Mesmo que a história de muitos brasileiros seja bem próxima de Portugal, acredite, ainda há muitos aspectos da cultura portuguesa que podem nos parecer estranhos. Um grande exemplo é a praxe. Com certeza você já utilizou a expressão “é de praxe que…” mas nunca se perguntou o que significava ou de onde ela veio. A praxe em Portugal, nada mais nada menos, do que uma espécie de trote universitário português.
A praxe possui algumas peculiaridades que a diferenciam do trote como conhecemos no Brasil, por isso tem outro nome e nos parece tão peculiar. Vamos conhecer um pouco mais sobre ela? Confira esse artigo que preparamos para você.

Praxe em Portugal: o que é exatamente?

A Praxe em Portugal surgiu há muitos anos, diz-se que nasceu quase junto com as universidades portuguesas. Para nós brasileiros, a praxe seria como um trote universitário que tem a duração de um ano acadêmico ao invés de uma semana apenas. Nas universidades portuguesas ela tem início junto ao ano letivo, em setembro, e dura até maio do ano seguinte.
A participação da praxe não é obrigatória a nenhum estudante e funciona como um ritual de iniciação do aluno na faculdade e na vida social acadêmica. Ao longo desse período são realizadas pelos calouros inúmeras tarefas, passeatas e brincadeiras – tudo sob olhar atento dos veteranos.
Após um ano das mais diversificadas atividades, a praxe termina com a famosa festa da Queima das Fitas – uma espécie de cerimônia para os alunos que concluíram esse período da faculdade e passaram de calouros a veteranos.

Os veteranos organizam a Praxe

Da mesma forma como no Brasil, a praxe é organizada e aplicada pelos alunos mais velhos do curso, os veteranos, tendo como alvo principal os calouros (novos estudantes).
Em cidades universitárias, como Coimbra, Porto, Lisboa, por exemplo, é muito comum encontrar grupos de alunos performando atividades no meio da rua.
Pode ter certeza, se der de cara com um grupo de jovens, vestidos de capa preta cantando, deitados no chão ou obedecendo a qualquer tipo de ordem, são calouros de uma universidade – você está diante de uma praxe!

História e tradição da praxe

A praxe em Portugal surgiu logo após a instalação da primeira universidade portuguesa, a atual Universidade de Coimbra, ainda no século XIII.
A origem da praxe é diferente do que vemos atualmente nas ruas de Portugal: antigamente a tradição estudantil se pautava em humilhações que os veteranos impunham aos calouros. As “brincadeiras”, por vezes violentas, incluíam agressões físicas e verbais.
Com o passar dos anos, essa prática estudantil foi se modificando e se incorporando cada vez mais à sociedade como um todo.
A praxe deixou de ser um evento somente acadêmico e, em lugares como a tradicional Coimbra, passou a moldar o calendário social da cidade inteira. As festas da Latada e da Queima das Fitas – tradicionalmente realizadas ao final da praxe – são eventos sazonais que regulam o calendário de cidades universitárias.
Tradição de praxe em Portugal
Apesar de fazer parte da sociedade acadêmica portuguesa por tanto tempo, a praxe sofreu – e sofre – até hoje questionamentos em relação a muitos aspectos. Pelo menos desde 1727 a praxe vem sendo contestada por reis e autoridades portuguesas.
A praxe, inclusive, passou por um período quando foi proibida em Portugal. Logo após a instauração da República no país, em 1910, os novos governantes aboliram a prática que só retornou ao ambiente universitário nove anos depois, em 1919.
Alguns anos mais tarde, na década de 60, em meio a agitação política de Portugal, as universidades se tornaram centros políticos movidos a ocupações e transformações culturais e sociais, e a praxe foi deixada de lado no final da década e durante a década seguinte inteira.
Foi apenas nos anos 80, com o fim da agitação política estudantil, que a praxe retornou junto com um projeto de reorganização da universidade portuguesa e sobrevive até hoje.

Praxe em Portugal: traje acadêmico serviu de inspiração para Harry Potter

O traje pode parecer bastante estranho aos olhos dos brasileiros, mas percorrer as ruas das cidades universitárias portuguesas e se deparar com estudantes vestidos todos de preto, com longas capas, meia calça, saias, gravatas é perfeitamente normal. Esse é o famoso Traje Acadêmico dos universitários portugueses.
Essa tradição, que surgiu na Universidade do Porto e hoje se espalha pelas faculdades do país inteiro, tinha como principal objetivo diferenciar os universitários e professores do resto da sociedade, evitando qualquer tipo de discriminação. Atualmente, somente alunos do segundo ano, que completaram a praxe, são autorizados a usar o traje.
Para muita gente o traje acadêmico lembra as roupas típicas dos estudantes de Hogwarts, do universo Harry Potter. Pessoas que fazem essa associação não estão totalmente loucas: a escritora e criadora do mundo bruxo J. K. Rowling começou a escrever os livros quando estava na cidade de Porto!
Atualmente, o traje acadêmico para homens inclui:

  • Calças pretas;
  • Colete preto;
  • Capa e batina;
  • Gravata preta;
  • Camisa branca,
  • Sapatos pretos.

Já para as mulheres, a roupas tradicional completa é constituída por:

  • Camisa branca;
  • Casaco peto;
  • Gravata preta;
  • Saia preta;
  • Capa e batina;
  • Meia calça escura,
  • Sapatos altos pretos.

Preciso participar na praxe para me integrar? É obrigatório?

A praxe em Portugal, assim como o trote universitário no Brasil, não é obrigatória a nenhum estudante. Entretanto, participar da praxe pode fazer toda a diferença na vida social ligada à universidade.
Esse evento foi criado com o objetivo de integrar os novos alunos e fazer com que eles se sentissem parte da faculdade, logo, é de se esperar que se integrar sem fazer parte da praxe é um pouco difícil.
É durante o ano de brincadeiras que os primeiros laços de amizade começam a surgir – tanto com os colegas de turma quanto com os veteranos. A praxe é uma boa oportunidade para conhecer pessoas que estão no mesmo curso, conversar com quem já está lá há muito tempo ou com quem acabou de começar. Digamos que está bem enraizada na cultura portuguesa, mas ninguém participa nela forçado.

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Vantagens e desvantagens de participar da Praxe em Portugal

Assim como qualquer tradição acadêmica, a praxe em Portugal possui vantagens e desvantagens. A principal vantagem dessa tradição, com certeza, é a promoção da integração entre os alunos – veteranos e calouros – de um mesmo curso. Passar um ano ao lado dos novos colegas de turma e dos veteranos aproxima vivências e cria experiências que serão levadas para o resto da vida.
Entretanto, nem tudo são flores. Há muitos anos, a praxe vem sendo criticada por conta do caráter violento que alguns veteranos impõem à mesma. Não ocorre em todas as universidades, muito menos em todos os cursos, mas um aspecto sombrio que faz com que uma parcela da sociedade portuguesa seja contra essa prática.
Dessa forma, cabe ao calouro decidir se gostaria ou não participar dessa tradição. Como é realmente uma escolha, vale a pena observar o histórico da praxe no curso onde irá ingressar. Certamente, é uma tradição que ainda irá durar por muitos anos, visto que constitui uma tradição tão importante das universidades portuguesas.
Se você vai estudar em Portugal, não estranhe então esta tradição. Participe também, será uma boa forma de se integrar e fazer novos amigos. Para ajudar você a organizar a sua mudança para o país luso, recomendamos a leitura do nosso Ebook Como Morar em Portugal, é um guia completo com tudo o que você precisa saber para morar no país, sem imprevistos! Vale a pena!