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Beatriz Prieto

Colunista

Beatriz Prieto é jornalista e vive na França há 3 anos. Foi repórter de turismo no Brasil e trabalhou como redatora na Aliança Francesa. Deixou a vida em São Paulo para fazer um mochilão e nunca mais voltou: conheceu seu marido durante a viagem e decidiu topar a aventura de morar no exterior. Adora falar sobre escrita e copywriting no Instagram @culturadeconteudo, no LinkedIn e em seu site. Escrever é o que lhe norteia, mas também gosta de bater perna nas feirinhas de antiguidades de Paris. É fascinada por tudo o que pertence a um tempo diferente do seu.

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Onde Nasceu?

São Paulo - Brasil

Onde mora?

Lisboa - Portugal

Onde já morou?

Londres - Inglaterra

São Paulo - Brasil

Parceiro Euro Dicas

Desde quando colabora com o Euro Dicas?

Formação

Universidade de Oxford

Literatura e escrita criativa

Universidade de São Paulo

Turismo

Especialista em análise literária e composição criativa. Apaixonado por narrativas envolventes, busco oportunidades para aplicar minhas habilidades em projetos dinâmicos e inovadores

Curiosidades

Tem filhos?

0

Tem pet?

3

Tem Cidadania Europeia?

Sim

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Calor

Mão dominante

Canhoto

Sou apaixonado por explorar e compartilhar curiosidades fascinantes. Especializo-me em criar conteúdos envolventes que educam e entretêm, buscando sempre novas perspectivas e histórias inéditas para inspirar e conectar os leitores.
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França

