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Bruna Paroni

Bruna A. Paroni

Colunista

Bruna é bacharela em Letras pela USP e mestre em Comunicação política pela Università di Perugia (Itália). Está constantemente em contato com as palavras, seja escrevendo, traduzindo, lendo, revisando ou ensinando. Após dois intercâmbios e alguns anos entre Brasil e Itália, se mudou para o país da bota em 2017, onde também se sente em casa.

Localizações

Onde Nasceu?

São Paulo, Brasil

Onde mora?

Urbino, Itália

Onde já morou?

Perúgia, Itália

Parceiro Euro Dicas

Desde quando colabora com o Euro Dicas?

Formação

Universidade de São Paulo (USP)

Letras

Università degli studi di Perugia

Media Studies

Università degli studi di Urbino

Communication Science and Digital Culture

Sou pesquisadora de comunicação política. Trabalho com as palavras: escrevo, traduzo, reviso, leio.

Curiosidades

Tem filhos?

0

Tem pet?

1

Tem Cidadania Europeia?

Sim

Clima preferido

Primavera (apesar da rinite alérgica)

Mão dominante

Destro

Amo aprender novas línguas
Conteúdos recentes
Celebrar o ano-novo na Itália
Brasileiros na Europa Itália

Passar o ano-novo na Itália: as minhas impressões sobre a celebração

O ano-novo na Itália é um pouco diferente do brasileiro. Como eu digo sempre: o Natal no hemisfério norte até que faz sentido, já o ano-novo, não! Pessoalmente, desde que passei a morar na Itália, o ano-novo deixou de representar uma festa interessante. Perdi a vontade de comemorar? De jeito nenhum! É que receber o ano-novo de casaco, luva e cachecol é realmente difícil. O primeiro ano-novo na Itália é mágico Mais do que o Natal e o carnaval, o ano-novo sempre foi o meu feriado preferido. A passagem de ano traz aquela sensação de recomeço, de esperança e novidade. Além, claro, de comemorar tudo no verão, na beira da praia ou piscina, com muita, muita comida. Brincadeiras à parte, eu não via a hora de comemorar o ano-novo no hemisfério norte. Ainda mais morando na Itália! Lembro que o meu primeiro ano-novo aqui foi muito mágico, porque representava, de certa forma, uma vitória pessoal. Afinal, era o meu primeiro ano morando sozinha, além de ter conseguido enfrentar o primeiro ano do mestrado na Itália. Fizemos uma festa na casa de um amigo napolitano, o Marcello. Acho que havia umas 40 pessoas, várias nacionalidades, comida e bebida para dar e vender. A poucos minutos da meia-noite, fomos até o nosso "bar di fiducia", o Dempsey’s Perugia. O segundo também foi bom Foi muito legal porque passei com meus irmãos. Fazia dois anos que não nos víamos, os três juntos, foi emocionante. Estávamos com nossos pais na capital italiana, mais precisamente em Trastevere, uma delícia de bairro de Roma, onde comemoramos a virada juntos. Ano-novo e pandemia Foi difícil. A Itália estava com muitas restrições, não podíamos sair da prefeitura ("comune") de residência, nem nos reunir com mais de 5 pessoas. O medo era constante, já que você poderia tomar multa somente pelo fato de estar na rua depois da meia-noite. Quase aconteceu comigo, mas na noite de Natal. Um modo diferente de comemorar Como faz frio lá fora, os italianos tendem a preferir organizar festas com os amigos dentro de casa, longe do frio. Alguns preferem ir para as montanhas, outros preferem jantar em casa e passar a virada do ano no centro da cidade, já que as prefeituras sempre organizam shows e eventos para o ano-novo na Itália. Não espere grandes festas! Tirando comemorações em discotecas ou com amigos, o réveillon italiano não é lá muito movimentado, não! O que sinto de dificultoso é organizar algo que agrade gregos e troianos. Principalmente com relação à comida. Não sei se é uma característica dos meus amigos ou dos italianos no geral, mas é sempre um drama escolher o que fazer no ano-novo, o que comer, aonde ir. Tenho amigos que dormem antes da meia-noite, ou simplesmente não fazem nada. O motivo? Frio, preguiça. Não é a festa mais popular. Virar a noite na rua é difícil Em algumas cidades da Itália, a venda e o consumo de álcool nas ruas é feito até à 1:30 da madrugada (em algumas cidades, como em Perúgia, as