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Bárbara Ábile

Bárbara Ábile

Colunista

Bárbara é socióloga, e suas pesquisas são voltadas para a área da moda. Por conta da vida acadêmica, seus últimos anos foram de idas e vindas entre São Paulo e Paris. Durante as temporadas na Europa, ela decidiu conhecer a maior quantidade possível de lugares, mas a capital francesa tem lugar especial em seu coração. Vive planejando a próxima viagem e ama compartilhar suas vivências. Escreve para ajudar as pessoas tirarem os planos do papel, e matar a saudade dos lugares que visitou.

Localizações

Onde Nasceu?

Jaú, Brasil

Onde mora?

São Paulo, Brasil

Onde já morou?

Paris, França

Parceiro Euro Dicas

Desde quando colabora com o Euro Dicas?

Formação

Universidade Estadual de Campinas

Graduação em Ciências Sociais

Universidade Estadual de Campinas

Mestrado em Sociologia

Universidade Estadual de Campinas

Doutorado em Sociologia

Doutoranda em Sociologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Mestra em Sociologia da Cultura pela mesma universidade. Pesquisadora visitante na Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3 (2022-2023), com estágio de pesquisa na Fondation Maison Sciences de l'Homme (2018). Atua na área da Sociologia da Cultura e suas pesquisas são voltadas para temas relacionados à moda, como fast fashions, marcas de luxo, organizações patronais, moda na França, entre outros.

Curiosidades

Tem filhos?

0

Tem pet?

1

Tem Cidadania Europeia?

Não

Clima preferido

Inverno e Outono

Mão dominante

Destro

Sou apaixonada por tecido acrobático, ballet e atividades físicas em geral.
Conteúdos recentes
Estudantes de Mestrado na França.
França

