Na última coluna, contei para vocês as dores e delícias de ter completado 2 anos morando em Portugal. O que esqueci de contar é que por uma coincidência do destino conseguimos marcar uma viagem de férias para o Brasil exatamente no mesmo período em que fizemos os 2 anos da nossa mudança. É sobre isso que vou falar na coluna Fúria e Folia.

“Férias” não seria bem o termo correto. A viagem pareceu mais uma missão diplomática, cheia de compromissos oficiais. Não conseguimos descansar mesmo, em nenhum momento. O que você, caro leitor, quer saber é: qual foi a sensação de voltar à nossa terra natal?

Por que fomos visitar o Brasil?

A nossa viagem teve realmente o único objetivo de rever família e alguns amigos. Não tínhamos a intenção de turistar. Queríamos aproveitar o colinho das nossas mães e estar perto de quem amamos. Conversar por FaceTime/WhatsApp é uma coisa. Ao vivo e a cores é outra.

E não custa lembrar que nossa saída do Brasil foi no auge da pandemia, quando nem se falava em vacina. Na época, nem tivemos a oportunidade de nos despedir direito de ninguém.

Durante nossa estadia, tivemos alguns compromissos sociais, o que nos obrigou a fazer deslocamentos pelo Rio de Janeiro, cidade onde morávamos.

Viajar para o Brasil está caro

Acho que vale ressaltar o preço absurdo cobrado no atual momento pelas companhias aéreas para uma viagem Portugal – Brasil. Já vínhamos fazendo essa pesquisa há muito tempo e os valores só subiam. Para você que tem a intenção de mudar para Portugal e acha que é viável estar toda hora no Brasil, é melhor rever seus planos. As coisas não estão nem são tão fáceis assim.

A nossa sorte é que tínhamos milhas acumuladas e conseguimos trocar por passagens aéreas para o Brasil.

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O lado ruim é que fomos obrigados a participar de uma maratona aeroportuária com direito a voos chegando e partindo de São Paulo (alugamos um carro para ir para o Rio de Janeiro, já que os valores dos bilhetes da ponte aérea também estavam bem salgados) e uma volta para Portugal passando por 4 países!!!

Cansou só de ler, né? Exaustão define bem nosso sentimento ao final da viagem.

Aeroporto de Madri
Aeroporto de Madrid, onde estivemos tanto na ida quanto na volta. Foto de Maurício Martins.

As primeiras sensações ao chegar

Ao botar os pés em solo brasileiro tivemos um misto de sentimentos: alívio, estranheza e insegurança. Acho que o título de uma antiga música do Barão Vermelho resume bem: “Fúria e folia”.

Já no trajeto pela Via Dutra para o Rio de Janeiro, a cada carro ou moto que se aproximava de forma abrupta do nosso veículo havia o medo de que fosse um assalto.

Alguns dirão que é frescura, porque passamos mais de 40 anos nessa realidade. Admito que 2 anos longe dessa rotina de medo constante nos fez mudar de cabeça. Já estávamos acostumados com a calma e tranquilidade de Portugal.

Almoço entre amigos no Rio de Janeiro
Com amigas depois de um almoço em Botafogo. Foto de Maurício Martins.

A constatação é de que o brasileiro criou o hábito de normalizar as situações de violência, até por uma questão de sobrevivência. Encontramos quem nos contasse alegremente que tem um celular que deixa em casa e tem outro mais simples para quando for roubado. Teve também quem ouvisse nas ruas gritos de “Pega Ladrão” e não tivesse qualquer reação. Insensibilidade? Não. Apenas instinto ajudando a seguir em frente.

Além disso, o dia-a-dia caótico de São Paulo e Rio de Janeiro nos causou muita estranheza. O ritmo de vida, de fato, é radicalmente diferente em terras portuguesas. Perdemos o hábito ver tanta gente nas ruas, tanto movimento e tantas sensações diferentes. Acho que o que ficou mais marcado foi ter que novamente ligar o alerta para situações potencialmente perigosas que poderiam acontecer a qualquer momento.

Outro sentimento que tivemos ao andar pelas ruas foi o de abandono. Vimos muitas lojas fechadas, obras inacabadas, gente dormindo e excesso de buracos no asfalto em avenidas e estradas. A impressão é que nestes 2 anos que estivemos longe do Brasil, a situação só piorou.

Matar a saudade foi muito bom

Mas é claro que também tivemos folia no Brasil: encontramos antigos amigos e botamos o papo em dia, assim como ficamos na barra da saia das nossas mães contando os “causos” desses 2 anos morando em Portugal.

Foto depois de um jantar entre amigos no Brasil
Com amigos depois de um jantar num shopping de Botafogo. Foto de Maurício Martins.

As duas semanas passaram voando. Foi pouco para matar as saudades. Provavelmente, teremos de fazer isso repetidas vezes nos próximos anos, mas confesso que seria bem mais agradável receber aqui em Portugal nossa família e amigos do que ter de voltar ao Brasil. Estou sendo sincero, espero que não me interpretem mal. Questão de comodismo mesmo.

Portugal é a nossa casa

E admito também que sobrevoar o Porto ao chegar em Portugal nos trouxe de volta o sentimento de pertencimento. Olhamos para aquele belo amanhecer direto do avião e concluímos: aqui é a nossa casa. Pousamos, pegamos nosso carro até Braga e descansamos o dia inteiro.

Janela do avião
Sobrevoando Portugal depois da maratona de volta pra casa. Foto de Maurício Martins.

O saldo da viagem foi bastante positivo. Tivemos algumas decepções com o que vimos e sentimos, mas talvez tudo aquilo sempre estivesse ali. A gente é que tinha se acostumado a uma rotina de insegurança, incerteza e caos.

A viagem também serviu para validar nossos planos e a nossa decisão de morar em Portugal. Aqui é onde nos sentimos bem e seguros. E isso não tem preço.