É Natal, e Ano Novo também. Muitas pessoas aguardam ansiosamente por esse período, mas para outras essa época é marcada por um sentimento de angústia. E isso pode ser ainda mais acentuado na vida de quem vive fora do país.

Você vai passar o Natal e a noite de Ano Novo longe da família? Ou estará no Brasil revendo sua família e amigos? Ambas as situações podem trazer desconforto — mesmo que as razões não sejam as mesmas.

Quem vai e quem fica no fim de ano

Para quem não pode ir ao Brasil, esta talvez seja a época do ano mais difícil. É nesses dias que o sentimento de solidão parece tomar conta de nós. Afinal, o mundo inteiro parece estar em festa, inclusive a sua família, e você não está lá para compartilhar esse momento.

Por outro lado, o retorno ao lar também pode ser bem complicado. O tempo e a distância podem agir de diversas formas sobre as nossas relações com família e amigos. E reuniões como as de Natal e Ano Novo costumam fazer com que muito disso venha à superfície.

Tão longe, tão perto

São muitos os fatores que podem gerar apreensão quando vamos a festas de Natal e Ano Novo. Nesse período, é comum lembrarmos de momentos tristes que vivemos ao longo dos anos ou de laços que deixaram de ser tão fortes. Isso inclui:

  • A perda de entes queridos;
  • Desentendimentos com pessoas próximas;
  • Vínculos enfraquecidos com o passar do tempo-

A tradição de passarmos as festas de fim de ano (o Natal, principalmente) junto à família tende a fazer com que algumas dessas questões sejam colocadas sobre a mesa. Se você mora longe da família, um reencontro com pessoas próximas nessa época pode ser também um reencontro com algumas angústias.

No caso de quem vive longe de casa e não irá ao Brasil para as festas de fim de ano, a solidão e a saudade costumam ser fatores decisivos. Podem intensificar sentimentos ruins como a sensação de despertencimento, culpa e arrependimento.

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Ou seja, tanto um reencontro quanto a manutenção da ausência no fim do ano costumam trazer questões sensíveis para quem vive fora do país.

O que nos toca?

Sofremos uma espécie de convocação para sermos felizes nessa época do ano. Mas esse convite à felicidade pode ser o maior motor que gera a sua angústia.

Um dos pontos centrais nessa discussão, que às vezes nos recusamos a enfrentar, é que nem sempre queremos realmente participar das festas de fim de ano. No entanto, temos dificuldade até mesmo para refletir se faz sentido manter essa convivência. Isso pode ocorrer especialmente quando não há mais sentido em estar junto de algumas pessoas.

Reencontro no natal
Para muitas pessoas o natal é um período feliz de reencontros, mas não é assim para todos

É normal, também, que você se sinta culpado(a) por não estar presente em algumas situações específicas. Em muitos casos, a cobrança de estar junto à família no Natal pode ser muito forte. Por exemplo, quando se tem filhos pequenos e há pressão por parte dos avós. Ou quando um familiar atravessa uma doença.

Respeite os seus sentimentos

Seja por vontade própria, seja pela força das circunstâncias, nem sempre você irá querer ou poderá estar junto da família ou amigos em momentos de celebração. Em outros casos, poderá estar presente, mas sem se sentir à altura das expectativas que criou — ou que os outros criaram sobre a sua presença.

No entanto, é preciso respeitar tanto os seus limites práticos quanto os seus desejos. Reflita sobre a cobrança que você faz sobre si mesmo(a) e evite tomar decisões por impulso.

A hora da estrela

Nessa época do ano, ocorre também um chamado à autoavaliação. Nesse momento, ponderamos sobre as relações que temos e se vale a pena levá-las adiante ou não. Pensamos, também, no quanto compensa estarmos onde estamos.

Colocamos na balança os momentos bons e ruins, sucessos e fracassos que tivemos ao longo do ano. Sem elaborar muito, vamos fazendo essa conta. E dificilmente ela irá fechar.

A tendência é fazermos todo esse balanço justo nas semanas de Natal e Ano Novo. Principalmente, na noite de réveillon. Não é assim com você? Mas por que você sente que precisa tomar decisões importantes sobre a sua vida justamente no fim do ano?

Talvez não seja o melhor momento

Em primeiro lugar, esse é um contexto de encontros. Há um sentimento de confraternização, de aproximação. Muitas pessoas decidem se reconciliar neste momento, encontrando formas de resolver pendências emocionais e “recomeçar” relações.

Para a pessoa que mora longe do país, isso pode se acentuar ainda mais. Afinal, se você está em viagem para o Brasil, por exemplo, a ocasião pode parecer ainda mais especial — quando haverá uma nova oportunidade de refazer laços ou falar sobre o que você sente cara a cara?

Em segundo lugar, há questões práticas que se impõem na passagem de ano. Nessa época, muitas pessoas acabaram de terminar os estudos e costumam ocorrer mudanças importantes no trabalho, por exemplo. E isso se torna um convite a novos planos.

São muitas as questões que costumam ser colocadas nesse contexto, como:

— Será que vale a pena morar longe da minha família?
— Eu gosto mesmo do meu trabalho?
— Eu vou conseguir estabelecer vínculos de amizade fora do país?

Tenha em mente, no entanto, que esse período é um dos piores para tomar decisões importantes. Afinal, essas são reflexões com as quais lidamos o ano inteiro, e não será em uma semana ou em uma noite que elas irão se resolver. Principalmente quando estamos carregados de angústia e com diversas sensações à flor da pele.

Para que possamos entender mais daquilo que nos faz sofrer e mudar de posição, é preciso muito trabalho e escuta de si mesmo. Para que haja mudança, é necessário estarmos implicados em nossa própria queixa.

Quando a distância resiste

É sempre importante dividir com a sua família e amigos o que você está sentindo — e escutar o que eles têm a dizer. Isso serve também para a época de fim de ano.

Demonstre o quanto gostaria (ou não gostaria) de estar presente. Tente entender como é para eles lidar com a sua ausência nesse momento. Existem muitos tipos de famílias e formas de enfrentar a distância, como escrevi na coluna A imigração de um filho: como lidar da melhor maneira.

Mulher sozinha no natal
Respeite sua decisão de passar o natal sozinha(o) ou acompanhada(o)

Acolha a sua decisão, caso tenha escolhido passar esse período longe da família ou não seja viável estar junto com quem você gostaria. A tecnologia pode ser usada a seu favor para diminuir a distância, quando uma viagem não é possível.

Além disso, há outras formas de celebrar as suas relações. Isso pode ocorrer de um jeito mais leve e mais ao encontro do que você deseja, sem a idealização do outro e pelo outro.

Uma coisa é certa: todo ano tem Natal — e a angústia chega junto com o Papai Noel. Esteja você presente ou não, não faça de você um presente.