Mestrado na França: quanto custa e como aplicar para os cursos

A França é hoje o quarto destino mais procurado por estudantes estrangeiros. Não é para menos, uma vez que além da cultura, da segurança e da qualidade de vida, o país possui um ensino público de excelência, menos custoso do que outros países vizinhos. Se você tem simpatia pelo país e gostaria de enriquecer seu currículo, que tal fazer um mestrado na França? Neste artigo vamos esclarecer as principais dúvidas relativas para a obtenção do seu título francês de mestre. PerguntasRespostasQuanto custa mestrado na França?Segundo a Campus France, os custos de um mestrado em um estabelecimento público ficam entre 243€ e 3.770€ por ano. O valor depende do curso, da universidade, e se tem ou não nacionalidade europeia.Quando são as inscrições para o mestrado na França?Para os brasileiros que estão na França as inscrições são de fevereiro a março. Para quem está no Brasil, acontecem de outubro a dezembro, do ano anterior do início do Master.Qual nível de francês é exigido para mestrado na França?Essencialmente exige-se no mínimo o B2, porém há universidades que cobram nível C1 de proficiência no idioma. Como fazer mestrado na França? Antes de mais nada, busque as universidades e os cursos que mais te agradam. Lembre-se de se atentar também às datas de candidatura e inscrição. Em seguida, analise o custo de mensalidades e de vida, na cidade que você planeja morar. Considere o tempo de um planejamento financeiro e emocional, e por fim, embarque para a França! Para te ajudar a tirar do papel o sonho de estudar na França, falamos um pouco sobre cada um desses passos logo abaixo. 1. Buscar universidades e cursos que mais te agradam A primeira coisa que você deve fazer é escolher o curso, e as universidades, que você gostaria de fazer. A consulta aos cursos disponíveis deve ser feita conforme sua situação. Se você já morar na França, utilize o site Trouver Mon Master. Caso você esteja no Brasil, busque a plataforma Campus France, a qual é a agência do governo francês responsável por promover a educação no país. O site apresenta uma lista completa de formações, e é por meio dele que você fará sua candidatura e a entrevista pré-consular. Você pode se candidatar em, no máximo, 7 cursos, que podem ser em universidades diferentes ou na mesma. 2. Analisar o custo de mensalidades e de vida A preparação para realizar um mestrado na França exige planejamento financeiro. Afinal, com o câmbio flutuante (na data em que este artigo é atualizado, em junho de 2024, o euro estava cotado a R$ 5,82), viver na Europa não é algo muito barato. Por isso, após escolher as universidades, pesquise sobre o custo de vida na França, ou nas cidades, que você gostaria de viver. Além disso, também vale se informar sobre os custos praticados pela universidade, e se for o caso, identificar a possibilidade de trabalhar. A boa notícia é que o ensino na França é quase que integralmente custeado pelo governo. Os estudantes devem apenas pagar uma espécie de “taxa de matrícula” anual. A má notícia é que essa taxa aumentou para estrangeiros não-europeus: desde 2019, a taxa de matrícula anual para o mestrado na França passou a ser de 3.770€. Se você possuir cidadania francesa ou europeia, isto é, o passaporte ou documento de identificação nacional de algum Estado-membro, o valor despenca para 243€ por ano. 3. Ficar atento à data de candidatura e inscrição Prepare um calendário e anote todas as datas limite de candidatura, que mudam a cada ano. Como o ano letivo no hemisfério norte sempre se inicia em setembro, as inscrições funcionam de maneira bem diferente da que vemos no Brasil. Por exemplo, via Trouver Mon Master, as datas de candidatura para iniciar um mestrado na França em setembro de 2024 começaram em fevereiro, e finalizaram em março deste mesmo ano. Já via Campus France, o registro das candidaturas para iniciar um mestrado em setembro de 2024 começaram em outubro de 2023. Isso significa que, se você estiver no Brasil, o prazo para se preparar envolve uma antecedência considerável. Por isso, o ideal é ficar atento ao calendário anual da Campus France. 4. Se aprovado, solicitar visto de estudante Se você tiver cidadania europeia, não precisará obter visto de estudante para a França. Porém, se este não for o seu caso, você precisa considerar que precisará solicitar o visto. Após finalizado o processo via Campus France, você receberá uma carta de aceite da universidade. Agende um horário no Consulado francês que atende a sua jurisdição e apresente essa carta, junto de outros documentos, no dia da entrevista. Mais adiante neste artigo detalharemos todos os documentos e procedimentos para emitir o seu visto. 5. Planejamento emocional Como já mencionado, planejamento financeiro é primordial, mas junto dele, o preparo emocional também é importante. Por mais que estudar fora seja uma experiência fascinante e ofereça inúmeras oportunidades, inevitavelmente vai bater uma saudade do Brasil, da sua língua materna, da sua cultura, da família, dos pets, e dos amigos. Por isso é importante que você forme uma rede de apoio em seu novo país, seja de brasileiros ou estrangeiros. A notícia boa é que, nas cidades universitárias da França, é muito comum encontrar comunidades de imigrantes que se ajudam nos perrengues do dia a dia. Fazer piqueniques é um tipo de lazer muito comum durante o mestrado na França, principalmente nas estações quentes. Formar grupos de conversação, um pessoal com quem você pode descobrir a cidade, colegas para te acompanhar em atividades físicas, entre outros, se mostram salvadores enquanto estamos longe de tudo e todos que conhecemos. Além disso, procurar manter contato com as pessoas que ficaram no Brasil, ajudam a aplacar um pouco a saudade. A tecnologia está cada vez mais a seu favor, nesse sentido. 6. Embarcar para a França Com parte da burocracia superada, é hora de comprar a passagem aérea e fazer o seguro viagem. O recomendado é fazer um seguro viagem França de pelo menos dois meses. Assim, você faz a sua viagem de forma mais tranquila, e tem tempo de sobra para conseguir se inscrever no sistema de saúde francês, que cobre cerca de 70% dos custos com a saúde. Diferentes tipos de mestrado na França Na França, a pós-graduação é chamada de Master e sua duração é de 2 anos, sendo que o primeiro ano (M1) é um ano de conhecimentos mais gerais, e o segundo ano (M2) é mais específico. Estudantes internacionais podem fazer os dois anos, ou apenas um — o M1 ou o M2. O mais recomendado é fazer o curso completo. Mas isso é o básico. Antes mesmo da candidatura é preciso ficar atento, por existirem diferentes tipos de mestrado na França: o Master Recherche, o Master Professionnel e o Master en Alternance. Master recherche (mestrado acadêmico) Conforme a Campus France, o diploma de Master Recherche seria compatível ao que no Brasil conhecemos como mestrado. Trata-se de uma formação com ênfase acadêmica e essencialmente voltada para a pesquisa. Se seus planos de vida preveem seguir a carreira acadêmica — ou seja, partindo para um doutorado na França ou em qualquer outro país —, ou se você simplesmente tem uma queda pela pesquisa científica, esse é o mestrado mais adequado para você. Master Professionnel (mestrado profissional) O Master Professionnel é mais ou menos equivalente aos títulos de especialização que conhecemos no Brasil. É uma via profissionalizante de estudos, com mais carga prática e uma agenda de disciplinas que estimula o desenvolvimento profissional, isto é, técnico, em detrimento da pesquisa científica. Não é pior e nem melhor do que o Master Recherche, é algo completamente diferente. Sua grade de formação prevê estágios práticos que vão de três a seis meses de duração. Portanto, se você está em uma fase em que busca se especializar em um determinado campo, para galgar passos mais altos numa carreira já estabelecida, esse é o tipo de mestrado mais adequado. Master en alternance (mestrado em alternância) O Master en alternance envolve literalmente a possibilidade de intercalar (ou alternar) períodos de disciplinas acadêmicas, com momentos de trocas profissionais em uma instituição ou empresa. Essa categoria de mestrado tem como principais objetivos permitir que o aluno obtenha uma integração progressiva de alto nível no mercado de trabalho, e que aperfeiçoe seus conhecimentos por meio da prática. É uma modalidade interessante para quem gostaria de seguir carreira no setor privado, principalmente. Fazer mestrado em alternância é uma forma de começar a trabalhar em uma grande empresa. O mestrado em alternância pode ser realizado mediante a um contrato de profissionalização, que garante ao candidato status de assalariado com ensino gratuito, ou, mais comum, em contrato de trabalho-estudo. Nessa última modalidade, é normalmente redigido um acordo, incluindo pagamentos ao aluno por qualquer estágio que exceda 2 meses. Menos comum, essa categoria de mestrado encontra respaldo na lei francesa e tem semelhanças com o Master professionnel do qual falamos. Quanto custa mestrado na França? De 243€ à 3.770€. O ensino na França é quase todo custeado pelo governo, o que significa que os estudantes devem apenas pagar uma taxa de matrícula anual. No entanto, se até 2019 o valor era o mesmo para franceses e estrangeiros, a partir de setembro daquele ano o custo mudou, e hoje o valor pago pelos estrangeiros é muito mais alto. Você pode conferir no site do Campus France as universidades e as taxas de cada uma. A tabela a seguir oferece um panorama dos custos praticados atualmente por cinco universidades francesas. Os cursos foram escolhidos de modo a mostrar variedade e não são recomendações (nem de cursos, nem de instituições), são apenas referências de valores: Nome do cursoInstituição de ensinoValor alunos europeusValor alunos internacionaisArts plastiquesUniversité Paris 8 (St. Denis)243€3.770€Communication et médiasSorbonne Nouvelle243€3.770€Recherche clinique & pharmacovigilanceSorbonne Nouvelle (Médecine)0€, para funcionários de empresas de saúde ou laboratórios clínicos3.770€Recherche et Études en Management (a distância)Université de Montpellier243€2.550€Master Cinéma et audiovisuelUniversité Paris 1 Panthéon-Sorbonne243€3.770€ Custo de vida durante o mestrado na França Você deve gastar a partir de 1.011€ mensais para se manter na França durante o mestrado. Contudo, seu custo de vida pode variar conforme alguns indicadores, como: cidade, bairro, lugar de moradia, opções de alimentação, e estilo de vida, de maneira geral. Para você ter uma ideia do valor, fizemos uma pesquisa via Numbeo e Uniplaces, em 24 de junho de 2024, dos gastos médios mensais que um estudante de mestrado na França gastaria. Veja os resultados na tabela abaixo: Tipo de gastoValor (a partir de)Aluguel de quarto450€Aluguel de apartamento590€Alimentação306€Transporte65€Lazer50€Total1.011€ Vale fazer alguns adendos sobre esses valores. O aluguel de apartamento, considerou um local de apenas um quarto, fora do centro da cidade. A alimentação, considerou uma compra de, em média, 40€ por semana, e a maioria das refeições em restaurante universitário, que pratica o valor de 3,30€. Para o transporte, foi considerado o pacote mensal, encontrado na maioria das cidades francesas. Por fim, no lazer, foram consideradas atividades variadas, como academia e ingresso de cinema. Mestrado na França com bolsa O Ministério Francês de Relações Exteriores oferece diversas bolsas a estudantes estrangeiros. Cerca de 25% são financiadas diretamente pelo ministério, como o programa Eiffel, para formações de nível Master ou Doutorado; e Major, destinado aos melhores estudantes de ensino médio dos liceus franceses no exterior. Mas você também pode participar do programa Erasmus ou até mesmo se candidatar para bolsas específicas de cada região francesa. A melhor forma de se informar sobre as bolsas disponíveis para mestrado na França é através da plataforma de pesquisa da própria Campus France. Por lá, é possível filtrar as ofertas de acordo com seu perfil, área de conhecimento e nível de formação. Mas, lembre-se que se você planeja pleitear uma bolsa, é preciso sinalizar ao Campus France e à própria universidade, já que a candidatura é diferente para cada caso. Como conseguir uma bolsa de mestrado na França? De forma prática, o primeiro passo é pesquisar as bolsas disponíveis no momento e conferir os editais para entender em quais você pode se