As passagens aéreas ocupam uma boa parte do orçamento de uma viagem e dependendo da época e do destino, acabam saindo bem caras. Como alternativa para economia, as passagens flexíveis apareceram no mercado e rapidamente tornaram-se um sucesso entre as pessoas que desejam viajar, mas possuem um orçamento mais limitado.

Como funcionam as passagens flexíveis? Quais as vantagens e desvantagens delas? Quais os cuidados que deve ter? Quais os seus direitos em caso de cancelamento desse tipo passagem? A resposta para estas perguntas e outras perguntas você encontra neste artigo.

O que são passagens flexíveis?

As passagens flexíveis foram lançadas pelas próprias companhias aéreas e o seu conceito original consiste em comprar uma passagem aérea que proporcione maior flexibilidade ao passageiro. Isso significa que, em caso de mudanças de planos em que é preciso cancelar ou alterar as datas da viagem, o passageiro não precisaria pagar por taxas de penalidade, que são usualmente cobradas pelas passagens convencionais.

Com a pandemia, que trouxe uma instabilidade no setor turístico e com fronteiras abrindo e fechando a todo momento, esse conceito de passagens flexíveis ganhou ainda mais notoriedade nas companhias aéreas, que passaram a adaptar os seus “Termos de reserva”, deixando de cobrar determinadas taxas até um limite, por exemplo, de 2 alterações.

Contudo, as agências de viagens online acabaram distorcendo o conceito original, pegando o conceito de “datas flexíveis” e transformando-o no conceito de “passagens flexíveis”. Portanto, o que hoje é conhecido como passagens flexíveis é, na verdade, o “direito de embarque” e não as passagens aéreas em si.

É uma compra no escuro, ou seja, você paga por uma passagem sem que ela seja emitida no momento da compra e sem saber as informações básicas, como:

  • Data exata de embarque;
  • Se voo tem conexão ou escala;
  • Duração do voo, entre outros.

Essa falta de informação concreta se dá, pois você faz o pagamento, mas a agência por onde “comprou a sua passagem”, pode fazer a emissão da mesma, dias antes do embarque. E em caso de mudanças de planos, as taxas de cancelamento ou alteração de datas, serão cobradas em 100%.

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Como funcionam voos flexíveis?

Agora que ficou claro esse novo conceito de passagens flexíveis aplicado pelas agências de viagens online, vamos para um exemplo mais prático de como elas funcionam.

Suponhamos que quer comprar passagem para Portugal para curtir as suas férias. Ao optar por passagens flexíveis, você faz a compra saindo de São Paulo e preferencialmente no dia 10 de maio e com retorno no dia 20 de maio.

A agência responsável não emite a passagem no momento do pagamento. Pois, conforme as condições de compra (aqueles “Termos e Condições” que todo mundo aceita sem ler), ela pode emitir as suas passagens flexíveis até dias antes do embarque. Além disso, a compra também abre flexibilidade para a agência emitir com uma variação de datas, que pode chegar de até 3 dias antes ou depois da data inicialmente escolhida.

Sendo assim, se comprou as passagens preferencialmente para 10 a 20 de maio, isso significa que ela poderá ser emitida:

  • Ida no dia 10 e retorno no dia 20 (como pretendido);

Ou entre as datas flexíveis:

  • Ida no dia 9 e retorno no dia 19;
  • Ida no dia 8 e retorno no dia 18;
  • Ida no dia 7 e retorno no dia 17;
  • Ida no dia 11 e retorno no dia 21
  • Ida no dia 12 e retorno no dia 22;
  • Ida no dia 13 e retorno no dia 23.

Além disso, como você faz a compra de passagens flexíveis sem saber as datas exatas dos voos, também não saberá ao certo, se os seus voos vão ter conexão ou escala, dentro ou fora do Brasil.

Continuando o exemplo acima, se tratando de uma passagem para Portugal, você pode ter a sorte de ter a passagem emitida na companhia aérea TAP, que opera voos diretos; como também pode ter a passagem emitida pela TAAG e fazer escala na Angola, pela Air France e fazer escala na França, entre outras.

Ao comprar as passagens flexíveis você pode arrumar a mala à toa.
As passagens flexíveis são enviadas dias antes do embarque e corre risco de nem sequer ser emitida.

Em resumo, as passagens flexíveis funcionam de forma que você faz uma “compra no escuro”, ou seja, sem saber ao certo a data que vai embarcar, a companhia aérea que vai voar, quantas horas de voo serão e se o seu voo tem conexões ou escalas. Sempre fica com aquela sensação de incerteza sobre como será a sua viagem e se ela vai mesmo se concretizar.

