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Daniele Haller

Autor

Daniele Haller é jornalista formada pela Estácio de Sá do Ceará (2008). Jornalista e redatora freelancer, trabalha como correspondente na Alemanha e França para o Canal Solar (Campinas-SP), desde 2021. Morou na Alemanha por sete anos e vive atualmente na França, na fronteira com o país germânico, de onde tem a flexibilidade para trabalhar nos dois países. Trabalha há quatro anos dentro do Projeto Brempex (Brasileiras Empreendedoras no Exterior), com sede na Alemanha, responsável pelo setor de comunicação e assessoria de imprensa. É apaixonada pelo mar, ama mitologia grega, política, ler e viajar.

Conteúdos recentes
Parlamento da Alemanha facilita acesso à nacionalidade para atrair trabalhadores qualificados.
Alemanha Notícias

Alemanha facilita acesso à nacionalidade e dupla nacionalidade passa a ser aceita

Segundo o governo da Alemanha, as novas medidas para a obtenção de cidadania podem facilitar a chegada de trabalhadores qualificados e fortalecer o mercado de trabalho, assim como a integração de imigrantes. O Parlamento votou a favor do plano de flexibilização para a naturalização da cidadania alemã. O projeto proposto pela coalizão do Chanceler Olaf Scholz teve 382 votos a favor contra 234, sendo fortemente criticado por políticos da oposição, que argumentam que as novas regulamentações podem desvalorizar a cidadania alemã. Medidas aprovadas facilitam a obtenção da cidadania alemã As novas regulamentações devem acelerar o processo de naturalização de imigrantes que vivem no país há pelo menos 5 anos — o prazo anterior exigia um tempo mínimo de 8 anos. Em alguns casos, será possível requerer a cidadania alemã a partir de três anos, quando comprovada a integração, como mediante engajamento voluntário, desempenho escolar, profissional ou proficiência linguística. Com a nova flexibilização, quem desejar obter a cidadania alemã poderá manter sua nacionalidade de origem, o que não era permitido anteriormente. A dupla cidadania somente era permitida no país em casos de cidadãos naturais de países da União Europeia e da Suíça, ou para naturais de países que não permitem a abdicação da cidadania, como o Brasil. Confira as outras medidas aprovadas nas quais a Alemanha facilita o acesso à nacionalidade: Cidadania por nascimento em território Anteriormente, as crianças de pais estrangeiros não recebiam automaticamente a cidadania alemã. Com a nova regulamentação, todas as crianças nascidas na Alemanha de pais estrangeiros receberão automaticamente a cidadania, contanto que pelo menos um dos pais morem na Alemanha legalmente há mais de cinco anos. Além disso, a criança também poderá manter a cidadania dos pais em paralelo. Conhecimento da língua Imigrantes com idade acima de 67 anos precisarão comprovar o conhecimento na língua apenas por meio de prova oral. Essa regulamentação também beneficia imigrantes descendentes dos chamados “trabalhadores convidados”, que vivem há décadas na Alemanha. Meios de sustento Uma das exigências para a obtenção da cidadania alemã é prover o próprio sustento e de seus dependentes, como a família. Por outro lado, essa imposição pode sofrer exceções, como os imigrantes “trabalhadores convidados”, que chegaram à Alemanha até 1974, ou aqueles que foram contratados pela antiga Alemanha Oriental. Flexibilização deve atrair mais trabalhadores qualificados Conforme o governo, 14% da população do país não tem nacionalidade alemã. São 12 milhões de pessoas não naturalizadas, das quais 5,3 milhões delas vivem no país há pelo menos uma década. Os números indicam que a taxa de naturalização na Alemanha está abaixo da média da União Europeia. [caption id="attachment_162124" align="alignnone" width="750"] Imigrantes legalizados na Alemanha poderão pedir a nacionalidade com 5 anos de residência.[/caption] Diante da escassez de mão de obra qualificada no país, a ministra do Interior, Nancy Faeser, expressa otimismo em relação às novas diretrizes para a naturalização, acreditando que estas atrairão mais profissionais capacitados e posicionarão a Alemanha mais alinhada à média dos países vizinhos, como a França. "Adquirir a cidadania promove e acelera a integração em muitas áreas. Aqueles que dão esse passo estão documentando sua identificação com nosso país, nossa democracia e nossos valores." O Chanceler Olaf Scholz explicou que reforma visa assegurar que ninguém sinta a necessidade de negar suas raízes. Ele também destacou: “Estamos comunicando a todos os que, muitas vezes, viveram e trabalharam por décadas na Alemanha e que obedecem às nossas leis: vocês pertencem à Alemanha”. A revisão da legislação de cidadania é uma das várias reformas sociais que a coalizão de três partidos liderada por Scholz acordou implementar desde sua posse no final de 2021. Impedimentos para a naturalização da cidadania alemã Dentre as exigências para a obtenção da cidadania, o governo declarou que, para ser considerado um cidadão alemão, é necessário estar de acordo e em compromisso com a constituição. Não serão aceitos comportamentos e ações antissemitas, racistas, dirigidas contra o gênero ou a orientação sexual, ou outras ações motivadas por desprezo pelo ser humano. Uma das passagens da regulamentação cita que será exigido o compromisso “com a responsabilidade histórica especial da Alemanha pelo domínio injusto do nacional-socialismo e suas consequências, especialmente para a proteção da vida judaica”. Aqueles que tiverem registros por delito criminal ou ligados a ações consideradas contra a constituição não terão o direito de obter a nacionalidade.