candidatar. No Campus Bourse você encontra informações sobre a Bolsa Eiffel, bolsas concedidas pelo Ministério Francês do Ensino Superior, entre muitas outras. Depois, é necessário preparar os documentos e seguir o passo a passo indicado. Tenha em mente que cada bolsa de estudo na França pode ter seus procedimentos e requisitos próprios. Como se candidatar ao mestrado na França? Em primeiro lugar, acesse a plataforma da Campus France e preencha seu dossiê com seus dados. Em seguida, anexe toda a documentação solicitada, indique suas universidades e cursos de preferência, pague a taxa de candidatura e voilà! Você já está dentro do processo seletivo. Provas de proficiência para fazer mestrado na França Cada instituição tem autonomia para definir o nível de francês que exige dos estudantes estrangeiros, mas uma coisa é certa: você precisa ter, no mínimo, um nível B2, o que seria o equivalente a um intermediário avançado. Isso porque a maioria dos cursos é em francês, portanto, o estudante precisa conseguir acompanhar as aulas e participar das atividades que um curso de mestrado envolve como, por exemplo: reuniões com o orientador, seminários em grupo e apresentações de trabalho. As provas de proficiência em francês consideram sua produção e compreensão oral e escrita. Para comprovar que você tem este nível, é necessário realizar um exame de proficiência e enviar os resultados via plataforma Campus France. As provas oficiais de francês aplicadas no Brasil são: TCF (Test de connaissance du français): o qual é um atestado com duração de 2 anos: DELF e DALF (Diplôme d’études en langue française e Diplôme approfondi de langue française): as quais são diplomas oficiais emitidos pelo ministério da Educação Nacional. Esses dois últimos, em especial, são aplicados apenas algumas vezes ao ano, segundo um calendário específico. Isso significa que é primordial que você considere esse tempo, para poder se inscrever corretamente. Informe-se junto à Aliança Francesa mais próxima de sua residência. Documentos necessários Os documentos necessários para realizar sua candidatura no M1 ou M2, respectivamente, primeiro ou segundo ano do mestrado na França, são: RG ou passaporte; Currículo vitae elaborado em francês; Diploma de graduação, com tradução juramentada para francês; Histórico oficial de notas da graduação, acompanhado de sua tradução juramentada; Atestado de proficiência em francês, em alguns dos testes descritos no tópico anterior. Caso você tenha qualquer tipo de dúvida, consulte o Guia do Candidato, o qual é disponibilizado anualmente pela Campus France Brasil. Para fazer a tradução dos documentos, recomendamos a Yellowling, uma empresa especializada em diferentes tipos de tradução de documentos que permite fazer o orçamento e o envio dos documentos a serem traduzidos de forma online e rápida. Como fazer um dossiê acadêmico para mestrado na França? Para além dos documentos obrigatórios, um dossiê acadêmico para mestrado na França pode exigir também uma carta de motivação. Nela você explica por que está se candidatando para um mestrado na França, o seu objetivo estudantil e profissional com o curso escolhido, e contar suas experiências que sejam relevantes para o mestrado que você está se candidatando. Nese sentido, saiba que as universidades francesas dão muito valor para as experiências dos alunos. Ao contrário do Brasil, onde o local de formação pode influenciar em sua aprovação no mestrado, na França isso não é levado tão em conta. Porém, é importante criar um dossiê completo e conforme as normas de cada universidade. Você pode encontrar alguns modelos de carta de motivação na internet que podem te ajudar a organizar as ideias. Considere, também, sua trajetória e suas paixões. Certamente, se você quer fazer um mestrado na França, motivação não te falta! Escolha das universidades preferidas É preciso também escolher as 7 universidades e tipos de mestrado em que você quer se candidatar. Essa etapa faz parte da sua candidatura e pode exigir, a depender das suas escolhas, documentos e cartas de motivação diferentes. Pense bem sobre os critérios, universidades e possibilidades de carreira que cada um desses mestrados oferece. E lembre-se que quanto mais candidaturas você fizer, maior a chance de ser aprovado. Processo seletivo No Brasil, a Campus France é a responsável por enviar seu dossiê às universidades. Então, após submeter seu dossiê na data limite informada, você será informado em até um dia útil sobre o pagamento da taxa administrativa da Campus France. Essa taxa está, atualmente, no valor de R$ 570, e apenas após o pagamento seu dossiê de candidatura é avaliado pelo órgão. Eventualmente, você poderá ser notificado para corrigir informações ou documentos de seu dossiê. Após todas as correções serem feitas, seu dossiê será validado e você poderá marcar a entrevista pré-consular de candidatura. Uma vez realizada a entrevista, seu dossiê estará completo e será transmitido para as universidades que você selecionou. Todas as respostas das instituições virão via dossiê eletrônico. Portanto, é essencial que você monitore a plataforma ao longo de todo o processo. Se você quer um recapitulativo de todas as informações que passamos até aqui, o canal da Cami Souza tem um vídeo superinteressante no qual ela conta como se inscrever no mestrado na França, e a experiência que ela teve: Ainda que ela fale sobre a área de engenharia, suas dicas são muito válidas e, claro, inspiradoras. Visto de estudante para fazer mestrado na França As orientações sobre a solicitação do visto de estudante para fazer mestrado na França serão enviadas a você somente depois que você receber o aceite de alguma universidade, e realizar sua escolha definitiva de formação. Sendo assim, indicamos que você só dê entrada no visto para França após passar por todo esse processo descrito até aqui, afinal, parte dos documentos que você deverá apresentar ao Consulado só estará em suas mãos após ser aprovado por uma instituição de ensino francesa. Uma vez feito isso, você deverá fazer um agendamento no Consulado da França conforme a cidade que você mora atualmente: Consulado do Rio de Janeiro: para habitantes do RJ, ES e MG; Consulado de São Paulo: para habitantes de SP, PR, SC, RS ou MS; Consulado de Brasília: para os habitantes dos outros estados não citados acima. Documentação para o visto No dia agendado você deverá levar os seguintes documentos (original e cópia): Formulário de pedido de visto de longa duração, preenchido no portal France-Visas; Passaporte (emitido há menos de 10 anos, com validade mínima de 3 meses após a estadia prevista na França e com, no mínimo, 2 páginas em branco para vistos); 2 fotos recentes no formato 4×5 cm, sem data, de perto, coloridas, com fundo branco (o fundo colorido não é aceito); Certidão de nascimento e/ou de casamento; Número do processo (concluído) no Campus France; Carta de aceite da universidade francesa com as datas de início e fim do curso; Diploma histórico universitário brasileiro; Declaração de financiamento parental ou de autofinanciamento de 615€ mensais, com firma reconhecida em cartório; Garantias financeiras regulares e suficientes à duração: última declaração TOTAL de imposto de renda, extrato de conta bancária corrente e poupança/investimentos dos últimos 3 meses e três últimos contracheques/folhas de pagamento/aposentadoria/etc; Declaração de idoneidade bancária do responsável; Comprovante de moradia nos primeiros 90 dias. Pode ser o contrato de aluguel na França, reserva de hotel ou então carta convite de um residente na França. Caso apresente a carta convite, você também deverá juntar o comprovante de residência e a cópia da “carte d’identité” ou passaporte. Além disso, no dia agendado, você deverá pagar 50€ na conversão que o Consulado informar. O pagamento é feito em reais, em dinheiro ou no cartão de débito. Quanto tempo demora para sair? Normalmente, em 15 dias úteis a partir da data de comparecimento no consulado. No entanto, é possível que o período seja maior por conta da alta demanda que costuma ter antes do início do período letivo. Programe-se para isso. Melhores mestrados na França Todos os anos, o próprio Estado francês publica uma classificação de melhores mestrados e universidades, através do site Meilleurs Masters. Separamos três áreas importantes e muito procuradas para você ter uma ideia: Como é fazer mestrado na França? Um divisor de águas, tanto no âmbito profissional, quanto no âmbito pessoal. Eu, Bárbara, fiz parte de meu mestrado em sociologia em Paris, e fiquei encantada com a ótima estrutura das universidades e bibliotecas francesas. Um mestrado na França exige muita troca com os seus pares, e a quantidade de estudantes internacionais faz tudo ficar mais interessante. É claro que acaba sendo muito desafiador, mas os aspectos positivos são muito mais numerosos que os negativos. Também achei muito legal o fato de ter várias facilidades nas burocracias e descontos para estudantes. Já eu, Gabriela, percebi que ter um diploma de mestrado na França não somente enriquece o currículo, como nos faz crescer como pessoa, como profissional e contribui para que nos tornemos pessoas mais fortes. Sou jornalista e fiz um mestrado em Comunicação e Informação em Lyon. E, sinceramente, entre todas as dificuldades e desafios que estudar fora representa, esta foi a melhor experiência da minha vida. Para os que têm muito medo de sentir saudade, eu digo: não tenha medo de estar longe de amigos e família. Com a tecnologia de hoje, podemos falar por meio do WhatsApp o tempo inteiro. Se este for realmente o seu sonho, não desanime e corra atrás dele com todas as forças. Nada é definitivo, você pode voltar para o Brasil depois do fim do curso e mesmo para passar as férias ao lado das pessoas que você ama! Como é estudar em francês? Diferente, mas não é impossível. Pode até parecer assustador à primeira vista, mas a verdade é que, uma vez que você possui o nível B2, acompanhar as aulas em francês não é nada complicado. Além disso, ao morar na França, com o tempo e a prática, as coisas vão ficando mais simples e a língua cada vez mais orgânica e natural. Eu, Bárbara, senti um pouco de dificuldade de compreensão no início de minhas aulas, já que o francês falado acaba sendo muito diferente daquele que estudamos em sala de aula. Mas, não deixe isso te desanimar. Aproveite que você está no país e agarre toda oportunidade de poder falar no idioma. Normalmente, outra dificuldade dos estrangeiros que fazem mestrado na França é com a escrita. A boa notícia é que você consegue contornar isso. Em trabalhos, busque associações voluntárias que façam revisões de textos para estrangeiros. Já nas provas, saiba que os professores deixam os alunos estrangeiros utilizarem dicionários, facilitando muito a vida. Porém, vale dizer que isso só é válido para os dicionários em papel, não pense que eles te deixarão utilizar o celular! Vale a pena fazer mestrado na França? Definitivamente sim! A resposta para essa pergunta não poderia ser diferente. Para além de todos os benefícios estruturais que mencionamos anteriormente, um mestrado na França te permite fazer muito contato e formar amplas redes, principalmente pelo fato do país receber tantos estudantes estrangeiros. Para algumas áreas, a possibilidade de emprego também se abre facilmente — algo que, muitas vezes, a própria universidade facilita. Isso permite sua instalação na França após o término dos estudos, por exemplo. E claro, se você planeja voltar ao Brasil, saiba que o nome de uma instituição francesa em seu currículo pode fazer muita diferença, também. No âmbito pessoal, realizar uma formação em um país estrangeiro também se revela uma experiência transformadora, em todos os sentidos. Você se conhece mais, desenvolve mais habilidades de comunicação, inteligência emocional, e uma segurança que vão te acompanhar para o resto da vida! Perguntas frequentes sobre o mestrado na França As pessoas que sonham em fazer um mestrado na França costumam ter algumas perguntas semelhantes. Por isso, abaixo, respondemos aquelas mais frequentes a respeito do assunto: Primeiramente, é preciso investigar qual tipo de mestrado em gastronomia na Agora que você tem um bom panorama de como fazer um mestrado no país, só nos resta desejar boa sorte na preparação e processo seletivo. E lembrar também que é importante saber quanto dinheiro levar para a França para fazer um bom planejamento financeiro.