pessoas só podem beber em copos de vidro ou em garrafas, na rua, até às 20h). No ano-novo, a faixa horária aumenta e o consumo passa a ser permitido até às 3:00 da manhã. Se você for pego bebendo, você pode levar uma multa - bem salgada, inclusive! Junta isso com o frio, é difícil ficar a madrugada inteira na rua, curtindo o novo ano. Roupas pesadas! Sair na rua é complicado, porque faz frio. Agora que não sou mais jovem, não posso sair com um casaco “leve”, tenho que me cobrir. Mas nada é impossível, é só saber como se vestir. Nada de branco no réveillon italiano! E claro, nada de roupas brancas ou roupa íntima colorida (apesar de ouvir falar que algumas pessoas, mulheres principalmente, usam lingerie vermelha). Roupas vermelhas, pretas, douradas e prateadas são as mais escolhidas para receber o ano que está para chegar. Difícil ficar acordado Confesso que meu corpo fica mais preguiçoso na metade de outubro, com os primeiros dias frios da estação. Então, chegar à meia-noite do dia primeiro de janeiro é difícil! Imaginem só: comer bastante, um "vinhozinho", frio e preguiça. É a combinação perfeita para comemorar o ano-novo na Itália dormindo. Lado positivo: comida! E a comida? O bom e velho churrasco não é a principal opção dos italianos (dá para entender o motivo). Mas algumas pessoas utilizam a lareira como churrasqueira: comidinha e casa quente. Comidas típicas Esqueça a nossa amada farofa! Durante esses seis anos na Itália (quase sete), aprendi a comer outros pratos no fim do ano. É comum, por exemplo, comer cappelletti in brodo ou lasanha, muitos frios, e muita carne. Aqui na região onde moro, é normal comer patê de fígado (acredito que na Toscana também). Lentilha na ceia de ano-novo na Itália Como é bom se sentir em casa quando se é estrangeiro. E a lentilha no último dia do ano tem esse poder. Exatamente, os italianos também comem lentilha no dia 31 de dezembro, como acompanhamento do cotechino, um tipo de linguiça típica do norte do país. Mais ou menos como no Brasil, lentilha e linguiça! [caption id="attachment_159770" align="alignnone" width="750"] O hábito de comer lentilha na virada do ano é uma das semelhanças entre as comemorações nos dois países.[/caption] Bacalhau, sim, senhor! O bacalhau também é um queridinho dos italianos durante as festas de fim de ano. E como não amar! Claro, não existe o bolinho de bacalhau "luso-brasileiro", mas é comum comê-lo frito também! Doces Doces italianos de ano-novo são basicamente os doces de Natal. Desde o mais famoso, o queridinho também de nós brasileiros, panetone, até o pandoro. O primeiro é típico de Milão, já o último de Verona. É comum também, em outras regiões, comer outros doces. Morando na Úmbria, posso dizer que sou particularmente fã do Panpepato di Terni, um doce feito frutas secas, como nozes e avelã, mel e chocolate amargo, com um toque de pimenta-do-reino (em italiano, "pepe", ou seja, "pão com pimenta-do-reino"). O vinho ajuda! O vinho é um grande protagonista, já que também ajuda a esquentar, principalmente o tinto! Sem falar no espumante, imprescindível para fazer brindes, como acontece também no Brasil, em algumas famílias. Mas o espumante também serve para acompanhar os doces e sobremesas em geral. Isso sem falar nas outras bebidas que te oferecem para digerir melhor a ceia, como a grappa, limoncello, e aqui na Úmbria, o passito (vinho doce). Voltei ao Brasil depois de 7 anos! Confira como foi minha experiência. Ano-novo no frio é interessante, mas... No calor é muito mais animado! Acredito que não tenha a ver com a companhia, é uma questão mental (pelo menos, para mim): se faz frio, vou querer ficar em casa. Lógico, não? Porém, uma coisa é certa: aprender a conviver com as diferenças culturais também nesses contextos, por mais que causem estranhamento, é importante. Não é preciso idealizar tudo, mas viver as diferenças enquanto estrangeiro, tendo consciência de que fazem parte de outra cultura, me ajuda muito no meu dia a dia. Em janeiro, deixo Perúgia. Mas antes disso, comemorei esses anos morando aqui, onde tudo começou, em mais um réveillon italiano. Auguri di buon anno!

