Muitas vezes, quando tomamos a decisão de emigrar, o preparo psicológico é colocado em segundo plano. Às vezes, sequer é considerado. Normalmente, no topo da nossa lista de prioridades está o planejamento financeiro, além de questões burocráticas que a mudança exige.

No entanto, a atenção à saúde mental é importante até mesmo para que essas etapas do planejamento sejam concluídas de forma equilibrada.

Priorize seu bem-estar emocional

A decisão de emigrar tem um grande impacto na vida emocional. Essa mudança pode trazer desafios diferentes dos que você imaginou inicialmente. É comum haver situações de estresse, sentimentos de solidão e inadequação. Por isso, um preparo psicológico adequado é essencial.

Se você está pensando em emigrar ou já está em outro país, saiba que priorizar o seu bem-estar emocional é essencial para enfrentar as adversidades que podem surgir nessa nova vida.

Questione-se

Antes de começar o processo de imigração, é importante pensar nos seus objetivos de vida e nos seus valores pessoais.

Por que você quer viver no exterior?
O que é importante para você?

Analisar suas motivações pode ajudá-lo(a) a ter uma visão clara do que deseja alcançar indo morar no exterior.

Muitas vezes, a decisão de emigrar é motivada por frustrações e adversidades que vivemos em nosso país de origem. Embora a distância possa ajudar em alguns aspectos, dificilmente será uma solução. A mudança geográfica não irá blindar você de seus problemas, principalmente aqueles que você carrega há muito tempo.

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O que já vivemos nos acompanha como uma bagagem para qualquer lugar. Por isso, é fundamental saber o que você carrega nessa mala: lembranças, valores, desejos, frustrações.

Isso para que você não acrescente a dor de experiências passadas aos momentos difíceis que possivelmente terá em outro país. Sim, um processo de imigração pode fazer eco de sofrimentos anteriores.

Quando nos conhecemos melhor, estamos mais preparados para enfrentar certos desafios. Tudo é a nossa história de vida e aquilo que fazemos com ela.

É possível conciliar saúde mental com uma mudança para o exterior? Entenda.

Não existe lugar perfeito

O exercício de autoquestionamento pode fazer com que você chegue a questões simples, mas nem sempre consideradas.

Você pode questionar se o país ou cidade onde foi morar permite a manutenção de hábitos diários fundamentais para o seu bem-estar. Pode ser uma atividade física específica, um tipo de alimentação, a conveniência de morar perto do trabalho, a atuação em sua área profissional etc.

É importante lembrar que não existe um lugar perfeito. É possível que o novo país tenha desvantagens, mesmo que também proporcione diversos benefícios para você. É normal ver problemas em um lugar a partir de seus próprios valores e necessidades — ou simplesmente não gostar do lugar que escolheu para morar!

O mais importante é a forma como você lida com essas questões e o quanto as vantagens que você observa superam as adversidades encontradas. Ter tudo às claras, sem idealizações ou autoengano, pode ajudá-lo(a) a tomar decisões equilibradas sobre os desafios e oportunidades que virão pela frente.

Como lidar com o sentimento de viver no exterior e se sentir preso emocionalmente ao Brasil? Entenda.

Como lidar com o estranho?

O acompanhamento psicológico pode ser um grande aliado nesse processo. Inicialmente, ele ajudará você a compreender os motivos da sua decisão de emigrar. Também levará você a enfrentar as expectativas e medos relacionados com essa mudança.

Além disso, o acompanhamento psicológico pode dar suporte para que você lide melhor com a saudade da família e amigos. Ao mesmo tempo, você pode amparar-se nele para encarar o processo de adaptação a uma outra cultura, novas relações de afeto e tudo aquilo que é diferente em sua nova realidade.

Para além de questões financeiras e burocráticas, o imigrante costuma passar por experiências particularmente difíceis. A discriminação, por exemplo, faz surgir um sentimento forte de inadequação. Muitas vezes, isso provoca uma perda de identidade e o anseio por nos adequarmos àquilo que achamos que o outro espera da gente.

Permita-se viver a adaptação

Nesse processo de busca por um novo lugar no mundo, dificilmente sairemos imunes às idealizações que criamos para nós mesmos com base em relações de afeto (família, amigos, companheiros, colegas de trabalho). Afinal, nos identificamos com base naquilo que pensamos ser o desejo dos outros.

Esse encaixe faz parte da vida. Afinal, quando o outro deixa de ser estranho, há um processo de identificação e reconhecimento. Sentimo-nos mais seguros ao lado dessa pessoa.

Funciona da mesma forma quando falamos sobre nós mesmos — por exemplo, em uma sessão de análise. É preciso lidar com a estranheza de ser quem somos para nos sentirmos mais confiantes.

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Durante o processo de imigração, confiar, confidenciar, contar com o outro passa a ser mais difícil. Isso gera uma angústia inquietante, pois estamos de frente ao desconhecido. Em relação ao outro e a nós mesmos, você pode passar a questionar:

Afinal, o que se espera de mim?

Reconhecer essa estranheza costuma ser uma tarefa desafiadora. Como nos situamos nesse novo lugar? Infelizmente, não existe uma receita única e aplicável a todos. Em um processo de terapia, não há solução instantânea para os nossos problemas, especialmente no caso da psicanálise.

A psicanálise não mascara o sofrimento. Em geral, é um processo demorado, com altos e baixos, semelhante a uma mudança para outro país. Com o suporte adequado, podemos encontrar satisfação no mundo, mesmo passando por dificuldades. Mas isso exige muito de nós mesmos.

Hoje ficamos por aqui, mas o assunto continua

Nos próximos textos, seguimos com algumas perguntas que podem ajudar em seu preparo emocional.

  • O que você deixa para trás?
  • Quanto tempo leva para se adaptar?
  • Investir ou desistir de um sonho?

E talvez a pergunta mais importante: como estar aberto para o novo, com tanto de velho em mim?