A vivência no exterior nos transforma. Isso porque uma vez que nos adaptamos a uma nova cultura e aos novos hábitos que isso envolve, naturalmente não somos os mesmos que antes. Hoje, eu conto 5 hábitos que mudei desde que me instalei na França. Vamos lá, ou melhor, on y va!
5 hábitos que mudei desde que me instalei na França
Eles dizem muito respeito ao país e ao modo de vida do francês. Acredito que estas foram mudanças positivas para mim: desde o costume de caminhar mais, até o desapego da maquiagem em algumas ocasiões. Vamos à lista do que mudou desde que resolvi morar na França.
1. Passei a andar mais a pé
Em Paris, cidade onde vivo, muitas coisas são alcançadas com uma simples caminhada. Por ser uma cidade plana na sua maior parte, não existe a dureza das subidas – ok, Montmartre é uma das excessões. O fato é que a capital pode ser desbravada facilmente com os pés, ou uma bicicleta, como muitos fazem por aqui.
Lembro que, enquanto morava em São Paulo, precisava do carro para muitas atividades diárias: ir à farmácia, à padaria, fazer compras, e assim vai. Aqui, tudo o que preciso, faço com a ajuda do metrô + caminhada de alguns minutos. O transporte público na França é muito bom e, na capital, ele funciona de maneira muito eficiente!
E o que eu sempre noto: por mais que eu tenha um destino em mente, por vezes acabo desviando rapidamente da rota, entrando em alguma rua bonita que chama a minha atenção, parando em alguma praça. Ao morar em Paris ou visitá-la vai entender como ela é uma cidade que te convida a caminhar. É claro que existem bairros mais barulhentos e comerciais, mas me sinto muito mais disposta para caminhar aqui.
Além disso, temos o rio Sena, e em dias em que o sol revolve aparecer, sempre gosto de caminhar seguindo o curso do rio. É gostoso andar e se perder por aqui, como já dizia o poeta francês Charles Baudelaire, praticar o que apelidou de flânerie. Isso quer dizer, deambular e ser errante pela cidade, sem destino.
E nem só em Paris…
Isso vale para outras cidades francesas, mesmo Marselha, que tem um sistema de metrô bem servido, ou Nantes, que conta com ônibus elétricos e bondes modernos, dispensando o uso de carro. Para pequenas cidades da França, como Rouen, Caen e Rennes, praticamente tudo o que precisa estará a apenas alguns passos, se a sua morada for no centro da cidade.
A coragem de caminhar nem sempre aparece no inverno, pois a vida muda de acordo com as estações na França. Mas, no geral, posso dizer que sou uma pessoa mais ativa.
2. Uso menos maquiagem
Oui! Esse é um dos hábitos que mudei desde que me instalei na França. Assim que cheguei aqui, comecei a notar que muitas mulheres não se maquiam ou, quando se maquiam, o fazem de uma forma mais natural do que a praticada no Brasil. Acredito que essa é uma transformação que se acelerou, principalmente com a independência das mulheres e dos movimentos feministas.
As maquiagens com aquele efeito de base pesada e artificial são raras por aqui. O que vemos é, quase sempre, o famoso batom vermelho e o delineador preto nas pálpebras. A pele continua, sobretudo, bem natural, light, com aquele efeito de “estou sem nada”.
Decidi incorporar a mudança aos poucos. Mantive os batons coloridos que adoro, o rímel, o blush, e algum corretivo leve, mas as bases de efeito pesado estão empoeiradas e esquecidas na gaveta. Decidi me libertar do que era antes uma obrigação para mim. Lembro que no Brasil, mesmo para ir à escola, me maquiava e usava bases, corretivos pesados, que não deixavam a minha pele respirar.
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Cotar Agora →Parece um detalhe, mas para as mulheres, a maquiagem se torna muitas vezes uma obrigação social. E aqui na França, por outro lado, me sinto mais à vontade para usar menos maquiagem e fazê-la de uma forma menos artificial.
Também já falei sobre as famosas farmácias de cosméticos em Paris, vale a pena conferir!
3. Passei a priorizar alimentos orgânicos e naturais
Lembro que a minha primeira ida à feira de rua revelou um país mais preocupado com a cultura dos alimentos orgânicos. A França já é, historicamente, muito ligada ao terroir, ou seja, aos produtores e agricultores locais, que produzem os alimentos made in France. Em tradução, terroir quer dizer território, e abarca tudo o que vem da terra e que é produzido localmente e com consciência ecológica.
É normal vermos essa preocupação em programas de culinária, como o Top Chef. A cada programa, os competidores precisam cozinhar usando um ingrediente específico escolhido pelo júri.
Exemplo: “hoje vocês precisam cozinhar usando este cogumelo, certificado por esta fazenda que produz o alimento há praticamente um século nesta mesma região da França”. Sim, a palavra tradição e qualidade são o lema da gastronomia local, e isso acaba sendo refletido no nosso prato. É muito legal essa relação do francês e a comida.