Crise imobiliária na Alemanha vem aumentando nos últimos anos
Alemanha

Crise imobiliária na Alemanha: país vive maior escassez de moradias dos últimos 20 anos

A crise imobiliária na Alemanha atinge um ponto alarmante e está exigindo a atenção imediata das autoridades, uma vez que afeta não apenas o setor habitacional, mas gera consequências significativas para a economia e a qualidade de vida dos cidadãos. Segundo o jornal alemão Tagesschau, a situação da crise se agravou, evidenciando custos crescentes, interrupção de projetos em andamento e falências de empresas. Contrariando as expectativas, a queda nos preços imobiliários não sinaliza uma recuperação. O Governo criou medidas pertencentes à “Cúpula da Construção de Moradias” que devem ser implementadas urgentemente para estabilizar a situação imobiliária no país. Alemanha está longe de atingir a meta de 400 mil novas moradias Os custos elevados de financiamento e construção têm sido fatores determinantes para a desaceleração significativa da construção de novos imóveis na Alemanha. Muitas construtoras estão suspendendo seus projetos, paralisando dezenas de milhares de empreendimentos planejados. Conforme dados do Escritório Federal de Estatísticas (Destatis), em julho de 2023, foram concedidas licenças para a construção de 21 mil unidades habitacionais em toda a indústria. Isso representa uma queda de 31,5% em comparação com o ano anterior, indicando uma tendência preocupante. Nos primeiros sete meses do ano, a redução atingiu 27,8%, claramente um desafio para o setor. No governo, a Ministra da Construção, Klara Geywitz, admite a incapacidade do país para atingir a meta de construir 400 mil novas moradias. Nos primeiros sete meses, apenas 156.200 novas moradias foram aprovadas. O mesmo cenário se repete para casas unifamiliares, com uma queda de 36,5% nas licenças de construção para este tipo de habitação. Custos de materiais influenciam a crise imobiliária Dois fatores principais impulsionam a queda na atividade de construção. Desde meados de 2022, as taxas de juros foram significativamente elevadas pelo Banco Central Europeu (BCE), resultando em taxas de juros de construção entre 4% e 5%. Adicionalmente, os custos de construção na Alemanha aumentaram devido ao encarecimento da energia, preços mais elevados dos materiais e dificuldades de entrega. Financiar novos projetos de construção tornou-se uma tarefa cada vez mais difícil, se não impossível, para muitos desenvolvedores e construtores privados. O impacto é visível nas falências crescentes de empresas de construção, como a Centrum-Gruppe, quatro empresas do desenvolvedor Gerch e três empresas do Grupo Imobiliário Project de Nuremberg, segundo a publicação do jornal Tagesschau. Crise também dificulta empréstimos para compra de imóveis A crise imobiliária não se limita apenas à escassez de construções e à paralisação de projetos, mas impacta também diretamente nos preços dos imóveis e, consequentemente, nas dificuldades enfrentadas pelos cidadãos em busca de empréstimos para compra de casa na Alemanha. Variação nos preços Os custos crescentes de financiamento, somados à elevada inflação, vêm comprometendo o poder de compra dos alemães ao longo do tempo. Como resultado, os preços imobiliários registraram uma queda pelo segundo ano consecutivo, com uma redução média de 9,9% no segundo trimestre de 2022, conforme os dados mais recentes do Escritório Federal de Estatísticas. Essa queda representa o maior declínio desde o início da série temporal em 2000. Com maior foco em Berlim, Hamburgo, Munique, Colônia, Frankfurt am Main, Stuttgart e Düsseldorf, a diminuição de preços foi mais expressiva. Nesses locais, residências privadas e apartamentos ficaram 12,6% mais baratos, e os compradores pagaram em média 9,8% a menos em comparação ao ano anterior. [caption id="attachment_159547" align="alignnone" width="750"] Hamburgo apresentou uma queda nos preços, mas o poder de compra dos alemães também diminuiu.