Mulher na Torre Eiffel, em Paris.
França Brasileiros na Europa

Retornando a Paris após 4 anos: reencontros e descobertas

Retornando a Paris após 4 anos, percebi que muita coisa mudou — mais em mim, do que na cidade. Em 2018, morei seis meses em na cidade por conta de meu mestrado. Cheguei na cidade sem conhecer nada, nem ninguém. Eu falava pouco francês, mas fui com mala e cuia para viver essa aventura que se tornou um divisor de águas em minha vida. Voltei para o Brasil querendo ficar na França e, desde o momento em que pisei em terras tupiniquins, comecei a arquitetar minha volta. E nesta coluna, compartilho sobre o meu percurso de volta. Volto porque preciso Muita gente decide sair de seu país natal, e os motivos são vários: um novo amor, um novo trabalho ou novas oportunidades de vida. Nenhuma dessas eram minhas motivações para retornar à Paris. Meu grande amor estava no Brasil, assim como o meu trabalho. As oportunidades de vida eram inegavelmente melhores na França, mas não é como se eu tivesse alguma proposta irrecusável em minhas mãos. Eu quis voltar a morar em Paris porque eu precisava. Eu tinha saudade de tudo Ao voltar ao Brasil, depois dessa primeira estadia de 2018, me lembro que constantemente eu chorava de saudade de algo que não sabia descrever o que era, porque era coisa demais. As cores da cidade, o som do sinal que avisava a chegada de uma nova estação no metrô, as paisagens ao longo dos trajetos, o gosto das comidas, as palavras que eu não conhecia, a temperatura ao longo das estações do ano, a demora ao amanhecer no inverno, o som do “Bonjour” cantado da atendente da boulangerie. Tudo isso era tão vivo e, ao mesmo tempo, tão distante em minha memória, que às vezes, eu achava ter vivido um sonho. As coisas acontecem quando tem que acontecer Mentalizei, planejei e desejei essa volta mais do que qualquer coisa, mas muitas dificuldades se colocavam em minha frente quando eu pensava nesse retorno. Apesar de tanto planejamento, minha volta à Paris não aconteceu nem do jeito, nem no tempo que eu havia imaginado. Foi tudo surreal, rápido e inesperado. E, quando aconteceu, era coisa de tipo: em 6 meses eu estaria lá novamente. É difícil entender isso, mas de fato, as coisas só acontecem quando elas têm que acontecer. Paris, je reviens Entrei em um misto de animação e ansiedade nos dois últimos meses antes de retornar à Paris após 4 anos, que eu quase não dormia. Para além do cansaço, havia toda a preocupação de dar conta da burocracia que uma mudança deste tamanho exige: documentos, visto de pesquisador, comprovantes, seguro viagem, solicitações de reembolso, busca por passagem para França, entre outras mil coisinhas a mais. Era começo de 2022 e, apesar da pandemia estar em um momento mais ameno, ainda havia muitos detalhes para se preocupar na hora de fazer uma viagem internacional. No dia do embarque, eu estava tão nervosa que, quando cheguei no aeroporto, não sabia o que fazer. Brinco até hoje com minha família que meu QI caiu para a metade naquele momento. Era tanta emoção de voltar a morar na França e deixar aqueles que amo aqui, que eu mal conseguia raciocinar para qual guichê ir, onde despachar minha mala, e onde estavam meus documentos. Só consegui me acalmar quando senti o avião decolando. Chorei de felicidade e pensei comigo mesma que, finalmente, eu estava voltando para casa. Cantarolei baixinho o final de uma música de Jacques Brel, na qual ele diz “Paris, je reviens” (no bom português, Paris, estou voltando). Retornando a Paris após 4 anos Posso dizer que essa viagem de retorno à Paris após 4 anos foi, no mínimo, caótica. O voo saiu super atrasado do Brasil e, consequentemente, eu não consegui chegar a tempo para pegar a conexão que eu tinha que fazer em Portugal. Fiquei um tempão no aeroporto de Lisboa esperando o próximo vôo para Paris, e acabou que ele acabou atrasando também. Eu já fazia quase 20h de trânsito quando, finalmente, cheguei na capital francesa. Meu corpo estava cansado, mas meu coração estava alegre ao ver as placas em francês, ouvir a língua sendo falada e sentir o carpete vermelho e macio do Aeroporto Charles de Gaulle sob meus pés. Resolvendo perrengues de bom humor Desde quando retornei a França após 4 anos, me deparei com uma série de perrengues. Mas, eu estava tão feliz de estar lá que resolvia todos eles de bom humor. A essa altura, nada me abalava! O primeiro deles foi que cheguei, mas tive a mala extraviada. Tive que pedir ajuda a um funcionário do aeroporto e, enquanto eu preenchia o formulário de busca, pensava o quão engraçado era ter passado 4 anos sentindo saudade de conversar em francês, e calhar de eu ter justo esse tipo de diálogo nos primeiros minutos de minha chegada no país. [caption id="attachment_171780" align="alignnone" width="750"] Nos primeiros dias, eu alternava entre perrengues e passeios pelos meus lugares preferidos da cidade. Foto: Bárbara Ábile.[/caption] Questão da mala encaminhada, hora de ir para minha nova casa. Com todos os atrasos, acabei chegando lá mais tarde do que o previso e, consequentemente, já não havia mais nenhum lugar próximo que estivesse aberto para eu comer. Botei mais uma vez o francês para jogo pedindo sugestões aos seguranças da moradia onde eu estava alocada, e acabei me contentando com um sanduíche simples jambon fromage. Você não queria falar em francês? Então fala! Os primeiros dias foram cheios de oportunidades de matar a saudade de falar em francês, já que até as coisas mais simples pareciam não funcionar comigo. Juro que a essa altura, o meu QI já tinha voltado ao índice normal e que eu ainda lembrava de todos os procedimentos básicos que precisamos fazer ao chegar em outro país para morar: comprar chip de celular, cartão de transporte público, fazer a validação do visto, contratar o seguro incêndio para o dormitório, solicitar o cartão da universidade e fazer compras online. Mas, por alguma brincadeira do destino, todos esses itens apresentavam algum tipo de problema e, por estarmos falando da França, a resolução deles envolvia longas chamadas telefônicas ou envio de cartas. Até o perrengue tem utilidade Como resultado, ao fim da primeira semana, eu já tinha me livrado dessa insegurança tão comum a vários imigrantes de falar a língua de seu novo país. Afinal, após conseguir explicar problemas e encontrar a soluções com companhias aéreas, corretoras de seguro, empresas de transporte público e afins, em uma língua que não é a sua, você sente que pode fazer tudo! Pronunciar o “bonjour” cantado ficou até mais gostoso. Recuperando o tempo perdido Enquanto planejava meu retorno à Paris após 4 anos, eu estava convicta de que ao chegar na cidade, eu dedicaria meus primeiros dias para fazer tudo o que senti mais falta durante esses longos anos longe. Portanto, uma vez na cidade, busquei concretizar esse plano. Uma das coisas que mais me fazia falta era, exatamente, o lugar onde eu morava em 2018. Não foi à toa que, em 2022, fiz questão de me alojar na mesma moradia universitária na qual morei em minha primeira temporada na França. Outra coisa que fiz foi, ao acordar no dia seguinte, comprar um croissant na minha boulangerie preferida e comê-lo no parque Montsouris. Como meu aniversário estava chegando, decidi também ir conhecer o grand magasin La Samaritaine, que havia reinaugurado enquanto eu ainda estava no Brasil. Lá, comprei um tênis que não consegui comprar da última vez que estive na cidade. Viver é melhor que sonhar! Na mesma semana, passei na rede de supermercados na França que eu sempre frequentava e fiz uma compra grande e inconsequente, de tudo o que me chamava a atenção e me dava vontade. [caption id="attachment_171783" align="alignnone" width="750"] Retornando a Paris após 4 anos, a primeira compra de supermercado foi para matar todas as vontades. Foto: Bárbara Ábile.