Como trabalhar na França: guia para conquistar a sua vaga

Quando decidimos mudar para um novo país, encontrar emprego está no centro das preocupações. Como diz o simpático ditado francês: “on ne peut pas vivre d’amour et d’eau fraîche” (ninguém vive só de amor e água fresca). É bem verdade, não é mesmo? Mas então como trabalhar na França e ir dormir em paz com as contas do mês? Neste artigo você verá que não existe fórmula, nem currículo mágico, mas as dicas apresentadas a seguir poderão te ajudar a encontrar uma oportunidade e trilhar o seu caminho profissional à moda francesa. Vamos lá! Pergunta Resposta Como conseguir trabalho na França? Os principais pontos são: falar inglês ou francês fluentemente, procurar uma vaga relacionada com o seu perfil e experiência, pesquisar sobre o mercado de trabalho francês e a empresa que você deseja trabalhar. Precisa de visto para trabalhar na França? Sim. Você precisa de um visto de trabalho, estudante (pode trabalhar até 20 horas por semana), cidadania europeia ou um visto de férias-trabalho. Qual o salário médio na França? Depende da área de atuação, mas gira em torno de 1,5 salário mínimo, ou seja, em média 2.630€ líquidos por mês. Como trabalhar na França? Antes de mais nada, vale analisar os seus objetivos, o que está disposto a fazer e com o que você deseja trabalhar. Se você tem uma formação acadêmica no Brasil e deseja continuar no seu ramo de atuação em outro país, isso nem sempre acontece de forma rápida. Você enfrentará a barreira da língua e o agravante de competir diretamente com os locais. Existem, por outro lado, trabalhos que podem não ter necessariamente a ver com o seu ramo de atuação original, mas que são viáveis por um determinado período, como: au pair, oportunidades em restaurantes, lojas de departamento, supermercados etc. Posições como estas muitas vezes aparecem aos montes e nem sempre demandam experiência prévia. Se a situação apertar, as chances de encontrar uma vaga nestas áreas são grandes. Passo a passo para trabalhar na França De maneira geral, o passo a passo para trabalhar na França consiste no seguinte: Prepare o currículo em francês e sem erros. Se possível, peça para que alguém com bom conhecimento no idioma revise seu documento; Pesquise por vagas nos sites de emprego na França e ative as notificações de novas oportunidades; Utilize o LinkedIn para buscar vagas e fazer contatos com empresas e profissionais da sua área; Entre nos grupos de emprego na França do Facebook, pois estão sempre publicando vagas por lá (mas não se deixe levar pelo canto da sereia: se algo parecer bom demais pra ser verdade, pule fora); Participe de feiras de emprego. Empreender pode ser o caminho até chegar lá Se trabalhar em outra área não é uma opção, por que não virar auto-entrepreneur (microempreendedor) e oferecer os seus serviços? O processo de abertura de empresa na França é simples e pode ser iniciado online sem tantas burocracias pelo site oficial Auto Entrepreneur (quem diria que algo na França não seria burocrático!). Para montar uma empresa – algo que me atrai para o longo prazo – é importante que você tenha uma boa estratégia de comunicação, conheça o público para o qual você irá prestar seus serviços e saiba como prospectá-los de maneira eficiente. Evidentemente, com a abertura de uma empresa você também terá de pagar impostos e declarar os seus ganhos a cada mês ou trimestre, mas o regime de micro-entreprise (microempresa) funciona de forma mais prática por ser baseado em apenas uma pessoa, que trabalha de modo liberal e independente. Terreno fértil para a tecnologia e o digital Se você já atua na área de TI, BI, informática ou programação, o terreno é fértil e você pode conseguir clientes facilmente. Isso porque, a área da tecnologia da informação e da inteligência artificial cresce muito por aqui e busca assiduamente por talentos. Outro detalhe que salta aos olhos é o imenso número de startups instaladas na França: ao todo são mais de um milhão, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos da França (INSEE), que empregam 1,5 milhão de pessoas em tempo integral. Vale fazer um apanhado daquelas que recrutam na área que você tem interesse, para então enviar o CV diretamente pelo site oficial da empresa ou então propor seus serviços. É preciso falar francês para trabalhar na França? Preferencialmente, sim. Antes de passar horas pensando em como montar o seu currículo e quais experiências colocar em evidência, tenha em mente que, dependendo da sua área de atuação, dominar o idioma é fundamental para trabalhar na França. Alcançar um nível de conhecimento intermediário ou avançado da língua francesa fará com que você se sinta à vontade nas entrevistas de emprego e seja um diferencial em vagas que exigem apenas o inglês. Entrevistamos Sabrina Paganelli, de 29 anos, que atua como agente de recepção, para entender melhor os desafios e processos de trabalhar na França. Ela, que tem formação em administração, teve que ter flexibilidade na hora de se inserir no mercado: [caption id="attachment_163749" align="alignnone" width="750"] Sabrina conseguiu emprego sem formação na área de turismo, se destacando pela fluência no inglês. Foto: Acervo pessoal[/caption] “Em Bordeaux, região que moro, você precisa saber falar francês para conseguir trabalho. Cheguei a aplicar até para rede de fast-food quando eu consegui todos os meus papéis, mas não consegui trabalho por não falar nada de francês”, aponta sobre a maior dificuldade para encontrar trabalho. Na França, quando você aplica para uma vaga de emprego, geralmente a primeira triagem acontece por telefone, com o(a) responsável pelo departamento de RH. Por isso é importantíssimo colocar como prioridade aprender francês: sem isso, conseguir emprego, mesmo em serviços fora do seu ramo, pode ser ainda mais complicado. Ter um bom nível de inglês ajuda, claro, mas o francês, aqui, passa na frente. Como conseguir trabalho na França? Se está aí se perguntando como trabalhar na França, a dica é: explore as redes sociais, como o próprio LinkedIn, e os sites específicos para buscar emprego. Quando encontrar uma oportunidade que faça brilhar os olhos, não seja tímido: use os filtros do LinkedIn para encontrar o responsável de RH da empresa e mostre o seu interesse ao enviar uma mensagem privada. Contudo, atenção: a forma como você fará essa abordagem pode ser considerada invasiva para os padrões franceses. Só dê esse passo se você realmente tiver certeza da posição, e busque não parecer um desesperado para não pegar mal. Conversamos com a engenheira de produção mecânica, Marcela Sanabria, de 29 anos, que decidiu fazer mestrado no país, em 2021, após sentir o gostinho durante o intercâmbio na França pelo programa BRAFITEC e trabalhar três anos no setor automotivo no Brasil. [caption id="attachment_163750" align="alignnone" width="750"] Morar e trabalhar na França trouxe muito mais qualidade de vida para Marcela. Foto: Acervo pessoal[/caption] “Fiz um ano de mestrado na Universidade de Grenoble e consegui o diploma francês, o que facilitou a burocracia para conseguir um emprego como compradora. Assinei meu contrato de trabalho CDI antes mesmo de concluir os estudos”, comenta Marcela, que encerrou o ensino superior em julho e começou a trabalhar no mesmo mês. Sites de emprego Entre os sites de busca de emprego que funcionam bem na França eu destaco: Indeed, Welcome to the Jungle e Mister Bilingue. Neste último, o objetivo é encontrar vagas em que a sua língua materna é exigida. Muitas oportunidades de serviço cliente pedem o domínio do português, o que pode fazer ganhar pontos e conseguir trabalhar na França. Feiras de emprego Ouvir recomendações e saber como você é percebido pelos nativos é importante. Feiras de emprego são boas oportunidades para saber como seu currículo está em relação à concorrência, descobrir novas empresas e vagas em potencial que estavam fora do seu radar. Sites de empresas Buscar por vagas diretamente nos sites das empresas também é uma possibilidade. Geralmente, no menu superior ou rodapé dos sites, você vai encontrar um campo de “Carreiras” ou “Trabalhe conosco” para cadastrar o seu currículo. Auxílio via France Travail (antigo Pôle Emplo)i Outra possibilidade é se inscrever no France Travail, um serviço público que oferece ajuda para quem busca emprego. Para realizar a inscrição é preciso estar com os documentos e visto em dia e ter residência comprovada na França. Com essa inscrição você é acompanhado na sua busca por emprego e pode contar com ateliers de ensaio para entrevistas, formações gratuitas dependendo do seu caso, e um conselheiro para a busca de emprego. Você terá reuniões com o seu conselheiro todos os meses para te ajudar a realizar a sua vontade de trabalhar na França. “A França é um país muito associativo, então, consegui um curso de francês pago via France Travail, participei de vários workshops gratuitos para