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A decisão de mudar de país pode ser um turbilhão de emoções que afetam não apenas o processo de planejamento, mas também podem durar anos após a imigração. Ao mudar-se para uma nova cultura, é inevitável ocorrer uma adaptação emocional, tão importante quanto a adaptação cultural. Neste sentido, a jornada de um imigrante é repleta de desafios e aprendizados que podem afetar profundamente a vida de quem decide seguir por esse caminho. Nesta coluna vamos falar da culpa de quem mora no exterior.

Mudar de país nos deixa muito vulneráveis

Você sabia que viver uma mudança de país pode ser uma das situações mais estressoras que um ser humano pode enfrentar? Por conta disso, nos tornamos mais vulneráveis e cria-se a sensação de que nossos sentimentos ficam também mais intensos.

É comum sentirmos medo, ansiedade, tristeza, insegurança… Tudo isso é esperado e faz parte do processo migratório. Diante todos os desafios que esse processo pode trazer, a sensação de culpa é uma das mais complexas, isso porque ela pode ser influenciada por fatores diferentes e conflitantes.

Qual é a relação da culpa com os imigrantes?

Para o estrangeiro, a culpa pode se relacionar ao fato de deixar os seus familiares em seu país de origem. O que estimula esse sentimento é que em algumas culturas, em especial a brasileira, o senso de responsabilidade familiar tem muito valor.

O imigrante pode sentir que está abandonando os seus entes queridos e se preocupar excessivamente com a segurança e bem-estar deles, mesmo que isso não seja sua responsabilidade. Tudo isso pode ser fortalecido caso exista uma dependência emocional ou financeira entre eles.

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Sentir remorso é algo natural e saudável como qualquer outra emoção, todos nós já o experienciamos em algum momento. Inclusive, a partir dele nós podemos refletir sobre as nossas ações e corrigir determinados comportamentos.

Entretanto, a culpa em excesso pode afetar nossa autoestima, estimular nossos medos e ansiedades; e consequentemente afetar na qualidade de vida e na capacidade para tomar decisões.

É fundamental para a saúde mental e para o nosso desenvolvimento pessoal, aprendermos a identificar os sinais desse sentimento em excesso, eles podem ser físicos ou emocionais. Em alguns casos, os sintomas corporais podem ter origem emocional, devido à conexão entre mente e corpo.

Sinais da culpa

Seguem abaixo alguns sinais que merecem a nossa atenção.

Alguns sintomas físicos da culpa em excesso:

  • Dores no peito;
  • Sensação de nó na garganta;
  • Tensões musculares;
  • Distúrbios do sono;
  • Cansaço excessivo;
  • Alterações no apetite;
  • Dores crônicas.

Alguns sintomas emocionais da culpa em excesso:

  • Ansiedade;
  • Pensamentos negativos excessivos;
  • Tristeza;
  • Vergonha;
  • Arrependimento;
  • Autocrítica;
  • Baixa autoestima.

Os tipos de culpa

A culpa pode ser real ou autogerada, a primeira tem a função de nos ajudar a reparar nossos erros, já a segunda costuma ser uma reação desproporcional para determinada situação, por exemplo: se sentir culpado por algo que não é sua responsabilidade.

Esse sentimento é desencadeado pelas experiências e contextos que uma pessoa viveu, e que faz com que ela coloque muito peso nas suas próprias ações ou palavras. A culpa pode ser construída a partir de dois princípios, o primeiro por uma autocrítica excessiva, nesse caso é uma sensação reforçada por uma pressão interna de ter que dar conta de tudo, até daquilo que não está ao seu alcance.

E o segundo, através das expectativas dos outros, quando a pressão vem de um fator externo, influenciando a pessoa a agir conforme o que os outros esperam dela.

Como qualquer outra emoção, se não estiver bem resolvida, pode se intensificar quando vivemos uma situação estressante, como, por exemplo: mudar de país.

Saiba como reconhecer e lidar com o sentimento de viver no exterior e se sentir preso emocionalmente ao Brasil.

A culpa e a lealdade familiar

Sentir-se culpado pode motivar a lealdade familiar, esse é um conceito da psicologia que se refere à obrigação emocional que uma pessoa sente em relação a sua família. Isso ocorre quando ela se sente pressionada a cumprir com as expectativas ou de repetir padrões familiares para se sentir leal ou pertencente a eles.

É importante lembrar que se sentir pertencente e leal pode, sim, trazer benefícios, como reforçar uma sensação de segurança. Porém, precisamos ficar atentos, pois quando existe um conflito entre as expectativas da sua família em relação aos seus próprios desejos e necessidades, isso pode se tornar um problema.

Um exemplo de lealdade familiar é quando um filho muda de país e deixa os seus pais no Brasil. Isso pode trazer a impressão de estar abandonando aqueles que um dia cuidaram de você ou de estar perdendo seu lugar de pertencimento.

A culpa de quem mora no exterior pode ser afetada pela lealdade com a família
A lealdade familiar pode influenciar na sensação de culpa de quem decidiu morar fora do Brasil

É complexo para um imigrante se sentir parte de uma nova cultura, e quando isso se associa à lealdade familiar, ele pode encontrar mais dificuldade ainda para desenvolver sua adaptação de uma forma saudável e para reconstruir a sua nova identidade.

Confira também formas para o imigrante lidar com a saudade dos avós.

O que fazer para lidar com a culpa?

Talvez você esteja se perguntando:

“O que fazer então para lidar com esse sentimento?”

Uma forma eficiente para lidar com a culpa é aceitar e ressignificá-la, porque só é possível encontrar a solução de um problema quando nos aproximamos e nos permitimos compreendê-lo. Pode ser um processo doloroso, mas é necessário para uma vida emocional mais equilibrada.

Existem algumas formas de fazer isso, separei algumas dicas abaixo que vocês podem tentar implementar no dia a dia.

  • Aprender a reconhecer o que se sente, assim as suas emoções se tornam mais conhecidas e menos assustadoras;
  • Tentar olhar de uma forma positiva e dar um novo sentido para aquilo que você sente;
  • Se permitir valorizar as suas pequenas conquistas e se perdoar quando for necessário;
  • Ter paciência, pois este não é um processo fácil e nem rápido, busque informações confiáveis sobre a saúde mental do imigrante;
  • Conversar com alguém que te dê apoio e que te ajude a expressar o que você está sentindo.

Não tenha medo de buscar o suporte de profissionais da saúde mental, caso precise. Essa é uma excelente maneira de alcançar o autoconhecimento e compreender de forma individual o seu processo migratório.

Hoje em dia já existem especialistas interculturais (terapeutas, psicólogos e psiquiatras), que estão capacitados para atender esse público, presencial e on-line, em qualquer lugar do mundo.

Leia também a coluna sobre a Imigração de um filho: como lidar da melhor maneira e aprofunde-se no assunto!