Entenda se existe uma hora para sair do Brasil, como avaliar a situação, vantagens e desvantagens de sair do Brasil e a importância de ter um propósito.
Quem nunca se perguntou: “sair do Brasil, existe uma hora certa?”. Essa é a questão comum e eu já te adianto que não, não existe um momento ideal que se encaixe num quadro geral, mas sim, tem como saber quando é a hora certa para você.
Ao mesmo tempo que é frustrante viver a vida sem um manual de instruções personalizado, tampouco um mapa indicando o melhor caminho para alcançar as nossas expectativas, tem uma certa “interessância” em aprender a viver intuitivamente, aliando planejamento com coragem.
Existe mesmo uma hora certa para deixar o Brasil?
Não e sim.
Muito se fala sobre o “momento ideal” e esse momento normalmente é na juventude, que é quando temos mais disposição, energia, quando estamos estudando ou iniciando uma carreira. Mas não necessariamente é esse o momento ideal para todo mundo. A verdade é que não é para grande maioria. Não foi para mim e talvez não seja para você também.
Poucas pessoas têm condições financeiras para bancar uma mudança dessa dimensão. E convenhamos que não é qualquer um que tem o privilégio de contar com o suporte financeiro da família.
Eu sempre sonhei em fazer intercâmbio na Europa (ou em qualquer outro continente), mas até os vinte e poucos, eu sequer havia entrado num avião para fazer uma ponte aérea. Durante muito tempo achei que o meu momento tinha passado.
Hoje, entendo que ter saído do Brasil para morar no exterior com quase 40 anos foi incrível na minha trajetória. Além de estar mais madura, eu estou menos afobada, me conheço melhor, portanto, sei o que quero e o que eu não quero para mim.
Por isso, eu reitero: não e sim, ou seja, depende. Esse papo de que existe um momento ideal é muito limitante e não funciona para todo mundo porque cada um tem um background, uma trajetória diferente, mas sim… existe o seu momento ideal. Tem aquele momento que você sente que está preparado para dar esse passo tão sonhado e planejado.
A hora certa existe, mas ela é sua e é como uma senha: pessoal e intransferível.
Não basta ter coragem
Quando conto os perrengues que já passei morando na Itália, as situações conflitantes com o idioma, as burocracias, as adaptações culturais, climáticas e tudo mais, não raro me dizem como sou corajosa.
De fato é preciso ter uma parcela de coragem para sair da nossa zona de conforto que, por mais desconfortável que estivesse vivendo no Brasil, ainda assim, era uma zona familiar, na qual somos adaptados a viver.
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Cotar Agora →Mas só coragem não basta. Tem que ter estrutura também, sobretudo financeira e psicológica. E para se estruturar é preciso se organizar e planejar tudo com cautela.
Tentar a sorte e pular uma dessas etapas pode dar certo? Pode, claro! Mas as chances de sucesso diminuem consideravelmente.
Contar com a sorte não é uma estratégia
Acho fascinante histórias de pessoas que largaram tudo e vieram para cá “tentar a sorte” e conseguiram bons empregos na Europa, ganharam bastante dinheiro ou encontraram um grande amor. Acredito que histórias assim acontecem na vida real, mas elas não podem ser parâmetro, justamente porque existe um fator determinante em todas essas histórias que é a sorte.
E se tem uma coisa que não se deve contar é com a sorte. Nem com ajuda, dependendo de onde e de quem vem, dá para contar. Por isso é essencial se estruturar, para o caso de não ter como contar com uma ajuda do universo ou de alguém, ter como se manter através dos próprios meios.
É preciso ter claro o que você quer no exterior
Ter um objetivo bem definido é o primeiro passo para começar a traçar uma direção. Ter um propósito, aliás, é essencial na vida, porque é isso que nos move. O ser humano precisa de motivação para se mover.
“Se você não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”, disse o Gato para Alice, em “O País das Maravilhas”. Lewis Carroll escreveu isso no século passado e até hoje me impacta.
Sair do Brasil simplesmente por sair também não é motivação suficiente porque, no fim das contas, você pode acabar trocando seis por meia dúzia.
Qual é o seu objetivo? E o seu desejo? Você quer estudar? Se especializar? Quer fazer uma graduação, um mestrado ou um doutorado no exterior?
Ou você está em busca de maior qualidade de vida? Quer viver num lugar sossegado ou numa grande metrópole? Você está disposto(a) a trabalhar fora da sua área de atuação? Seria justamente esse o seu objetivo? Recomeçar?
Mas até se estabelecer, você tem um lastro financeiro para não passar perrengue? Ou você já tem algum trabalho em vista no destino onde você almeja começar uma nova vida?
Todas essas perguntas são indispensáveis para começar a se planejar.