entrar no mercado de trabalho e até ganhei roupa para fazer entrevistas”, comentou Sabrina. Além disso, com o status de demandeur d’emploi (à procura de emprego), você tem entrada gratuita na maior parte dos museus aqui da França. Sim! Louvre, Château de Versailles, Centre Pompidou, Musée Picasso, tudo de graça. Vejo com muito bons olhos essa possibilidade de adquirir cultura enquanto se busca vagas de emprego na França, sem gastar nenhum centavo. Consultoria Foi com Marcela que descobrimos a vantagem das empresas de consultoria. Apesar do nome, muitas trabalham com a oferta de serviços, conectando você com os grupos corporativos e terceirizando sua mão de obra. Essas empresas estão constantemente recrutando profissionais para o seu banco de talentos, sendo responsáveis pela contratação do prestador de serviço e o enviando para missões de trabalho. “Eu consegui meu primeiro emprego na França por meio de consultoria. Como eu queria trabalhar em uma multinacional, foi a melhor forma que encontrei para entrar no mercado, porque eles têm vínculo com grandes grupos e trazem muitas oportunidades”, explica, que após ganhar experiência, conseguiu outro trabalho por conta própria. Se você se interessou pelo serviço de consultoria, Marcela nos recomendou estas empresas que anunciam vagas no Linkedin: ALTEN Group, Capgemini, PIMAN Group e agap2. Como preparar o currículo para trabalhar na França? Podemos notar que na França o modelo de currículo ideal é muito mais conciso e objetivo do que aquele que conhecemos no Brasil. Use bullet points (marcadores em bolinhas), negritos, e evite as frases longas: o ideal aqui é ir direto ao ponto e explorar o modelo de CV minimalista. Por isso, para cada vaga que enviar o seu CV, customize-o. O trabalho pede conhecimento em um software específico? Se você possuir essa experiência, valorize e destaque esse dado no seu currículo. Leia bem o descritivo da vaga para colocar em evidência aquilo que os recrutadores estão pedindo. Para o design, plataformas gratuitas como o Canva são uma mão na roda: você consegue montar um currículo bonitão sem dificuldade e com isso aumentar as suas chances de trabalhar na França. Você também pode seguir o padrão de currículo europeu, preenchendo seus dados no site Europass, para vagas de trabalho mais tradicionais e que não exijam um design criativo. E lembre-se: envie o currículo em francês. A tal da lettre de motivation Na França é muito comum pedirem, além do CV, uma lettre de motivation (carta de motivação). Essa carta nada mais é do que um texto bem escrito em que você explica o que te levou a se candidatar para a vaga, como você se encaixa na oportunidade oferecida e as qualidades que têm a oferecer. Ela funciona como uma apresentação, em formato de carta mesmo, mostrando todo o seu interesse pelo cargo e explicando o porquê. Não precisa ser longa: geralmente três parágrafos dão conta do recado. Como são as entrevistas de emprego? As entrevistas de emprego não são muito diferentes das que temos no Brasil e, dependendo da vaga que você está se candidatando, pode levar mais de uma etapa e exigir teste de conhecimento para desempenhar o trabalho na França. Geralmente, a entrevista é agendada por e-mail ou telefone. No dia, serão feitas perguntas comportamentais, técnicas e é o momento de você vender seu peixe. “Estudei a vaga, a empresa e fiz perguntas pertinentes sobre o equilíbrio de trabalho, algo que conta muito para mim. Além de apresentar meu percurso profissional de uma forma que me valorizasse”, relembra Marcela. Sabrina passou por três etapas de processo seletivo até ser efetivada no emprego atual. Na primeira etapa, por telefone, foi preciso comprovar que tinha suficiência em francês e inglês. Ser sincera, com bom senso, com o entrevistador também é um ponto importante. Ela disse que a empresa tem preferencia de contratar pessoas com formação e experiência na área de turismo, mas para ela foi suficiente o conhecimento em inglês. “Durante a entrevista fui honesta, sou formada em administração e trabalhei sempre nessa área, e durante a pandemia dei aulas de inglês. Usei isso e o fato de ter mudado de país e aprendido uma terceira língua para mostrar flexibilidade e que eu posso dar conta do trabalho”, completou. Se você estiver se candidatando para uma grande empresa, pode utilizar o site Glassdoor a seu favor. Lá os usuários compartilham quais perguntas foram feitas durante a entrevista de emprego e podem te ajudar a se preparar melhor. Tipos de contrato de trabalho na França Quando você está buscando trabalho na França, muitas vezes irá se deparar com as siglas CDD e CDI para especificar o tipo de contrato. Se você ainda não sabe o que elas significam, a gente te explica: Contrato de trabalho por tempo determinado (CDD - Contrat à Durée Déterminée) Como o próprio nome já diz, este contrato de trabalho tem uma data de término definida, podendo ser feito para cobrir necessidades temporárias da empresa ou fazer um teste de experiência do profissional. Normalmente, é ofertado 3 meses de CDD com a promessa de um CDI após a fase de experiência na empresa. “Comecei a trabalhar em junho de 2023, como CDD durante o verão europeu e em novembro fui efetivada”, disse Sabrina. Este contrato não pode ser feito para preenchimentos de vagas permanentes na empresa, apenas para substituição de trabalhadores por motivo de férias ou atestado médico, por exemplo. Contrato de trabalho por tempo indeterminado (CDI - Contrat à Durée Indéterminée) O CDI é o contrato mais comum e o sonho de todo imigrante, porque oferece estabilidade na empresa e todos os direitos trabalhistas, incluindo férias. Em uma comparação para nossa realidade, é o equivalente a uma Carteira de Trabalho no Brasil. Por não ter data de término, ele só pode ser rescindido por você ou empregador, em mútuo acordo ou não. Contrato de trabalho temporário (Intérim ou CTT) É um contrato de trabalho por tempo limitado que permite o profissional cumprir uma missão específica e pontual numa empresa. Os trabalhadores, normalmente, atuam como terceirizados, sendo remunerados de acordo com as horas trabalhadas. Contrato de aprendizagem (Contrat d'Apprentissage) Popular entre quem faz mestrado na França em alternance, este contrato permite realizar uma formação para obter certificação profissional e trabalhar ao mesmo tempo, com remuneração garantida pela empresa contratante. Contrato de trabalho sazonal (Contrat Saisonnier) Este contrato é utilizado para empregos que são sazonais por natureza, como trabalho agrícola, turismo ou varejo durante períodos específicos do ano. Na França, o verão é a estação do ano em quem mais são contratados trabalhadores no setor de serviços, hotelaria e restauração, por conta da alta temporada turística no país. Existem outros tipos de contrato, mas estes são os principais e o melhor depende de quais são seus objetivos de carreira. Recomendamos sempre ler as regras de cada um, as condições e os benefícios da vaga que você vai se candidatar. Como trabalhar na França como autônomo? Se você ainda não teve sorte na busca de emprego e quer começar a trabalhar por conta própria, você pode ser auto-entrepreneur ou abrir uma pequena empresa na França. Como falamos, o processo é feito online e sem muita burocracia. Porém, dependendo da sua área de trabalho, podem ser exigidos cursos de formação ou validação do seu diploma na França. Por exemplo, se você trabalhava com confeitaria no Brasil e gostaria de vender bolos por encomenda, é preciso fazer uma formação em patisserie. Além de verificar se o contrato de aluguel de sua residência permite trabalho comercial. O mesmo serve para psicólogos que desejam atender remotamente em casa e que precisam de autorização para exercer o trabalho na França. Sendo necessário declarar todo e qualquer serviço realizado de forma autônoma. São detalhes como esses que podem desanimar um pouco a sua jornada no país, mas que podem impulsionar sua carreira. Em caso de dúvidas, você pode agendar uma consultoria gratuita no France Travail da sua região. Custo de vida e salário mínimo e médio na França Se você mora em Paris e arredores, ou mesmo em outras grandes cidades como Lyon e Bordeaux, a vida costuma ser bem mais cara, principalmente para quem recebe apenas um salário mínimo de 1.766,92€ brutos por mês. Sim, o aluguel é uma das partes mais pesadas, já que o valor médio do metro quadrado na capital varia entre 24€ e 41€, segundo cálculos do portal Seloger. Assim, o valor de um apartamento de 30 metros em Paris pode chegar a até 1.230€ mensais. E pode até passar disso, dependendo do estado do apartamento, localização, se já é mobiliado ou recém-reformado. O custo de vida na França depende muito da cidade em que você mora, mas o que faz muitos insistirem nas grandes cidades é a maior oferta de emprego e as facilidades associadas ao deslocamento, cultura e mesmo infraestrutura de saúde. Sobre o