[/caption] Foram potes de Spéculoos, uma pasta típica da Bélgica que, na minha opinião, consegue ser mil vezes melhor que pasta de avelãs; os vinhos mais interessantes que encontrei; frutinhas diferentes; minha muesli preferida; muitos e muitos tipos de queijos; comidinhas congeladas que eu gostava; sabonetes que eu costumava usar; a pasta de dente que me encantava pela cor, entre outros. Foi um ótimo começo para mim. Organizei meu quarto de maneira aconchegante, preparei minha rotina de trabalho e comecei a viver tudo o que eu havia sonhado nos anos anteriores. Paris sera toujours Paris, já eu… Enquanto estava no Brasil, eu costumava ouvir várias músicas sobre Paris — cheguei até fazer uma playlist, que estou ouvindo enquanto escrevo esse texto. Essas músicas me inspiravam, mas também me faziam companhia nos dias de mais nostalgia. Uma delas repetia que “Paris sera toujours Paris” e, de certa forma, isso me acalmava. Eu pensava que, se Paris será para sempre Paris, eu encontraria minha tão amada cidade do mesmo jeitinho que eu a havia deixado em 2018. Maurice Chevalier não estava errado quando cantou essas frases em 1939. Retornando à Paris após 4 anos, ela estava, de fato, igual. [caption id="attachment_174400" align="alignnone" width="750"] Caminhar por Paris e reconhecer a cidade e os deslocamentos fez parte dos meus dias logo após a chegada.[/caption] A moradia universitária onde eu havia morado estava do mesmo jeito, e seus funcionários também eram os mesmos. Posso dizer algo semelhante da biblioteca em Paris que eu mais frequentava: surpreendentemente, a mesma pessoa que me entregava os documentos que eu reservava em 2018, estava entregando os documentos que eu reservava em 2022. A boulangerie, os pequenos comércios e os mercados também seguiam no mesmo lugar, até mesmo o senhorzinho simpático que vendia flores em uma barraquinha perto de casa. Os caminhos eram os mesmos, a rotina era semelhante, o lazer também. A cidade continuava perfeita, as exposições maravilhosas, a comida saborosa. Mas, eu estava diferente. Os incômodos se multiplicam Rever tanta coisa que eu amava me preencheu durante um tempo. Mas, depois de alguns meses, comecei a perceber que algumas coisas não estavam funcionando tão bem. Isso foi um tanto difícil e doloroso. A primeira delas foi perceber que a dinâmica de moradia universitária havia me cansado. Isso me assustou muito, já que eu nunca havia cogitado morar em outro lugar enquanto planejava minha volta para Paris. O vai e vem de gente, a coletividade e as diferenças são apaixonantes em um primeiro momento, mas depois de um tempo me deixavam um pouco irritada. Em muitos dias, eu só queria poder cozinhar em paz, ouvindo uma música e tomando um vinho, sem ter um monte de pessoas, muitas vezes desconhecidas, do meu lado. Várias vezes desejei ter um gatinho, mudar os móveis, instalar coisas na parede e eu não podia fazer nada disso. Ainda por cima, me sentia um tanto deslocada quando as pessoas mais próximas tinham aquele furor de viver Paris de uma certa forma, enquanto eu estava com uma energia diferente. Também passei a ter menos paciência com os franceses, ainda que nós, brasileiros, sejamos bem recebidos na França, de maneira geral. A rispidez na fala, a pressa para pegar o metrô (mesmo com intervalos de 3 minutos entre eles), as bufadas, e a mania de começar a falar em inglês ao sinal de um mínimo sotaque me tiravam do sério. Será que eu odeio Paris? Similarmente, tive surpresas negativas em relação à comida francesa (e em geral). Em 2018, por exemplo, eu amava comer kebabs. Essa famosa comida de rua parisiense fazia parte do meu cardápio semanal em 2018, não apenas por ser barata, mas porque eu a achava saborosíssima. Mas, da primeira vez que tentei comer um em 2022, percebi que aquilo não era mais para mim. Senti algo parecido em relação ao Restaurante Universitário e a algumas formules específicas. Com o tempo, outros incômodos foram aparecendo. Me cansei de visitar castelos com tanto ouro, museus com tantos quadros, e monumentos com tantos turistas. Fiquei mais crítica ao sistema de transporte, a certos hábitos e regras. Me perguntei várias vezes se eu tinha começado a odiar Paris e me sentia confusa em relação a isso. Com o tempo, percebi que não. O ponto era que, uma vez morando na cidade, era impossível não me descolar daquela visão apaixonada que temos quando a visitamos por pouco tempo. O que quero dizer é que, por mais que seja incrível viver em Paris, não é incrível o tempo todo. A vida acontece, os problemas também, as dificuldades surgem e, bem, isso desanima qualquer um. Uma nova cidade Uma vez passado o momento do susto, percebi que uma nova Bárbara estava nascendo. Como não podia ser diferente, ela começou a se revelar através das roupas, que foram ficando mais sóbrias, em um estilo à la parisienne. E conforme fui abrindo espaço para coisas novas, o que se revelou para mim foi uma nova Paris. Na busca por novos hábitos, aproveitei a estação quente para comprar um plano da Vélib, a bicicleta de serviço livre da cidade. Ela passou a ser meu meio de transporte e lazer favorito, e inaugurou uma nova fase na minha vida parisiense. Como a cidade tem estações em cada canto, era possível ir a qualquer lugar com ela. [caption id="attachment_171781" align="alignnone" width="750"] Minha visão preferida: o painel da Vélib e o rio Sena. Foto: Bárbara Ábile.[/caption] Foi em cima de uma Vélib que passei várias horas pedalando nas margens do Sena, nas ruazinhas do bairro de Paris onde eu morava, pelos pontos turísticos, indo ou voltando da biblioteca, e em lugares que eu ainda não conhecia. Me levando para viajar Para fugir dos programas mais batidos, me aventurei nos parques nos arredores de Paris, como os de Boulogne e Vincennes, e em outros parques que eu nunca havia ido até então, como o Monceau e André Citroën. Rapidamente, virou um costume sair para pedalar, passar em um mercado ou boulangerie, comprar comidinhas e fazer piqueniques. Como eu ficava com muita gente ao meu redor na moradia universitária, sempre tirava alguns momentos para aproveitar minha própria companhia aos finais de semana. Era eu, meus livros e meu fone de ouvido. Também fiquei motivada para sair um pouco da cidade e conhecer novos ares. Fiz algumas viagens para fora da França e me apaixonei por outros países. Também decidi conhecer mais sobre a região que eu estava morando, e explorei cidadezinhas como Saint-Rémy-lès-Chevreuse, Auvers-Sur-Oise e Provins. Conheci lugares lindos, e com o tempo voltei a sentir aquela plenitude de estar em Paris. Recuperando o olhar apaixonado Esse sentimento ficou ainda melhor quando meus pais, meu companheiro e algumas amigas vieram me visitar. Nada como mostrar Paris para quem você ama para recuperar aquele olhar encantado pela cidade! Foi mostrando a Torre Eiffel a partir de um vagão da linha 6 do metrô, levando-os aos melhores lugares para comer, me responsabilizando pela tradução de tudo, e dando dicas do que vestir segundo a temperatura, que percebi que, sem dúvidas, meu amor por Paris nunca tinha ido embora. Ele tinha se transformado. Passando esse amor para frente O mais legal é que, de uma forma ou de outra, essas pessoas perceberam esse amor, e acabam cultivando-o nelas também, cada um a sua maneira. Minha mãe, por exemplo, desde que conheceu Paris, tem o hábito de falar algo muito parecido com o que ficou em minha cabeça durante os 4 anos em que morei no Brasil: que ela se lembra de tudo o que viu, sentiu e comeu durante os dias que ficou lá comigo, nos mínimos detalhes. Mas, ao mesmo tempo, agora tudo parece tão distante que, às vezes, ela acha que viajar para a França foi um sonho. Talvez, Paris tenha esse efeito nas pessoas. Idas e vindas Ao longo do tempo, fui deixando várias versões minhas na capital francesa, que imagino que seguem perambulando em vários pontos da cidade. A versão que chegou em 2018, certamente segue sentadinha em algum banco da Île Saint Louis, encantada com tudo o que está vendo. A que chegou em 2022, por sua vez, deve estar pedalando com sua Vélib no bois de Vincennes, em busca de um cantinho com sombra para fazer um piquenique, enquanto lê um livro. [caption id="attachment_171784" align="alignnone" width="750"] Retornando a Paris após 4 anos, descobri novos hábitos e lugares. Foto: Bárbara Ábile.[/caption] Desde então, sigo nessa dinâmica de idas e vindas entre Paris e São Paulo. E a cada momento em que chego em uma das cidades, é um novo processo que se inicia, que envolve tanto eu, quanto o lugar em que estou. Hoje, Paris, para mim é mais do que um sonho. É o lugar em que consigo me reencontrar, me autorregular e me recriar. Quer conhecer outras histórias de brasileiros vivendo no Velho Continente? Fica a indicação da leitura do ebook “O Sonho de Viver na Europa” para se inspirar!