[/caption] Apesar dessas reduções, é importante destacar que, principalmente nas grandes cidades como Frankfurt am Main e Munique, os preços permanecem elevados. Segundo o “Global Real Estate Bubble Index”, Frankfurt tem um índice de 1,27, enquanto Munique registra 1,35. Uma cidade é considerada em risco de uma bolha imobiliária quando o índice atinge 1,5. Desafios nos empréstimos para compra de imóveis A dinâmica de queda nos preços imobiliários, embora aparentemente positiva para potenciais compradores, esconde desafios significativos no acesso a empréstimos para aquisição de propriedades. O aumento dos custos de financiamento e a instabilidade no mercado imobiliário tornam a obtenção de empréstimos uma tarefa árdua, impactando diretamente aqueles que buscam realizar o sonho da casa própria. Agravamento da crise imobiliária também impacta os aluguéis A crise imobiliária na Alemanha atinge não apenas aqueles que buscam comprar uma casa, mas também os locatários, que enfrentam aumentos significativos nos custos de aluguel. Há milhares de moradias em falta no país, especialmente nas faixas de preço mais acessíveis. É o que indica o estudo divulgado pela Associação Alemã de Inquilinos (Deutscher Mierterbund). Aumento alarmante nos valores de aluguéis Enquanto a falta de moradia atinge a população, os aluguéis continuam sua trajetória ascendente. Segundo a Associação Alemã de Inquilinos, os aluguéis em cidades-chave, como Berlim, Hamburgo, Munique, Colônia, Frankfurt, Düsseldorf, Stuttgart e Leipzig, tiveram um aumento médio de 6,7% durante o primeiro semestre. Em Berlim, esse aumento foi ainda mais expressivo, atingindo 16,7% em comparação com o ano anterior. Destaca-se que Munique lidera como o mercado de aluguel mais caro, com um valor de 22,25€ por metro quadrado. Déficit habitacional bate recorde A crise imobiliária na Alemanha atingiu um ponto crítico, com a maior escassez de moradias em mais de 20 anos, segundo um estudo do Instituto Pestel, em Hannover, a pedido da aliança “Moradia Social”. Atualmente, mais de 700 mil moradias estão em falta no país. Um brasileiro em meio à crise imobiliária em Berlim O brasileiro Arthur Almeida, de Campina Grande, vive no país desde março de 2018 e compartilha sua trajetória e os desafios diante da crise imobiliária na capital alemã. Em entrevista, Arthur destaca que, ao se mudar para sua segunda morada na Alemanha, em Berlim, em julho de 2019, enfrentou a realidade de precisar dividir uma casa com sete pessoas. Ao buscar uma morada permanente com seu marido, enfrentaram obstáculos que permanecem até hoje. Apesar de ambos terem fontes de renda, a resposta durante a procura por um apartamento era frequentemente negativa, levando-os a concluir que o problema residia na questão financeira. [caption id="attachment_159645" align="alignnone" width="750"] Arthur Almeida vive em Berlim desde 2019 em um flat compartilhado com outras pessoas.[/caption] Mesmo após esperarem dois anos e meio, até o final de 2022, quando o marido concluiu seu curso e obteve um emprego fixo, a busca por moradia continuou sendo um desafio. “Nós voltamos a procurar por apartamentos, porque a gente pensou: ah, agora que estão os dois com emprego fixo, os dois com contrato ilimitado, nós iremos conseguir. E continuamos a procurar, a gente escrevia para uns 30/40 apartamentos de uma vez pela internet, e recebia mais ou menos, menos de 10% de resposta nos convidando para uma visita”. Arthur ressalta que a demanda intensa por apartamentos em Berlim cria uma competição imensa, com muitos imóveis sendo alugados antes mesmo de chegarem aos sites de busca. Observando a situação de conhecidos, ele destaca que, muitas vezes, a chave para conseguir um apartamento está em conexões pessoais, onde amigos repassam seus imóveis para conhecidos. O brasileiro acredita que a falta de referências, como conta bancária na Alemanha e endereço, pode influenciar nas decisões de locadores, especialmente quando comparado a candidatos alemães que têm como comprovar referências. Atualmente, ainda sem encontrar uma morada definitiva em Berlim, Arthur comenta que, algumas vezes, chega a pensar na possibilidade de mudar, apenas em consequência da dificuldade em encontrar um imóvel. “Nós sempre soubemos que ia ser difícil, que teríamos que passar por isso, mas