salário: o que é importante saber O salário mínimo na França é chamado de SMIC (Salaire Minimum de Croissance). O montante bruto calculado atualmente é de 11,65€ por hora em 2024. Dessa forma, qualquer trabalhador deve receber, no mínimo, este valor por hora. O SMIC é reajustado anualmente para acompanhar as flutuações da economia e do poder de compra. A tabela abaixo, disponível no site da administração francesa, mostra o mínimo praticado, bruto (brut) e líquido (net), que um empregado maior de idade deve ganhar por mês. Vale lembrar que esse valor é calculado com base de 35 horas semanais. O valor líquido pode variar conforme a convenção coletiva a qual a empresa faz parte. SMIC Montante Bruto Montante Líquido SMIC Hora 11,65€ 9,23€ SMIC Mensal 1.766,92€ 1.398,70€ SMIC Anual 21.203€ 16.784,32€ Assim, seguindo a base do SMIC, um trabalhador pode ganhar até 1.39870€ líquidos, ou seja, já descontados todos os impostos e contribuições sociais. Porém, estes valores alcançam outros patamares a depender do setor, da experiência e dos estudos acumulados. Você também pode negociar a sua remuneração, principalmente se estiver saindo de outro trabalho na França, sendo o que nossa entrevistada Marcela fez. Segundo o site Numbeo, a média salarial líquida de um funcionário em tempo integral na França é de 2.304,50€ em 2024. Profissões com melhores salários Entre as profissões mais bem pagas na França estão aquelas ligadas ao setor farmacêutico, químico, bancário e seguradoras. A boa notícia é que a média salarial da França é uma das melhores, se você comparar o salário mínimo dos países europeus, como em Portugal, que tem o valor de 956,67€ brutos por mês. Da mesma forma que no Brasil, as empresas são ligadas a convenções coletivas específicas e a remuneração muda conforme a categoria, com sindicatos negociando aumentos por você. Quais as profissões mais procuradas na França? Se você planeja seguir uma nova carreira de trabalho na França ou saber se há boas chances de contratação na sua área de formação, o Linkedin fez um ranking das profissões mais procuradas no país. Confira: Gerente de vendas; Gestor de admissões (em instituições de ensino superior); Corretor de energia; Diretor de receita (CRO); Diretor de instituição de saúde; Gerente de marketing; Arquiteto de segurança cibernética; Gerente de recursos humanos; Atendimento comercial empresa-escolas; Chefe de gabinete. É possível trabalhar na França e juntar dinheiro? Sim, dependendo do seu estilo de vida e cidade que mora. O poder de compra na França é ótimo em relação ao Brasil, de modo que é possível viver confortavelmente até mesmo com um salário mínimo em cidades pequenas. Quando se imigra em casal, juntar dinheiro fica ainda mais fácil quando soma a renda dos dois. “Em Grenoble, você paga um aluguel baixo, paga menos na feira e no transporte. Com isso, simplesmente juntava um pouco mais de dinheiro. Além de também ter uma vida mais tranquila do que se morasse numa cidade grande”, respondeu Marcela. Para Sabrina, ela conta que não é fácil. Por morar em Bordeaux, o custo de vida é mais alto, principalmente o aluguel na região. “Todos os meus colegas (e eu inclusa) moramos com o parceiro ou estão em colocação”, completa. Como é a legislação trabalhista na França? A legislação trabalhista na França é levada bastante a sério e o seu descumprimento pode acarretar multa para as empresas. Por isso, a maioria trabalha seguindo todas as regras e contratos à risca. Conheça alguns pontos e benefícios para o trabalhador: Carga de trabalho O limite estipulado por lei é de 35 horas semanais, mas esse limite legal pode ser ultrapassado a depender da convenção coletiva e tipo de trabalho. O tempo de trabalho não pode, contudo, ultrapassar 44 horas semanais. As horas extras devem ser compensadas com pagamento adicional ou tempo de folga. Prestação social e descontos Quando você conseguir o seu primeiro trabalho na França e for olhar a sua fiche de paie (folha de pagamento), vai ver uma boa diferença entre os valores bruto e líquido. Isso acontece porque existem muitos tipos de cotizações levadas em conta e descontadas do salário do trabalhador. Entre elas está a sécurité sociale (pense numa equivalência com o INSS), que viabiliza um sistema de saúde muito completo para quem reside em solo francês. Com o seu número de sécurité sociale, você é reembolsado de serviços e consultas médicas, por exemplo. [caption id="attachment_163751" align="alignnone" width="750"] As contribuições sociais voltam em benefícios para o trabalhador, como em auxílio-desemprego e aposentadoria na França[/caption] Além disso, com a securité sociale você recebe cobertura relativa a doenças, maternidade, família, invalidez, aposentadoria e acidentes de trabalho. Todo trabalhador (e mesmo profissionais independentes) têm direito a essa cobertura social completa. Vale frisar que quando você é contratado geralmente também vai poder contar com um seguro de saúde oferecido pelo seu empregador, assim como no Brasil. A chamada mutuelle (que explicamos em detalhes no artigo sobre sistema de saúde na França) serve para oferecer uma maior base de reembolso em diferentes serviços, complementando o sistema social de proteção francês. Férias e licenças Quem trabalha merece descanso: pegar o trem para dar um pulinho no sul da França ou perambular pelos países vizinhos. Na França, o trabalhador tem direito a no mínimo 30 dias úteis de férias por ano, totalizando 5 semanas de férias. É diferente do Brasil, onde temos 30 dias corridos, contando sábado, domingo e feriados. “Eu tenho 40 dias úteis de férias, que eu possa alocar como eu quiser. Por exemplo, eu posso colocar numa sexta-feira e numa segunda e fazer um final semana mais prolongado”, complementa Marcela. Tipos de licenças Para licença maternidade, por exemplo, a duração pode chegar a até 46 semanas, dependendo se é o primeiro, segundo ou terceiro filho, ou gestação múltipla. Já a licença paternidade conta com até 32 dias, contando finais de semana e feriados. Existe também a licença por motivos familiares, entre eles o casamento, nascimento ou falecimento de um ente, no caso de uma doença enfrentada por um filho ou filha etc. Os tipos são os mesmos do que aqueles praticados no Brasil. Aposentadoria Hoje, a idade legal para dar início a aposentadoria é 64 anos. Após polêmica a aprovação da reforma das pensões e aposentadorias pelo governo francês, a idade mínima para se aposentar na França subiu de 62 para 64 anos para todos os trabalhadores, inclusive autônomos. Existem 42 tipos de regimes de aposentadoria, por isso é difícil delimitar todos eles neste artigo. Estes regimes dependem de cálculos e cotizações diferentes entre si, bem como valores de pensão distintos. Para se informar, vale visitar o site do Ministério do Trabalho, que é bem completo. Como conseguir um visto de trabalho na França? Existe uma grande variedade de tipos de vistos para a França para quem pensa em trabalhar no país. O site do governo, France-visas, dedicado aos tipos de visto traz todos eles. Aqui vão os principais e mais conhecidos: Tipo de trabalho de longa duração Um deles é o visto de trabalho de longa duração, com validade de mais de 1 ano. Neste caso, o brasileiro, residente ainda no Brasil, consegue uma proposta de emprego na França e com isso uma carta-convite para trabalhar em território francês. Tipo férias-trabalho Outra possibilidade é o visto férias-trabalho na França, temporário e não renovável. Ele permite que jovens entre 18 e 30 anos possam vir para a França e trabalhar durante o período de 1 ano. Para se aplicar é preciso comprovar certa quantidade de dinheiro para se manter no país até encontrar uma oportunidade. Para este tipo de visto, geralmente pintam oportunidades em restaurantes e trabalhos saisoniers (temporários). Vale lembrar: se você tem a cidadania europeia, está livre para trabalhar na Europa e, por consequência, na França. Não precisa de visto. Tipo vida privada e familiar Existem vistos do tipo vida privada e família, que permitem trabalhar na França. Se o seu marido ou esposa for francês, é seu direito poder vir se instalar no país e trabalhar na França. No meu caso, Nathane, meu marido foi contratado para trabalhar como pesquisador em Bordeaux. Portanto, ele recebeu um Visto Talento e o meu, por ser atrelado ao dele, também me permite trabalhar no país até a data de validade expirar. Visto deve ser solicitado fora da França O processo de visto é feito fora da França, por meio do Consulado francês no Brasil. Existem três: um no Estado de São Paulo, outro no Rio de Janeiro e também em Pernambuco. Além da embaixada no Distrito Federal. Quando conseguir seu visto e já estiver em solo francês, fique bastante atento aos processos de renovação do seu documento: a administração francesa costuma ser bem “cri-cri”, no bom e velho português. Guarde em segurança todos os documentos e papéis, e esteja sempre