Pessoa declarando seu Imposto de renda na França
França Tributação para Expatriados

Imposto de renda na França: saiba como declarar o seu

Entender o funcionamento do imposto de renda na França é essencial para os brasileiros que têm planos de viver, trabalhar ou investir no país. O sistema fiscal do Hexágono é complexo e cheio de regras, mas é completamente possível de compreender seu funcionamento. Neste artigo, te explicamos como. Como declarar Imposto de Renda na França Você deve realizar a declaração de Imposto de Renda na França conforme as datas informadas anualmente. O procedimento é obrigatoriamente online, com exceção de alguns casos, e conta com um site específico para tal. Apesar de ser completamente possível de declarar sozinho, você tem também a possibilidade de contar com a ajuda de especialistas, como a Personal Tax. Quem deve declarar Imposto de Renda na França? A princípio, qualquer pessoa que seja morar na França como residente no ano de referência deve declarar seus rendimentos, sejam eles de fontes francesas ou estrangeiras. Ao mesmo tempo, um francês com residência fiscal fora do país também poderá ser obrigado a declarar sua renda aos serviços fiscais franceses, se tiver rendimentos provenientes de fontes no Hexágono. De maneira geral, será a sua residência fiscal, a composição e proveniência da sua renda que vão determinar a quantidade de seu imposto de renda, as regras e o procedimento a seguir. Nesse sentido, uma convenção internacional entre a França e outro país pode prever regras fiscais diferentes para cada caso. Por isso, é importante que você conheça os tratados internacionais para evitar a bitributação que podem influenciar na sua declaração. Brasileiro precisa declarar Imposto de Renda na França? Sim, segundo a convenção entre o Brasil e a França que visa evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal de Imposto de Renda. São exemplos de itens tributáveis: Rendimentos provenientes de bens imobiliários; Lucros de empresas; Dividendos em geral; Juros; Royalties; Ganhos de capital; Exercício de profissões dependentes e independentes; Remunerações de direção, de artistas e desportistas. Precisa declarar o envio dinheiro do Brasil para França? Sim. O envio de dinheiro para a França precisa ser declarado, mas você somente pagará imposto a depender do motivo do envio. Por exemplo, é preciso declarar se você envia dinheiro para: Sua conta no exterior de mesma titularidade; Doações; Pagamento de empréstimos; Investimentos; Pagamentos de serviços no exterior. No entanto, caso você esteja enviando dinheiro para a França visando manutenção de filhos e cônjuges, não é necessário declarar. Essas regras estão descritas na mencionada convenção entre Brasil e França. E quem envia dinheiro da França para o Brasil? Não há necessidade de declarar o envio de dinheiro da França para o Brasil, no entanto, as transferências podem estar sujeitas a controles por parte do seu banco. [caption id="attachment_170569" align="alignnone" width="750"] Contas bancárias no exterior devem ser declaradas no imposto de renda na França e no Brasil.[/caption] O que é obrigatório declarar é a abertura e utilização de contas bancárias no exterior para a realização legal de suas operações. Quem não precisa declarar? De maneira geral, professores brasileiros que permaneçam até dois anos na França e estudantes brasileiros em período de formação. Nesse último caso, professores, estudantes e pesquisadores que recebem bolsa de estudo na França por parte do governo brasileiro também não precisam declarar. Em algumas situações, também não é necessário declarar herança recebida no exterior. Entretanto, indicamos sempre buscar o seu caso específico nas leis estabelecidas entre a França e o Brasil a respeito do tema. Passo a passo para declarar Imposto de Renda na França A declaração do Imposto de Renda na França é obrigatoriamente feita via internet, caso seu domicílio esteja equipado para tal. Caso você não tenha acesso à internet ou não acredite que seja capaz de fazer sua declaração online, é possível solicitar um formulário de papel. Ainda que trabalhosa, é possível dizer que a ferramenta de declaração de Imposto de Renda na França é bastante intuitiva, o que faz com que seja completamente possível de completá-la sozinho. No entanto, se você quiser, é possível solicitar a ajuda de um especialista. Conheça mais sobre suas opções abaixo. Fazer a declaração sozinho Após entrar no portal de impostos que reúne os formulários online, é preciso criar uma conta, e para isso, você deve fornecer seu número fiscal. Esse número é aquele que aparece no Avis d’Imposition, documento que a pessoa obrigada a declarar seu Imposto de Renda na França recebe com uma certa antecedência via e-mail ou carta. Lembrando que sua declaração é sempre feita com base nos rendimentos recebidos no ano anterior. Etapa 1 Nessa primeira etapa, você verá que algumas informações já estão preenchidas em função do que foi possível recuperar de seus dados, ou do que foi informado no ano precedente. Assim, aqui você deve apenas verificar e eventualmente corrigir alguma informação incorreta. É nesse momento também que a Administração Fiscal pede para você informar alguma mudança de situação como, por exemplo, um casamento, uma união estável ou divórcio. Etapa 2 Nesta etapa, você deve verificar a exatidão das informações preenchidas pela Administração Fiscal, tais como seu estado civil, seu endereço fiscal, sua residência principal, sua data de nascimento, entre outros dados pessoais. Nessa mesma fase, é preciso enviar informações acerca de sua residência como, por exemplo, as pessoas pelas quais você se responsabiliza: crianças, filhos maiores, casais e dependentes em geral. Etapa 3 Aqui é o momento de declarar as rendas recebidas no ano anterior. A Administração Fiscal faz um pré-preenchimento da ficha com base nas informações transmitidas pelos empregadores, estabelecimentos financeiros, organismos de aposentadoria na França e afins. Na página seguinte, você deve assinalar as opções correspondentes às rendas que você recebeu e, portanto, deve declarar: salários, pensões de aposentadoria, rendas de propriedade e afins. [caption id="attachment_168907" align="alignnone" width="750"] Organização de documentos é essencial para fazer sua declaração de imposto de renda, mesmo online.[/caption] As rubricas de cada tipo de renda aparecem a seguir e costumam vir pré-preenchidas. Basta você verificar os montantes indicados com base em seus holerites e outros documentos, alterando valores em caso de necessidade. Nessa mesma etapa, é possível informar outros tipos de renda, inclusive aqueles do estrangeiro. Etapa 4 Após preencher tudo, é possível verificar um resumo de sua declaração. É o momento de checar se tudo está correto e ter uma estimativa tanto do imposto a ser pago, quanto do valor a ser restituído. Antes de ir para a última etapa, verifique também suas coordenadas bancárias e seu endereço de e-mail. Elas serão essenciais para validar sua declaração de renda. Etapa 5 Você chegou ao fim da declaração Imposto de Renda na França. Em instantes, você receberá um e-mail de confirmação. Ainda é possível modificar as informações declaradas até a data limite mencionada no site oficial do procedimento. Por fim, você deve guardar o comprovante recebido para fins de controle, assim como todos os documentos utilizados para preencher sua declaração. Fazer a declaração com ajuda de especialista Caso você prefira, é possível fazer sua declaração Imposto de Renda na França com a ajuda de um especialista. Indicamos a Personal Tax, uma consultoria tributária para expatriados. O serviço é personalizado, confiável e de qualidade. Tudo o que você precisa para não se preocupar com novos termos e novas burocracias em outra língua. Prazo para fazer a declaração Imposto de Renda França A partir do mês de abril de cada ano e a data limite varia conforme o seu departamento na França. Em 2024, o serviço iniciou no dia 11 de abril. A data limite da declaração depende de