário para dar o start no seu negócio.

Como investir na França?

Estrangeiros podem investir na França de diversas formas: via títulos de empresas privadas, adquirindo imóveis, ações ou fundos atrelados a setores econômicos do país. À exceção da compra de imóveis, cujo conhecimento do mercado importa muito, o que listei acima é o arroz com feijão dos investidores e você pode fazê-lo do conforto do lar, pouco importa onde você mora.

Mas há um segundo método para investir na França: empreendendo no país e botando a mão na massa (literalmente, caso você seja um boulanger/padeiro).

Trocadilhos à parte, esse artigo tratará de um cenário em particular: aquele cujo desejo de investir na França está intimamente atrelado ao desejo de morar na França. Isso porque é possível abrir uma empresa na França e morar no Brasil, mas é um processo menos comum e menos procurado.

Devo antecipar que, embora técnico e amparado em informações extraídas de websites oficiais, as informações que veremos são adequadas a todos os perfis de pessoas (leigos no assunto e especialistas) e não pressupõem um conhecimento prévio de finanças. Entretanto, quanto maior sua familiaridade com tributos, melhor!

Investir na França é fácil?

Depende. Tendo a dizer que investir na França não é fácil. Argumento meu ponto e quero que você analise se concorda. Vamos pensar juntos!

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A parte burocrática é relativamente tranquila. Basta apresentar o que a lei exige (veja no próximo tópico, em que listo documentos e custos) e pronto, você estará legalmente habilitado a seguir com o empreendedorismo na França. Mas empreender é mais do que isso.

É preciso ter uma veia para os negócios. Isso ocorre porque embora a França seja reconhecidamente um país aberto ao empreendedorismo (ou justamente por isso) tem uma concorrência brava em todo e qualquer setor. Você quer abrir uma padaria? Bom, terá de competir com excelentes mestres da panificação.

Quer abrir uma marca de moda? Ora, seja bem-vindo a um dos principais templos da moda (a Itália impera, mas a França tem sua força)! Mas prepare-se para competir com marcas, pequenas e grandes, muito bem estabelecidas.

Saiba como e onde empreender

O que você tem para oferecer de diferente? O mercado está saturado em muitas áreas. Você quer servir ao consumidor francês, aos brasileiros expatriados na França, a turistas de todos os cantos? Reflita bem. Ganhar dinheiro é possível, mas não é fácil.

Mas, de repente você tem uma excelente ideia para uma startup (esse post sobre abertura de empresa na França fala disso) disruptiva e inovadora. Neste caso, talvez nada do que eu falei faça sentido e os principais desafios do empreendedorismo na França (aqueles relacionados a uma boa ideia) estejam superados. Se esse for seu caso, allez-y/vá em frente!

Mas, como jornalista de um portal importante como o Euro Dicas, meu papel é ser franco em primeiríssimo lugar.

Custos para investir na França

O primeiro custo que você terá será o do pedido de visto para a França junto ao Consulado ou Embaixada francesa no Brasil. O visto longa duração sai por €99 ou cerca de BRL 530 no câmbio consultado na data desta publicação, em 8 de outubro de 2022. Você pagará o câmbio do dia e o pagamento pode ser feito no cartão de débito. O valor será debitado em reais.

Após isso, leve em conta também o custo das formalidades inerentes à constituição de uma empresa. Esses custos, por sua vez, variam conforme o tipo de empresa e a natureza da atividade. Levando em consideração, por exemplo, a abertura de uma empresa individual (na categoria chamada comerciante independente), a inscrição custa 25,34€.

Fluxo de pessoas no 19e arrondissement em Paris
Antes de viver o empreendedorismo na França, lembre-se da burocracia: visto e abertura de empresa exigem atenção

Há, ainda, a obrigatoriedade do Registre du commerce et des sociétés (RCS) ou Registo Comercial e de Empresas. Trata-se de uma base de dados de todas as pessoas (físicas ou jurídicas) que exercem não importa qual atividade comercial. Todas as empresas cuja atividade seja comercial devem registar-se sob pena de sanções. O custo do Registro Comercial e de Empresas, incluindo a apresentação de escrituras, é estipulado em 37,45€.