em comunicação com a prefeitura responsável pelos procedimentos relativos ao seu tipo de visto. Como é o ambiente de trabalho na França? O ambiente de trabalho depende muito da empresa que você trabalha. E é importante frisar que no começo, alguns choques culturais pelo modo como os franceses trabalham são normais. Marcela já teve dois tipos de experiência na França e, atualmente, está numa empresa que considera o clima de trabalho incrível. “As pessoas têm uma vida fora do trabalho e isso é respeitado. Trabalham só as 35 horas da semana, sem fazer mais horas extras e, quando saem de férias, estão realmente de férias e não abrem o computador para nada”, revelou com admiração. Sabrina está tendo a mesma experiência positiva na empresa do setor turístico, onde o trabalho de equipe é essencial para tudo funcionar bem. Além disso, o fato de ter outros estrangeiros no time, como italianos, coreanos e americanos, facilita o relacionamento. “Só precisamos lembrar que na França o pessoal é mais direto. Não que sejam grossos, mas não ficam enrolando para te falar algo bom ou ruim”, conta reforçando que dizer “bonjour” e “merci” é lei. Melhores cidades para trabalhar na França Como falamos, viver em grandes metrópoles pode significar ter um custo de vida elevado, mas também pode trazer mais oportunidades de trabalho e crescimento de carreira. Desse modo, o site Hellowork realizou uma avaliação entre as 22 maiores cidades da França para eleger as mais atraentes para quem quer trabalhar no país. As 5 cidades com melhores oportunidades no mercado de trabalho na França, são: Lyon; Nantes; Paris; Rennes; Estrasburgo. O ranking foi feito com a colaboração de mais de 2.700 trabalhadores, considerando o custo e qualidade de vida. Além de facilidades, como transporte público de qualidade e facilidade para alugar um apartamento na França, por exemplo. Já consegui emprego e tenho visto. E agora? Todas as pessoas que residem na França devem cumprir com obrigações legais como o pagamento de impostos sobre o salário. Nada de novo para você, afinal, isso é algo que também é feito no Brasil. Outra questão é preparar o terreno no Brasil para que a sua mudança aconteça sem problemas indesejados. Vale fazer uma procuração de plenos poderes e indicar um familiar próximo para resolver possíveis questões durante a sua ausência, se aplicável. Com um trabalho dans la poche (no bolso) tudo fica mais fácil. Você vai poder usufruir com mais liberdade da vida francesa, pagar as suas contas sem perrengues e criar, aos poucos, uma rede de relacionamentos profissional. Não tenha medo de mostrar a cara e a vontade! Vale a pena morar e trabalhar na França? Sim. E uma coisa que falamos muito, mas que é verdade, é que na França a gente trabalha para viver e não vive para trabalhar. O ritmo de vida é outro, o tempo em família é mais valorizado e os dias bonitos também. “Morar e trabalhar na França foi a maior escolha que fiz na minha vida e o que me faz ficar aqui é o equilíbrio do trabalho”, disse Marcela, que pensou bem antes de pedir demissão do emprego no Brasil. A qualidade de vida é um fator decisivo e, acredito, que na França a gente realmente seja mais fácil de encontrar esse equilíbrio com o trabalho. Para Sabrina a resposta é a mesma, “mesmo com as dificuldades com o idioma e do alto custo de vida em Bordeaux, vale a pena trabalhar na França”. Perguntas frequentes Selecionamos quatro perguntas frequentes dos nossos leitores sobre como trabalhar na França para respondê-las de forma objetiva e esclarecer tudo com o devido cuidado. Como trabalhar na França com visto de turista? Não é possível. Na França, a lei não permite que pessoas com status de turista trabalhem legalmente no país. Com certeza você já ouviu histórias de pessoas que vieram como turistas e conseguiram trabalhar. Porém, se você é descoberto pelo governo, você pode ter seu visto cancelado e dificuldades para entrar no país novamente. Não vale o risco. Como trabalhar na colheita de uvas na França? Para trabalhar nas famosas vinícolas francesas, é preciso se candidatar antes do verão europeu. Não é preciso experiência na área, mas é um trabalho que exige bastante do corpo fisicamente. Os contratos duram em média 3 semanas e você vai poder conviver com pessoas de diferentes países e culturas. A remuneração é de um SMIC, ou seja, 11,65€ por hora. Você pode procurar vagas pelos sites: Vitijob; ANEFA. Com que idade o adolescente pode trabalhar legalmente na França? Segundo a lei francesa, a idade mínima legal para trabalhar é de 16 anos. O adolescente precisa da autorização dos pais. É permitido qualquer tipo de contrato, porém existem exceções. Algumas profissões que podem gerar risco para a saúde ou para a segurança do empregado (como, por exemplo: em construção civil com obras altas), são proibidas para menores de 18 anos. Como conseguir trabalhar como caminhoneiro na França? Como qualquer outra profissão, para começar é preciso ter um visto de trabalho ou cidadania europeia. Na maioria das empresas é necessário já ter experiência em conduzir veículos pesados e a carteira de motorista para a categoria. Falar francês fluente é essencial para a comunicação do motorista e principalmente conhecer as leis de trânsito do país. É exigido apenas um diploma de ensino médio e são geralmente, 35 horas por semana de trabalho. Como permanecer na França para trabalhar depois de finalizar estudos no país Se você fez parte do seu ensino na França, você pode permanecer na França após a obtenção do diploma atendendo a algumas condições. Segundo informações da Campus France, para permanecer na França após a graduação, estudantes não europeus devem ter a chamada “promessa de emprego” ou um contrato de trabalho com remuneração igual ou superior a um salário mínimo e meio (2.650,38€ brutos por mês em 2024). Já estudantes estrangeiros que sejam europeus (nascidos em país europeu ou que obtiveram cidadania de qualquer estado-membro da Europa) podem permanecer na França por tempo indeterminado para procurar emprego após os estudos. O que é a France Alumni? O sistema France Alumni é uma rede de ex-alunos do ensino superior francês. Por intermédio desse serviço, você pode manter contato com colegas de classe e aumentar as oportunidades profissionais. É como se fosse uma rede social apenas da sua turma (ou geração de turmas). Eventualmente, colegas podem publicar oportunidades de trabalho adequadas à sua área de atuação, e você pode se candidatar e ampliar suas chances de conseguir aquela sonhada oportunidade. Há grupos temáticos que você pode participar, mural de notícias, diretórios de contatos e muitas ferramentas para que você explore possibilidades de recolocação no país. Vale a pena! Dicas finais de como trabalhar na França Seja paciente e conte com apoio de pessoas. E, mais importante: se possível, não largue tudo no Brasil e vá com a cara e a coragem. Se você estiver com um emprego certo, contrato assinado, tudo bem. Mas se seu plano consistir em se mudar para a França para recomeçar a vida, tome essa decisão com bastante cuidado e pense muito bem o seu plano de morar na França. “Eu vim para a França sem financiamento do mestrado, então me planejei muito para poder sobreviver por um ano com meu próprio dinheiro”, disse Marcela. Prepare uma reserva financeira adequada, faça cálculos de aluguel, de despesas básicas para se manter no país, certifique-se de ter um seguro viagem para a França e todos os documentos necessários (os vistos e o passaporte, seja brasileiro ou europeu, com uma validade razoável). Você pode arrumar um emprego facilmente no país, em especial se seu gabarito não for muito alto (isto é, se você topar trabalhar em coisas que não são da sua área de formação). No entanto, observe que, às vezes, pode demorar um pouco até você conseguir uma posição, e será um alívio tremendo poder olhar para a sua conta bancária e pensar “ok, eu consigo esperar, está tudo bem”. Paciência é a chave Não desista no primeiro não que você levar. Nem no segundo. E nem no décimo! Você não está fora do jogo, confie. Saia do óbvio e busque oportunidades em grupos no Facebook (digite “Brasileiros na França”, “Brasileiras de Paris”, ou substitua o “Paris” pela cidade em que for morar). Tente, aos poucos, criar laços e uma rede profissional robusta. Vai rolar estresse e entrevista em francês pelo telefone, tremedeira e suor. Faz parte, mas quanto mais fizer, mais vai pegar o jeito. E quanto mais tentar, maiores as chances de ouvir o seu desejado oui. Ficou curioso e quer saber mais detalhes de como trabalhar na França? Então, essas dicas da Victória Freitas sobre os processos seletivos no país: Se deseja buscar inspiração, recomendo a leitura do ebook “O sonho de viver na Europa”, onde vários brasileiros compartilham as suas histórias, dificuldades e oportunidades encontradas no caminho. Vale a pena para refletir e se inspirar! Bonne chance (boa sorte)!