Experiência de viajar sozinha na Itália
Brasileiros na Europa Itália

Viajar sozinha na Itália: minhas experiências pelo país

Viajar sozinha na Itália é algo que faço com frequência. Às vezes, você se programa para fazer uma viagem especial, mas não acha a companhia certa. Uma amiga que cancelou de última hora, um amigo que teve problemas no trabalho e não vai conseguir te acompanhar. Ou simplesmente, ninguém estava disponível para viajar bem naquela semana que, para você, seria perfeita. O que fazer nesses casos: viajar ou não viajar, eis a questão! Bem, eu sou do time “viajar sempre”, mas principalmente “viajar quando posso”. E obviamente, se não achei uma companhia, o que me resta é viajar com a melhor companhia que conheço: a minha! É seguro viajar sozinha na Itália? São praticamente dez anos viajando sozinha pela Itália e pela Europa. Eu gosto realmente de tirar um tempo para mim e de aproveitar ao máximo a minha viagem. Nunca convido ninguém; me organizo com base nas minhas folgas e, claro, disponibilidade econômica. Já viajei sozinha pela Itália nas quatro estações, de ônibus, avião e trem. Também já fui para a praia sozinha, para cidades - menos para montanhas (não sou muito fã, admito!). Grosso modo, eu diria que é, sim. Mas nunca deixo baixar a guarda. Estou sempre atenta, tento nunca demonstrar que estou sozinha, não importa onde estou. Sinto uma necessidade maior de me comportar assim do que em países do norte da Europa, por exemplo. Ou até mesmo em Portugal, onde me sinto muito segura. Mas não caia no mito de que viajar sozinha é perigoso. De jeito nenhum! No meu caso, tento somente tomar algumas precauções, onde é possível. Preocupações ao viajar sozinha Eu converso com frequência com amigas e conhecidas que viajam sozinhas sobre a viagem em si, nunca sobre a condição de ser mulher e estar viajando “desacompanhada”. E no ano passado, amigos e amigas me deram um livro muito especial de presente: Donne in viaggio. Storie e itinerari di emancipazione (ainda sem tradução para o português; "Mulheres viajantes. Histórias e itinerários de emancipação", em tradução livre) de Lucie Azema, jornalista e escritora francesa. [caption id="attachment_156161" align="alignnone" width="750"] Minha primeira vez em Florença (e sozinha)! Abril de 2014. Imagem de arquivo pessoal.[/caption] Foi esse ensaio, que recolhe um pouco de relato pessoal da autora, um pouco de história e filosofia, um pouco de sociologia e antropologia, que me ajudou a compreender que o medo de viajar sozinha é muito, muito antigo. Não é meu, que nasci em uma cidade perigosa. E sem dúvidas, a culpa não é minha. Google Maps, meu melhor amigo Eu raramente peço informações na rua ao viajar sozinha na Itália. Não porque não queira conversar com nativos, mas prefiro usar o Google Maps para me locomover, sem ter que dar sinais de que estou "turistando" sozinha. Eu sei, algumas pessoas irão dizer que é um pouco de exagero por parte minha. E pode até ser. Mas prefiro me sentir segura, em algumas ocasiões, do que “comunicar” ao mundo a minha solidão. Escolho ficar em hostel Quando viajo sozinha, opto sempre por ficar em hostel. Primeiro, porque é econômico. Segundo que você nunca se sente sozinha, afinal há mais pessoas no quarto com você, além de ter um vai e vem dinâmico. Hostel na Europa, no geral, é muito, muito seguro. Não pego trens noturnos Sozinha não teria coragem de pegar trens noturnos - apesar de já ter viajado de madrugada de ônibus. Evito também pegar o último trem de/para um lugar. Já aconteceu de pegá-lo, mas ao chegar nas últimas estações, o trem vai ficando vazio. E, ao chegar no meu destino, prefiro pegar um táxi (com todos aqueles cuidados que nós, mulheres de grandes cidades brasileiras, já estamos acostumadas). Pesquisar sobre zonas e bairros “perigosos” Antes de viajar sozinha pela Itália, procuro quais são os bairros tidos como “perigosos” da cidade que me interessa. É somente uma forma de me proteger, e de conhecer melhor a cidade que estou indo visitar. [caption id="attachment_156162" align="alignnone" width="750"] Também fui ao Festival  Luci d'Artista, em Turim, dezembro de 2022. Imagem de arquivo pessoal.