achávamos que quando chegasse em um certo ponto, que os dois tivessem trabalhando, ganhando um bom salário, que nós iríamos conseguir, mas não conseguimos. Nós passamos 3 anos procurando e não conseguimos”, comenta. Impacto da chegada de refugiados e construção insuficiente O estudo aponta que, no ano passado, mais de um milhão de refugiados da guerra na Ucrânia chegaram à Alemanha, somando-se a cerca de 218 mil novos pedidos de asilo. Além disso, construção de moradias foi prejudicada pelo aumento das taxas de juros de construção e pelos custos crescentes, resultando em uma crise aguda, especialmente no segmento de moradias sociais e aluguéis acessíveis. Cerca de 20 mil moradias sociais foram construídas na Alemanha no último ano, muito aquém da meta do governo federal de 100 mil moradias sociais anualmente e um total de 400 mil novas moradias. A urgência da situação levou o governo a propor a criação de um fundo especial de 50 bilhões de euros, dos quais três quartos seriam fornecidos pelo governo federal e o restante pelos estados. Discriminação no mercado imobiliário alemão A busca por moradia na Alemanha revelou-se discriminatória para aqueles com nomes de origem estrangeira, conforme constatou uma coleta de dados realizada pela plataforma Wunderflats, divulgada pelo jornal alemão Frankfurter Rundschau. A análise mostrou que, na concorrência acirrada por moradias, pessoas com nomes estrangeiros são prejudicadas. Os resultados da pesquisa revelam que, em média, 4% a mais de apartamentos foram alugados quando os nomes dos interessados foram ocultados durante um teste realizado pela plataforma. A discriminação com base na origem é proibida por lei na Alemanha, mas ainda persiste, e essa prática impacta negativamente a busca por moradia, especialmente para estrangeiros e estudantes. Estrangeiros e estudantes em desvantagem Para profissionais estrangeiros e estudantes, encontrar moradia na Alemanha já é particularmente desafiador. A pesquisa da Wunderflats destaca que a origem do interessado muitas vezes influencia as decisões dos proprietários. O CEO da plataforma, Jan Hase, compartilha uma experiência pessoal, mencionando que sua noiva, ao usar um nome alemão em vez do polonês, experimentou um aumento significativo nas respostas positivas ao procurar apartamentos. No caso de estrangeiros e estudantes que buscam moradia temporária, a situação é ainda mais complicada, uma vez que a obtenção de um endereço alemão é essencial para garantir uma conta bancária e, por consequência, uma verificação SCHUFA, uma espécie certificação de situação financeira, também é exigida. A Wunderflats visa enfrentar esses desafios, oferecendo uma solução mais inclusiva e combatendo a discriminação no mercado imobiliário alemão. Estudantes são afetados pela falta de opção para moradia Diante da crise imobiliária, quem estuda na Alemanha busca alternativas para contornar a escassez de moradias acessíveis. Muitos enfrentam dificuldades crescentes, recorrendo a soluções temporárias como albergues, campings e até quartos de criança, segundo o Tagesschau. [caption id="attachment_159545" align="alignnone" width="750"] Residências estudantis também estão sendo afetadas com a crise imobiliária na Alemanha.[/caption] O aumento na demanda torna os dormitórios estudantis uma opção saturada, forçando os estudantes a encontrar abrigo em locais inusitados. Com a pressão adicional dos custos de aluguel, que aumentaram significativamente em várias cidades universitárias, muitos estudantes estão considerando a opção de morar com os pais, levantando preocupações sobre o impacto econômico nas escolhas acadêmicas. Propostas para construção de novos dormitórios já surgem, como o planejado pela Studentenwerk em Münster, no entanto, a lista de espera já conta com milhares de estudantes. A situação revela uma grande necessidade de soluções urgentes de apoio financeiro aos estudantes e o desenvolvimento de moradias mais acessíveis para garantir que a crise imobiliária não se transforme em obstáculos na formação dos estudantes. “Crise de Realocação” para refugiados na Alemanha Em meio à crise imobiliária na