Jovens na França
Brasileiros na Europa França

10 expressões francesas que você precisa aprender para morar na França

Quando estudamos francês, muitas vezes aprendemos fórmulas prontas e frases muito formais que dificilmente vamos incorporar nas conversas de todos os dias. É por isso que quando decidimos mudar de país e encarar o idioma real, ou seja, aquele falado nas ruas, tudo muda. Pode rolar uma confusão no começo, pois somente com o tempo conseguimos entender e usar as expressões francesas úteis dos locais. Neste artigo eu compartilho algumas expressões francesas úteis quando moramos na França. Elas são usadas em diferentes contextos e são velhas conhecidas dos franceses: 1. Ça fait un bail! Esta expressão francesa é usada quando não vemos ou não fazemos determinada coisa durante muito tempo. Sabe aquela amiga que você não vê há uns 2 anos? Pode emplacar um “coucou ! Ça fait un bail qu’on ne s'est pas vu!” (faz “um tempão” que não nos vemos!) Curioso pela origem desta expressão? O termo “bail” é o nome que usamos na França para contratos de locação, que geralmente são assinados e duram por um longo período. É como se você comparasse o tempo que não vê a pessoa com a duração de um contrato de locação. Leia mais sobre alugar apartamento na França. 2. Les chiens ne font pas des chats Esta é uma expressão bem familiar, literalmente. Em tradução livre para o português, quer dizer “os cachorros não fazem gatos”, o equivalente ao nosso “tal pai, tal filho”. Quer dizer que herdamos as qualidades e os defeitos de nossos pais. Além do lado comportamental, ela também é utilizada para falar das características físicas que herdamos de nossos pais. Tem a mesma teimosia dos seus pais, ou a mesma cor de olhos? Alors, les chiens ne font pas des chats ! 3. Avoir la grosse tête Conhece alguém que é um pouco convencido, metido ou que pensa saber mais do que os outros? Ah, essa pessoa deve avoir la grosse tête (ter uma cabeça grande). Aqui na França, já entendi essa expressão várias vezes. Seja em discussões do dia a dia, quando por exemplo falamos de alguém convencido : “ah, cette actrice là, elle a la grosse tête !” (essa atriz é metida/convencida). [caption id="attachment_130455" align="alignnone" width="751"] Uma pessoa metida ou convencida possui "une grosse tête"[/caption] 4. Avoir du piston Essa é uma expressão conhecida do mundo do trabalho. Sabe o famoso “quem indica (QI)”? É quando temos colegas de trabalho ou conhecemos pessoas que conseguiram entrar na empresa ou mudar de cargo após terem sido indicadas por alguém de grande influência. Então, se você ouvir que alguém a été pistonné, significa que uma pessoa importante na empresa lhe deu um empurrãozinho para conseguir determinada tarefa. Mas, afinal, o que é um “piston”? Traduzido em português, “pistão” é uma peça que faz parte de engrenagens de motores, como um cilindro. Quando usada nesta expressão francesa, faz menção ao impulso que o pistão dá, que empurraria a pessoa a conseguir o que deseja. 5. Avoir un coeur d'artichaut Essa é uma expressão francesa super fofa para dizer que alguém se apaixona muito facilmente. Sabe aquela pessoa que a cada mês está apaixonada por alguém diferente? É alguém que tem um coeur d’artichaut! Em tradução, quer dizer “coração de alcachofra”. Se você já comeu uma alcachofra, deve ter percebido que a planta tem várias folhas, e cada uma delas possui uma pequena parte comestível. Essa parte comestível é chamada de coeur (coração). Então, podemos dizer que a alcachofra oferece o seu coração muito facilmente, a cada folha. Fofo, né? [caption id="attachment_130452" align="alignnone" width="750"] Uma pessoa que se apaixona facilmente? É um coeur d'artichaut![/caption] 6. Avoir de la pêche Quando você se sente super bem, com saúde e energia, podemos dizer que tu as la pêche! (ter o pêssego). Essa expressão tem uma origem incerta. Há quem diga que ela veio da tradição chinesa, já que o fruto simboliza a eternidade e a boa saúde. Outros dizem que a expressão nasceu no mundo do boxe, pois “donner une pêche” no ringue significaria dar um soco violento, cheio de força, que traria a vitória ao boxeador. Em todo o caso, se você está super em forma ou conhece alguém que esteja, pode usar essa expressão. 7. Ne pas chercher midi à quatorze heures Complicar o que pode ser feito simplesmente. Essa expressão, em tradução livre “não procurar meio dia às quatorze horas”, serve para prestarmos atenção a não complicar as coisas desnecessariamente. A origem da expressão é antiga, e deu até nome a um balé apresentado no Louvre em 1620: Le Ballet des chercheurs de midi à quatorze heures. E por que a escolha desta hora precisa? Bom, o meio dia é uma hora fácil de guardar na cabeça: o sol está em seu ápice, além de começarmos a sentir fome para o almoço. Por isso, se você quiser “procurar meio dia” em uma outra hora, vai complicar o que não tem necessidade! Saiba também como é e quanto custa ter pet na França. 8. J’ai la chair de poule Sabe aquele momento em que você sente um arrepio de medo, no meio de um filme de terror? Pode dizer então : “j’ai la chair de poule”, em português “estou com a pele como a de uma galinha”. A origem da expressão remonta ao século XVII e começou a ser usada quando sentimos medo ou frio, pois a nossa pele pode ficar arrepiada igual a uma galinha (poule) depenada. [caption id="attachment_130450" align="alignnone" width="750"] Jeito que a nossa pele fica quando dizemos "j'ai la chair de poule!"[/caption] 9. Ça m’arrange ! Você vai ouvir muito o “ça m’arrange” ou sua versão negativa “ça m’arrange pas” nos diálogos dos franceses. É uma das expressões francesas úteis para memorizar! A palavra “arranger” significa “resolver” em português, e por isso a expressão indica uma confirmação, um “ok” em sua forma positiva. Já quando acompanhada do “pas”, no final, quer dizer que algo não resolve, ou que vai atrapalhar. Vai receber uma encomenda sem hora nem dia precisos? Pode dizer, então, “ça m’arrange pas!”. Se você tem vontade de estudar francês na França, veja como se organizar para fazer o seu curso. 10. Le bouche à oreille Algumas coisas funcionam muito bem no bouche à oreille, especialmente quando falamos de vendas. Adivinhou? É o nosso famoso "boca-a-boca", ou seja, informações que chegam a nós por meio de outras pessoas, em forma de conversa. Na versão francesa, a tradução fica “boca à orelha”, mas o sentido é o mesmo. E você, já usou o bouche à oreille para conseguir um trabalho, ou para divulgar seus serviços? Aos poucos você irá incorporar muitas outras expressões francesas no seu cotidiano francês. Você pode inclusive usar o site Expressio para encontrar uma infinidade de outras frases. O mais importante é saber empregá-las no contexto certo, e isso o tempo e o contato com os franceses vai te mostrar. Merci por ter ficado até aqui e aprendido sobre as expressões francesas úteis quando moramos na França. Se você gostou desse artigo, leia veja também os hábitos que mudei desde que me instalei na França.

