Uma das adaptações mais desafiadoras (e por vezes até engraçadas) de um brasileiro morando em Portugal, é a comunicação na língua portuguesa. Acredito que muitos passem por isso também, sejam americanos na Inglaterra, mexicanos na Espanha, um senegalês na França. É a mesma língua. Porém, nós somos aqueles que em outro continente, ao longo de séculos, adaptamos e modificamos fortemente a “língua mãe”, a nossa própria cultura e nossa história.

Assim como o inglês americano e o britânico, por exemplo, o português do Brasil e o de Portugal tem suas inúmeras diferenças, no significado e utilização das palavras, o sotaque, a gramática. Enfim, é um bocado desafiador para quem chega.

Meu português, minha identidade

O termo “falar brasileiro“, então… Soa tão estranho para nós, mas é algo que para muitos portugueses é um fato consumado.

Alguns ainda utilizam essa expressão de forma implícita (ou bem direta mesmo) para apequenar o nosso português, como se ele fosse um erro, basicamente. Ora, uma ótica bem deturpada, eurocêntrica e simplista de ver as coisas. E nessa miscelânea de novas constatações, veio forte em mim uma reflexão: identidade.

Conheci alguns brasileiros em Portugal que, com apenas dois ou três anos aqui, falam como os portugueses em tudo. Ficava com dúvidas no início, até no diálogo quase perfeito acontecer um escorregão na forma de dizer uma palavra.

Eita, aí, pronto. É brasileiro! Mas, porque a pessoa fala como se fosse português? Tentava entender e não julgar, já que cada um sabe do seu caminho. Mas, não me impediu de pensar sobre.

Adaptações na linguagem

É normal, depois de um certo tempo e convivência, pegar gírias ou começar a falar meio cantado. Eu mesmo já falo menos o gerúndio.

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Digo “fogo” e “fixe” para qualquer coisa. Já praticamente troquei o “entender” pelo “perceber”, e outras nuances que meu irmão no Brasil sempre percebe. Mas, acredito que não consigo (e nem quero de verdade) apagar totalmente meu sotaque para falar como se eu fosse portuguesa.

Reflexões sobre a língua portuguesa em Portugal

Já meu filho (que aqui chegou com 2 anos), caso fique aqui por bastante tempo, com certeza já vai ter o sotaque muito mais português do que brasileiro. Há de se ponderar, claro. Minha infância foi com os Trapalhões, a dele será com o Canal Panda.

Minidicionário de Português de Portugal: veja as diferenças.

Como se comunicar melhor?

Outro dia vi em um filme de comédia bem tosco na Netflix: uma mulher americana fingindo ser inglesa através da fala. Pareceu tão caricato e que, a qualquer momento, o cara inglês que ela queria conquistar ria perceber e desmascarar a farsa.

É a mesma língua, para que tentar parecer ser o outro?

Ou, por exemplo, um baiano indo pro Rio de Janeiro e tentar falar a todo tempo como um carioca da gema. Mesma língua, mas diferentes vivências e histórias no sotaque.

É outra história, claro, quando vivemos em um país onde a língua não é a mesma que a sua. Se vou morar na Alemanha, tento ao máximo falar exatamente como meu professor, até porque não tenho referência nenhuma, e quero me fazer entender.

Facilitando a compreensão e reforçando a identidade

Voltando aquela reflexão de identidade que fiz brevemente lá em cima. A forma que vejo a língua portuguesa falada por mim, baiana de Salvador, diz muito ou tudo sobre quem eu sou. No meu sotaque, tem o cheiro do cabelo da minha avó. O pudim certeiro na geladeira feito pra receber os netos.

Tem a risada do meu pai, o assobio que só ele faz e que ajuda a gente a achar ele em qualquer lugar. Os conselhos de minha mãe, seu carinho e coragem. Tem a troca de olhares com minha amiga de infância, que mesmo sem uma palavra dita, já sabemos o que passa na cabeça uma da outra. É a família, música, dança, é amor… O jeito que falo retrata minha identidade, minhas raízes, quem sou.

E claro, tal como uma metamorfose ambulante, vai ficando cada vez mais rico e diferente, a incorporar e mudar com cada novo mundo que cruzo e que passo a ter um pouco dentro de mim também. Meu português que aprendi no Brasil, lugar de onde nasci e cresci, segue aqui comigo. Mudando, claro, mas sem máscaras ou borrões de borracha.