Alemanha, refugiados enfrentam dificuldades crescentes para encontrar moradia, agravando a chamada “crise de realocação” nos abrigos. Municípios enfrentam limitações significativas de espaço para acomodar refugiados, como evidenciado recentemente no distrito de Fulda, em Hessen, como publicado pelo Deutsche Welle. Pesquisadores apontam para uma “crise de realocação”. Cerca de 25% das pessoas que chegaram à Alemanha em 2015/2016 ainda residem em abrigos para refugiados, evidenciando um congestionamento no sistema de recepção. Especialmente em áreas com mercados imobiliários tensos, refugiados reconhecidos têm dificuldades em encontrar habitação própria. Soluções e flexibilidade na acomodação Cidades como Düsseldorf buscam soluções proativas, implementando gerenciamento de realocação para encontrar apartamentos para refugiados reconhecidos. Essas iniciativas incluem convencer proprietários privados, aliviando medos e preocupações, e oferecer conceitos como “morar em caráter experimental”. Em Baden-Württemberg, uma rede de cidades colabora para encontrar moradias, incluindo subsídios para renovação e garantias de aluguel. Apesar dessas iniciativas, os desafios persistem. A rejeição de pedidos de asilo continua alta, com 48% dos processados no primeiro semestre de 2023 sendo rejeitados. Cada vez mais municípios buscam designar refugiados com perspectiva de permanência, enquanto a busca por soluções inovadoras e flexíveis permanece crucial para enfrentar a crescente crise de moradia para refugiados na Alemanha. Alternativas de moradia Tanto para os cidadãos locais quanto para os estrangeiros, a busca por moradia tem sido um desafio. Diante dessa realidade, alguns procuram outras alternativas para garantir habitação. Muitos têm encontrado soluções viáveis por meio do compartilhamento de apartamentos, conhecido como “Wohngemeinschaft” (WG). O “WG” é um estilo de moradia onde várias pessoas dividem um mesmo espaço, cada um ocupando seu próprio quarto e dividindo as despesas, reduzindo consideravelmente os custos. Além das opções de repúblicas de estudantes, que têm um conceito parecido com o WG, no entanto, há uma limitação de oferta. Essas alternativas têm se tornado boas opções, especialmente em áreas urbanas onde a demanda por habitação é mais acirrada. No entanto, mesmo estas alternativas têm se tornado cada vez mais difíceis, uma vez que a procura tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. Medidas do governo alemão para combater a crise habitacional O governo alemão, liderado pelo Chanceler Olaf Scholz, anunciou uma série de medidas destinadas a enfrentar a crise habitacional no país, em uma cúpula da construção em Berlim. Com um total de 14 medidas, a coalizão “Ampel”, nome dado à coalizão dos três partidos que governam o país em conjunto, visa impulsionar a construção habitacional, reconhecendo a urgência da falta de moradias acessíveis. Incentivos fiscais e “Bônus climático” Para estimular a construção, o governo alemão oferecerá benefícios fiscais por meio de regras de depreciação especiais em projetos de construção. Além disso, o “bônus climático”, destinado a incentivar a substituição de sistemas de aquecimento antigos e poluentes por alternativas ecológicas, será ampliado e estendido a empresas de aluguel e proprietários. Ajustes nos valores máximos de crédito O governo planeja facilitar a aquisição de propriedades residenciais, aumentando os valores máximos de crédito em 30 mil euros e elevando o limite superior de renda tributável de 60 mil euros para 90 mil euros. O programa “Propriedade Residencial para Famílias” terá esses ajustes para incentivar mais famílias a participar. Será disponibilizado um título de programa no valor total de 18,15 bilhões de euros para construção habitacional social no período de 2022 a 2027. Este financiamento visa impulsionar a construção de moradias acessíveis em áreas com mercados habitacionais tensos. Utilidade pública de habitação O governo também planeja lançar a utilidade pública da habitação no próximo ano, beneficiando fiscalmente os proprietários de imóveis que disponibilizarem moradias acessíveis de maneira duradoura.