Some a essas taxas burocráticas a necessidade de se ter caixa disponível para locação de imóvel comercial (se seu objetivo for abrir um comércio de rua, quanto maior o fluxo do local, maior o preço), o fluxo de caixa disponível, a necessidade de se contratar um corretor para recolhimento de impostos em território francês. Vejamos, então, uma síntese:

  • Custo do visto, etapa Brasil: 99€;
  • Custo do RCS (registro da abertura de empresa individual e não Sociedade Anônima): 25,34€;
  • Custo do Registro Comercial e de Empresas: 37,45€;
  • Custo com impostos anuais: tributado em 15% sobre lucro auferido até 38.120€; 25% de imposto em lucro superior;
  • Locação de imóvel comercial: o céu é o limite, mas não espere gastar menos de 1500€ em Paris, por exemplo;
  • Contador para auxiliar com recolhimento de impostos: normalmente é cobrada uma taxa fixa mensal acrescida de uma porcentagem que varia em função do lucro da empresa. Esses dados dizem respeito a pequenas e médias empresas (PME).

Em tempo: embora esse tópico trate do custo para abrir uma empresa na França, é importante lembrar que você também precisa ter onde morar. E essa escolha pode aumentar ou limitar sua força de investimento no país. Descubra, portanto, o custo de vida na França e inclua essas variáveis nos seus cálculos.

Brasileiros podem empreender na França?

Sim, brasileiros podem empreender na França.

A lei francesa é aberta e favorece esse tipo de iniciativa.

Há diversos comércios de brasileiros espalhados pela França, com destaque para os setores de comércio de alimentos (mercados e restaurantes especializados em produtos brasileiros), de cuidados pessoais (sabe a unha “francesinha”? É coisa de brasileiro!), agências de viagem, serviços de casamento (brasileiros amam se casar em Paris, e quem não!?) e muito mais.

Precisa de visto para investir no país?

Sim, precisa.

Brasileiros (estrangeiros, de maneira geral, da maior parte dos países que não integram a União Europeia) que desejam seguir carreira com o empreendedorismo na França precisam de visto. Para poder abrir um negócio na França, o estrangeiro deve solicitar um visto de longa duração. O pedido de visto deve ser dirigido ao Consulado competente à sua jurisdição.

Aqui você encontra uma simulação oficial que eu fiz exclusivamente para este artigo. O passo a passo atesta a necessidade de um visa long séjour para um brasileiro que deseja empreender na França.

Consumidor caminha pela rua
Estampar sua marca em embalagens sem medo: empreender na França legalmente é burocrático, mas vale o esforço

De acordo com o governo francês, a obtenção do visto de longa duração está condicionada à avaliação da rentabilidade do projeto empresarial. O objetivo, segundo as autoridades, é determinar se seu projeto de investimento na França é capaz de gerar receita suficiente para se manter sem a necessidade de onerar o sistema financeiro do país.

Se seu sonho é empreender na França, faça um projeto viável e sólido. Tome seu tempo! Dificilmente um bom projeto brotará do nada. Quanto mais robusto, melhor pra você (que enfrentará menos dificuldades no país) e melhor perante as autoridades consulares.

Documentação básica para visto de longa duração com vistas ao empreendedorismo

  • Passaporte com no mínimo três meses de validade a contar da data de saída;
  • Formulário para visto de longa duração completo, assinado e datado (se por alguma razão o link estiver expirado quando tentar acessar, visite a página do France Visas e busque pelo formulário para solicitação de visto de longa duração);
  • Três fotos modelo passaporte;
  • Prova de acomodação ou hospedagem, especialmente nos casos dos estrangeiros que pretendem realocar também a família;
  • Evidência de suporte financeiro suficiente;
  • Seguro de viagem França com capacidade de cobrir no mínimo 30 mil euros em despesas médicas.

A listagem acima diz respeito ao visa long séjour com menção passeport talent/passaporte ‘talento’, emitido àqueles que desejam realizar o empreendedorismo na França. O consulado francês de competência de sua jurisdição emitirá o seu visto e, na chegada a França, você deverá se dirigir à prefeitura para solicitar sua carte de séjour.

Condições para obtenção do passeport talent

Segundo as autoridades francesas, você poderá obter sua carte de séjour passeport talent – création d’entreprise se cumprir duas condições:

  • Ter um diploma equivalente a um mestrado ou 5 anos de experiência profissional a um nível comparável ao do mestrado;
  • Ter um projeto de empreendedorismo na França robusto (comercial, artesanal ou industrial) para empreender.

Não há um roteiro para construção do projeto, mas via de regra é necessário explicar a proposta do seu negócio, comprovar recursos mínimos necessários para dar início à empreitada e apresentar uma estimativa sustentável de crescimento para um determinado período de tempo.

Saiba também como abrir conta na França.