Planejamento é a chave
Uma vez que o seu objetivo está definido, é hora de começar a se planejar. E o planejamento inclui:
- Muita pesquisa prévia sobre o país e a cidade que se adequam ao seu perfil e que esteja dentro daquilo que você está buscando;
- Se você tiver direito à cidadania europeia, comece desde já a agilizar o seu processo, pois costuma demandar tempo, dinheiro e paciência;
- Organização financeira. Parece óbvio, mas muita gente comete esse erro: não basta juntar dinheiro para viajar e passar um curto período, é preciso estar preparado para os imprevistos, sobretudo quando a mudança acontece sem uma perspectiva de emprego no novo país;
- Estudar o idioma local: muita coisa você aprende no dia a dia, mas quanto menos “cru” você chegar no país onde você vai morar, mais fácil sua vida fica;
- Preparo psicológico: essa daqui deixei por último, mas nem de longe é a menos importante, pois se o emocional não estiver bom, todo o resto desanda. Na verdade, estar equilibrado psicologicamente é a base para todos os itens acima funcionarem.
Quais são as principais vantagens e desvantagens de imigrar?
Como tudo que fazemos na vida, ganhamos por um lado, mas perdemos por outro. E se toda escolha implica numa perda, um grande passo como esse não seria diferente.
Vantagens
Dentre as principais vantagens de sair do Brasil, destaco:
- Crescimento pessoal e profissional;
- Viver momentos e experiências únicas, inclusive com pessoas que você nunca teria a chance de conhecer na sua cidade;
- Aprender um novo idioma;
- Explorar e vivenciar novas culturas;
- Conhecer e se encantar com novos lugares;
- Conhecer e aprender mais sobre si;
- Aprender a gostar da sua própria companhia;
- Ter oportunidade de enxergar o mundo sob novas perspectivas;
- Viver com mais segurança;
- Poder de compra.
Desvantagens
Já no lado ruim da moeda de sair do Brasil, destaco:
- Ter que lidar com a constante ausência e saudade das pessoas que amamos;
- Estar longe da família e dos amigos, tanto nos bons quanto nos maus momentos;
- Lidar com as burocracias em um país onde mal sabemos como o básico funciona;
- Dificuldade de encontrar atendimento médico humanizado;
- Se adaptar a um clima muito diferente do nosso, sobretudo em casos de países com temperaturas muito baixas;
- A língua pode ser uma barreira, dependendo do idioma e do nível de dificuldade de aprendizagem de cada um;
- O mesmo vale para a dificuldade de adaptação a uma nova cultura: é preciso estar aberto e não ficar fazendo comparações excessivas.
Dificuldades são inevitáveis, mas há muitos momentos bons
É aquilo, né? Fácil não é, nunca será. A escolha de morar fora vem com renúncias como qualquer escolha. Mas, nesse combo, tem também momentos extraordinários, e conquistas proporcionalmente interessantes à escolha de imigrar.
E aqui me refiro à conquista no aspecto mais interessante da sua natureza porque não se trata de adquirir bens materiais, de viajar para vários lugares… tudo isso é ótimo e tem seu valor também, mas falo daquelas pequenas e íntimas conquistas cotidianas.
Tipo quando você consegue se comunicar com o idioma local pelo telefone com um atendente pela primeira vez. Ou quando você descobre como resolver uma burocracia — e quando você resolve! Quando você percebe que a solidão não dói mais porque você aprendeu a apreciar sua própria companhia.
São inúmeras “micro” conquistas que a gente nem tem como almejar até começar a viver a nova realidade de ser um imigrante. E todas elas são de-li-ci-o-sas!
Quando chegou a minha hora?
Primeiro foram anos sonhando, mais outros planejando, depois desistindo, mas ainda sonhando, depois planejando de novo e, por fim, decidindo vir. Daí veio a pandemia e mais um ano desistindo. Depois veio a vacina e veio eu planejando de novo, e aí, eu finalmente vim.
No meio disso tudo, teve eu com medo de viver longe da minha família, de começar tudo do zero, com receio do rumo que minha carreira ia tomar, teve eu insegura com o futuro, mas também teve eu muito curiosa e animada com ele.
E, bom, pelo visto temos uma vencedora: parece que a versão curiosa venceu a medrosa.
Mas ela só saiu ganhando e foi tão “corajosa” porque sabia que estava resguardada e minimamente protegida pelo planejamento que antecedeu essa mudança.
Fique ligado(a): a hora certa de sair do Brasil
A hora certa de sair do Brasil provavelmente estará atrelada com a chegada do momento de fazer a escolha mais importante da sua vida.
E eu não estou falando sobre a escolha do país onde você vai morar pra trabalhar ou estudar. Eu estou falando sobre se escolher. Quando você estiver pronto(a) pra fazer essa escolha, significa que chegou a sua hora certa.
Quer se inspirar com pessoas que tomaram a decisão de sair do Brasil quando chegou a hora certa? Recomendo a leitura do ebook “O sonho de viver na Europa”, que reúne as histórias de brasileiros que já fizeram a travessia do Atlântico para construir uma nova vida no Velho Continente.
