Tomar a decisão de mudar para outro país não é fácil. Mas existem mulheres que não só decidem emigrar, como fazem isso sozinhas, levando os filhos. Para entender o que motiva uma mãe solo emigrar com filho, conversamos com mulheres que já viveram essa experiência.

A experiência de mães solo em Portugal

Eu conversei com a Camila Brodbeck e a Bruna Alcantara que emigraram para Portugal em situações bem diferentes, mas ambas mãe solo que decidiram emigrar.

A Camila é dentista e mãe da Luísa, que é portadora de XLH (raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X).

Ela fez a mudança quando sua filha ainda era bem pequena e compartilha no @nossa.vida.em.portugal a rotina de mãe solo no país.

Mãe solo emigra com filho Camila
Camila e a filha Luísa. Imagem de arquivo pessoal.

A Bruna é jornalista, artista visual e mãe do Tom. Ela foi estudar em Portugal quando ainda estava grávida. Ficou no país por alguns anos e depois decidiu voltar para o Brasil. Ela publica seus trabalhos no @brunaalcantara.00.

Vivências diferentes

Nos depoimentos a seguir você vai ver que a Bruna e a Camila relatam experiências e sentimentos muito diferentes com a decisão de emigração. É interessante para mostrar que é uma decisão séria, que pode ser uma boa ou má experiência, e isso depende de muitos fatores.

O objetivo aqui é somente compartilhar duas vivências diferentes para que você possa conhecer um pouco mais sobre as dores e as delícias de atravessar o oceano sendo mãe solo.

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Como foi a decisão de emigrar sendo mãe solo?

A decisão da Camila sobre emigrar aconteceu antes de engravidar. Com a notícia da gravidez (que não foi planejada, mas foi muito bem-vinda), os planos de morar em Portugal foram adiados. “Planos adiados, mas não esquecidos. Com isso passei a pesquisar outras coisas, tais como: creche, escolas, ensino em Portugal e saúde, coisas que antes não me preocupava”.

A Bruna tinha o sonho de fazer mestrado em Mídia e Jornalismo fora do Brasil e se candidatou para a Universidade do Porto, sendo aprovada em terceiro lugar. Cerca de 15 dias antes da data da viagem, Bruna descobriu que estava grávida do ex-namorado. Mas como já tinha pedido demissão do emprego, vendido pertences e pago pela faculdade e pelo lugar onde iria morar, resolveu seguir o sonho já planejado. “Então assim eu fui: sozinha e com um filho na barriga”.

O que motivou a tomar a decisão de emigrar?

O que mais motivou a Camila a emigrar foi o sentimento de insegurança no Brasil.

“Eu tinha verdadeiro pânico de me imaginar criando ela com medo, sem poder ir num parquinho tranquila, chegar em casa com medo que levassem meu carro e sem tempo de tirar ela da cadeirinha”.

Segundo ela, as prioridades mudam quando se tem um filho e para ela já não valia a pena ter uma boa casa e um bom carro se não se sentia em segurança. Outros fatores que influenciaram na decisão foram os custos com escola e plano de saúde, que mesmo sendo altos, nem sempre garantem a prestação de um serviço de qualidade.

Para a Bruna foi uma decisão natural e simples de continuar seguindo seus objetivos, independente da condição. Mas hoje ela também acha que foi uma decisão com uma boa dose de ingenuidade, porque não sabia dos preconceitos que poderia sofrer como mulher e como imigrante.

Quais foram as maiores dificuldades no processo de decisão e mudança?

Para a Camila o momento mais difícil foi dar a notícia para a família. Também não foi fácil lidar com o sentimento de culpa de criar a filha longe dos avós.

Outra dificuldade que surgiu foi o medo de sair da zona de conforto, já que no Brasil ela “tinha amigos, conhecia tudo, sabia onde encontrar o que precisava, sabia o endereço dos principais lugares e onde gostava de ir, estava no meu país, na minha cultura”.

Já em Portugal, a Camila destacou que as maiores dificuldades foram entender a língua no início (que é a mesma, mas tem diferenças), além de lidar com uma cultura e alimentação diferentes do que estava acostumada.

O que a Bruna mais sentiu como dificuldade foi a xenofobia. Ela se considera uma pessoa privilegiada e empática, envolvida em movimentos de luta por direitos humanos. Por conta disso acredita que até então nunca tinha sentido na pele o preconceito.

Mãe solo emigrar com filho Bruna
Bruna mostra um dos seus trabalhos, com a participação do filho Tom. Imagem do Instagram.

A Bruna me contou que, como mulher sozinha e grávida, sofreu julgamentos e ofensas que a machucaram bastante (na faculdade, no ambiente de trabalho e até no momento do parto).

“Por causa disso, depois de cursar todas as disciplinas, eu nunca consegui terminar a minha tese. Eu desisti do meu sonho do mestrado pelo preconceito”.