Vantagens e desvantagens de comprar voos flexíveis

A única vantagem de comprar passagens flexíveis é o preço. As agências comercializam esse tipo de passagem aérea com até 50% de desconto. Se hoje as passagens convencionais do Brasil para Portugal custam em média de R$ 3.500, optando pelas flexíveis, você pode comprá-las por cerca de R$ 1.800.

Essa vantagem se dá justamente porque você aceita os “Termos e Condições” dando uma flexibilidade enorme para a agência. Assim, ela utiliza de tecnologias para monitorar os preços e — em teoria — emitir as passagens pelo valor mais baixo que você pagou. Contudo, isso é perigoso, e falo com mais detalhes abaixo ao citar os casos da Hurb e da 123Milhas.

Desvantagens das passagens flexíveis

Já as desvantagens de comprar voos flexíveis são muitas:

  • Pagar por uma passagem que nem sequer foi emitida;
  • Não saber a data exata de ida e volta da viagem;
  • Não ter a certeza da companhia aérea que irá embarcar;
  • Não saber se os voos vão ter escalas ou conexões e qual a duração das mesmas;
  • Não saber a duração exata do voo;
  • Em alguns casos, não saber nem o aeroporto de embarque;
  • Multas altas em caso de cancelamento passagem aérea ou remarcação de datas, caso haja algum contratempo com a viagem.

Cuidados ao comprar passagens flexíveis

É preciso ter muito cuidado ao comprar passagens flexíveis. Como já explicado, o que você compra é o direito de embarque e não a passagem aérea em si. E por mais que as agências de viagens utilizem de tecnologia para monitorar os preços e emitir a sua passagem por um valor mais baixo do que você realmente pagou e obtendo um lucro, quem é que garante que ela vai conseguir fazer isso?

Afinal, os preços das passagens aéreas são muito voláteis e dependente de muitos fatores, tais como:

  • Combustível: os preços do combustível desempenham um papel crucial nos custos operacionais das companhias aéreas. Quando o valor do petróleo sobe, as companhias aéreas repassam parte desses custos aos passageiros por meio de tarifas mais altas;
  • Manutenção e operação: as companhias aéreas têm custos operacionais significativos, como manutenção de aeronaves, salários dos funcionários, seguros, taxas de aeroportos, etc. Esses custos influenciam diretamente o preço das passagens;
  • Concorrência: a concorrência entre companhias aéreas em uma rota específica desempenha um papel importante na determinação dos preços. Aquelas que possuem maiores opções de companhias aéreas, costumam ter preços mais competitivos;
  • Crises econômicas: uma crise no setor econômico no país de origem da companhia aérea, e até mesmo no destino do voo, também pode influenciar nos preços das passagens aéreas.

Diante desses fatores que “fogem das mãos” de qualquer pessoa, é impossível que as agências de viagens tenham a garantia de que vão conseguir adquirir as passagens pelo valor mais baixo pago pelo cliente e obter um lucro. É um mercado de risco!

O assessor jurídico da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), Marcelo Oliveira, comentou em entrevista para o portal IG que:

“O modelo apresenta fragilidade por conta da movimentação do mercado. Os preços das passagens são vulneráveis a influências, como câmbio e combustível, por exemplo. Para comercializar antecipadamente esses direitos de viagens, é preciso estar muito lastreado para conseguir garantir tudo isso”.

Em resumo, é um mercado de risco e, por isso, é preciso ter muito cuidado ao comprar passagens flexíveis.

Casos Hurb e 123Milhas

A fragilidade desse mercado veio à tona em 2023 com os casos da Hurb e da 123Milhas, duas agências de viagens online, que ganharam notoriedade no Brasil justamente pelo fato de venderem passagens aéreas flexíveis. Ambas as empresas tiveram os seus pacotes promocionais suspensos, deixando milhares de clientes frustrados e furiosos.

A diferença entre os casos é que na Hurb, as queixas dos clientes aumentaram significativamente e o governo acabou por intervir com a suspensão das atividades da empresa. Já o caso da 123Milhas, a suspensão aconteceu por conta própria, ou seja, a empresa simplesmente cancelou todas as “passagens promocionais” (que nem sequer haviam sido emitidas) e ofereceu um voucher para futuras compras.

Ao comprar passagens flexíveis você corre o risco de não viajar.
Os casos da Hurb e 123Milhas mostraram a fragilidade do mercado de passagens flexíveis.

Ambas as empresas, alegaram que os fatores do mercado impossibilitaram a emissão de passagens flexíveis, ressaltando que a alta demanda por passagens aéreas mantém as tarifas elevadas, mesmo que na baixa temporada. E também culpa o mercado econômico pelas altas taxas de juros.