[/caption] Lugar mais perigoso que já visitei ao viajar sozinha na Itália Eu diria que foi Roma - à noite, no inverno. Não sei bem se é perigosa (afinal, sou de São Paulo), mas não me senti nada segura caminhando à noite, perto da estação Termini. Tive a mesma sensação em algumas cidades grandes da Itália, como Turim. Um estereótipo É inegável que as viagens sejam experiências subjetivas. Cada um de nós capta emoções diferentes, vive um mesmo lugar de forma única e exclusiva. Dito isso, tento não ter como universal a opinião de outras pessoas quando o assunto é viagem. Por exemplo, muitas pessoas me falaram para não visitar Bari sozinha, principalmente a Bari vecchia (centro histórico) devido aos perigos e violência da cidade. Ali, não senti nenhum tipo de perigo, ainda bem. Muito pelo contrário: a atmosfera é bem tradicional, principalmente ao comprar uma focaccia barese numa padaria no bairro, com moradores falando só em dialeto local (dificílimo!). Experiência única! Aonde não iria de jeito nenhum No geral, acho que evitaria ir para algumas regiões do sul da Itália sozinha. Estive em Palermo com uma amiga, a Tamirez, há muitos anos - na época, eu fazia intercâmbio na Itália, mais especificamente na Universidade de Parma, e ela na Universidade de Pádua. Decidimos ir para o sul da Itália (a minha primeira viagem pela Itália). Infelizmente não nos sentimos seguras na capital da ilha. Uma pena. Recentemente, uma amiga italiana, a Arianna, também esteve por lá com a família e infelizmente, sentiu a mesma sensação que senti oito anos antes. Cantadas e assobios no meio da rua, de dia. Desagradável, né? Sensação de insegurança viajando sozinha Como dito acima, acontece de você viajar e se sentir um pouco insegura. Comigo acontece, sim. E o lugar menos perigoso? Eu diria as cidadezinhas da Úmbria, região onde moro aqui na Itália, e também cidades como Florença, Veneza, Parma, Pisa, Matera e Urbino e Verona. É verdade, são cidades menores e muito turísticas, o que pode ajudar a aumentar a sensação de segurança, já que frequentemente estão cheias de turistas e pessoas na rua. [caption id="attachment_156163" align="alignnone" width="750"] Primeira vez que vi um trullo, em Alberobello, na Puglia. Fevereiro de 2016. Imagem de arquivo pessoal.[/caption] Vantagens de uma viajante solo Fazer o que, quando e como quiser. Essa é a melhor parte de viajar sozinha, não só aqui no país da bota, claro! Mas quando viajo, faço um roteiro (bem flexível) com coisas que quero ver, lugares que quero visitar e comidas que quero experimentar. Flexível, porque não dependo de ninguém. Morando na Itália há tanto tempo, a viagem quase sempre é motivada por dois fatores: enogastronomia e/ou cultura. Quando fui para Turim, cidade que visitei duas vezes, ambas sozinha, já sabia o que comer. E onde ir comer. Mudei o roteiro várias vezes também porque passei muito tempo em uma livraria, ou em um brechó. Ou fazendo amizades, conversando com alguém. E as desvantagens de viajar sozinha na Itália? Poucas fotos Assim como as vantagens, as desvantagens também têm a ver com o fato de viajar sozinha, independentemente do país. Eu não tenho muitas fotos de mim enquanto viajo! Reparei nisso ao procurá-las para essa coluna. E acredito que um ponto negativo de viajar sozinha na Itália, e no geral, é ter poucas fotos de si (a não ser, claro, se você pedir para outras pessoas tirarem). Evito voltar muito tarde Infelizmente, nem sempre me sinto segura para voltar tarde para o hostel quando viajo sozinha, mas principalmente se me encontro em uma grande cidade italiana. Pior ainda se for no inverno, as luzes amarelas e as sombras das árvores dão um pouco de medo, admito! Não compartilho memórias com ninguém Pode ser uma grande desvantagem não viver uma experiência com um amigo ou amiga. Você volta para casa contando coisas que só você viu e vivenciou. Mas pode ser uma coisa positiva também, já que só você viveu aquela viagem. E é uma ótima ocasião para fazer novas amizades. Passar protetor solar é um desafio Essa é realmente difícil de contornar. Quase sempre fica uma parte das costas desprotegidas. Mas nada que outra mulher não consiga te ajudar! Na dúvida, viaje! Infelizmente, em muitas de minhas viagens sozinha pela Itália aconteceu de eu pensar: "Será que faz sentido eu estar aqui sozinha?" É frequente ver casais, grupos de amigos e família viajando juntos. Aconteceu de eu ser a única pessoa não acompanhada em uma mostra, por exemplo. Mas na dúvida, viaje! Viajar sozinha pela Itália é uma ótima ocasião para ficar um pouco em silêncio, prestar atenção nas suas necessidades. Visitar um museu com calma ou aproveitar de um jantar delicioso, com aquele vinho que você queria experimentar faz tempo.

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