Jovem andando de bicicleta em Paris, França
Brasileiros na Europa França

Hábitos que mudei desde que me instalei na França: quais foram

A vivência no exterior nos transforma. Isso porque uma vez que nos adaptamos a uma nova cultura e aos novos hábitos que isso envolve, naturalmente não somos os mesmos que antes. Hoje, eu conto 5 hábitos que mudei desde que me instalei na França. Vamos lá, ou melhor, on y va! 5 hábitos que mudei desde que me instalei na França Eles dizem muito respeito ao país e ao modo de vida do francês. Acredito que estas foram mudanças positivas para mim: desde o costume de caminhar mais, até o desapego da maquiagem em algumas ocasiões. Vamos à lista do que mudou desde que resolvi morar na França. 1. Passei a andar mais a pé Em Paris, cidade onde vivo, muitas coisas são alcançadas com uma simples caminhada. Por ser uma cidade plana na sua maior parte, não existe a dureza das subidas - ok, Montmartre é uma das excessões. O fato é que a capital pode ser desbravada facilmente com os pés, ou uma bicicleta, como muitos fazem por aqui. Lembro que, enquanto morava em São Paulo, precisava do carro para muitas atividades diárias: ir à farmácia, à padaria, fazer compras, e assim vai. Aqui, tudo o que preciso, faço com a ajuda do metrô + caminhada de alguns minutos. O transporte público na França é muito bom e, na capital, ele funciona de maneira muito eficiente! [caption id="attachment_126750" align="alignnone" width="750"] Priorizo a caminhada e não dependo mais de carro em Paris.[/caption] E o que eu sempre noto: por mais que eu tenha um destino em mente, por vezes acabo desviando rapidamente da rota, entrando em alguma rua bonita que chama a minha atenção, parando em alguma praça. Ao morar em Paris ou visitá-la vai entender como ela é uma cidade que te convida a caminhar. É claro que existem bairros mais barulhentos e comerciais, mas me sinto muito mais disposta para caminhar aqui. Além disso, temos o rio Sena, e em dias em que o sol revolve aparecer, sempre gosto de caminhar seguindo o curso do rio. É gostoso andar e se perder por aqui, como já dizia o poeta francês Charles Baudelaire, praticar o que apelidou de flânerie. Isso quer dizer, deambular e ser errante pela cidade, sem destino. E nem só em Paris... Isso vale para outras cidades francesas, mesmo Marselha, que tem um sistema de metrô bem servido, ou  Nantes, que conta com ônibus elétricos e bondes modernos, dispensando o uso de carro. Para pequenas cidades da França, como Rouen, Caen e Rennes, praticamente tudo o que precisa estará a apenas alguns passos, se a sua morada for no centro da cidade. A coragem de caminhar nem sempre aparece no inverno, pois a vida muda de acordo com as estações na França. Mas, no geral, posso dizer que sou uma pessoa mais ativa. 2. Uso menos maquiagem Oui! Esse é um dos hábitos que mudei desde que me instalei na França. Assim que cheguei aqui, comecei a notar que muitas mulheres não se maquiam ou, quando se maquiam, o fazem de uma forma mais natural do que a praticada no Brasil. Acredito que essa é uma transformação que se acelerou, principalmente com a independência das mulheres e dos movimentos feministas. As maquiagens com aquele efeito de base pesada e artificial são raras por aqui. O que vemos é, quase sempre, o famoso batom vermelho e o delineador preto nas pálpebras. A pele continua, sobretudo, bem natural, light, com aquele efeito de “estou sem nada”. [caption id="attachment_126749" align="alignnone" width="750"] Diminuir o uso de maquiagem é outro hábito que adquiri ao morar na França.[/caption] Decidi incorporar a mudança aos poucos. Mantive os batons coloridos que adoro, o rímel, o blush, e algum corretivo leve, mas as bases de efeito pesado estão empoeiradas e esquecidas na gaveta. Decidi me libertar do que era antes uma obrigação para mim. Lembro que no Brasil, mesmo para ir à escola, me maquiava e usava bases, corretivos pesados, que não deixavam a minha pele respirar. Parece um detalhe, mas para as mulheres, a maquiagem se torna muitas vezes uma obrigação social. E aqui na França, por outro lado, me sinto mais à vontade para usar menos maquiagem e fazê-la de uma forma menos artificial. Leia também o artigo novos hábitos que ganhei morando em Portugal. 3. Passei a priorizar alimentos orgânicos e naturais Lembro que a minha primeira ida à feira de rua revelou um país mais preocupado com a cultura dos alimentos orgânicos. A França já é, historicamente, muito ligada ao terroir, ou seja, aos produtores e agricultores locais, que produzem os alimentos made in France. Em tradução, terroir quer dizer território, e abarca tudo o que vem da terra e que é produzido localmente e com consciência ecológica. É normal vermos essa preocupação em programas de culinária, como o Top Chef. A cada programa, os competidores precisam cozinhar usando um ingrediente específico escolhido pelo júri. Exemplo: “hoje vocês precisam cozinhar usando este cogumelo, certificado por esta fazenda que produz o alimento há praticamente um século nesta mesma região da França”. Sim, a palavra tradição e qualidade são o lema da gastronomia local, e isso acaba sendo refletido no nosso prato. É muito legal essa relação do francês e a comida. Mesmo nos supermercados da França existem corredores enormes dedicados aos produtos biológicos. Essa preocupação é vista nas embalagens dos produtos, que mostram, na sua grande maioria, um termômetro nutricional chamado nutri-score, indo de A (grande valor nucitrional) a E (baixo valor nutricional). [caption id="attachment_126748" align="alignnone" width="750"] Uma alimentação mais consciente foi um dos hábitos que mudei desde que me instalei na França.[/caption] Comprar diretamente do produtor E para quem gosta das feiras de rua, pode comprar frutas e legumes diretamente do produtor - o que faz diferença é realmente cozinhar com produtos que não fizeram quilômetros de distância até te encontrar. Ou seja, comprar um limão vindo do Brasil em uma feira francesa, não adianta muita coisa se pensarmos na ecologia e no combustível utilizado para isso. Fiquei muito mais consciente sobre a importância de consumir alimentos locais e orgânicos, até porque essa mensagem é martelada na nossa cabeça. É claro que estes produtos costumam ser um pouco mais caros do que os não orgânicos, mas existem saídas, como empresas que oferecem cestas de frutas e legumes por um valor fechado, todas as semanas. É questão de buscar informação para aprender uma forma de se alimentar de forma mais saudável e ecológica. Saiba qual é o custo de vida na França se está pensando em mudar para o país. 4. Aprendi a apreciar mais o silêncio No Brasil, o fato de estarmos com alguém e ficarmos em silêncio acaba gerando uma ansiedade, como se fosse preciso falar o tempo todo para quebrar o gelo. Nos sentimos pressionados a encontrar algo para puxar assunto e começar a falar. Aqui, parece que essa preocupação não tem lugar. Obviamente que conversamos e trocamos ideias, mas se por um lado a conversa acabar ou precisarmos ficar um pouco quietos, isso não deve ser desagradável. Lembro que, quando encontrei os meus sogros franceses, pegávamos um carro para fazer uma viagem e o silêncio ficava presente em alguns momentos da viagem, onde não nos víamos obrigados a conversar. Isso é algo gostoso para quem, como eu, gosta de ficar pensando na vida e quieta de vez em quando. Outra curiosidade: enquanto no Brasil encontramos música em praticamente todo o canto, aqui isso não acontece. Vamos imaginar a cena clássica de estar em uma praia e colocar música alta em caixas de som. Na França, isso seria mal visto por estarmos obrigando a pessoa ao lado ao ouvir algo que não pediu. Eu acho justo, afinal, em alguns momentos tudo o que precisamos é ficar em silêncio, curtindo uma calma. Claro que sinto muita falta de bares animados, com música ao vivo, bem ao estilo que temos no Brasil. Mas tudo depende no momento e do lugar: em ambientes públicos, o silêncio deve ser respeitado. Veja também o que achava estranho e engraçado quando cheguei à França. 5. Não preciso agradar a todos sempre Aprender a dizer não foi também está entre os hábitos que mudei desde que me instalei na França. Você já deve ter ouvido que os franceses são objetivos e francos. Eles são adeptos da sinceridade e, quando algo não vai bem, eles dizem e se expressam sobre o fato. Dessa forma, os franceses não contornam a situação e dizem que algo está bom, sendo que não está. No Brasil, ao meu ver, temos tendência a evitar o conflito e fazer parecer que tudo vai bem. Confesso que ainda tenho dificuldade em dizer o que acho verdadeiramente em algumas situações, mas consegui, com o tempo, aprender a dizer “não”. Isto é, não me forço mais para encontrar pessoas e fazer coisas que não estou com vontade. É algo libertador poder ser quem somos e não agir pensando somente em uma etiqueta social a ser cumprida. Concordo, no entanto, que em determinadas situações prefiro dizer que tudo está bom e que gostei do que foi feito. Por exemplo, se estou entre conhecidos não muito próximos e que um deles preparou uma quiche, que está deliciosa, mas precisava de mais sal, eu diria somente que ela está ótima. Já um francês nato talvez diria “ela está ótima, mas falta sal”. Enfim, sinceridades à parte, o importante é encontrar o equilíbrio entre ser franco e manter a gentileza. Estes são os 5 hábitos que mudei desde que me instalei na França. Todos eles me fizeram enxergar uma outra perspectiva sobre diferentes temáticas: autocuidado, alimentação, comportamento e muitos outros ainda estão se construindo. Com o Brasil sempre vivo dentro de mim, tenho certeza que continuarei a incorporar novos costumes do meu jeito, sabendo o que devo preservar, e o que é legal ressignificar. Merci por ter ficado até aqui! Se gostou do de conhecer as minhas mudanças, também vai gostar do ebook "O sonho de viver na Europa", que traz vários relatos de brasileiros que, assim como eu, atravessaram o Atlântico e compartilham as suas experiências. Vale a pena para se inspirar e refletir!

