Mesmo que se esforce por visitar todos os locais das listas espalhadas pela internet sobre os “pontos turísticos que não pode perder”, só conhece os verdadeiros segredos de Lisboa se tiver a oportunidade de morar lá durante algum tempo, por isso, queremos trazer para vocês alguns mistérios lisboetas pouco conhecidos.

Por vezes, para sentir verdadeiramente a atmosfera da cidade basta dobrar na primeira esquina, fugindo da multidão de turistas. Não tenha medo de vaguear pela cidade sem rumo, saindo do habitual percurso dos roteiros turísticos, pois só seguindo a sua intuição descobrirá as pedras preciosas escondidas em Lisboa.

Morar em Lisboa há 7 anos permitiu-me descobrir locais excêntricos e ouvir histórias mantidas quase em segredo sobre a cidade, por isso, depois de visitar os locais tradicionais, como os Jerónimos, Alfama, Sintra e Belém, vale a pena dar uma olhadinha nesta lista e explorar os lugares associados a cada um destes segredos lisboetas.

1. As origens da Feira da Ladra

Aos sábados e domingos poderá encontrar feiras de rua por toda a cidade, mas a mais popular é sem dúvida a Feira da Ladra, que acontece às terças e aos sábados, no Campo de Santa Clara.

Entre os segredos de Lisboa estão os rumores de que se alguma coisa for roubada na cidade de Lisboa certamente a encontrará na Feira da Ladra no dia seguinte.

Bem, isso até era a realidade há alguns anos, daí o nome “ladra”, pois tratava-se de uma feira com uma tendência criminosa, mas hoje já não é bem assim.

Nessa feira poderá encontrar tesouros nostálgicos (como máquinas de datilografar e máquinas fotográficas antigas, dignas de colecionadores), artesanato, itens em segunda mão, objetos de coleção e mais uma infinidade de coisas. Mas, caso encontre velhos azulejos tipicamente portugueses pense bem se não terão sido roubados de um edifício histórico algures.

Imagem da Feira da Ladra de Lisboa
Feira da Ladra é uma das feiras tradicionais de Lisboa

Ao percorrer as várias ruas à volta do Campo de Santa Clara, uma praça junto ao Panteão Nacional, verá pedaços da cultura portuguesa em cada esquina, desde às pessoas aos itens vendidos, uma tradição com história que remonta o século XII.

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Reserve umas horas para deambular calmamente pelas ruas da Feira da Ladra, apreciar a tradição e as pessoas. Os preços são acessíveis e os vendedores não são nada agressivos, o que torna esse passeio bem agradável, e facilmente encontrará algumas boas recordações para levar na mala.

2. Lisboa já foi a cidade dos espiões

Apesar da sua declaração de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, há rumores de que Portugal escondia tanto os espiões nazis como os aliados, um dos segredos de Lisboa mais bem guardados. Dizia-se que o ditador português, António Salazar, “jogava nos dois times” com o propósito de proteger o país.

Exilados dos seus próprios países, espiões, refugiados de guerra e figuras internacionais importantes, fixaram-se em Lisboa e no Estoril.

E mais, acredita-se que todo esse ambiente de espionagem que se vivia em Lisboa tenha inspirado o escritor Ian Fleming, agente do MI-6 na altura, a criar o personagem do famoso agente secreto 007, James Bond.

3. O segredo por debaixo da cidade lisboeta

Debaixo da cidade de Lisboa há uma cidade romana praticamente inteira, com casas, fábricas, e outros espaços, mas que não são possíveis visitar na totalidade.

Aberta duas vezes por ano, em março e setembro, e apenas por 3 dias, as Galerias Romanas, localizadas na Rua da Prata, são uma visita obrigatória para quem gosta de viagens com história.

A descida é sombria e estreita, faz-se literalmente através de um buraco no meio da Rua da Prata, na baixa lisboeta, mas é um pedaço histórico cheio de mistérios. De acordo com os especialistas, trata-se de uma estrutura do século I, de origem romana, descoberta após o Terremoto que abalou a cidade em 1755.