Mesmo nos supermercados da França existem corredores enormes dedicados aos produtos biológicos. Essa preocupação é vista nas embalagens dos produtos, que mostram, na sua grande maioria, um termômetro nutricional chamado nutri-score, indo de A (grande valor nucitrional) a E (baixo valor nutricional).
Comprar diretamente do produtor
E para quem gosta das feiras de rua, pode comprar frutas e legumes diretamente do produtor – o que faz diferença é realmente cozinhar com produtos que não fizeram quilômetros de distância até te encontrar. Ou seja, comprar um limão vindo do Brasil em uma feira francesa, não adianta muita coisa se pensarmos na ecologia e no combustível utilizado para isso.
Fiquei muito mais consciente sobre a importância de consumir alimentos locais e orgânicos, até porque essa mensagem é martelada na nossa cabeça. É claro que estes produtos costumam ser um pouco mais caros do que os não orgânicos, mas existem saídas, como empresas que oferecem cestas de frutas e legumes por um valor fechado, todas as semanas.
É questão de buscar informação para aprender uma forma de se alimentar de forma mais saudável e ecológica.
Saiba qual é o custo de vida na França se está pensando em mudar para o país.
4. Aprendi a apreciar mais o silêncio
No Brasil, o fato de estarmos com alguém e ficarmos em silêncio acaba gerando uma ansiedade, como se fosse preciso falar o tempo todo para quebrar o gelo. Nos sentimos pressionados a encontrar algo para puxar assunto e começar a falar.
Aqui, parece que essa preocupação não tem lugar. Obviamente que conversamos e trocamos ideias, mas se por um lado a conversa acabar ou precisarmos ficar um pouco quietos, isso não deve ser desagradável.
Lembro que, quando encontrei os meus sogros franceses, pegávamos um carro para fazer uma viagem e o silêncio ficava presente em alguns momentos da viagem, onde não nos víamos obrigados a conversar. Isso é algo gostoso para quem, como eu, gosta de ficar pensando na vida e quieta de vez em quando.
Outra curiosidade: enquanto no Brasil encontramos música em praticamente todo o canto, aqui isso não acontece. Vamos imaginar a cena clássica de estar em uma praia e colocar música alta em caixas de som. Na França, isso seria mal visto por estarmos obrigando a pessoa ao lado ao ouvir algo que não pediu. Eu acho justo, afinal, em alguns momentos tudo o que precisamos é ficar em silêncio, curtindo uma calma.
Claro que sinto muita falta de bares animados, com música ao vivo, bem ao estilo que temos no Brasil. Mas tudo depende no momento e do lugar: em ambientes públicos, o silêncio deve ser respeitado.
Veja também o que achava estranho e engraçado quando cheguei à França.
5. Não preciso agradar a todos sempre
Aprender a dizer não foi também está entre os hábitos que mudei desde que me instalei na França. Você já deve ter ouvido que os franceses são objetivos e francos. Eles são adeptos da sinceridade e, quando algo não vai bem, eles dizem e se expressam sobre o fato. Dessa forma, os franceses não contornam a situação e dizem que algo está bom, sendo que não está.
No Brasil, ao meu ver, temos tendência a evitar o conflito e fazer parecer que tudo vai bem. Confesso que ainda tenho dificuldade em dizer o que acho verdadeiramente em algumas situações, mas consegui, com o tempo, aprender a dizer “não”. Isto é, não me forço mais para encontrar pessoas e fazer coisas que não estou com vontade.
É algo libertador poder ser quem somos e não agir pensando somente em uma etiqueta social a ser cumprida. Concordo, no entanto, que em determinadas situações prefiro dizer que tudo está bom e que gostei do que foi feito.
Por exemplo, se estou entre conhecidos não muito próximos e que um deles preparou uma quiche, que está deliciosa, mas precisava de mais sal, eu diria somente que ela está ótima. Já um francês nato talvez diria “ela está ótima, mas falta sal”. Enfim, sinceridades à parte, o importante é encontrar o equilíbrio entre ser franco e manter a gentileza.
Estes são os 5 hábitos que mudei desde que me instalei na França. Todos eles me fizeram enxergar uma outra perspectiva sobre diferentes temáticas: autocuidado, alimentação, comportamento e muitos outros ainda estão se construindo. Com o Brasil sempre vivo dentro de mim, tenho certeza que continuarei a incorporar novos costumes do meu jeito, sabendo o que devo preservar, e o que é legal ressignificar. Merci por ter ficado até aqui!
Se gostou do de conhecer as minhas mudanças, também vai gostar do ebook “O sonho de viver na Europa”, que traz vários relatos de brasileiros que, assim como eu, atravessaram o Atlântico e compartilham as suas experiências. Vale a pena para se inspirar e refletir!