Estudantes de universidades na Alemanha
Alemanha Notícias

Alemanha bate recorde em número de estudantes internacionais: é o 3º país mais procurado no mundo

No último semestre de inverno, a Alemanha registrou um aumento de 5% no número de estudantes internacionais em suas universidades. Em apenas um semestre, 80 mil novos alunos entraram no país, colocando-o na posição de terceiro destino de estudos mais procurado. Em primeiro e segundo lugar no ranking de países mais procurados por estudantes internacionais estão EUA e Reino Unido, respectivamente. Alemanha é um dos principais destinos de estudantes internacionais O Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) e o Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha divulgaram novo recorde no número de alunos para estudar na Alemanha. No semestre 2022/2023, o total de alunos matriculados nas universidades chegou a cerca de 370 mil. O número ultrapassa, pela primeira vez, o nível anterior ao início da pandemia de coronavírus. Com 80 mil novos estudantes matriculados no período de apenas um semestre, a Alemanha desbanca a Austrália, ocupando o terceiro lugar como um dos destinos mais procurados para ensino superior, de acordo com a publicação do “Wissenschaft Weltoffen”. De acordo com o Prof. Dr. Joybrato Mukherjee, presidente do DAAD, a chegada de estudantes internacionais pode auxiliar o país contra a escassez de profissionais no mercado de trabalho: “É comprovado que as instituições de ensino superior alemãs são extremamente atraentes para estudantes e pesquisadores internacionais, e isso representa um fator significativo para lidar com a dramática escassez de profissionais qualificados", declarou. Sobre a preferência dos estudantes pelo país, Ministra Federal da Educação, Bettina Stark-Watzinger afirmou: "A Alemanha continua sendo altamente atrativa para estudantes e pesquisadores internacionais. Isso é uma ótima notícia para o local de estudo e pesquisa na Alemanha, especialmente diante da escassez de profissionais qualificados. Como Ministério Federal da Educação, apoiamos essa tendência há muito tempo". País é também é procurado por pesquisadores e cientistas De acordo com o Wissenschaft Weltoffen, o país tem sido visto como destino não apenas para estudantes, mas também entre cientistas e pesquisadores. Atualmente, 70 mil profissionais internacionais do setor científico estão atuando dentro dos centros de pesquisas e instituições de nível superior na Alemanha. Assim como o Reino Unido, o país se tornou um dos destinos mais importantes para pesquisadores internacionais. O Prof. Dr. Joybrato Mukherjee, declarou que as instituições de ensino superior e centros de pesquisa na Alemanha continuam a ser muito populares internacionalmente: “A alta qualidade da educação acadêmica, a ausência de taxas e as boas oportunidades de carreira para graduados no mercado de trabalho alemão são fatores que impulsionaram a ascensão da Alemanha para os três principais destinos de estudo”. Nacionalidades e regiões com maior número de estudantes no país O Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) publicou o documento “Fatos e números sobre a internacionalidade dos estudos e pesquisa na Alemanha e no mundo”, e identificou a origem e de quais regiões são os alunos internacionais que mais ocupam vagas na Alemanha. Confira no quadro abaixo a quantidade de estudantes internacionais no país por região de origem no semestre de inverno de 2022/2023. Região Número de estudantes internacionais Porcentagem Ásia e Pacífico 118.645 32,3% Norte da África e Oriente Médio 70.922 19,3% Europa Ocidental 60.805 16,5% Europa Central e Sudeste Europeu 40.731 11,1% Europa Oriental e Ásia Central 29.250 8% África Subsaariana 20.381 5,5% América Latina 19.433 5,3% América do Norte 6.742 1,8% Sem classificação regional 669 0,2% Total 367.578 100% Fonte: Statistisches Bundesamt, Studierendenstatistik; DZHW-Berechnungen. Ásia e Pacífico A região da Ásia e do Pacífico é a principal origem dos estudantes internacionais nas universidades alemãs. Desde o