Há várias teorias sobre o que essas galerias suportariam, à superfície, naquela época, mas nenhuma foi provada, porém, tendo em conta que até ao século XIX não havia qualquer registro da sua existência, apenas mitos urbanos, pressupõe-se que esconderia muitos segredos.

A abertura das Galerias apenas acontece duas vezes por ano porque serve como conduta de abastecimento de água para a cidade. As Galerias têm bombas de água que foram instaladas permanentemente de modo que, uma semana antes da abertura ao público, seja retirada toda a água e analisada a qualidade do ar.

4. O segredo clandestino

Ninguém vem a Lisboa para comer comida chinesa, certamente, mas não quer dizer que não posso experimentar a culinária da cultura chinesa imigrante em Lisboa. Afinal, nem só de tradicionais restaurantes é feita a capital portuguesa. Mas atenção, quem pensa que se trata de um normal restaurante chinês, que poderá encontrar com uma rápida busca no google, está enganado.

No meu primeiro ano em Lisboa uns amigos me levaram neste inesperado local perto da praça Martim Moniz, localizado, no que parecia ser, um prédio residencial, com caracteres chineses ao lado da campainha, com a indicação de uma associação chinesa. Tocamos a campainha e entramos num prédio sombrio com muitas escadas.

Ao entrar nos deparamos com um espaço amplo cheio de mesas e cadeiras, com a característica decoração chinesa. Os garçons não falam inglês e apenas arranham o português, a comunicação não é fácil, mas faz-se bem com o velho sistema de apontar e gesticular.

Ao ler o cardápio tive a certeza de que não se tratava de um normal restaurante chinês, porque junto ao típico arroz frito, chow mein ou pato Pequim, estava a gordura de porco, os espetos de inseto e a sopa de andorinha, tudo escrito em palavras que desconhecíamos, mas que, por curiosidade, pedimos.

Como éramos um grupo grande, pedimos um pouco de tudo no cardápio para provarmos as especialidades da casa. Tudo ok nessa degustação chinesa até experimentar uma beringela frita “borrachuda”.

Perguntei na mesa quem a tinha pedido para saber o que era afinal, e eis que descubro que de quitute vegetariano não tinha nada, tratava-se na verdade da língua de algum animal empanada! Sim, soa tão nojento como o sabor.

Restaurante Chinês em Lisboa

De um modo geral, estes peculiares restaurantes parecem ser um intermédio entre os normais restaurantes chineses da cidade e os restaurantes da China. Como o próprio nome indica, esses estabelecimentos são ilegais, não estão de acordo com as regras de saúde e nem possuem licenças para funcionar dentro da lei, mas de resto se parecem bastante com os restaurantes legais, à exceção do local onde estão instalados (nas habitações dos proprietários ou em espaços residenciais).

Uma jantarada com amigos num chinês clandestino é uma experiência divertida, mas os melhores só conseguirá encontrar por intermédio de gente que viva na cidade, mais um dos segredos de Lisboa.

5. É possível subir ao topo da ponte de Lisboa

Se já tiver vindo a Lisboa com certeza que deu conta da existência de uma ponte suspensa vermelha gigante sob o rio Tejo, que liga a margem sul (Almada) à cidade de Lisboa, a Ponte 25 de Abril (inicialmente chamada Ponte Salazar), em homenagem à revolução que teve lugar em 1974.

A ponte, com pouco mais de 2km de extensão, foi inspirada na Ponte da Baía de São Francisco, tendo ambas os mesmos construtores.

Localizado na Avenida da Índia, em Alcântara, o Museu “Experiência Pilar 7“, inaugurado em 2018, permite conhecer um pouco mais sobre a história da Ponte e não só. Nesse museu poderá ver de perto a estrutura de concreto de um dos pilares da ponte, o número 7 (daí a designação do museu) que alberga os enormes cabos.

Mas a parte mais incrível é que terá acesso, através de um elevador, a um miradouro panorâmico que permite ter uma visão única da cidade e do rio Tejo.