seu lugar de residência. Veja as informações da tabela abaixo: Número do departamento Data limite da declaração 01 a 19 (zona 1) e não residentes 23 de maio 2024 às 23h59 20 a 54 (zona 2) 30 de maio de 2024 às 23h59 55 a 976 (zona 3) 6 de junho de 2024 às 23h59 Prazo de reembolso e pagamento do IRPP Em 2024, o prazo de reembolso e pagamento do Imposto de Renda na França ocorrerá entre 24 de julho e 2 de agosto. As datas precisas vão variar conforme a sua situação. Veja mais detalhes na tabela a seguir: Caso específico Via e-mail ou site Via papel Direito a reembolso 24 de julho e 2 de agosto 24 de julho e 29 de agosto Sem necessidade de pagar 24 de julho e 2 de agosto 24 de julho e 29 de agosto Com necessidade de pagar 26 de julho e 2 de agosto 25 de julho e 23 de agosto Métodos de pagamento ou reembolso O reembolso será realizado ao longo do verão de 2024, via transferência bancária para o número de conta na França informado à Administração Fiscal. Já o pagamento pode ser feito online, diretamente no site dos Impostos na França. Há também a opção de débito automático, que ocorre na conta informada à Administração Fiscal. O que acontece se não declarar? Não declarar o Imposto de Renda na França pode te enquadrar em fraude fiscal, e consequentemente, você poderá receber sanções fiscais e penais. Caso a Administração Fiscal descubra uma atividade não declarada, o imposto que você deverá pagar será aumentado em 80%. No que se refere às sanções penais, é possível que você sofra as consequências pelos 6 anos subsequentes. Para além das sanções fiscais, você ainda deverá pagar 500.000€ de multa, além de correr o risco de ficar 5 anos na prisão. As penas poderão ser mais graves conforme o seu caso. Alíquota Imposto de Renda na França A escala progressiva do Imposto de Renda na França é um parâmetro para fazer o cálculo do imposto. Ela comporta várias fatias, cada uma dentre elas tendo uma alíquota de imposto diferente. A lei de finanças aumentou a tabela do Imposto de Renda em 4,8% desde o dia 1º de janeiro de 2024. Tabela de Imposto de Renda na França O imposto sobre os rendimentos que você recebeu em 2023 e que você deverá declarar em 2024 é calculado por fatias que vão de 0% a 45%. Veja abaixo a tabela de referência: Fração do lucro tributável (por uma parte) Taxa de imposto a ser aplicada à faixa Até 11.294€ 0% De 11.295€ a 28.797€ 11% De 28.798€ a 82.341€ 30% De 82.342€ a 177.106€ 41% Acima de 177.106€ 45% Isso significa que se você receber um salário mínimo na França, seu parâmetro de cálculo será diferente de quem recebe mais do que isso. Como calcular o valor do Imposto de Renda na França? Você deve calcular o valor do imposto de renda a partir do lucro tributável líquido, em três etapas principais. Para isso, faça os seguintes cálculos: Divida o lucro líquido tributável pelo número de cotas familiares; Aplique então a este resultado a tabela progressiva de imposto sobre o rendimento aplicável aos rendimentos do exercício em causa; Multiplique o resultado obtido pelo número de cotas do quociente familiar para obter o valor do imposto devido. Exemplo prático Imaginemos o caso de uma pessoa solteira com um rendimento líquido tributável de 32.000€ em 2023. Como é apenas uma pessoa, o quociente familiar é 1. Mas, se houvesse dependentes, o valor do quociente seria maior. Em primeiro lugar, realizamos a operação 32.000€/1 = 32.000€. Para calcular o imposto desta pessoa é preciso submeter este resultado à escala aplicável aos rendimentos de 2023: Faixa de rendimentos até 11.294€ tributados a 0% = 0€; Faixa de rendimentos de 11.295€ a 28.797€ tributados a 11%: ou seja, (28.797 - 11.294) x 11% = 1.925,33€ Faixa de rendimentos de 28.798€ a 32.000€ tributados a 30%: ou seja, (32.000 - 28.797) x 30% = 960,90€. Assim, a taxa marginal de imposto desta pessoa solteira é de 30%. No entanto, nem todos os seus rendimentos terão uma tributação a 30%. O resultado total obtido é igual a 0€ + 1.925,33 + 960,90 = 2.886,23€. Para saber o imposto que essa pessoa terá de pagar sobre os seus rendimentos, resta multiplicar este valor pelo número de quotas do quociente familiar do solteiro: 2.886,23€ x 1 = 2.886,23 €. Caso você queira, é possível fazer o cálculo da sua situação com a ajuda de uma ferramenta específica do governo da França. Dicas para pagar menos imposto e aumentar o reembolso É possível pagar menos em seu Imposto de Renda na França. Veja algumas dicas de como fazer isso: Aprenda a encontrar boas ofertas de investimento com tributação privilegiada; Compre um imóvel antigo para fazer trabalhos de renovação; Alimente um plano de poupança para aposentadoria (PER, em francês), principalmente se você tiver uma tributação alta durante seu período de emprego na França; Desconfie de dispositivos mirabolantes que prometem abater impostos. De maneira complementar, também é possível maximizar seu reembolso. Boas práticas para este fim são: Insira todas as suas informações corretamente. Isso garante o cálculo correto de suas deduções e restituições de impostos; Reivindique todos os créditos e deduções que se aplicam à sua situação. Isso pode demandar um trabalho a mais, mas é uma oportunidade de economizar; Atualize suas informações de dependentes, já que eles podem ajudar a reduzir sua responsabilidade fiscal; Inclua todos os valores transferidos (doações, mensalidades, perdas de capital e não-capital, por exemplo); Verifique suas declarações anteriores para saber o que você já solicitou. Despesas dedutíveis O valor do seu Imposto de Renda na França terá um ajuste dependendo da sua situação, a saber: Limitação do quociente familiar; Desconto para rendimentos modestos; Reduções e créditos fiscais; Contribuição sobre rendimentos elevados. Benefícios fiscais ao fazer o IRPP da França Os benefícios fiscais ao fazer seu Imposto de Renda na França estão no fato de que o Estado possui incentivos para a realização de certos investimentos ou serviços como, por exemplo, despesas com o cuidado de crianças; emprego de um assalariado em seu domicílio ou em reformas pessoais; investimentos em Pequenas e Médias Empresas, em imóveis locativos, etc. De acordo com a natureza de suas despesas, você terá direito a uma redução de imposto (réduction d’impôt), um crédito fiscal (crédit d’impôt) ou uma dedução fiscal (déduction fiscale). O Canal da Leda em Paris tem um vídeo bem explicativo sobre a importância de declarar seus impostos na França e sobre esses benefícios fiscais: De maneira geral, em uma redução de imposto, a Administração Fiscal deduz uma soma do montante de seu imposto. Por exemplo, você fez uma doação a uma associação que te dá direito a uma redução de 700€. Se o seu imposto é de 1.500€, você pagará apenas 800€. Um crédito fiscal, de maneira semelhante, é uma soma subtraída de seu imposto. Por exemplo, se você tem direito a um crédito fiscal de 700€ para despesas com cuidados infantis e deve pagar 500€ de imposto, os serviços fiscais vão te reembolsar 200€. Por fim, em uma dedução fiscal, a Administração Fiscal retira um valor de seu rendimento tributável. Para ilustrar, se você possui um rendimento de 10.000€ e uma dedução fiscal de 1.000€, a sua tributação será de apenas 9.000€. Cuidados ao fazer a declaração do imposto de renda Alguns cuidados são essenciais para fazer sua declaração do Imposto de Renda na França. Veja alguns deles: Fique atento às datas para não perder os prazos; Reúna, ao longo do ano, eventuais comprovantes e documentos que possam te ajudar no momento da declaração; Busque tirar suas dúvidas com antecedência; Informe-se acerca dos procedimentos para evitar a dupla tributação; Considere aproveitar todas as deduções e créditos fiscais disponíveis para o seu caso; Veja se você não se enquadra em nenhuma exceção. Por fim, lembre-se de que há possibilidade de solicitar o serviço de uma consultoria tributária para expatriados, como a Personal Tax. Isso pode te economizar tempo e poupar a preocupação de cometer algum erro — principalmente se for a sua primeira vez declarando Imposto de Renda na França.