semestre de inverno de 2019/2020, o número de estudantes vindos da região da Ásia e Pacífico aumentou cerca de 19%. Dentre os países da região, pela primeira vez, a Índia lidera a lista de principais países de origem de estudantes internacionais, com cerca de 42.600 estudantes, ultrapassando a China. Norte da África e Oriente Médio As regiões do Norte da África e Oriente Médio ocupam o segundo lugar. Em comparação ao semestre de inverno anterior (2021/2022), foi registrado um aumento de 5% de alunos dessa região. Europa Ocidental, Oriental, Central e Sudeste Em terceiro lugar estão os estudantes internacionais vindos da Europa Ocidental. Nos últimos três anos, esse número aumentou 9%. Entretanto, no ano anterior houve um aumento de apenas 0,3%. Os estudantes da Europa Central e do Sudeste, assim como Europa Oriental e Ásia Central, representam 20% de todos os alunos matriculados nas instituições de ensino superior. Em uma comparação com o ano de 2022, o número de matrículas desse grupo teve um aumento de 10% e 4%, respectivamente. Estudantes vindo da Ucrânia O número de estudantes ucranianos em instituições de ensino superior alemãs aumentou bastante, subindo 43% no período de um ano. América Latina e África Subsaariana As duas regiões representam 11% dos estudantes internacionais. A América Latina registrou, no semestre de 2022/23, um aumento de 5%, enquanto o número de alunos da região da África Subsaariana diminuiu 2%. O menor grupo são os estudantes da América do Norte, representando 2% dos alunos, com aumento de apenas 1% no último ano. Estudantes de intercâmbio ou estadia temporária Em relação aos estudantes com estadias temporárias na Alemanha, veja quais são os principais países de origem nos semestres de inverno de 2021/22. País Número de estudantes Porcentagem Espanha 2.430 11,4% Itália 2.033 9,5% França 1.669 7,8% China 1.417 6,6% Turquia 1.197 5,6% Estados Unidos 1.065 5% Rússia 618 2,9% Reino Unido 566 2,7% Egito 554 2,6% Jordânia 514 2,4% Polônia 490 2,3% Coreia do Sul 453 2,1% Brasil 452 2,1% Irlanda 363 1,7% México 345 1,6% Índia 336 1,6% Suíça 314 1,5% Bélgica 307 1,4% Japão 302 1,4% Portugal 292 1,4% Fonte: Statistisches Bundesamt, Studierendenstatistik; DZHW-Berechnungen. O Brasil aparece em 13° lugar, com o total de 452 estudantes matriculados em instituições de ensino na Alemanha no período de 2021/22. O número representa pouco mais de 2% de estudantes de intercâmbio no país. Número de alunos que ficam no país após formação Os dados divulgados mostram que um certo número de estudantes pretendem morar na Alemanha mesmo após a conclusão dos estudos. As análises recentes mostram que, entre os 16 países analisados na amostra, apenas no Canadá (44%) tem uma taxa mais alta de pessoas que continuam no país mesmo após sua formação, no período de até 10 anos após a conclusão. No entanto, ainda é incerto o número exato de pessoas que ficam ou pretendem ficar na Alemanha após os estudos. De acordo com Wissenschaft Weltoffen, é necessário analisar várias pesquisas em conjunto, que levem em consideração diferentes fatos. Quantidade de estudantes europeus é incerta Uma das sugestões para obter resultados mais reais é a diferenciação da contabilização dos estudantes de dentro e fora da União Europeia. Uma vez que os alunos de países membros da UE não necessitam de permissão de visto para estudar na Alemanha, em decorrência das relações entre os países membros da união, é difícil de calcular números exatos. Estima-se que cerca de 20% dos estudantes internacionais com a intenção de se formar na Alemanha não são contabilizados nas estatísticas. Na pesquisa BintHo do DAAD no semestre de inverno de 2020/21, cerca de 14.000 estudantes internacionais participaram da pesquisa sobre as intenções de permanência após a conclusão dos estudos. Os resultados mostram que 61% deles afirmaram querer ficar na Alemanha "com certeza" ou "provavelmente". Apenas cerca de 11% não planejavam ficar de forma alguma. Cerca de 28% dos entrevistados, estavam indecisos sobre sua permanência após a formação.