Num primeiro momento tive algum medo do chão e das paredes transparentes, mas depois de estar naquele espaço durante alguns minutos ficamos simplesmente fascinados pela magnitude daquela obra do ser humano.

O bilhete custa 5€ e durante a semana está sempre deserto. Consideramos como um dos segredos de Lisboa por ainda ser um local pouco conhecido pelos turistas, e só recentemente tem sido visitado pelos portugueses.

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6. Os elétricos tiveram inspiração americana

A ligação americana com Lisboa não é só na Ponte 25 de Abril. Os pitorescos trens amarelos que circulam nas ruas também foram inspirados nos trens dos EUA.

Trem típicamente lisboeta
Uma das rotas históricas mais bonitas é entre o Martim Moniz e Campo de Ourique.

7. A Praça do Rossio tem uma história sangrenta

A Praça do Rossio nem sempre foi um local de encontro de intelectuais como consta dos livros de história. O Rossio tem um lado sombrio que é propositadamente ignorado.

Na época da Inquisição, reunia-se no Palácio dos Estaus o Conselho Geral da Inquisição e o Tribunal do Santo Ofício, localizado ao lado da Praça do Rossio.

Tendo em conta a proximidade, o Rossio tornou-se o local de várias execuções públicas. Esse passado obscuro tem-se mantido como um dos segredos de Lisboa desde então.

8. Lisboa foi destruída por um terremoto em 1755

Em 1 de novembro de 1755, Lisboa foi praticamente toda destruída por um terremoto, principalmente a zona da Baixa da cidade, seguindo-se uma série de incêndios e um tsunami ainda mais devastadores.

Estima-se que mais de 80% das construções lisboetas foram destruídas, entre elas, o Convento do Carmo, a Praça do Comércio e a Avenida da Liberdade. A velha cidade medieval, repleta de becos estreitos e ruas antigas desapareceram.

O processo de reconstrução da cidade ficou a cargo de Marques de Pombal, que ao invés de manter a antiga configuração, foi um inovador para a sua época, optando por remodelar toda a “baixa pombalina”, que passou a ter ruas largas, novas fachadas e construções à frente do seu tempo.

9. O segredo da Torre de Belém

A magnífica Torre de Belém é um dos pontos turísticos lisboetas mais visitados, uma verdadeira maravilha arquitetônica com uma história interessante.

Monumento Torre de Belém em Lisboa
A Torre tem um rinoceronte esculpido no exterior, inspirada no presente que um rei indiano ofereceu ao Rei D. Manuel I., em 1514

Foi construída durante a época dos Descobrimentos, funcionando como uma fortificação militar. Nada de novo até aqui, mas este monumento faz parte de um dos segredos de Lisboa porque durante os conflitos coloniais do século XIX foi utilizado como prisão política.

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10. A não tão secreta promiscuidade da Rua Cor-de-Rosa

Bastante calma durante o dia, a Rua Cor-de-Rosa ganha vida durante a noite, com inúmeros bares e discotecas, mas a sua história é menos popular. As noites lisboetas começam no Bairro Alto e acabam no Cais de Sodré e na Rua Cor-de-Rosa.

Inicialmente conhecida como Rua Nova do Carvalho, esta peculiar rua foi em tempos o ponto de encontro dos marinheiros, um lugar sombrio na verdade, aonde eles iam em busca do jogo, do prazer e da bebida.

Rua Nova do Carvalho em Lisboa
A Rua foi fechada para carros, de modo a promover um local de convívio noturno despreocupado, com vários bares e discotecas.

Numa tentativa de mudar a reputação do local, a rua foi remodelada em 2013, e o passado sinistro foi substituído por um lugar colorido que atrai diariamente centenas de turistas, com uma vibrante vida noturna, dezenas de bares, pubs e restaurantes fora do comum.

Apesar dos bordéis terem sido fechados, ainda é possível encontrar essa aura histórica em alguns dos locais que sobreviveram a remodelação, é o caso da discoteca “Pensão Amor”, que manteve no seu interior uma decoração burlesca curiosa, e do “Viking Bar”, onde ainda perduram espetáculos para maiores de idade.

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