Quais as vantagens de morar fora com um filho?

A principal vantagem em morar com a filha fora do Brasil para a Camila é a segurança e o sentimento de que está dando uma grande oportunidade para a Luísa.

“Hoje eu posso ir com a minha filha num parquinho, fazer fotos com o celular sem preocupação, além de ter educação de qualidade num sistema público”.

Ela também falou sobre o atendimento de saúde. Luísa tem o diagnóstico de XLH e em Portugal tem acesso ao tratamento necessário pela saúde pública. O diagnóstico foi recebido já em Portugal e a Camila conseguiu obter o suporte para lidar com a doença. Aqui ela também tem acesso a uma medicação inovadora que faz muita diferença na qualidade de vida da sua filha.

Quando perguntei isso para a Bruna, ele me deu uma declaração muito bonita.

“A rede de proteção criada por mulheres ao meu redor é algo que eu nunca vou me esquecer. As mulheres se uniam para me ajudar, me aconselhar, cuidar do Tom quando eu precisava sair. Foi em Portugal onde eu tomei maior consciência do meu lugar no mundo e me envolvi com maior afinco ao movimento feminista”.

Quais as diferenças entre ser mãe solo no Brasil e no exterior?

Para a Camila, a maior diferença é não poder contar com uma rede de apoio de familiares e amigos. Ela disse que mudar para Portugal com a filha tão pequena foi “a melhor loucura da minha vida. Não foi fácil, mas conseguimos”.

Assim como a Camila, a Bruna ressaltou o diferencial de ter o apoio da família. Ela também comentou que sente mais valorização profissional. “Consigo trabalhar na minha área e sustentar meu filho com mais dignidade”.

Quais os motivos para emigrar?

A decisão de sair do país de origem para recomeçar a vida em outro faz parte da vida de muitas mulheres e pode ser motivada por muitas razões. Quase sempre, quem decide emigrar foca nas vantagens e nas melhorias que pode ter na vida em um país diferente.

Segundo um artigo publicado no site do Parlamento Europeu, as motivações da migração são uma mistura de fatores que envolvem atração (motivos para ir a um novo país) e pressão (razões para deixar o país de origem).

Algumas das motivações mais comuns são:

  • Ter mais segurança e acesso a direitos;
  • Ir em busca de novas oportunidades;
  • Dar uma melhor condição de vida aos filhos;
  • Estudar;
  • Trabalhar;
  • Conhecer mais do mundo.

Mas, independentemente das razões que levam a essa decisão, uma coisa é certa: decidir e concretizar a mudança de país é uma tarefa que envolve muito planejamento e mais um tanto de coragem.

Fazer isso sozinha e com um filho parece ser ainda mais corajoso e requer mais organização, já que influencia diretamente na vida deles.

Dificuldade de emigrar sendo mãe solo

Como sabemos, emigrar não é fácil. Além de todo o processo de decisão e planejamento, depois da chegada no novo país também existirão dificuldades. Isso é inevitável.

Estar sozinha em um lugar desconhecido, sentir saudade da família e precisar resolver várias burocracias da vida cotidiana são algumas das coisas que qualquer imigrante sempre vai enfrentar.

As mães solo, além disso, também precisam lidar com a falta de apoio familiar ou de amigos nos cuidados com a criança – isso pode fazer falta. É preciso ter paciência e disposição para construir novas relações que farão muita diferença na nova vida.

Para quem quer persistir na decisão, muitas vezes será preciso enfrentar o cansaço (que já é natural para quem tem um filho) e lembrar de todos os motivos que levaram a fazer a mudança.

Mãe solo que vai emigrar com filho precisa se planejar

Além de tudo o que é preciso organizar para mudar de país, como passaporte, visto, planejamento financeiro, compra de passagem aérea, procura pela nova casa etc., a mãe que decide emigrar com um filho também precisa avaliar outras questões.

Levando em conta o país e cidade onde vai morar, além da idade da criança, é interessante buscar informações sobre:

  • O funcionamento de creches e escolas;
  • Como organizar o período de adaptação da criança às mudanças (clima, nova escola, amizades e língua diferente);
  • Conhecer algumas políticas públicas ou direitos que são garantidos às crianças e às mães;
  • Como encontrar grupos ou locais onde possa conhecer outras mães e criar uma rede de apoio na nova cidade.

Para quem ainda está em fase inicial de planejamento e não decidiu qual o melhor país, pesquisar sobre diferentes locais que possam ser bons lugares para criar filhos também é muito importante.

Se você se interessa por esse assunto e quer saber mais sobre a vida com filhos na Europa, veja alguns relatos sobre a experiência em Portugal, Holanda, França, Espanha, Inglaterra e Alemanha.

*As opiniões dos colunistas não refletem necessariamente a opinião do site Euro Dicas.