Mais de 750 dias se passaram desde que botamos os pés naquele início de manhã de uma sexta-feira ensolarada em Lisboa. Nas malas, documentos, roupas, alguns objetos pessoais e muita esperança num novo ciclo de vida. Cruzamos o oceano em busca de um recomeço. Será que conseguimos? É isso que vou contar hoje no relato da minha experiência morando 2 anos em Portugal.

O começo de tudo: planejamento e entusiasmo

Quando saímos do Brasil tínhamos entusiasmo de sobra, mas também incertezas para dar e vender. O mundo enfrentava uma pandemia. Fomos obrigados a adiar nossos planos por alguns meses. Quando finalmente conseguimos fazer o nosso planejamento teórico virar prática, nem acreditamos.

Confesso que olhar para esse período agora me detona o gatilho da ansiedade. Foram dias, semanas, meses em casa trancados sem poder viver o novo que nos esperava e que tanto queríamos. Parecia algo sem fim.

Voo para Portugal
Registro do nosso voo a caminho de Portugal. Imagem de arquivo pessoal.

Ao chegar em Portugal em 2020, tudo tinha um frescor, um ar de novidade. Era normal ficar encantado com cada detalhe. Já conhecíamos bem Portugal porque tínhamos feito nossa viagem exploratória um tempo antes para definir os lugares onde queríamos (e podíamos) morar. Aliás, sugerimos fortemente que faça isso, se for possível.

A sensação da chegada e a adaptação

Quando entramos em nossa primeira casa em Braga, a sensação foi de “pronto, planejamento concluído com sucesso“, por mais que o local não tivesse nem colchão para dormir na primeira noite.

A verdade é que esse planejamento nunca foi concluído. Ele continua acontecendo dia após dia. Mudar de país exige do imigrante adaptação constante. É um movimento que nunca se encerra. Isso precisa ficar claro para você que pretende se mudar.

Afinal, você esteve boa parte da sua vida em seu país de origem, entende como as coisas funcionam, saca as piadas mais triviais e conhece os personagens mais comuns do noticiário. Quando você chega num novo país para morar muita coisa ainda vai soar estranho para você, pelo simples fato de não ter nascido e nem sido criado naquela cultura. Mesmo depois de 2 anos.

Comprar euro mais barato?

A melhor forma de garantir a moeda europeia é através de um cartão de débito internacional. Recomendamos o Cartão da Wise, ele é multimoeda, tem o melhor câmbio e você pode utilizá-lo para compras e transferências pelo mundo. Não perca dinheiro com taxas, economize com a Wise.

Cotar Agora →
Quer morar em Portugal legalmente e com segurança?

Recomendamos a assessoria da Madeira da Costa, uma sociedade de advogados experientes para auxiliar na sua solicitação de vistos, autorização de residência, cidadania e outros trâmites. É da nossa confiança.

ENTRAR EM CONTATO →

A vida segue… e a adaptação também

E creio eu que esta sensação de estranhamento jamais vai acabar. É natural. A questão é o que você vai fazer com isso. Você até pode esconder este sentimento de outras pessoas ou até de você mesmo. Isso é fácil. Difícil é deixar de sentir. O tempo diminui um pouco esse incômodo, mas não acaba com ele.

A vida vai seguindo no novo país. O que era novidade, vai deixando de ser. O que era incrível e inusitado, vira corriqueiro e normal. E como, meu caro leitor, você é uma pessoa esperta, sabe que o encanto da novidade dura pouco.

Você sai da fase de “ligeiramente deslumbrado” para o nível “realista otimista” principalmente quando alguns planos não dão certo e os obstáculos começam a ralar seus joelhos, mas você não perde a fé de que dias melhores virão.

É a montanha-russa de emoções típica de quem imigra: um dia está tudo bem, no dia seguinte você acorda triste e no outro dia, você está feliz de novo. É assim mesmo e está tudo bem.

Parque da Rodovia em Braga
Primeiro outono que passamos em Portugal, em Braga. Imagem de arquivo pessoal.

A esta altura, você deve estar se perguntando: eles se arrependem de ter ido morar em Portugal? Em absoluto, não é nada disso. Somos muito felizes aqui e hoje não pensamos em sair da “terrinha” tão cedo.

Hoje temos a plena convicção de que não existe lugar perfeito no mundo. Vivemos num lugar incrível que nos recebeu de braços abertos. Somos gratos por tudo o que vivemos até aqui, mesmo no calor de mais de 40 graus deste verão. Pelo menos, desta vez conseguimos aproveitar bem as praias e as piscinas municipais.

É português mesmo? Uma crônica das diferenças do idioma

Perfeição não existe

Perfeição é uma ilusão que alguém criou um dia e que muita gente persegue a vida toda. Grande bobagem. Perfeição não existe para pessoas, quanto mais para lugares.

Até porque, vamos combinar, qual seria a graça de existir a perfeição? Algo que não precisa de ajustes, melhorias ou evolução, costuma ser bastante enfadonho. Qualquer canto na Terra que você decida morar vai ter características particulares que podem casar ou não com a sua personalidade. Isso sim é real.

Mudar foi a melhor decisão

Então, a resposta para a pergunta do primeiro parágrafo é sim, conseguimos achar o nosso recomeço. Entre expectativa e realidade, a cada dia aprendemos a amar Portugal com suas qualidades e defeitos.

Maurício e Luís em Braga
Aprender a conviver com o inverno português faz parte da adaptação. Imagem de arquivo pessoal.

Portugal nos obriga a sair da zona de conforto, nos obriga a pensar em reinvenção sempre e a não ficar satisfeito com o que funcionou no dia de hoje. Pode ser que amanhã, não funcione. A roda precisa girar sempre.

Veja também como foi a nossa primeira visita ao Brasil depois de 2 anos em Portugal.

E podemos mudar de novo

A verdade é que somos seres do mundo e quando acharmos que um determinado lugar não nos pertence mais, será a hora de começar a traçar a rota de novos voos.

Hoje Portugal é a nossa casa, nosso lar. É o lugar que olhamos e nos sentimos bem, confortáveis e protegidos. Amanhã, pode ser em outro canto do mundo. Não somos árvores para viver a vida inteira presos a um mesmo lugar.

O que podemos dizer é que tem valido a pena cada segundo, principalmente no quesito “experiência”. A vida é curta demais para insistir em coisas chatas, medíocres e mornas. O melhor é sempre esquecer o que passou e não deu certo, e viver o presente, porque “o novo sempre vem”. Queira você ou não.