Melhores setores para investir

Antes de mais nada, saiba que você não está sozinho. É possível contar com manuais e dicas do próprio governo francês. Visite o site da chambre de commerce et d’industrie (Câmara do Comércio e da Indústria) e/ou do métiers et de l’artisanat (Câmara do Ofício e do Artesanato) da região onde você pretende empreender na França.

As câmaras regularmente disponibilizam dicas, dão assistência na formação dos empreendedores na França e podem, em casos particulares, oferecer apoio logístico para empreendedores de forma gratuita.

Agora, o melhor setor para investir vai depender uma análise aprofundada de onde você pretende instalar sua empresa ou comércio. Paris? Lyon? Marselha? Pequenas cidades da França? A depender do local onde você vai se fixar, o tipo de setor muda.

Pé no chão é fundamental

A dica principal que muito se vê por aí é: empreenda naquilo que você acredita. Legal, isso é importante. Mas antes de jogar tudo pro alto no Brasil e abandonar a CLT, alto lá! Às vezes esse setor que você ama já pipoca pela França em cada esquina. E, nesse caso, ou você traz algo novo, ou você afunda. Pé no chão, sempre!

O portal bpifrance reuniu uma lista de setores que podem ser bons caminhos para se empreender na França. Pode ser um bom ponto de partida! De repente, uma estadia curta por aqui, da ordem de 30 dias, pode te dar uma visão geral do que o país oferece.

O que os franceses apreciam

Os franceses são apaixonados por produtos bio/orgânicos, pelo made in France, pelo local. Isso é louvável, e pode ser um nicho de mercado a se explorar.

Setores verdadeiramente preocupados com o meio ambiente tendem a ser beneficiados no médio e longo prazo. Não basta dizer que é sustentável, precisa ser de fato. Esse é um nicho que só tende a crescer. Você tem algo bom pra esse mercado? Não conte pra ninguém: faça um plano robusto e execute.

Abrir uma empresa ou franquia

Ambas as alternativas são adequadas. Abra uma empresa do zero caso seu negócio seja disruptivo ou você queira reforçar uma marca já existente no Brasil abrindo uma filial na França. Caso você não tenha uma ideia bem consolidada, olhe com carinho para as franquias.

O anuário compilado pelo site Toute la franchise pode ajudar a entender quais são os setores que oferecem oportunidade de abertura de franquias na França. Há desde redes de restaurante, creches até lojas de pet shop.

Observe, porém, que tal qual na abertura de uma empresa própria, a franquia não o eximirá de obter a documentação listada neste artigo.

Comprar imóveis

A compra de imóveis é minha opção favorita. Mas não se deixe levar por mim: eu sou um investidor que as más línguas chamam de investidor “conservador”, seja lá o que for isso. Até porque, como você e eu sabemos, a compra de imóveis é um investimento de risco.

Vista dos telhados de Paris, França
Bons imóveis são rentáveis, mas custam bem caro; lado bom é que financiamento tem taxas acessíveis

Recentemente assinei um artigo no Euro Dicas sobre a compra de imóvel na França e pesei todos os pontos possíveis. O principal deles é: “para quem” você está adquirindo um imóvel? Explico minhas aspas. Uma coisa é comprar um imóvel para residir. Neste caso, você irá levar em conta os seus desejos enquanto proprietário.

Mas seus desejos podem ser incompatíveis com aqueles da maior parte das pessoas. Um viajante que deseja passar uma temporada curta num Airbnb talvez não queira subir seis lances de escada no seu imóvel art déco. Por mais lindo que ele seja.

O custo do investimento

Imóveis rentáveis custam caro. Se seu objetivo é complementar a renda com o aluguel de imóveis, saiba que será necessário aportar recursos consideráveis e da ordem dos três dígitos. O lado bom é que, mesmo que você compre o imóvel financiado, ainda pode valer a pena.

Isso ocorre porque, na França, os juros de financiamento imobiliário são baixos e as taxas, embora longas, podem ser pré-fixadas. Se seu imóvel for bem localizado e se você tiver a sorte de ter uma taxa de ocupação adequada, é provável que você consiga arcar com as parcelas do financiamento e ainda poupar a diferença.

No fim das contas, não há investimento bom ou ruim na França. O que muda é o perfil do investidor e seu objetivo com o empreendedorismo na França. Há aqueles que, como eu, sentem mais segurança nos tijolos e ações. Há outros cuja veia empreendedora direciona para o comércio ou empresa!

Concluo respondendo à pergunta feita alguns parágrafos acima: não acho que investir na França seja fácil. No entanto, superadas as adversidades, você será feliz.

Bonne chance!