Andar de transporte público em Paris
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A Paris da ficção versus a Paris real: conheça a cidade Luz

Eu me lembro bem do meu primeiro encontro com a capital francesa, em 2018. Fazia muito calor, era verão, e eu trazia comigo um amontoado de clichés sobre a cidade: pensava que os parisienses eram todos parecidos, mas existe a Paris da ficção versus a Paris real. Eu tinha dificuldade em imaginar uma cidade diversa, pois toda a imagem que eu tinha de Paris era a de uma cidade padronizada, sem misturas, imagem essa trazida em grande parte pelos filmes que retratam a capital. Neste artigo eu falo sobre a Paris da ficção versus a Paris real, ou seja, comparo os estereótipos que muitos de nós carregamos com a visão real que eu tenho da cidade, depois de quase 3 anos vivendo aqui. Vale dizer que essa é uma narrativa pessoal da cidade, influenciada por vários acontecimentos que me atravessaram e mudaram a minha perspectiva. Quer saber? Então continua comigo! Nem sempre você terá o luxo do espaço Quando vim morar em Paris, em 2019, comecei a entender sem demora que teria que viver com menos metros quadrados à minha disposição. Passei 7 meses em um estúdio de 18 metros, tentando aproveitar cada mísero espaço para colocar as minhas coisas. Isso porque o custo de vida em Paris é muitíssimo caro, e a não ser que você consiga pagar uma média de mil e duzentos euros por mês de aluguel para viver em um apartamento de 30 metros, vai precisar encarar a vida nos estúdios parisienses. Pelo menos no início. Por isso, se você assistiu séries como Emily in Paris e viu o tamanho do lugar onde a personagem vive, desconfie! Eu ainda não tive vontade de assistir, mas ouvi muitos comentários sobre o tamanho da chambre de bonne (quarto de empregada) da Emily. Aqui, normalmente, uma chambre de bonne não passaria de 20 metros (aliás, existem muitos estudantes que topam pagar centenas de euros para morar em 10 metros). É lógico: se você tem uma condição financeira elevada, Paris poderá te oferecer mais espaço e amplos salões haussmanianos*, com chaminés elegantes, lustres de cristal e detalhes dourados no teto. Mas esse luxo não é para todos, e o espaço custa caro. [caption id="attachment_126295" align="alignnone" width="750"] Arquitetura Haussmannien é predominante em Paris.[/caption] *Haussmaniano é um adjetivo ligado ao Barão de Haussmann, antigo prefeito que transformou radicalmente a arquitetura e urbanismo de Paris nos anos entre 1850 e 1870. Ele padronizou as construções da capital, que substituíram as construções medievais antes presentes. Veja algumas dicas para alugar apartamento na França. Existe muita diversidade em Paris Nos filmes hollywoodianos que temos oportunidade de assistir, Paris é retratada de uma forma muito homogeneizada. As pessoas se parecem, todos falam francês e todos têm a pele branca. São raros os filmes que mostram uma cidade mais diversa, composta de pessoas com diferentes origens, etnias, línguas e modos de se vestir. No metrô você terá a oportunidade de cruzar com pessoas de origem árabe e africana, e entenderá línguas diferentes do francês. O modo de se vestir também pode variar: de vestidos étnicos coloridos a longas túnicas muçulmanas. Nem todo mundo veste sobretudo, salto alto e bolsa de grife, d’accord? Se você quer ver uma realidade menos água com açúcar e entender como Paris é composta (e também como a cidade se relaciona com as periferias ao seu entorno), recomendo o filme La Haine, realizado por Mathieu Kassovitz (a ironia é que ele faz o par de Amélie, em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain). Na contramão de muitos filmes franceses e hollywoodianos que só mostram uma Paris calma, pacífica e padronizada, La Haine consegue sair do lote e nos fazer ver o lado B. O fato é que eu me surpreendi com essa multitude de pessoas, estilos e origens quando cheguei aqui. A cultura africana é muito celebrada e existem até mesmo bairros típicos onde você verá enormes corredores de cabeleireiros afros, por exemplo. Os muçulmanos também são muitos: vale dar um pulinho na Mosquée de Paris, no 13ème arrondissement (bairro número 13 daqui). A capital é mesmo multicultural e acolhe muitos perfis. [caption id="attachment_126296" align="alignnone" width="750"] Existem bairros com muito comércio africano em Paris.[/caption] Conheça algumas curiosidades da França para entender melhor a cultura do país. Cada bairro um estilo Cada bairro de Paris reserva um estilo diferente. Quando morei 13ème, frequentava supermercados orientais e estava acostumada com a quantidade de chineses que moram por lá. Já se você for para o 18ème e 19ème, encontrará forte presença africana e diferentes restaurantes típicos. O 16ème reúne os burgueses, com jardins, grandes hotéis e monumentos. E o 2ème conta com a efervescência comercial, reunindo várias startups. Mas o 5ème é meu favorito: igualmente caro em termos de aluguel, mas você tem a Notre Dame por perto e outros pontos simpáticos como a Ile Saint Louis não muito longe. Enfim você vai perceber que Paris não é uma cidade homogênea e que cada bairro tem uma personalidade particular. Por falar nisso, é melhor prestar atenção para não se perder: as regiões próximas dos metrôs La Chapelle, Barbès e Stalingrad costumam ser um pouco perigosas ao anoitecer, pois o tráfico de drogas acontece em grande número por lá. Sim, como praticamente todas as cidades grandes do mundo, problemas de segurança na França também existem, e Paris não é exceção. [caption id="attachment_126297" align="alignnone" width="750"] Festa em comemoração ao ano novo chinês, em Paris.[/caption] A França não é só Paris Outro ponto muito martelado nos filmes e séries que retratam a França: parece que só existe Paris! E quando existe uma menção a uma outra região, a capital sempre aparece por cima, como sendo melhor. Essa visão tem mudado (e muito) desde que a pandemia começou. Cada vez mais pessoas deixam a capital para viver uma vida com mais qualidade e menos custosa em outras regiões e pequenas cidades da França. Como sou casada com um normand (pessoa que nasce na região da Normandia), tive a sorte de escutar esse discurso várias vezes, o de que um país inteiro não se resume a uma cidade. O sul é uma região que te abraça: primeiro pela maior abertura e descontração das pessoas que lá vivem, donas de um sotaque melodioso, e segundo por ser presenteada com temperaturas bem mais altas do que o resto da França. Já a Normandia (norte) e a Bretanha (oeste) reservam uma riqueza cultural impressionante. A Bretanha, com suas ruínas medievais e sua parte costeira belíssima, e a Normandia com a sua natureza generosa. Existe ainda a parte basca, que eu ainda não visitei e dizem ser querida pelos surfistas. A certeza é que há muito para explorar e visitar: A cidade Luz saberá te entreter sem nenhuma dificuldade, mas a França não é só Paris para entender o país e captar a sua essência. A Paris dos filmes existe, mas só para a minoria Se você pensa em acordar, abrir a janela, dar bom dia para a Torre Eiffel, tomar café da manhã em um bistrô em Saint-Germain-des-Prés, almoçar no Ritz e ir às compras no Marais, bom, é melhor ter a carteira bem rempli (cheia), como dizem aqui. A rotina do parisiense médio é pegar o metrô bem cheio na hora do pico, ter uma rotina de trabalho normal e curtir a cidade aos finais de semana. O famoso “metro, boulot, dodo” (metrô, trabalho, dormir), expressão conhecida por todos daqui. Na maior parte das vezes, os parisienses nem moram na cidade Luz, mas sim, nas cidades perto de Paris. Eles preferem ir para a periferia da cidade para que possam economizar um pouquinho no aluguel e terem mais espaço (principalmente os casais com filhos). Essa magia, contudo, continua a existir para nós, estrangeiros, que achamos tudo tão diferente. Lembro que, quando cheguei, queria fotografar todas as portas, pois as achava lindas, enormes e cheias de detalhes. Os pormenores da rotina do parisiense não passavam despercebidos aos meus olhos. Ainda sim, tive que aprender a viver em uma cidade real, que demanda recursos e dinheiro o tempo todo, mas compensa tudo isso com uma veia cultural efervescente. Ainda existe magia, com certeza, mas ela é como um livro de realismo fantástico: você sabe que vai se deslumbrar várias vezes por dia, mas a realidade se sobressai quando você decide ficar. Agora que já conhece a Paris da ficção versus a Paris real, saiba também o que eu achava estranho e engraçado quando cheguei à França.

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