Irlanda bate recorde de imigração entre 2022 e 2023
Irlanda Notícias

Número de imigrantes na Irlanda é o maior dos últimos 16 anos: veja os dados oficiais

Entre 2022 e 2023 o país registrou a chegada de mais de 140 mil novos imigrantes. Dublin é a região com crescimento mais acelerado. Imigração no país tem maior aumento desde 2007 Irlanda teve uma alta no número de novos imigrantes no último período apurado, registrando cerca de 141,6 mil imigrantes (entre abril de 2022 e abril de 2023), de acordo com os dados do Escritório Central de Estatísticas (CSO). É o maior número de novos imigrantes registrado desde 2007, quando cerca de 151 mil pessoas migraram para a Irlanda. No entanto, nos números atuais, a porcentagem de pessoas vindas de fora da União Europeia é maior, como cidadãos refugiados da Ucrânia, totalizando 81 mil imigrantes não pertencentes ao bloco europeu. População cresceu 2% em apenas um ano De acordo com os dados oficiais, a população atual do país chega a 5.281.600, equivalente a um aumento de crescimento de 2% em apenas um ano, totalizando 97.600 pessoas migrando para o país no período de um ano. Os dados mostram que o crescimento populacional na Irlanda tem sido impulsionado pela imigração. O brasileiro Andrei Lourenço (32), vive em Dublin há oito anos e conta que percebe o aumento populacional cada vez mais, seja entre a comunidade brasileira ou de outras nacionalidades: “Também tenho visto [um aumento da] população de ucranianos, vemos também algumas outras nacionalidades do leste europeu, como croatas e poloneses, inclusive, a maior população de poloneses fora da Polônia é aqui em Dublin, na Irlanda”, comenta. Previsões indicam crescimento acelerado na próxima década Os números atuais mostram que, caso o crescimento da população continue no mesmo ritmo, a Irlanda poderá ultrapassar 6 milhões de pessoas até o final dessa década. De acordo com matéria publicada pelo The Irish Times, o país levou 17 anos (entre 2003 e 2020) para aumentar sua população de quatro para cinco milhões. Atualmente, levou apenas 10 anos para crescer mais um milhão. [caption id="attachment_155764" align="alignnone" width="750"] Nas últimas décadas, a população da Irlanda quase duplicou. Fonte: irishtimes.com/[/caption] Segundo especialista em estatística da Escritório Central de Estatísticas (CSO), Cathal Doherty, o forte aumento da população havia caído em 2009 com a crise bancária, o que resultou em um grande número de pessoas deixando o país. O especialista acredita que a imigração é “volátil”, e que o aumento do número de pessoas que entraram na Irlanda se deve à chegada de muitos refugiados ucranianos. Em abril de 2022, a população era de 5.184.000 pessoas, o que equivale a 35 mil a mais do que o registrado pelo censo. A explicação para isso, seria o número de residentes registrados no país somado àqueles que estavam presentes durante o censo e supostamente não estão oficialmente registrados. Impactos: habitação e sistema de saúde sobrecarregado De acordo com o professor Alan Barrett, diretor do ERSI, o grande aumento da população seria uma possível explicação para as dificuldades que o país tem enfrentado com relação à moradia e ao sistema de saúde sobrecarregado. "É muito difícil para uma economia construir e absorver esse número de pessoas em termos de habitação, partes da economia que são difíceis de se erguer da noite para o dia." Na matéria publicada pelo The Irish Times, Alan Barrett comenta: "É um pouco como a criança crescendo fora de suas roupas - basicamente você precisa expandir os serviços e a infraestrutura para lidar com o aumento de números." Aluguéis altos e choque cultural Para o brasileiro Andrei Lourenço, essa realidade tem impactado o país em alguns setores: “Acho sim que isso vem causando um impacto grande na moradia. O aluguel, aqui, está muito alto, é difícil você achar um local barato hoje em dia em Dublin”. [caption id="attachment_155767" align="alignnone" width="750"] O brasileiro Andrei Lourenço vive há oito anos em Dublin. Imagem: Arquivo pessoal[/caption] Sobre os valores de aluguéis na Irlanda, ele cita que uma casa de dois quartos pode chegar até 2.200€ por mês: “A casa onde eu moro tem dois quartos, e eu estou pagando atualmente 1.600€ mas porque conheço o land lord (proprietário) e temos contrato antigo. No entanto, hoje em dia, encontrar uma casa por esse valor é quase impossível”. Entre as regiões onde a população mais cresce, Dublin se destaca, superando 1,5 milhões de pessoas, número nunca antes registrado. Sozinha, a cidade já representa 28,4% da população total do país. Os impactos com o crescimento acelerado da população têm ido além das questões com a moradia e sistema de saúde. Para Andrei, essa realidade também tem gerado ondas de preconceito, tornando a xenofobia comum nas ruas do país: “A gente tem escutado, visto nos jornais alguns ataques, gangues se formando para causar medo, para fazer com que você, que é estrangeiro, se sinta desconfortável, se sinta com receio. Eu que sou um homem LGBT, que sou um homem gay, hoje em dia eu tenho um certo receio de andar à noite". Andrei explica que passou a ter receio de circular em determinados locais ou usar certos tipos de roupa, pois estas gangues "estão tendo um certo empoderamento” informou em entrevista ao Euro Dicas. Emigrantes, natalidade e população mais velhas Outros dados do relatório do Escritório Central de Estatísticas destacam que, entre abril de 2022 e abril de 2023, 64 mil emigrantes deixaram a Irlanda. A estatística divulgada também mostra que a diferença na taxa de nascimento e morte no país fica cada vez menor. No crescimento populacional natural do período houve um aumento de 20.000 pessoas no país: foram 55.500 nascimentos e 35.500 mortes.

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