Mulher sentada à beira do Rio Sena
Brasileiros na Europa França

A parisiense é um mito e eu te explico o por quê

Roupas de luxo, boinas, joias, maquiagem e salto alto. Seria essa uma descrição real do estilo das mulheres que encontramos nas ruas de Paris ou apenas o mito da parisiense? Nesta coluna, te levo para pensar sobre isso comigo, em uma tentativa de problematizar esse mito e reformulá-lo a partir de traços mais reais e gentis. Saindo do imaginário Como alguém que trabalha com moda e é apaixonada pelo assunto, me interesso muito pela forma das pessoas se vestirem, e é claro que isso se intensificou quando fui morar na França. Andar pelas ruas de Paris, para mim, é como brincar de caçar tendências. Estou o tempo todo atenta aos tipos de peças que mais aparecem, passo facilmente horas dentro de lojas vendo o que está sendo vendido e, é claro, me inspiro com os vários looks que vejo. Muita gente que sabe desse meu hábito vem me perguntar se as parisienses andam nas ruas como se tivessem saído de um editorial da revista Vogue – ou, para ser mais francesa, da Elle. E toda vez que eu respondo que, definitivamente, elas não andam dessa forma, me olham com um ponto de interrogação estampado na cara. Antes de morar na França, confesso que eu tinha essa mesma crença de como as mulheres, e mais precisamente, as parisienses, se vestiam. No entanto, logo percebi que esse estilo que sempre habitou o imaginário da maioria das pessoas não passa de um mito. Para ser mais precisa: não é que o estilo não exista, mas ele está longe de ser aquilo que as pessoas normalmente imaginam que ele é. Como você caracterizaria o estilo da parisiense? Te faço essa pergunta por um motivo bem simples: eu nem descrevi o tal estilo, mas eu tenho certeza de que você sabe do que eu estou falando. E é bem revelador o fato de que a maioria das pessoas o caracterizem a partir de termos bem semelhantes - e tudo começa com a camiseta listrada, o batom vermelho e a boina. No entanto, se você mora em Paris ou já viajou para a França, talvez tenha reparado que a maioria das pessoas que se vestem assim são, na verdade, as turistas de passagem pela cidade. Apesar disso, é completamente recorrente encontrar parisienses sendo representadas em produções audiovisuais com uma composição de roupa tão perfeita que chega a ser, na minha opinião, ringarde, cafona. A diferença entre ficção e realidade é gritante! Se você se pergunta como essa ideia da parisiense foi construída, eu te digo: ela se solidificou no século passado, mas a gente encontra bem antes disso algumas referências que afirmam que a moradora da capital da França é dona de um estilo muito particular. O estilo da parisiense personificado De maneira geral, a noção da parisiense enquanto ícone de estilo foi sendo difundido através de jornais, literatura, teatro, músicas, revistas, séries, filmes e mais recentemente internet. Contudo, o estilo pouco tem a ver com a origem geográfica, de fato. Não à toa, uma das parisienses mais famosas na década de 1970 era, na verdade, inglesa: Jane Birkin. Um outro nome pode vir à cabeça quando se fala do estilo em questão: a modelo Inès de la Fressange, muito famosa nos anos 1980 e 1990. Nascida no sudoeste da França, sua fama de parisiense é tanta que, em 2010, ela publicou um livro que faz as vezes de um guia de estilo para quem quer adotar essa forma de se vestir. O livro foi lançado em mais de 21 países, se tornou um best-seller e eu admito: tenho um exemplar aqui em casa. [caption id="attachment_171194" align="alignnone" width="750"] Inès de la Fressange defende que o segredo da parisiense está nas combinações de roupas mais simples.[/caption] Um rosto mais contemporâneo desse estilo tão aclamado seria Jeanne Damas. Única da lista que é parisiense até na origem geográfica, nos últimos anos ela chamou muita atenção nas redes sociais, muito por conta de suas aparições nas semanas de moda de sua cidade natal. Damas, que realmente se veste de maneira encantadora, soube rentabilizar a parisiense que habita nela e transformou seu estilo nonchalante em marca de roupas. Também já falei sobre como foi retornar a Paris após 4 anos. Je ne suis pas parisienne – ainda bem! O estilo de se vestir que constitui esse mito da parisiense não se resume em um tipo de roupa específico, até mesmo porque as formas de se vestir se alteram de maneira efêmera na moda. Há outros elementos que ajudam a montar esse perfil, e esses sim, perpassam as décadas e se mantém até hoje. Mas, sinto dizer a vocês que eles são um tanto problemáticos. Eu poderia encarnar minha persona socióloga e discorrer aqui sobre os motivos: de como essa personagem parisiense é criada a partir da hierarquia entre capital e província; até como ela é fruto de uma sociedade patriarcal. Contudo, vou me deter em apenas um ponto: em como esse perfil da parisiense é, no mínimo, contraditório. Afinal, ela é uma mulher que está sempre arrumada e bem-vestida, mas que não pensa em combinação de peças. Que usa pouca ou nenhuma maquiagem, mas não tem acne, linhas de expressão ou problemas de pele. Ou ainda, que não é rica, mas possui produtos de melhor qualidade. Que é magra e aparenta o ar de saudável, apesar de ter uma dieta baseada em vinhos, baguetes e queijos. Não à toa, uma das expressões mais utilizadas para descrevê-la é effortless chic, isto é, chique sem esforço. Em outras palavras, é como se ela fosse “naturalmente” perfeita, segundo um padrão de beleza bem específico, excludente, machista, racista, gordofóbico – a lista é grande! Por isso, ser uma parisiense nesses termos é quase impossível, e nem é porque não nascemos na França. As parisienses reais são inspiradoras Apesar de tudo isso, eu admito que a maioria de mulheres que circulam pela cidade – sejam elas nascidas em Paris ou não – são muito estilosas. Todas elas possuem aquele je ne sais quoi que prende o olhar. E acho que é esse charme misterioso que me motiva tentar descrever o que seria o real estilo da parisiense – ou melhor, das parisienses. Falo no plural porque a forma delas se vestirem são extremamente destoantes entre si. [caption id="attachment_170046" align="alignnone" width="750"] Veja como a moça sentada está vestida. Nada a ver com que imaginamos enquanto parisiense, né? Foto: Bárbara Ábile.[/caption] Na Rue de Rivoli, você encontrará as que mais estão ligadas em tendências de moda e do TikTok. Em alguns pontos do centro e do norte de Paris, roubam a cena os looks completos de streetwear, no qual reinam os conjuntos. Próximos às Universidades de Paris, observam-se mulheres com roupas mais práticas e simples, mas compostas de forma surpreendente. É claro que tem aquelas mulheres que se vestem como se tivessem saído de uma Fashion Week – e, às vezes, elas realmente estão. Mas também tem aquelas que priorizam o conforto acima de tudo, cujo look se resume em boné, moletom e tênis. Enfim, os estilos das parisienses são muitos e variam conforme inúmeros aspectos. Você pode até achar que um ou outro dá mais ou menos match com o seu gosto pessoal, mas o magnetismo de todos eles é inevitável. Décadence avec élégance Tem um estilo parisiense muito específico que é, de longe o meu preferido. Eu o descreveria como uma mistura de décadence avec élégance, ou em português, decadência com elegância. Nele, as peças vestidas não são coordenadas ou combinadas em cores, estampas e texturas. Às vezes ele aparece como uma mistura de vários elementos, outras com apenas uma cor ou uma estampa dos pés à cabeça. Mas o grande diferencial dele é que sempre tem algum item na composição que não funciona, que destoa. Por exemplo, roupas mais sociais com uma meia neon e estampada aparecendo. Ou, uma combinação perfeita de peças, mas com uma bolsa de luxo ou o sapato caríssimo meio surrados. É o vestido de festa com tênis simples e sem maquiagem. Um batom vermelho, mas levemente borrado. O cabelo com aspecto de sujo, preso em si mesmo. A unha descascada. Há quem diga que é a beleza com a feiura ao mesmo tempo. Eu sou da opinião de que é apenas a vida real, mesmo. Afinal, é impossível ter um cabelo tão alinhado, se você precisa passar pela Avenue de France e suas rajadas de vento. Andar de salto, se você for jantar na rue Mouffetard. A boina inclinada, se você pretende pegar uma bicicleta para ir de um arrondissement a outro. E o batom intacto, se seu plano é dar uma mordida na baguete na volta da padaria. Comparando com o estilo das brasileiras Tomar como parâmetro o estilo das brasileiras é uma ferramenta interessante para delinear melhor o que seria o estilo das parisienses reais. Afinal, os estilos das mulheres da capital francesa são tão distantes dos estilos das mulheres brasileiras, quanto a França é do Brasil. É óbvio que tanto em um, quanto em outro país, a diversidade é enorme, principalmente em termos climáticos. Similarmente, é possível encontrar alguns pontos de encontro entre os estilos, o que pode ser explicado pelo acesso às referências semelhantes, seja através da internet e das redes sociais, seja através de lojas de departamento e marcas que atuam nos dois países. Mas entre a francesa e a brasileira, ou entre a parisiense e a paulista, por exemplo, eu enxergo dois tipos de beleza completamente diferentes, que pode ser resumido no fato de que a segunda me parece mais vaidosa e dedicada à aparência do que a primeira. Um choque de aparências Isso fica muito nítido para mim quando passo um tempo na França e volto para o Brasil e vice-versa: é uma sensação de deslocamento eterno. Sempre que chego no Brasil, me sinto muito desarrumada, ou melhor, mais para “décadénce”. Demoro um tanto de tempo para me acostumar novamente com os modos e modas do meu país de origem. Até que me encontro, e finalmente me aposso de todas as texturas e estampas maravilhosas que só a moda brasileira oferece. E esse estilo se mantém até voltar para a França. [caption id="attachment_171193" align="alignnone" width="750"] Consegue andar de bicileta ou patinete com o que você está vestindo? Isso significa que você fez uma ótima escolha![/caption] Ao chegar no Hexágono após um tempo em terras brasileiras, me sento arrumada demais, montada demais, exageradamente “élégante". E assim, eu vou me desfazendo de grande parte de meu guarda-roupa, repensando minhas escolhas, inserindo um pouquinho mais de décadénce na minha aparência. Decodificando as parisienses reais Tenho a opinião de que na França, e mais precisamente em Paris, a forma das mulheres se vestirem é muito mais simples, confortável e prático se comparamos com o Brasil, de maneira geral. Nesse sentido, tem alguns elementos que eu amo no estilo das mulheres que vejo nas ruas de Paris. Na minha visão, eles ajudam a dar uma precisão ainda maior disso que chamo de estilo das parisienses reais. Preferência por roupas de segunda mão Como vocês já devem saber ou imaginar, loja de roupas é algo que não falta na França. No entanto, enquanto muitos viajantes fazem filas para comprar modelos supostamente exclusivos nas boutiques de luxo, as lojas e comércios de segunda mão, assim como os Mercados de Pulgas, ficam lotados! Dê uma caminhada pelo Marais em um sábado à tarde e você saberá do que eu estou falando. Definitivamente, ir a um brechó em Paris é um investimento de tempo. Por mais que você precise se entregar a uma atividade de garimpo que pode custar a integridade de sua respiração por algumas horas, eu te juro que vale a pena. Depois que entendi o valor desses espaços na cidade, passei a frequentá-los regularmente e te digo com muita felicidade: as crises de espirro que tive valeram muito à pena, tanto esteticamente quanto financeiramente. Cores mais neutras A paleta de cor das roupas que vejo nas ruas de Paris me parece muito mais restrita, em comparação com as que vejo em São Paulo e em outras cidades brasileiras. Na capital francesa, as cores são muito mais neutras, com uma incrível dominância do azul marinho, do branco e do cinza. Mesmo quando se tem cor, é como se as mulheres se vestissem com as tonalidades que vemos na própria cidade: o verde escuro das árvores, o bege dos prédios, o verde claro do Rio Sena, o bordô das portas antigas – ou dos vinhos. [caption id="attachment_170047" align="alignnone" width="750"] Essa foto diz tudo: quase não há distinção entre as cores do ambiente e das roupas das pessoas. Foto: Bárbara Ábile.[/caption] Na minha opinião, acho essas escolhas muito interessantes porque permitem um intercâmbio de peças muito fácil. Um outro tipo de beleza Confesso que sempre fui preguiçosa e pouco habilidosa para fazer penteados no cabelo, mesmo que mais simples. Também detesto a sensação da base no rosto e tenho pavor de manchar peças com pigmento de corretivo ou blush. Por isso me identifiquei muito quando vi que muitas parisienses não se preocupam com o estado do cabelo ou com maquiagens super elaboradas. Um coque meio capenga e um batom malpassado basta – e fica um charme! No entanto, esse ainda é um ponto sensível quando estou no Brasil, e por vezes fico tentada a aprender a fazer um olho bonito ou acertar o lugar o iluminador. A parte boa é que, ao renunciar a tanta maquiagem, aprendi a cuidar melhor da minha pele e tenho sentido benefícios bem interessantes! Detalhes nonchalantes Tem vários outros detalhes no estilo das parisienses reais que me chamam a atenção. Um deles é a quantidade de anéis que elas usam na mão, em sua maioria da cor prata. Outro detalhe interessante é a quase ausência de salto. A não ser em situações muito específicas, o sapato que mais vejo é, sem dúvida, o tênis, e no máximo, uma bota nos dias de chuva. Nos dias de calor, quem reina são as sandálias de estilo chinelo, que deixam à mostra as unhas dos pés pintadas de vermelho. Por fim, noto que aparentemente ter uma ecobag pronta para uso deve fazer parte do modo de sobrevivência de qualquer pessoa que mora em Paris. No caso das mulheres, com frequência vejo a combinação da sacola de pano com uma bolsinha mais arrumadinha, pendurada na transversal do corpo. Aquele empoderamento que faz a gente sorrir Me encantou muito como essas mulheres têm hábitos de se vestir que, muitas vezes, demoram a se enraizar no Brasil. Um deles é o costume de sair com a barriga de fora, independentemente do tamanho da sua barriga. Também adorei (e peguei para mim) a preferência por calças mais largas: esse aqui me surpreendeu bastante, pois na época que percebi isso na França, a calça skinny ainda era o suprassumo do estilo no Brasil. Por fim, a abolição do sutiã no dia a dia também foi algo que me encantou, apesar do choque à primeira vista. Que estilo de parisiense eu quero ter? Acima de questões estéticas e de estilo de vida, uma das coisas mais legais que aprendi com o estilo das parisienses reais é me vestir com mais liberdade e conforto. Além disso, aprendi também que é possível se sentir bem e bonita mesmo não estando dentro de padrões de beleza ou perfeição. E é por isso que sinto que é essencial quebrar esse mito que circula tanto por aí sobre esse estilo em específico. Se aquele da parisiense real te permite várias possibilidades, o da parisiense da boina vermelha coloca uma série de limites e critérios que, como vimos, são um tanto inalcançáveis e ultrapassados -- o que não tem nada a ver com Paris.

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