Como falamos acima, o mercado de passagens aéreas tem muitos fatores de volatilidade. E pelo visto, ambas as empresas mostraram-se despreparadas para lidar com um mercado de risco. Marcelo Oliveira, o assessor jurídico da ABAV, deu um exemplo bem claro durante uma entrevista para o Portal Terra.

“Tem a questão cambial, o combustível, a tributação, a própria oferta e procura do momento. Por exemplo, se há dois anos a companhia ofertou uma passagem a R$ 500 e hoje está valendo R$ 2 mil, isso causa uma instabilidade e uma insustentabilidade para o negócio, obviamente”, comenta.

O grande número de reclamações contra as empresas Hurb e 123Milhas, e os cancelamentos dos pacotes flexíveis, abriram precedentes para a investigação de esquema de pirâmides financeiras com criptoativos. A 123Milhas já está sendo investigada por trabalhar com ativos de milhagens e, segundo o deputado relator da CPI, Ricardo Silva (PSD-SP), a empresa fazia “operações que se pagava com o dinheiro de novos entrantes”. Já a Hurb ainda aguarda um parecer técnico que comprove um esquema de pirâmide.

Quais são os direitos do consumidor em caso de quebra de contrato?

Se você comprar passagens flexíveis e por um acaso tiver uma quebra de contrato, ou seja, ter um cancelamento inesperado pela agência de viagens, saiba que você tem direitos enquanto consumidor.

Diante do caso da 123Milhas e da Hurb, advogados especialistas na área, deram muitas entrevistas para os veículos de comunicação destacando os seguintes direitos:

  • Aceitar um voucher para emissão de uma nova passagem. Contudo, você não é obrigado a aceitá-lo. Caso não aceite o voucher de passagem aérea, você pode solicitar a restituição integral do dinheiro pago e ainda pode exigir a correção monetária e juros;
  • Indenização por todos os gastos que teve por não conseguir viajar, tais como pagamento de reservas de hotéis, compra antecipada de passeios turísticos e bilhetes de atrações turísticas;
  • Indenização por danos morais.

Alternativas às passagens flexíveis confiáveis

Você pode buscar alternativas de empresas mais confiáveis para pesquisar e adquirir as suas passagens aéreas, tais como a Vai de Promo e o Skyscanner.

O Vai de Promo é um comparador brasileiro, que reúne em um só lugar, as melhores companhias aéreas. Ao realizar a sua pesquisa, você vai se deparar com várias opções de passagens e pode utilizar os filtros para facilitar a sua busca. Assim que você realiza a compra, a sua passagem aérea é emitida e enviada para o email informado. Com toda a segurança e sem surpresas como acontece com as passagens flexíveis. É a indicação do Euro Dicas.

O Skyscanner também é um comparador que apresenta várias opções de passagens. Contudo, o seu diferencial o torna uma ótima alternativa para quem tem disponibilidade para viajar em datas flexíveis, pois permite que faça a sua pesquisa por mês. Com isso, você consegue visualizar os dias em que as passagens estão mais baratas e consiga jogar com a sua própria flexibilidade de datas.

E ele difere do Vai de Promo, pois a compra não é realizada na plataforma, ou seja, ao selecionar a passagem desejada, ele faz um redirecionamento para os sites parceiros — seja de agências de viagem ou da própria companhia aérea.

Passagens aéreas flexíveis vale a pena?

Na minha opinião, não vale a pena comprar passagens flexíveis. Afinal, como já dizia o ditado: tem barato que sai caro!

De que adianta pagar por uma passagem aérea barata que nem sequer será emitida no momento da compra e correr o risco de não viajar? Ou de comprar uma passagem sem a certeza de informações concretas quanto ao voo como escalas, data de embarque, companhia aérea, etc.

Como vimos diante dos escândalos recentes da Hurb e 123Milhas, esse é um modelo de negócio arriscado devido à volatilidade do mercado e já se mostrou insustentável. E ainda com o agravante do despreparo das agências em lidar com situações de risco e lidar com os próprios clientes.

Por isso, ao fazer o seu planejamento de viagem, considere comprar passagens convencionais, mesmo que pagando mais caro. Ao menos assim, você terá a sua passagem emitida no momento exato da compra, sem surpresas com relação ao voo e terá a garantia de que a sua viagem vai acontecer conforme prevista. Pois mesmo que o seu voo em questão seja cancelado no dia da viagem pela companhia aérea ou tenha overbooking, ela é responsável por te relocar em outro voo.

Por isso, o melhor é voar com segurança, garanta sua passagem no Vai de Promo, Skyscanner ou diretamente no site da companhia aérea e viaje tranquilo!